Naquela noite, Hermione ficou em casa. Estava na sala com seu pai assistindo televisão, mas não conseguia realmente se concentrar no que estava passando. Sua cabeça estava cheia de pensamentos. Sua mãe tinha saído da sala há um bom tempo e não voltara mais, seus irmãos como sempre tinham saído para curtir a noite, e Cormac também não estava, tinha saído com os amigos do golfe.

Parvati tinha ligado convidando Hermione para sair outra vez, mas ela não quis ir, sua cabeça doía muito e ela não tinha vontade de ver ninguém. Resolveu ir até a cozinha procurar um remédio para dor. Quando foi se aproximando escutou a voz de sua mãe, ela conversava com alguém.

- ... mas eu acho que esse é o único jeito. Sei que ela não vai gostar nada quando... – a Sra. Granger parou imediatamente de falar quando viu Hermione entrando na cozinha. Ela estava conversando com Cormac que olhou para trás para ver quem tinha chegado.

- Cormac? Você não ia sair? – perguntou Hermione.

- Vou, já estou de saída. – respondeu Cormac apressado, dando um beijo na Sra. Granger e em Hermione antes de sair.

- Sobre o que vocês estavam conversando? Quem não vai gostar do que? – Hermione perguntou a mãe.

- Ah, estávamos falando sobre a mãe do Cormac... Ela anda se sentindo mal, mas não quer ir ao médico, então nós chamamos o doutor pra vir aqui examina-la na segunda. – respondeu a Sra. Granger sem encarar Hermione.

Hermione continuou olhando para ela, desconfiada, mas a dor em sua cabeça aumentou e ela resolveu tomar logo o remédio e ir dormir.

Na quarta-feira Hermione estava esperando seu motorista junto com Parvati em frente ao colégio, quando a moto de Ronald parou na sua frente. Vários alunos olharam, curiosos. Ronald desceu da moto e foi ao encontro de Hermione, segurando seu rosto entre as mãos e dando-lhe um rápido beijo.

- Ronald! O que você está fazendo aqui? – perguntou Hermione com um sorriso. Parvati olhava Ronald de cima para baixo com a boca aberta.

- Não ia aguentar esperar pra te ver só no fim de semana. Hoje eu tenho a tarde de folga e pensei que você podia ir pra minha casa...

- Hum... Não sei, amanhã eu tenho prova e o motorista já chegou, olha. – disse Hermione apontando para o carro que acabara de parar a alguns metros deles.

- Ah, vamos. Por favor? – pediu Ronald. – É prova do que amanhã?

- Física.

- Eu estudo com você! Sou muito bom em física! – disse Ronald.

- Mas eu ia dar uma carona pra Parvati... e o motorista com certeza contaria pra minha mãe... A não ser que... – disse Hermione pensando.

Então Hermione e Parvati entraram no carro.

- Puxa vida, hein, Mione! Nem pra me contar que você tava namorando esse gost... – começou Parvati, mas foi logo interrompida por Hermione.

- Chiu! Cala-boca! – sussurrou ela. E então, dirigindo-se ao motorista – Pode me levar pra casa da Parvati, Ernesto, nós vamos ficar estudando lá, ok? Você avisa minha mãe.

- Sim senhorita. – respondeu o motorista antes de ligar o carro.

Elas chegaram em frente a casa de Pavati e esperaram que o motorista fosse embora. Logo em seguida, Ronald chegou montado em sua moto.

- Obrigada, Parvati! Se minha mãe te ligar você confirma a história, e depois eu volto aqui pra ligar pro motorista vir me buscar. – disse Hermione, despedindo-se de Parvati.

- Pode deixa, Mione. E não esquece do que você me prometeu, hein. – respondeu Parvati, entrando e fechando o portão.

- Que foi que você prometeu a ela? – quis saber Ronald.

- Um encontro com um dos meus irmãos.

Então eles subiram na moto e foram para a casa de Ronald.

Almoçaram e logo começaram estudar. Hermione achava que devia estar louca, nunca fora muito boa em física e em véspera de prova não fazia nada além de estudar. Mas Ronald era realmente muito bom nessa matéria devido a anos trabalhando na oficina. Os dois estudaram a tarde inteira e Hermione tinha certeza de que se sairia muito bem na prova.

- Ah, não aguento mais estudar! – disse Hermione se jogando de costas na cama. Ronald deitou ao lado dela e os dois ficaram em silêncio, apenas olhando para o teto por um momento.

Ronald olhou para ela e suspirou.

- Que foi? – perguntou Hermione, virando a cabeça para olhar para ele.

- Nada. Você nem imagina como eu gosto disso. De ficar perto de você, saber que você está aqui comigo. Às vezes eu tenho medo, parece que é bom demais pra ser verdade e eu nunca tive nada de muito bom na vida. Tenho medo que isso acabe.

Hermione engoliu em seco. Não sabia o que dizer. Queria responder que isso não ia acabar, mas ela também tinha medo. Tinha medo de fazer uma promessa que não pudesse cumprir depois. Então, para evitar ter que dar uma resposta, ela se inclinou e o beijou.

- Você já namorou alguém antes? – perguntou Hermione, voltando se deitar ao lado dele.

- Já. Mas não durou muito.

- E você gostava dela?

- Não sei. Acho que um pouco, nunca me importei muito com isso. – respondeu ele. – E você? Já namorou?

Hermione ficou um pouco vermelha.

- Não. Eu não olhava pra ninguém.

- Só praquele cara. – completou Ronald.

- Por favor, não vamos falar disso? – pediu Hermione.

De repente, Ronald ficou muito sério e olhou para o outro lado. Hermione se sentou e olhou para ele.

- Não fica bravo, vai. – disse ela, se inclinado para beijar o rosto dele. Mas antes que ela conseguisse, Ronald se levantou.

- Acho melhor eu te levar na casa da sua amiga. – disse ele, colocando os sapatos.

- É, eu também acho. – respondeu Hermione irritada, procurando os próprios sapatos. Não tinha motivo pra ele ter ficado bravo, ela pensou. E se ele queria que ela ficasse se desculpando, o problema era dele, porque agora quem estava brava era ela.

Os dois não se falaram até chegarem novamente na frente da casa da Parvati. Hermione desceu da moto, ainda com a cara amarrada. Tirou o capacete e o estendeu para ele, dizendo:

- Tchau. E quando tiver passado a sua chatisse, me liga. – virou as costas para ele e tocou o interfone. Sem olhar para trás, ela escutou o barulho da moto partindo. Teve vontade de chorar, mas se segurou, não ia chorar por causa dele.