Hermione só tinha um único pensamento em sua cabeça: tinha que se livrar de Cormac. Ainda não tinha a mínima ideia de como iria fazer isso, só sabia que não suportava mais observar Cormac andando pela sua casa, usando as coisas da sua família e se aproveitando de tudo como se fosse o dono de alguma coisa ali.

Não se lembrava de ter sentido tanta repulsa por alguém assim em toda a sua vida. Quanto mais pensava, menos Hermione entendia como pôde ter gostado de um idiota feito o Cormac. Só agora ela se dava conta de como era cega naquela época. Antes não percebia como Cormac era de verdade, achava que ele era perfeito e tudo que ele fazia ela achava lindo. Quanto mais pensava, mais raiva sentia de si mesma.

Por isso resolveu que era hora de parar de pensar e começar a agir. Ainda mais agora que Ronald tinha começado a trabalhar na empresa. Hermione sabia como isso era importante para ele, e seu maior medo era que Cormac aprontasse alguma com Ronald e arruinasse essa oportunidade.

Hermione passou a segunda-feira inteira ansiosa. Toda hora ela olhava no relógio, contando as horas para que Ronald finalmente ligasse para ela dizendo como foi o primeiro dia de trabalho na fábrica.

Finalmente, às 7:30 da noite o celular de Hermione tocou. A garota, que estava saindo do banho, correu para atender, se enrolando no roupão.

- Alô! – disse Hermione nervosa.

- Oi! – respondeu Ronald. Ele parecia animado. – E aí, tudo bem com v...

- Como foi?! – interrompeu-o Hermione impaciente.

Ronald riu.

- Foi tudo ótimo! O pessoal foi super legal, me mostraram tudo e me explicaram tudo o que eu vou fazer lá. Já aprendi tanta coisa! Não vejo a hora de voltar lá amanhã!

Hermione respirou aliviada.

- Ah, que bom!

- Nossa, parece que você estava mais nervosa que eu. – admirou-se Ronald.

- Não, eu só estava um pouco preocupada. Mas eu tinha certeza de que você ia se dar bem. – explicou Hermione. Ela não queria que Ronald achasse que ela não acreditava na capacidade dele.

- Mas então você estava preocupada com o que? – quis saber Ronald.

- Ah, sei lá. – Hermione hesitou por um momento, depois resolveu dizer a verdade. – Tenho medo que o Cormac tente te fazer mal.

- Não, você não tem que se preocupar com isso. Ele nem vai na fábrica, ele trabalha no escritório. – disse Ronald.

- Eu sei. – respondeu Hermione. Ela achou melhor não insistir no assunto, já que Ronald estava tão animado com seu primeiro dia.

Então eles conversaram mais um pouco e logo se despediram.

Assim que Hermione desligou o telefone, ela percebeu que alguma coisa acontecia no andar de baixo. Alguém gritava, parecia estar havendo uma briga.

Hermione trocou de roupa depressa e foi ver o que estava acontecendo. Conforme foi chegando mais perto, ela pôde ouvir seu irmão, Harry, dizendo exaltado:

- ... E ESSA NÃO FOI A PRIMEIRA VEZ! EU NÃO SOU OBRIGADO A AGUENTAR ISSO!

- O que aconteceu? – perguntou Hermione, descendo os últimos degraus da escada.

Todos estavam na sala: o Sr. e a Sra. Granger, Draco, Harry, Cormac e sua mãe.

- É melhor você voltar para o quarto, Hermione... – pediu amãe.

- Não, mãe! Deixa ela ficar! – interrompeu Harry. – Quero que todo mundo fique sabendo, cansei de ficar sempre quieto!

- Pelo amor de Deus, Harry. Você não acha que está fazendo uma tempestade num copo d’água, irmão? – disse Cormac com seu ar de superioridade.

- EU NÃO SEU IRMÃO! – gritou Harry. – E eu já falei, não vou aguentar mais nada!

- O que foi que aconteceu? – perguntou Hermione mais uma vez.

- Aconteceu que o Cormac passou dos limites outra vez! – respondeu Harry furioso, enquanto Cormac fazia cara de paisagem, parecendo até entediado. – Ele simplesmente abriu minha correspondência que veio do banco com meu cartão de crédito novo! Ele pegou a senha e usou o cartão para comprar um monte de porcarias pra ele!

- Eu já disse que vou te pagar, cara! – disse Cormac irritado. – Não sabia que você estava precisando tanto assim do dinheiro...

Draco e o Sr. Granger tiveram que segurar Harry, que tinha ido para cima de Cormac, tentando bater nele.

- A QUESTÃO AQUI NÃO É O DINHEIRO E VOCÊ SABE MUITO BEM! – berrou Harry, ainda sendo segurado pelo pai e o irmão. – VOCÊ PASSOU DE TODOS OS LIMITES! VOCÊ ABRIU MINHA CORRESPONDÊNCIA E USOU MEU CARTÃO SEM A MINHA PERMISSÃO! ISSO É CRIME, EU DEVERIA TE MANDAR PRA CADEIA POR ISSO!

- NÃO! Por favor, não faça isso, Harry! – a mãe de Cormac começou a chorar.

- Calma, todo mundo! Vamos manter a calma aqui! – pediu o Sr. Granger. – Harry, você está muito nervoso! Nós temos que nos acalmar para resolver essa situação. Cormac e Harry, vocês vão comigo até o escritório para podermos conversar direito, vamos.

Um tanto quanto relutantes, os dois acompanharam o Sr. Granger até o escritório.

- Dolores, tente se acalmar. Vá tomar uma água. – disse a Sra. Granger para a empregada.

- Meu filho é um menino bom, a senhora sabe disso! – continuou a empregada, chorando. – Eu sei que ele não fez por mal...

- Tudo bem, se acalme, por favor. Eles já vão resolver isso. – disse a Sra. Granger.

A empregada foi para a cozinha.

- Vamos dormir. – disse a Sra. Granger para Draco e Hermione.

- Não, eu vou esperar aqui. – disse Draco.

- Eu também. – disse Hermione.

- Não tem pra que ficar esperando aqui! – disse a mãe. – Eles podem demorar e já está ficando tarde.

- Qual é, mãe? Você não vai defender o Cormac dessa vez, não é? – perguntou Hermione.

- Não. Com certeza o que ele fez foi errado. Mas nós temos que deixar ele dar uma explicação. – disse a Sra. Granger.

- Pois eu sei muito bem qual é a explicação. – disse Hermione. – Todo mundo aqui sempre deu liberdade demais para ele, por isso ele acha que pode fazer tudo. Você sempre deixou ele fazer tudo mãe.

- Hermione, por favor, não vamos comelar a discutir isso agora. – pediu a mãe, cansada.

- Mas eu acho que ela está certa, mãe. – disse Draco. Hermione ficou admirada, Draco era muito amigo de Cormac. – Nós sempre deixamos ele fazer tudo. Não sei se foi por pena porque a mãe dele é pobre e ele não tem pai, mas o fato é que ele anda abusando nos últimos tempos.

- Tudo bem então! Se vocês quiserem ficar aqui discutindo isso, que fiquem. Eu vou dormir. – respondeu a Sra. Granger irritada, se retirando.

- Quer saber, eu também vou dormir. – disse Draco, e ele subiu a escada logo atrás da mãe.

Mas Hermione ficou ali. Ia esperar que eles saíssem de lá. Com tudo isso que aconteceu, ela sabia que tinha ganhado um aliado contra Cormac, e ia esperar nem que fosse a noite toda para conversar com Harry. Ele iria ajuda-la a se livrar de Cormac.