"– Você sabe... Me beijar... Eu sei que você ainda não sabe o que está sentindo, eu compreendo, não quero que você se precipite porque acha que deve me agradar, além do mais... - interrompi-o antes que ele prolongasse o discurso.

– Eu quero James."

Tentei me aproximar uma vez mais, e James me afastou uma vez mais.

– Então é isso? Você só queria que eu ficasse apaixonadinha por você, para depois me recusar? - já estava levantando quando senti as mãos de James me puxar de volta.

– Só quero que seja realmente especial.

– Mais especial que isso? - perguntei olhando ao redor. James riu.

– Sim Lírio, mais especial que isso. Tente me entender, todos esses anos tive que ouvir você dizendo que eu só queria te usar, a última coisa que eu quero agora é apressar as coisas.

Foi como receber um tapa - talvez mais doloroso - pois eu sabia que James estava certo.

Encostei minha cabeça em seu ombro, e por um momento me permiti afogar em meus pensamentos.

Como seria se algum dia eu chegasse a me casar com James? Ele deseja isso com tanto fervor que eu já estou quase convencida de que vai acontecer.

Teríamos muitos filhos como ele quer? Primeiro teríamos um garoto, para proteger nossa garotinha. Moraríamos em uma linda casa no campo e James ensinaria às crianças como jogar Quadribol. Também ensinaria aos meninos como paquerar as garotas de Hogwarts.

O mais velho herdaria o Mapa do Maroto, possivelmente. Eu dormiria todos os dias com James ao meu lado sabendo que minha vida não poderia estar melhor.

– No que está pensando Lil’s? - James perguntou enquanto passava os dedos pelo meu cabelo.

– Em você, em mim... - a resposta o pegou desprevenido. Ele apoiou minha cabeça em suas pernas, fazendo assim com que eu conseguisse ver seus lindos olhos.

Olhos tão bonitos, como não pude me apaixonar por eles antes?

“ – Tire o óculos James - Marlene pedia, e pedia, e pedia e todos sabiam que ela pediria até James tirar o maldito óculos.

– Por que Lene? O óculos é feito de vidro, você consegue ver meus olhos mesmo eu estando com ele.

– Vamos Jamie, por favor! O vidro faz reflexo, não consigo ver direito - todos suspiramos juntos e talvez por isso, e não pelos pedidos incessantes de Marlene, Potter finalmente tirou o óculos.

– Seus olhos são incrivelmente bonitos James. Sua iris castanha esverdeada tem total contraste com a sua pupila, sério. Lily, vem ver os olhos do James de perto.

– Eu não vou ver... - mas de nada adiantou objetar, pois Marlene me puxou para perto de James de qualquer forma.

A proximidade me deixou nervosa, então simplesmente dei uma olhada rápida em seus olhos.

– São os olhos mais sem graça que eu já vi. ”

– O que exatamente você esta pensando? - ele perguntou arqueando as sobrancelhas.

Eu apenas sorri, como quem quer dizer “mais tarde falamos sobre isso”.

– Ok, então eu quero te mostrar uma coisa senhorita Evans, futura senhora Potter.

Ele me ajudou a levantar e pegou alguma coisa que estava no fundo da cesta.

– Capa legal James, mas por que você queria me mostrar ela?

– Porque essa capa pode ser mais legal do que você imagina.

Ele jogou a capa em seus ombros e de repente James Potter tornou-se James-cabeça-flutuante-Potter.

– C-como? Isso não pode ser possível!

James-cabeça-flutuante-Potter sorria feito um bobo.

– Se não bastasse, ela é contra qualquer tipo de feitiço. Bem bacana neah?

– Bacana? Bacana é pouco se você quer mesmo saber.

– Experimenta.

Ele tirou a capa de seus ombros e caminhou em minha direção. Delicadamente ele me cobriu com sua capa, mas eu queria mais que isso.

Me cobri por completo e rapidamente me afastei de James. Ele sorriu e ficou parado no mesmo lugar, provavelmente tentando ouvir melhor.

– Venha me pegar James, duvido que consiga! - eu disse atrás de uma árvore.

Ele sorriu confiante, antes de dizer:

– Não preciso ir até você. Você vai vir até mim.

Torci o nariz, mania que tenho quando fico aborrecida. Ele estava certo é claro, eu iria até ele.

Fui até onde ele estava e toquei suas costas. Ele virou-se rapidamente, mas não o suficiente para me pegar. Passei a mão pelos seus cabelos rebeldes e ainda assim fui mais rápida que ele.

– Parece que o apanhador da Grifinória não é tão bom assim.

– Sem joguinhos Lily.

– Sem joguinhos, hein?

– Acho que deixar você usar a capa foi uma péssima ideia.

Fui tentar tocar em seu rosto, mas ele provavelmente sentiu minha presença e conseguiu segurar meus braços.

Por um momento ele ficou quieto, e eu fiquei preocupada. Ainda segurava os meus braços quando começou a falar:

– Sabe o motivo de eu ter decidido te mostrar a capa Lily? - balancei a cabeça negativamente, até me lembrar de que estava invisível.

– Não, James.

– Quando eu peguei a capa você disse “capa legal” como quem não achou que fosse realmente legal. Quando te mostrei que ela deixava as pessoas invisíveis você automaticamente se apaixonou por ela. Eu sou como essa capa, de certa forma. Eu sei que você sempre terá uma primeira impressão sobre mim Lily, mas por favor, não me julgue pela primeira impressão. Se você soubesse o quão importante é pra mim...

Ele não conseguiu terminar, pois a lágrimas brotaram em seus olhos e ele cobriu seu rosto com as mãos.

Tirei a capa e o abracei o mais forte que pude. O cheiro de hortelã que exalava dele fazia com que eu não quisesse soltá-lo nunca mais.

Por que por todos esses anos eu fui tao estúpida? Tudo teria sido tão mais fácil se desde o inicio eu tivesse me dado conta da intenção de James.

Tive uma ideia, um pouco boba, mas que poderia alegrar James. Peguei a capa no chão e cobri nossos corpos com ela, mesmo que uma parte de nossos pés ficasse de fora.

– Pronto, agora estamos ambos num mesmo conceito.

– O que quer dizer?

– Somos as duas únicas pessoas invisíveis no mundo, estamos em um mesmo conceito. Sendo assim, acho justo ao menos termos as mesmas impressões.

– Que impressões?

– Que eu sou uma imbecil por não ter te aceitado antes e que eu te quero tanto quanto você me quer.

Ficamos quietos por um momento.

– O momento já é especial o bastante para poder te beijar? - perguntei mordendo os lábios.

Não esperei pela resposta, apenas envolvi seu pescoço em meus bracos com mais afinco, aproximei meu rosto do dele, e finalmente selei nossos lábios. Senti o gosto forte e refrescante do hortelã, e James aprofundou mais o beijo.

Passeava os meus dedos em seu cabelo, como se fizesse isso desde sempre. James puxou meu corpo para si, mesmo não havendo espaço para preencher. Parecíamos uma única chama que não apagaria tao cedo.

Nunca imaginei que beijar James Potter fosse dessa maneira... Apaixonante.

Nos separamos em busca de ar, mesmo que eu sentisse que respiraria melhor se seus lábios estivessem tocando os meus. Sabia que estava mais vermelha que meu cabelo.

– Por que você esta rindo? - James perguntou confuso.

– Sempre foi você quem correu atrás de mim nessa relação, mas eu acho que quero beijar você mais do que você quer me beijar.

Ele não hesitou para me beijar novamente.

POV Sirius

– Droga, droga! - eu dizia andando de um lado pro outro. Só parei para me olhar no espelho. Estava impecável, claro, mesmo em uma situação desesperadora.

– Por que ainda esta resmungando Padfoot? - Moony perguntou.

– Porque ainda acho que simplesmente conversar casualmente com ela não vai ser um bom plano. Garotas gostam de ser surpreendidas! - murmurei como se estivesse desenhado na testa das garotas. Garotas não se sintam ofendidas. Acreditem, vocês são um enigma complicado.

– Gostam de ser surpreendidas, hein? Esquece, o que eu quero dizer é que... a Marlene não é esse tipo de garota. Quanto mais natural você agir com ela, melhor vai ser. Guarde as surpresas para quando ela realmente estiver na sua.

– Todas estão na minha - joguei o cabelo pro lado, só para dramatizar.

– Se todas estão “na sua” então ótimo. Pare de resmungar e vá se resolver com a Marlene.

– Tudo bem, tudo bem... Mas não posso encarar essa sozinho! Quem é o amigo fofo, gentil e meigo que vai me acompanhar até o Salão Principal? - perguntei pulando na sua cama e piscando os olhos.

– Peter vai ser o sortudo - olhei para o lado, onde estava Peter. Ele dormia sossegado com bilhares de embrulhos de chocolate ao seu redor.

– Você não entendeu o espirito da coisa! O amigo fofo, nem tão gentil assim e meigo que vai me acompanhar é você!

Remus bufou irritado, fechou o livro e disse “vamos logo” como se não nutrisse expectativas de que Dorcas estivesse sentada na nossa mesa, e não na da Corvinal.

Remus não teve tanta sorte. Dorcas nem ao menos estava ali.

– Lenita! Como vai minha garota predileta?

Ela me encarou por cima do Profeta Diário que estava lendo, mas não me respondeu.

– Tudo bem então, eu vou sentar aqui e comer alguma coisa, mas você não precisa se incomodar, vai ser como se eu nem estivesse aqui.

E ela não se incomodou. Nos cinco minutos seguintes achei que estava usando a Capa da Invisibilidade. Comecei a falar/discutir a partir de leitura labial com Remus.

“Fale com ela” ele dizia.

“Ela está de TPM” eu respondia.

“Nunca vai saber porque ela está te tratando com indiferença se agir feito (uma criança? ou seria uma balança?)” ele teimava.

Virei o rosto bruscamente como quem quer dizer “fim da sessão de leitura labial”.

Puxei o querido Profeta Diário da Marlene e ela me encarou com todo ódio que seus lindos olhos - nada assustadores, dependendo do momento - achocolatados poderiam proporcionar.

– Ótimo, agora que notou minha presença pode me dizer porque você está me tratando com indiferença todos esses dias?

– Só porque não estou te beijando como o resto das garotas quer dizer que eu estou te tratando com indiferença?

– Você sabe que não é assim Lene...

– Não me chama assim! Se quer beijos, vá falar com as suas amadas fãs...

– Não quero beijos, eu quero minha melhor amiga de volta. Eu quero que você sorria quando eu disser algo besta, que você me empurre quando eu te chamar de Lenita, que você me abrace quando eu fizer algo fofo sem me dar conta... Eu quero a garota com a qual eu conto de volta.

Passei as mãos pelo cabelo, nervoso, sem saber se deveria continuar.

– Sabe, todos esses anos tentando ser diferente da minha família, eu fiquei diferente demais em certos aspectos e isso me subiu a cabeça sem eu perceber. Pode acreditar ou não, mas... Você sempre foi quem me trazia de volta à realidade. Com beijos, sem beijos, essa não é a questão Lene, a questão é que eu preciso de você mais do que você imagina. E se for preciso mudar, eu mudo por você...

Droga, eu devo ter estragado tudo! Agora devo estar parecendo um maricas altamente emotivo... Vou sair daqui enquanto me resta dignidade.

Mas a voz de Lene, e o toque de sua mão na minha quando ela se esgueirou pela mesa me impediu de prosseguir.

– Fica. Isso foi algo fofo, sem você perceber.

Remus assobiou ao meu lado e eu me dei conta de que ele ainda estava ali. Dei uns tapinhas na suas costas.

Sorri para ela, e ela sorriu de volta. Melhor fingir que nada aconteceu.

– Bom, agora que está tudo de volta nos eixos eu preciso me alimentar. Essa gostosura - apontei para o meu físico impecável - Não fica assim sem cuidados especiais.

Peguei uma manga que era a fruta mais próxima ao meu alcance e comecei a comer.

– Até que o cão chupando manga não é tao feio quanto dizem - Lene comentou inclinando a cabeça.

– Deveria me ver chupando outras coisas.

De repente vi estrelas na minha frente depois do chute que a Marlene me deu.

– Au! Você fez de propósito! - eu resmunguei.

– Foi algo besta, e você percebeu - ela sorriu, e eu também.

FIM DO CAP, MAS TENHO ALGO A DIZER AQUI...

Sempre vejo dream casts do Sirius, mas nunca consigo imaginar ele como nenhum dos atores que colocam. Acreditem se quiserem, mas o unico que eu admito é o Gary Oldman (jovem) :

Amo ele gente... ME DIGAM O QUE ACHARAM!!