Somos encaminhados para o trem num carro cuja as janelas são todas escuras ,viro-me para Jonathan e ele olha fundo nos meus olhos,e de repente uma lágrima minúscula brota daqueles profundos olhos verdes, e ele se vira. Nunca olhei para Jonathan com outros olhos, nunca,mais aqueles olhos não me pareceram mortíferos,como eu pensava ser, e sim doces demais.

Quando chegamos ao trem prata e gigante que as câmeras estão devorando,eles percebem nossa chegada me filmam,filmam Jonathan e eu denovo.Isso me irrita,odeio eles,odeio todos eles,odeio os Jogos, odeio a Capital e todos que vivem lá.Todos que assitirão as nossas mortes.

O trem é de extremo luxo,mais do que a casa que Finnick ganhou quando voltou da arena na Aldeia dos Vitoriosos.Meu compartimento é enorme,a cama é muito gostosa,tem um banheiro e um vestíbulo cheio de roupas.

Merina bate na porta me chamando para jantar, e eu vou tomar banho,por sinal bem demorado,também com tantos botões é difícil tomar um banho rápido,depois quando saio do banho um ar quente sobe e me seca,meu cabelo também é desembaraçado e fica seco em questão de segundos.Coloco uma calça preta grudada no corpo e uma blusa azul clara,faço um rabo de cavalo e borrifo algum dos cinquenta perfumes disponíveis.Quando chego Jonathan diz:

– Nossa , você está linda!-coro,coro tanto que parece que minhas bochechas estavam inchadas, mais olho para ele pra ver se não estava debochando de mim,mais nenhum sinal de deboche em seu rosto.Mais ele me disperta de meus pensamentos- Estávamos te esperando para o jantar.

– Então vamos comer.-digo

– Ainda não,quero perguntar sobre sua habilidades.-diz Amandha olhando fixamente para mim-Quais são as suas?

– Eu sou ótima com facas,punhais,adagas e ás vezes combate corpo a corpo, só por favor me deixe longe de tridentes não sou muito amiga deles-digo me sentando,ela me encara e diz:

– Sério?O que é uma faca contra um arco e flecha?E aliás como não sabe manusear um tridente?-diz ela me rebaixando, eu acho facas legais,e tenho uma pontaria muito boa.Só não gosto de tridentes,não simpatizo com aquilo.Amandha fala que em outros distritos somos chamados de Carreiristas-o que eu sei muito bem-e me pergunta se treino nas Casas de Treinamento e eu respondo em afirmativa,ela fala que vai nos juntar com os tributos do distrito 1 e 2 , e diz também que quer mais que um show ,quer tirar o brilho de todos os outros distritos.Depois do sermão ela se dirije a Jonathan-Tem alguma habilidade?

– Manuseio tridentes e lanças, e já venci duas vezes as competições escolares de combate corpo a corpo.-diz ele agora me olhando fixamente,não com seus olhos doces, e sim com os que parecem uma máquina mortífera.Mais fiquei com raiva,então solto:

– Bom,ás vezes manuseio lanças e sei muitas habilidades de sobrevivência, nunca ignore elas e nem a minha pontaria.-Amandha me olha com um ar de surpresa e diz se levantando:

– Melhor agora,mais não vou muito com a sua cara,seu irmão era mais simpático.Vamos assistir a reprise das colheitas.

Nos levantamos e vamos para a sala de televisão,o sofá é um U e a TV é gigante.Merina liga a TV e só presto atenção nos tributos do distrito 1 e do 2 , nos que Amandha diz ser crucial dar atenção, a garota do 1 é loira e alta,tem 17 anos e se chama Burberry,o garoto tem acho que uns 25 quilos a mais que eu e é baixo, tem 16 anos e se chama Prylex,os pais colocam esses nomes para ofuscar o dos outros, a garota do 2 é ruiva e se chama Kezzi,o garoto Ruffus tem 17 anos,e é alto,muito alto.Jonathan e eu nos retiramos assim que acaba a reprise e vamos caminhando juntos para o meu compartimento,quando já estamos em frente eu quebro o silêncio:

– Ei,me desculpa por ter jogado água na sua cara, aquela vez-digo,fazendo cara de culpada e arrependida.

– Não,tudo bem,eu mereci,fui ridículo.Tá desculpada-diz ele e nessa última palavra ele coloca as mãos na minha cintura,e o pior é que ..eu deixo.Não sei como mais sai:

– Quer entrar um pouco,preciso conversar.-Ele balança a cabeça afirmativamente e nós entramos.

Conversamos sobre tudo,sobre Amandha e sua carranca,sobre como deve ser a Capital,e ele diz que espera sobreviver pelos quatro primeiros dias.Eu rio,ele ri,é como se fossemos amigos a décadas,então por fim ele diz:

– Ei,preciso dormir,estou caindo de sono.-Eu balanço a cabeça em um 'sim' ridículo, e bocejo falsamente.

– Eu também,amanhã a gente se fala!-minto-Boa Noite.

– Boa Noite,e que a sorte esteja sempre...

– Ao seu lado-digo ,rindo,e imitando o sotaque estranho da Capital.

Eu fecho a porta e penso como alguém como ele pode me achar bonita?Como achar bonita alguém de 1,66 de altura?Eu não sou um monstro,meus cabelos loiros são levemente encaracolados nas pontas, e amo rabo de cavalo o que realça meus poucos cachos,meus olhos são verdes e de acordo com meu Finn meu olhos são uma mistura do céu e o mar,gosto quando ele diz isso ,faz com que eu pareça especial.Posso ser razoavelmente bonita,mais não corresponde com os "suspiros" da minha mãe quando ela me leva no espelho.Quem dera a minha beleza fosse a de Finnick ou Jonathan?Finnick loiro e alto que parece um príncipe e Jonathan com seus cabelos lisos da cor do mel e seu sorriso maravilhoso.Jonathan faz sucesso com minhas amigas-as que ganhei quando Finnick voltou rico pra casa,não confio nelas-aliás,muito sucesso!

Caio no sono e tenho um pesadelo com a garota ruiva do 2 me torturando.Acordo e vou tomar um banho frio,o que me relaxa.Me sento embaixo do chuveiro e junto com a espuma escorrem lágrimas,choro muito,tudo o que tinha de líquido no meu corpo provavelmente foi embora e vomito umas três vezes,todo o meu jantar .Quando saio mato mais cinco minutos escovando os dentes,o Sol já dá algum sinal de vida então nem compensa voltar a dormir,estou com tanta fome que vou para o vagão restaurante,cambaleando,meio tonta.

Quando chego lá ninguem está lá,só três atendentes da Capital, conforme vou comendo Merina se senta do meu lado e assim se segue,depois Jonathan e Amandha se servem,Amandha diz:

– Não quero que ignorem os meios de sobrevivência,entenderam?

Jonathan e eu fazemos que sim com a cabeça,apesar de já saber muitos desses meios,não discuto com Amandha.

– E mais uma coisa!

– O que?

– Vivos,quero os dois vivos,pelo menos nos cinco primeiros dias.

– Vou tentar - digo,lamentando ter prometido a Finnick que tentaria,quem vai patrocinar uma garota que nem sabe se está afim ou não do outro tributo de seu distrito, sim eu sei!É um absurdo,mais acho que estou sim.Mais Jonathan só faz eu afirmar minha teoria quando diz:

– Vou tentar,juro,pelo menos quero ela viva,vou protege-la -diz ele olhando fixamente para mim,fazendo com que eu me perca em seus olhos que mais parecem o fundo do mar.

Então ele sente algo por mim,sim ou não?Ai,não sei!Ele é diferente do que eu pensava.Merina interrompe meus pensamentos com sua voz irritante:

– Chegamos -Anuncia ela.

Jonathan pula da cadeira e vai observar da janela ,ele balança a mãe convidando-me a ver junto a ele,e descubro o por que dele estar boquiaberto,é agonizantemente bonito,lindo ...quer dizer!

Tem muitos arranha céus e prédios, que eu nem sonho no distrito 4,mais penso comigo mesma:

"Bem-vinda aonde as mortes acontecem"