Hermione parecia estar em um sonho. Estava com Ronald no seu lugar especial e ele a tinha perdoado. Os dois continuavam deitados na grama, escutando o som da água que caía atrás deles. Hermione estava deitada sobre o peito nu de Ronald, escutando seu coração bater. Ela estava apenas de lingerie, coberta com a camisa de dele, enquanto ele já tinha vestido suas calças novamente.

Ela nem acreditava no que tinha acontecido há apenas alguns minutos atrás. Ela se sentia muito bem, parecia que tinha deixado para trás aquela criança mimada que sempre foi. Agora era uma mulher e Ronald estava ao seu lado. Hermione sempre imaginou como seria a sua primeira vez, e por muitos anos, ela teve a certeza de que seria com Cormac. Mas agora ela podia até rir daquela ideia. Claro que não! Teve que ser com Ronald, porque era só pra ele que Hermione iria se entregar. Ele era o único que a merecia, sempre foi, mesmo antes dos dois se conhecerem.

- Então, vamos? – perguntou Ronald, carinhosamente, ainda brincando com os cabelos de Hermione.

A garota se ergueu e olhou para ele ainda deitado no chão.

- Vamos onde? – perguntou.

- Na sua casa, é claro.

- Não, vamos pra sua casa e de lá eu pego um táxi...

- Não. – ele tinha se levantado. – Eu vou te levar pra sua casa e vou falar com os seus pais.

Hermione arregalou os olhos para ele.

- Ronald, eu acho melhor não... – ela disse insegura.

- Eu não vou mais adiar isso! Eu devia ter tomado essa atitude desde o começo.

- Mas, Ronald, eu tenho medo que eles te tratem mal...

- Isso pra mim não importa. Eu não vou mais ficar me escondendo, eles vão saber o que eu sinto por você. E mesmo que eles não acreditem agora, eu tenho a vida inteira pra provar pra eles que eu te amo.

Hermione sorriu ao ouvir essas palavras. Ela se levantou e começou a colocar o uniforme da escola que estava jogado no chão. Agora ela também estava cheia de coragem. Não tinha porque ter medo se Ronald estaria do lado dela.

Já vestidos, os dois se abraçaram e saíram pelo caminho até onde estava a moto de Ronald. O dia já ia ficando escuro.

Desceram da moto na porta da mansão. Eles se olharam por um momento e Ronald pegou a mão de Hermione com firmeza antes de entrarem. Os seguranças que estavam no portão se entreolharam, sem saber se deveriam impedir que Ronald entrasse ou não, mas não fizeram nada.

Como sempre, Cormac tinha saído mais cedo do trabalho e estava na sala mexendo no Ipad. Uma vontade quase incontrolável de chutá-lo passou por Hermione: ele estava sentado na poltrona do pai dela se sentindo o dono da casa!

- Sua mãe está uma fera com você, Hermione. – ele disse, olhando para o Ipad. Ainda não tinha notado que a garota estava acompanhada. – O motorista chegou aqui dizendo que você já tinha ido embora quando ele chegou pra te buscar na escola. Acho bom você se preparar.

- Eu fui busca-la na escola hoje. – disse Ronald de repente. Cormac levantou a cabeça, lentamente e encarou Ronald. Parecia ter perdido a fala por um instante. Então ele deixou o Ipad de lado e ficou em pé.

- O que é que esse... – ele começou, mas Hermione o interrompeu.

- Cala essa boca. Eu não vim aqui falar com você. Cadê a minha mãe? – ela perguntou.

Mas antes de Cormac respondesse, a Sra. Granger entrou afobada na sala.

- Então é verdade? O segurança me disse que você chegou aqui com esse moleque! E quase que eu não acreditei. Eu estava começando a achar que você tinha tomado jeito, Hermione, mas é só decepção! – disse a mãe.

- Pois eu digo o mesmo pra você. É só decepção. – disse Hermione. A Sra. Granger perdeu a fala e Hermione continuou: - Eu e o Ronald vamos esperar aqui na sala até o meu pai chegar. Nós queremos falar com ele.

- Mas isso é um absurdo! – gritou a Sra. Granger. – Eu não admito que você fique enfiando qualquer um aqui! Dentro da minha casa! – Enquanto ela falava, Cormac concordava com a cabeça feito um idiota. Hermione riu.

- Essa casa é do meu pai. Você não paga uma única conta. – desafiou Hermione, mas a mãe perdeu a paciência.

- Saia já do lado desse marginal, Hermione! Vai pro seu quarto agora! Você nem imagina o que te espera. VEM AQUI AGORA!

Mas Cormac já tinha se precipitado até Hermione. Ele pegou no braço da garota com força e começou a puxa-la para longe de Ronald. Hermione segurou a mãe de Ronald com mais força enquanto tentava soltar o outro braço das mãos de Cormac. Ele a apertava com tanta força, que os olhos de Hermione começaram a se encher de lágrimas de dor.

Então, em um mesmo segundo muitas coisa aconteceram: Hermione sentiu Ronald soltar sua mão e um instante depois Cormac a soltava também, pois Ronald havia lhe dado um soco na cara. Hermione levou as mãos a boca, enquanto a Sra. Granger gritava e Cormac, caído no chão, sangrava. Ronald voltou para o lado de Hermione, vermelho de fúria ele olhava para Cormac no chão.

- VOCÊ NÃO VAI NUNCA MAIS ENCOSTAR UM DEDO NELA! OUVIU BEM? – ele berrou para Cormac.

Cormac se levantou, tampando com a mão o nariz que jorrava sangue. Olhou com ódio para Ronald e saiu cambaleando para cozinha.

A Sra. Granger ainda olhava com os olhos arregalados para Ronald, que pareceu envergonhado. Mas Hermione olhava para ele com um sorriso de orelha a orelha, seu braço ainda vermelho pelo aperto de Cormac.

De repente, um barulho de passos anunciou a chegada do Sr. Granger e dos irmãos de Hermione. A Sra. Granger correu até o marido e começou a falar:

- Você tem que fazer alguma coisa! A Hermione trouxe esse sujeito aqui pra dentro e ele deu uma surra no Cormac! Foi um horror... – ela dizia depressa.

- Calma! O que foi que aconteceu? – perguntou o Sr. Granger.

- Papai, não foi nada disso! O Ronald só me defendeu, o Cormac estava me machucando... – Hermione começou a dizer ao mesmo tempo que a Sra. Granger voltava a falar:

- ... eu não sei mais o que fazer com essa menina, ela quer acabar com a minha paz!Nós vamos ter que mandar ela pra longe antes que eu fique louca...

- Chega! – gritou o Sr. Granger para que as duas ficassem quietas. E virando-se para Hermione, disse: - O que aconteceu, Hermione?

- Pai, você lembra do Ronald, não lembra? – e então Hermione disse que ela e Ronald tinham ido até lá para conversar com eles, mas que o Cormac tinha se metido no meio como sempre.

- E o que é que vocês queriam conversar? – perguntou o pai, olhando para Hermione e depois para Ronald.

- Eu quero namorar a sua filha. – disse Ronald com segurança. – Eu amo a Hermione e quero ficar com ela. E agora eu quero fazer isso do jeito certo. Quero ter a aprovação da família dela.

Houve um momento de silêncio em que todos olhavam para o Sr. Granger.

- Muito bem. – ele disse por fim. – E o que você tem a oferecer a ela, rapaz?

- Papai, o Ronald me ama de verdade... – começou Hermione.

- Sim. Mas ele estuda? Trabalha? Quem são os pais dele? Onde ele mora?

Hermione sentiu seu ânimo despencar. A Sra. Granger tinha um olhar de triunfo atrás do marido.

- Eu trabalho, sim. Ajudo em uma oficina mecânica perto de onde eu moro. Mas eu não pretendo fazer isso a vida toda. Só estou juntando dinheiro pra poder fazer faculdade. – respondeu Ronald.

- Ele não tem pais! – disse a Sra. Granger. – Foi criado num orfanato, a Hermione disse quando ele veio jantar aqui aquela vez.

- E você pretende fazer faculdade do que? – perguntou o Sr. Granger sem dar ouvidos a mulher.

- Engenharia mecânica. – respondeu Ronald, com cara de desafio.

- Muito bem então. – disse o Sr. Granger depois de um instante encarando o rapaz. – Então por que a gente não senta aqui na sala e daí podemos nos conhecer melhor enquanto o jantar não fica pronto.

Todos pareciam petrificados, mas Hermione poderia jurar que viu um quase sorriso no rosto do pai quando ele se encaminhou para a sua poltrona.