As Cartas De Ninguém escrita por themuggleriddle


Capítulo 1
as cartas de ninguém


Notas iniciais do capítulo

Universo alternativo levemente distópico da sociedade bruxa.



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"Eu ensinarei à todos e tratá-los-ei como iguais."

Helga Hufflepuff

 

***

No início, haviam três jovens e um ideal. Godric do Oeste, Salazar dos Pântanos e Rowena dos Vales, três jovens bruxos até então desconhecidos que estavam para criar a maior fonte de conhecimento de magia de toda a Europe. Mal sabiam eles que a idéia - nascida após presenciarem, com horror, a morte de uma garota bruxa pelas mãos de trouxas – aparentemente ambiciosa demais seria tão bem sucedida ao ponto de, mesmo anos após as suas mortes, os três feiticeiros serem lembrados por gerações e gerações de bruxos e bruxas.

 

O plano original era um lugar seguro onde jovens que ainda não tinham total controle sobre a sua magia poderiam aprender a desenvolvê-la de modo que pudessem, um dia, serem grandes bruxos capazes de usar os seus poderes para se proteger e dar continuidade à comunidade mágica. Era um bom plano, muito bom, por sinal, mas foi necessário apenas um impasse para que tudo aquilo fosse abalado.

 

Quem levantou a questão fora a sábia Rowena, afinal, quem eles iriam ensinar? Jovens de famílias antigas datadas ainda dos primeiros clãs de feiticeiros, antes dos romanos chegarem àquelas terras? Jovens de famílias menos privilegiadas que não poderiam protegê-los? Jovens mais fortes e poderosos? Ou aqueles que tinham menos domínio sobre a magia? Godric dissera que o certo era juntar os mais corajosos e honrados, pois estes não teriam medo de levar a magia em frente; Salazar argumentou, dizendo que não adiantava ser corajoso e não ter ambição, pois era a ambição que levaria os bruxo rumo ao futuro, assim como dizia que eram os bruxos antigos, as famílias puras, que deveriam liderar esse crescimento do mundo mágico; já Rowena discordou dos dois: a coragem e a ambição de nada valiam caso um bruxo ou bruxa não conseguisse raciocinar de forma lógica e sábia.

 

E então, os três jovens decidiram que, para não abandonarem a sua escola por conta de tal discussão, cada um criaria um jeito para encontrar seus alunos. Gryffindor poderia ir atrás de seus bravos e honrados bruxos enquanto Rowena procurava aqueles com sabedoria e Slytherin, os ambiciosos e puros. E assim os fundadores começaram a juntar os seus primeiros alunos... Bruxos e bruxas que, depois, assumiram o posto de ir atrás de novos estudantes e assim por diante, por anos, décadas e séculos, mas nunca iriam se esquecer dos três primeiros, dos três fundadores da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

 

***

 

Tom Riddle era diferente e tinha plena consciência disso. Desde pequeno, o menino conseguia fazer coisas que não tinham explicações precisas e que chegavam a assustar os outros, mas suas habilidades não eram apreciadas pelos demais, afinal, ser diferente, naquela época, era sinônimo de ser uma aberração.

 

E era isso o que Tom era para todos os que o cercavam: uma aberração. Com quinze anos, o jovem já havia se acostumado com todos os nomes que já havia ganhado – aberração, esquisitice, demônio, louco -, assim como havia se acostumado com o fato de que sua vida nunca se estenderia para alem das portas daquele asilo onde o colocaram quando ele fizera treze anos, após entrar em pânico, dizendo que a mulher que ele sempre vira rondando o orfanato – aquela com roupas antigas e sujas cujos cabelos longos e emaranhados escondiam-lhe o rosto estranho e os olhos cruzados – havia tentado machucá-lo durante uma noite. Ele não estava mentindo, é claro. Tom sabia muito bem que o que via era verdade, assim como a sensação horrível de frio que sentira quando as mãos da mulher o tocaram naquela noite. Mas ninguém acreditava nele e ninguém parecia vê-la. Todos decidiram que Tom Riddle, devido à sua vida relativamente difícil em um orfanato e em um período de guerra e crise, havia finalmente perdido a cabeça como tantos antes dele.

 

Mas ele sabia que não era louco. Riddle sabia que a sua habilidade de fazer as coisas flutuarem, de olhar dentro da mente dos outros, de falar com cobras e de ver pessoas que os outros não viam eram verdadeiras. Elas o faziam diferente e, apesar do rapaz não gostar da idéia de ser completamente igual aos outros, ele, de vez em quando, se pegava pensando sobre como seria bom se ele fosse normal. Seria uma benção se as luzes não piscassem quando ele se irritava, se as cobras não viessem ao seu encontro, se os pensamentos dos outros não invadissem a sua cabeça de uma hora para a outra e se a imagem de pessoas acinzentadas parassem de aparecer em frente aos seus olhos.

 

Assim, talvez, Tom Riddle tivesse mais do que um quarto branco, alguns médicos e inúmeros sedativos o esperando em seu futuro.

 

***



Neville Longbottom sempre ouvira sobre Hogwarts. Seus pais estudaram em Hogwarts e, antes deles, seus avós e bisavós. Havia apenas um caso em sua família de um tio-avô do menino que tivera de ser educado em casa quando ninguém o veio procurar assim que ele fez onze anos, mesmo este demonstrando traços de magia. E era necessário apenas esse caso para fazer com que o jovem Longbottom temesse não ser chamado para o colégio, afinal, todos sabiam de o quão rigorosa a seleção dos alunos era: não bastava ter magia, você deveria ser digno de estudar naquele lugar e tal dignidade vinha com as características prezadas, séculos antes, pelos fundadores: a inteligência, a coragem, a ambição e a antecedência.

 

Neville perdera a conta de quantas vezes os avaliadores de Hogwarts visitaram a sua família, mas eles nunca se pronunciavam, nunca davam dicas de qual seria a resposta final. Era sempre assim, uma criança bruxa nunca saberia se iria ou não ser chamada para a escola até fazer onze anos e receber a carta. O menino se perguntava como eles faziam com os nascidos trouxas, mas acreditava que o processo era parecido, mas com os avaliadores trabalhando às escondidas.

 

De qualquer maneira, independente do processo de seleção, faltavam apenas algumas horas para o dia 31 de Julho acabar e Neville ainda esperava ansiosamente pela sua carta. Sua mãe dissera que a sua carta chegara enquanto ela dormia e que, por isso, ele não deveria se preocupar, mas era impossível não o fazer enquanto se debruçava na janela de seu quarto, olhando para o céu estrelado naquela noite de Julho sem ver nenhum sinal de corujas, nem mesmo um barulho de bater de asas.

 

Quando o sono finalmente chegou e seus olhos já não conseguiam manter-se abertos, Neville decidiu parar de olhar o céu e ir dormir. Talvez a coruja havia pego algum tempo ruim no caminho e a carta estava quase chegando... Sim, fora isso o que acontecera com sua mãe! Era claro que ele iria para Hogwarts, afinal, ele era um bruxo e todos diziam que ele se parecia com seus pais, apesar de nunca ter demonstrado uma habilidade muito grande para com magia... Ou muita ambição... Ou bravura... Mas não era como se os avaliadores esperassem que um menino de onze anos conseguisse enfrentar um troll das montanhas, certo? Sim. E, por isso, o menino disse a si mesmo que, quando acordasse no dia seguinte e descesse para tomar café, encontraria a sua carta o esperando e ele, assim como o resto de sua família, iria para Hogwarts.

 

Neville Longbottom não soube o que fazer quando, ao acordar, não viu nenhuma coruja perto de sua casa e, muito menos, uma carta sobre a mesa.



***

 

Seu pai dizia que ela não precisava de Hogwarts para ser uma grande bruxa e Luna Lovegood acreditava nisso. O Sr. Lovegood não havia estudado lá, assim como sua mãe, por não serem considerados aptos pelos avaliadores. Muito excêntricos, eles diziam, a mesma coisa que falaram quando chegou a vez dela ir para a escola de magia e bruxaria.

 

Mas, diferente de inúmeros outros jovens que eram rejeitados, Luna não ficou triste... A menina encarou aquilo como uma oportunidade para criar um estilo próprio de estudos, sendo guiada por seu pai e conhecidos deste, afinal, Xeno Lovegood conhecia inúmeros grandes bruxos com conhecimentos que ultrapassavam aqueles possuídos pelos professores de Hogwarts. Seu pai dizia que, no colégio, eles não ensinavam seus alunos sobre os bufadores de chifre enrugado e Luna não tinha idéia de como não faziam tal coisa! Criaturas tão fascinantes quanto aquelas mereciam aulas e mais aulas apenas para eles.

 

A menina Lovegood cresceu e conseguiu, na sua opinião, educar-se muito bem com a ajuda de seu pai. Ela conhecia os mesmos feitiços que as crianças de Hogwarts e até conseguia fazer um Patronus! Ela conseguira passar nos seus testes de aptidão quando sua educação caseira terminou e agora a única coisa que lhe restava era achar um emprego e viver a sua vida como bem desejasse... Ela só nunca esperou ser passada para trás em uma seleção para trabalhar com o conceituado Newt Scamander para dar lugar para uma aluna de Hogwarts que nunca ouvira falar nos bufadores de chifre enrugado!

 

Aquilo não era justo, ela decidiu, quando voltou para casa e desabafou com seu pai. Não era da natureza de Luna se decepcionar de tal maneira, mas aquilo, ser passada para trás por conta de uma oportunidade a qual ela nunca teve, acabou por deixá-la naquele estado. Aquele sistema não era justo, ela disse ao seu pai, não era justo que apenas algumas crianças tivessem a chance de ter a educação de Hogwarts por serem consideradas dignas quando se havia inúmeras outras que possuíam magia e não eram chamadas para o colégio.

 

Para um mundo mágico onde se era possível fazer coisas flutuarem e onde animais fantásticos viviam, era assustador, para Luna Lovegood, perceber o quão fechada a mente das pessoas ainda era.


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Notas finais do capítulo

Título alternativo: "Como seria Hogwarts caso Helga Hufflepuff não tivesse batido o pé e mandado os outros três fundadores pararem de frescura porque o trabalho deles era ensinar independente da personalidade ou hereditariedade de seus alunos".
Quando fala no início que os três decidiram iniciar a escola depois de ver uma bruxa ser morta por trouxas, eu imaginei que fosse a Helga, por isso ela nunca se juntou à eles.
Mas e ai, o que aconteceria? Cada fundador acharia um jeito de escolher os seus alunos, cada um avaliaria os jovens bruxos e bruxas e veria se eles eram dígnos de estudar em Hogwarts e isso persistiria por anos. Cada casa cuidava dos seus alunos: se um avaliador percebia que a criança tinha traços sonserinos, ele seria avaliado de acordo com os critérios sonserinos e por aí vai.
Tom Riddle não iria para Hogwarts porque, apesar de ser descendente de Slytherin, tinha sangue trouxa e, consequentemente, acabaria como paciente de alguma ala psiquiátrica de um hospital por não conseguir se conter, digo... O menino seria um bruxo sem saber que era. Neville Longbottom não demonstrou nenhuma característica marcante durante a sua infância, tanto que ele só demonstra ser grifinório no fim do primeiro livro e, depois, lá no quinto, então os grifinórios não o aceitariam. Luna é inteligente, mas não é bem a inteligência que os corvinais aceitam... Tanto que ela é meio isolada até nos livros.
Coisa sem o menor sentido escrita em uma crise de orgulho lufo.