Alguns dias se passaram. Hermione continuou saindo escondida com Ronald e ele continuou indo visitá-la no quarto dela de noite. Nem o Sr. nem a Sra. Granger pareciam saber disso, o que significava que Cormac estava cumprindo o que prometeu. Por falar em Cormac, a raiva que Hermione sentia dele foi diminuindo. Eles voltaram a se falar e passavam cada vez mais tempo juntos, o que pareceu ter acalmado a Sra. Granger.

No entanto, Hermione se sentia cada vez mais dividida. No começo queria evitar ficar perto de Cormac, mas sua mãe parecia estar disposta a arranjar o maior número de encontros que pudesse entre os dois. E, de repente, Cormac estava sempre por perto como nunca esteve. É verdade que ele não tinha tentado mais nada depois daquele beijo, mas apenas a presença dele conseguia deixar Hermione nervosa. Cada vez mais se divertia na companhia dele, o que a fazia se sentir culpada depois; e quando estava com Ronald não conseguia evitar pensar em Cormac às vezes.

Era sábado, e Hermione tinha combinado de ir almoçar com Ronald. Cormac tinha se oferecido para leva-la até a casa do namorado para que a mãe de Hermione não desconfiasse. O carro estacionou na frente da casa de Ronald.

- Tchau, Cormac. Muito obrigada por tudo que você está fazendo. – disse Hermione com um sorrisinho.

- Não precisa agradecer, Mione. – respondeu Cormac.

Hermione saiu do carro. Distraída, enfiou o pé com tudo em uma poça de lama bem em frente a casa.

- Ai, que nojo! – reclamou a garota. – Sujou toda a minha sapatilha novinha! E meu pé também, credo!

Cormac desceu do carro no momento em que Ronald abriu a porta de casa. Os dois se olharam por um momento e ninguém disse nada.

- Que aconteceu, Hermione? – perguntou Ronald.

- Eu pisei nessa droga de poça. – respondeu ela, de mal humor. – Vou ao banheiro lavar meu pé e meu sapato.

Então ela entrou, deixando os dois ali sozinhos. Foi ao banheiro, tirou o sapato que estava completamente sujo, limpou o pé e voltou descalça mesmo. A porta da rua estava aberta, Ronald ainda devia estar na rua. Foi até lá e viu Ronald e Cormac conversando. Parecia mais que estavam discutindo, Ronald com o rosto vermelho. Pararam de falar assim que viram Hermione.

- Que aconteceu? Do que vocês estão conversando? – perguntou ela, olhando de um para outro.

- Eu só estava pedindo desculpas para o Ronald por aquele dia em que eu vim aqui e praticamente invadi a casa dele para te levar embora. Não foi nada educado da minha parte. - disse Cormac com um sorriso. Mas Ronald não sorria e continuava vermelho, parecia estar se controlando.

- Já vou indo. – continuou Cormac. – Quando quiser ir embora, é só me ligar, Mione. – ele entrou no carro e partiu.

Ronald e Hermione entraram na casa. Hermione observava Ronald, apreensiva.

- Sobre o que vocês estavam conversando? – quis saber Hermione.

- Sobre nada. Ele estava me pedindo desculpa mesmo. – respondeu Ronald, sem olhar para ela.

- Ah, é? Mas quando eu cheguei tive a impressão de que vocês estavam discutindo... – Ronald não respondeu. Hermione continuou olhando para ele. – Pode contar. Ele te ofendeu? Porque se ele fez isso...

- Não. – disse Ronald imediatamente. – Ele não me ofendeu nem nada. Só estava me pedindo desculpa. Cadê o seu sapato?

Hermione percebeu que ele estava mudando de assunto. Não sabia se acreditava que Cormac tinha apenas pedido desculpa, mas resolveu não insistir no assunto.

- Tá lá no banheiro. Acho que vou ter que jogar fora, tá nojento. – respondeu ela por fim.

- Claro que não! É só sujeira, eu vou limpar pra você. – Ronald foi até o banheiro, pegou o sapato e levou até o tanque de lavar roupas. Ficou ali limpando em silêncio. Quando voltou, parecia estar normal outra vez.

- É só deixar secar agora. – disse ele, sentando-se ao lado de Hermione na cama. Os dois se entreolharam e Ronald a beijou. Hermione foi deitando na cama, os dois ainda se beijando. O beijo ficava cada vez mais forte, Ronald já estava deitado em cima dela.

- Espera! – Hermione disse, empurrando Ronald. – Eu acho melhor parar né. – disse ela, sem graça.

Ronald apenas sorriu e pegou a mão dela.

- Vamos almoçar? – perguntou ele. Hermione sorriu em resposta e eles foram.

Ronald a levou a um restaurante simples, mas com boa comida. Como era de costume, ele não deixou que Hermione pagasse nada e pagou tudo sozinho. Ela não gostava disso, sabia que ele não podia gastar muito, mas já tinham tido algumas discussões sobre isso e sabia que não adiantava insistir.

Voltaram para a casa dele e ficaram deitados juntos assistindo filme. Hermione pensou em Cormac. Ele devia estar jogando golfe agora, sempre jogava aos sábados. Tentou afastar esse pensamento. Estava com Ronald, nos braços dele; não podia pensar em mais ninguém, ele não merecia. Ultimamente, sentir-se culpada era frequente.

Ergueu-se subitamente e beijou Ronald. Ele levou um susto, mas correspondeu imediatamente. Hermione o beijava como nunca fizera na vida, com força, com desespero. Estava mesmo desesperada, queria se obrigar a esquecer Cormac. Os dois ficaram ali, no maior amasso até que, de repente, Hermione parou e empurrou Ronald mais uma vez. Ficou sentada olhando para frente, com a respiração rápida.

- O que foi isso? – perguntou Ronald, respirando com dificuldade também. – Não faz isso, Hermione, você quer me matar?

- Desculpa. – disse ela envergonhada. – Já está na hora de eu ir.

Ela foi levantar da cama, mas Ronald a segurou pelo braço.

- Calma! O que foi? Você tá tão estranha hoje...

- Ai, sei lá. É coisa de mulher, sabe...

- Não, não sei. – respondeu Ronald. Ele ainda parecia estar se recuperando do susto.

- Enfim, eu tenho que ir embora mesmo, já está escuro.

Então ela ligou para Cormac. Quando ouviram as batidas na porta, eles se despediram com um beijinho e Hermione foi embora.

No carro, enquanto voltavam para a mansão, Cormac perguntou:

- Que aconteceu, Mione? Parece que você vai vomitar.

- Nada.

Cormac deu uma freada tão brusca que Hermione quase bateu a cabeça no vidro da frente. Vários motoristas buzinaram.

- QUE FOI QUE AQUELE CARA FEZ COM VOCÊ? – berrou Cormac. – ELE TE FORÇOU A FAZER ALGUMA COISA QUE VOCÊ NÃO QUERIA, NÃO É? EU SABIA, EU VOU VOLTAR LÁ AGORA E...

- CALMA! – Hermione também gritou para fazer Cormac voltar a si. – Ele não me fez nada! Eu só não estou me sentindo bem, acho que comi alguma coisa estragada no almoço.

- Claro, fica comendo essas comidas de pobre. Só pode dar nisso. – Cormac voltou a dirigir. Hermione não respondeu. Não era a comida, era a culpa que remoia seu estômago.