Hermione acordou no dia seguinte um pouco cansada. Tinha ficado acordada até tarde esperando Cormac voltar, mas acabou adormecendo e não viu quando ele chegou. Ela estava se sentindo estranha. Há alguns meses atrás ela poderia ter se considerado a garota mais feliz do mundo por estar namorando Cormac, mas não era assim que se sentia. Ronald não saía da sua cabeça e ela se sentia mal pelo jeito como terminou o namoro com ele. Queria ter se explicado melhor, com certeza ele devia odia-la agora e ela não queria isso.

Desceu para tomar café e encontrou sua mãe sozinha a mesa.

- O Cormac já tomou café?

- Já. Ele teve que sair cedo. – respondeu a Sra. Granger.

- Que? Como assim? Ontem ele deve ter voltado super tarde. – disse Hermione.

- Pois é, mas ele teve que ir até a empresa resolver um problema.

- Que empresa? Hoje é domingo! – Hermione estava desconfiada.

- Problema não tem dia pra aparecer, tem Hermione? – disse a mãe.

Hermione não gostou nada disso. Cormac tinha prometido que passaria o dia todo com ela. E essa história de problema na empresa era muito estranha, estava parecendo mais é que Cormac não tinha dormido em casa. Mas sua mãe não iria acobertar uma coisa dessas, se ele tivesse passado a noite fora, com certeza ela contaria para Hermione.

Um pouco antes da hora do almoço Hermione estava sentada na sala lendo uma revista quando ouviu uma barulheira vinda de fora. Parecia gente discutindo, ela podia ouvir as vozes alteradas. A empregada entrou correndo na sala ao mesmo tempo que a Sra. Granger.

- Mas o que é que está acontecendo? – perguntou a mãe de Hermione.

- Tem um rapaz querendo entrar a todo custo, diz que quer falar com a senhorita Hermione. – respondeu a empregada nervosa.

Hermione se levantou na mesma hora em que Ronald irrompeu pela sala, vermelho de fúria com o segurança logo atrás.

- Eu quero falar com você, Hermione! – disse ele.

- Tire já esse marginal daqui! – gritou a Sra. Granger. – Chame a polícia!

- Não! – Hermione gritou. – Não precisa de nada disso. Solte ele. – disse ela para o segurança que dava uma chave de braço em Ronald. – Eu vou conversar com ele.

- De jeito nenhum! – bradou a Sra. Granger.

- Não tem problema, mamãe. É rápido, pode ficar tranquila. – Hermione tranquilizou a mãe.

Hermione pegou Ronald pelo braço e o conduziu até o escritório. Depois que ele passou, ela fechou a porta e virou para encara-lo.

- E então? Qual é a explicação que você tem pra me dar? Ou será que nem isso eu mereço? – disse Ronald.

- Ronald, calma. Senta aí. – disse Hermione.

- Eu não vou sentar porcaria nenhuma! Eu quero uma explicação, quero saber por que eu fui chutado daquele jeito! – ele continuava gritando.

- Não foi por nenhum motivo específico. – começou Hermione. – Acontece que eu percebi que nós somos muito diferentes e eu não queria mais mentir pra minha família...

Ronald deu uma risada sarcástica.

- Eu tenho cara de idiota, Hermione? – disse ele, avançando para cima de Hermione, os olhos arregalados de fúria. Hermione recuou uns passos, assustada. Nunca tinha visto ele daquele jeito. – Realmente passou pela sua cabeça que eu ia acreditar num papo furado desses? Tá na cara que o motivo é aquele imbecil! Aquele seu namoradinho nojento! FALA A VERDADE! – Ronald gritou e pegou Hermione pelos braços e sacudiu a garota.

- Para, Ronald! Você tá me machucando! – disse ela, tentando se soltar, os olhos já cheios de lágrimas. Ronald a soltou com um empurrão. Hermione caiu sentada no sofá.

- Você tá ou não tá com aquele desgraçado? – repetiu Ronald.

- Não... não é da sua conta isso. – respondeu Hermione se levantando.

Ronald deu mais uma risada sarcástica. Andava de um lado pro outro, mal conseguindo conter sua fúria.

- Então ele conseguiu? – voltou-se para Hermione. – Ele conseguiu. Eu devia saber, eu devia saber desde o começo! Como eu pude me meter com gente como você? Tava na cara que eu ia sair perdendo, eu devia ter visto isso! Mas não, eu fui burro, achei que eu podia passar por cima das dificuldades. Eu achei que você valesse a pena! Mas você não vale NADA! NINGUÉM DESSA SUA FAMÍLIA DE HIPÓCRITAS VALE NADA! VOCÊS SÃO UM BANDO DE LIXO! VOCÊ É UM LIXO, HERMIONE!

Sem pensar no que estava fazendo, Hermione ergueu a mão para dar um tapa na cara de Ronald, mas ele segurou seu braço. Olhava para ela com absoluto desprezo e ódio.

- Não! – disse ele largando o braço dela com força. – Eu não vou deixar você me machucar ainda mais. Não aguenta ouvir a verdade? A princesinha do papai não gosta de ser contrariada?

- CALA A BOCA! – gritou Hermione, chorando. Sentou-se no sofá, com as mãos tapando o rosto.

- Isso, chora mesmo. – Ronald continuou. – Você vai chorar muito ainda se existir justiça nesse mundo. – ele passou por Hermione e se encaminhou para a porta, mas antes de sair disse: - Eu devia ter aceitado aquela grana que o seu namoradinho me ofereceu, pelo menos isso teria valido alguma coisa.

- O QUE? Que grana? – perguntou Hermione, levantando-se do sofá e ficando de frente para Ronald.

- Ah, ele não te contou? Então eu conto. Ele me ofereceu dinheiro pra deixar você. Mas eu não aceitei, fui burro.

- O Cormac te ofereceu dinheiro? – repetiu Hermione. – Seu mentiroso! Ele não faria...

- Faria! Faria sim. Uma das vezes em que ele te levou na minha casa, quando você sujou seu sapatinho de cristal e entrou para limpar, então, ele aproveitou e me ofereceu uma boa grana se eu parasse de te ver. Mas eu não aceitei, sou honesto, não sei se vivendo aqui você sabe o que é isso...

- Mas... por que... você nunca me disse isso!

- Claro que não. Ele disse que se eu te dissesse ele contaria pros seus pais sobre mim e que eles proibiriam você de me ver. – Ronald suspirou. – Agora isso não faz mais diferença, porque ver você é a última coisa que eu quero nessa vida. Mas eu tenho pena de você, Hermione. Você vive no meio de gente falsa e isso é muito triste.

Ronald saiu e fechou a porta, deixando Hermione ali parada no mesmo lugar, com a mão tapando a boca. Seus pensamentos estavam a mil, ela não sabia de mais nada.