Hermione continuou ali nos braços de Cormac, completamente entregue àquele beijo, como se sua vida dependesse disso. Mas no fundo de sua cabeça, alguma coisa a incomodava, alguma coisa não deixava que ela aproveitasse por completo aquele momento. E quando Cormac a soltou e olhou em seus olhos ela lembrou o que era: Ronald! Nesse instante, Hermione não conseguiu mais olhar para Cormac. Baixou os olhos e foi se sentar em um banco próximo, seu corpo todo tremia.

- Que foi, Mione? – perguntou Cormac se aproximando. Hermione continuou paralisada, com a mão na boca. Olhou para Cormac ainda com ar de espanto.

- Eu não posso fazer isso. Eu tenho namorado. O Ronald confia em mim, ele gosta de mim e eu gosto muito dele também... – ela falava mais para si mesma do que para Cormac.

- O jeito que você me beijou não era o de quem tem namorado. Você não gosta dele, Mione. – disse Cormac, se abaixando na frente dela e colocando a mão no joelho da garota.

- Não, eu gosto sim! Eu não posso fazer isso, não posso... – repetia ela, como se tentasse se convencer de que isso era verdade.

Cormac sentou ao lado dela. Colocou os cabelos de Hermione atrás da orelha antes de dizer:

- Mione, você está confusa, é só isso. – Cormac deu um beijo na bochecha de Hermione, muito perto da boca. – Você gosta de mim, você sabe disso. – ele continuou a beijá-la, chegando cada vez mais perto da boca. – Não adianta você continuar com ele se você gosta de mim. – Cormac a beijou novamente e Hermione se entregou mais uma vez.

- Eu estou certo, não estou, Hermione? – Cormac sussurrava, ainda segurando o rosto da garota entre as mãos, enquanto ela mal conseguia abrir os olhos. Ele deu mais um beijinho perto da boca dela. – Não estou?

- Aham... está sim. – respondeu Hermione como se estivesse em transe. Sem conseguir se segurar, ela jogou os braços envolta do pescoço de Cormac e o beijou outra vez.

Eles continuaram se beijando por um momento e depois Cormac falou:

- Já está tarde, acho melhor nós irmos dormir.

- É... – respondeu Hermione.

- A gente se fala amanhã, ok? – Cormac se despediu dando um beijo na cabeça de Hermione.

Ela ainda ficou um pouco lá, sozinha olhando para o nada e depois subiu para o seu quarto. Não conseguia pensar. Parecia que sua capacidade de raciocinar tinha se acabado. Ela deitou na cama e logo adormeceu.

Quando acordou no dia seguinte, Hermione demorou a se lembrar do que tinha acontecido na noite passada. Quando repassou os fatos mentalmente, uma mescla de euforia e remorso se misturou em seu peito. Na escola ficou isolada a um canto, pensando. Viu que tinha uma nova mensagem em seu celular: era de Ronald. Sentiu suas entranhas estremecerem. Era apenas uma mensagem de boa noite que ele tinha mandado ontem e que ela nem tiveram tempo de ver. Escondeu o rosto nas mãos. Sentia-se a pior pessoa do mundo. Ficou uns cinco minutos olhando para a tela do celular pensando em alguma resposta para dar, mas não conseguiu escrever nada.

- Nossa, Hermione. Tem certeza que ninguém morreu? – perguntou Parvati enquanto as duas se encaminhavam para a saída da escola. A amiga tinha ficado a manhã inteira perguntando o que tinha acontecido com ela.

Quando olhou para a rua, Hermione quase teve um infarto. Ronald estava parado do outro lado, encima da moto, acenando e sorrindo para ela. Seu corpo começou a tremer tanto que ela teve que se apoiar na parede com medo de cair.

- Vai lá, Hermione! Seu namorado delicinha tá te esperando. – disse Parvati, empurrando Hermione. – Se eu tivesse um desses esperando por mim...

- Cala essa boca. – respondeu Hermione atravessando a rua, desejando que um carro a atropelasse antes que ela chegasse do outro lado.

- Oi! – disse Ronald animado, saindo da moto e fazendo menção de beijar Hermione. A garota se desviou na hora, dando apenas um abraço sem graça no namorado.

- E aí, tudo bem? – perguntou ele. Hermione apenas fez que sim com a cabeça, sem olhar para ele.

- Você não respondeu minha mensagem ontem... Fiquei com saudades e resolvi vir aqui te buscar. Vamos pra minha casa? – continuou Ronald.

- Ah... não vai dar não... – respondeu Hermione, olhando para os sapatos. Ronald segurou no braço dela, preocupado.

- Hermione! Você está passando mal? Tá tão pálida, acho que você vai desmaiar.

- Não, tá tudo bem. – disse Hermione, se afastando dele. Não queria que ele a tocasse, não se sentia digna nem de estar perto dele. – Meu motorista chegou! – disse Hermione aliviada ao ver o carro estacionar do outro lado da rua. – Eu te ligo depois! – gritou para Ronald, correndo até o carro.

Hermione entrou em casa cambaleando, parecia que não conseguia sentir o chão sob seus pés. Foi direto para a cozinha, pegou um copo de água e se sentou ao balcão, tentando se acalmar. O que ia fazer agora? Não podia ficar ignorando Ronald para sempre, logo ele perceberia que algo não estava certo. E o Cormac? Ela ainda não tinha visto ele desde a noite passada. Será que ele gostava dela mesmo? Será que ele a pediria em namoro agora?

Subiu para o quarto e se deparou com um buquê de rosas em cima da cama. Correu para pega-lo e viu o cartão. Era de Cormac. Hermione não pode evitar sorrir olhando para as flores.

No fim da tarde ela estava em seu quarto, conversando com Parvati no telefone. Não estava realmente ouvindo o que a amiga estava falando, seu pensamento estava longe dali. Então, ouviu uma batida na porta.

- Desculpa, Parvati, mas tenho que ir. – disse Hermione, desligando o telefone.

Cormac entrou no quarto sorrindo para ela.

- E aí? Gostou das flores? – perguntou ele.

- Gostei sim, muito obrigada! Eu adoro rosas. – respondeu Hermione, sorrindo também.

- Eu sei! Sei tudo sobre você, Hermione. Duvido que tenha alguém nesse mundo que te conheça melhor do que eu. – ele disse, sentando-se na cama.

- Então tudo que aconteceu ontem... Você gosta de mim, mesmo? – perguntou Hermione, insegura.

- Você ainda tem dúvidas? – respondeu Cormac. Ele se aproximou dela e a beijou.

- E agora o que vai acontecer? – perguntou Hermione.

- Eu quero ficar com você. E você também quer ficar comigo, não quer?

- Quero... mas...

- Mas o que? Eu pensei que isso fosse o que você sempre quis também. – disse Cormac.

- É. Mas tem o Ronald. Eu tenho um compromisso com ele, sabe...

- Mas você vai terminar com ele, não vai?

- É, acho que vou...

- Você acha, Hermione? Você gosta de mim ou não gosta?

- Claro que gosto! – Hermione respondeu depressa.

- Então amanhã você vai terminar com ele. Promete? – Cormac a beijou novamente.

- Prometo. – Hermione respondeu.