All Nightmare Long escrita por Sam Wright


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

This has been a poor attempt at writing. DESCULPA. Como me pressionaram para fazer um capítulo um pouco maior, aqui estão as mais de 2,300 palavras. Espero que gostem. :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/234681/chapter/3

Help, I'm alive.

My heart keeps beating like a hammer


– Algo deu errado. Eles já deveriam estar de volta. – disse Sally Donovan. Apreensiva, ela não conseguia parar de andar de um lado para o outro na sala pequena. Seus passos denunciavam o quão preocupada estava, cada vez pisando mais forte. Seu rosto estava escondido entre as mãos.

Greg Lestrade não conseguia encará-la. Tinha uma mão na testa e olhava para o chão sem realmente ver. A culpa agora o invadia, culpa que ele sempre prometia espantar, mas que nunca realmente conseguia. Não era a primeira vez que ele convocara uma missão, e não era a primeira vez que algo dera errado. Muitos homens já morreram, tanto nas mãos dos Exterminadores quanto nas mãos dos zumbis; muitos sucumbiram às promessas de poder que Jim Moriarty fizera, outros acabaram se transformando nos monstros mortos que agora eram a maioria da “população” britânica.

Ainda assim Lestrade não conseguia tirar o peso da consciência. Com seus ombros pendendo para frente, ele bufou. Fechou os olhos e os abriu quase que no mesmo instante, pois os rostos dos cinco homens que havia enviado para linhas inimigas se passavam em sua mente. Apertou ainda mais a mão na testa. Pensou nas famílias daqueles homens. Pensou em Sally.

Toc, toc, toc. Os passos de Donovan ficavam mais altos.

Outro barulho presente na sala era o de pedra batendo em lâmina. Fingindo estar alheia a tudo, Katherine Davenport só tinha olhos para o brilho prateado de sua adaga. Tentava ignorar a atmosfera tensa ao afiar a lâmina e, mesmo sabendo que já havia feito o suficiente, não quis parar. Ela não era a única apreensiva ali; mas preferia não pensar em nada, não queria pensar em nada. Não queria lembrar que seus temores eram por alguém que nem se importava com ela.

Um novo barulho de passos soou no cômodo. Greg levantou a cabeça, Sally também; Katherine continuou em seu canto.

Mycroft Holmes nada disse. Entrou na sala e se sentou na pequena mesa de madeira. Levou o olhar até Lestrade, e o detetive sabia o que aquele olhar significava. Lestrade se levantou da cadeira em que estava e se virou contra a parede, encostando a testa na superfície fria. Cerrando os pulsos, disse:

– Eles não disseram nada.

– Como você pode ter certeza?

– Eu tenho certeza, Holmes. Confio nos meus homens, e sinto muito por você nunca ter confiado nos seus. – falou sem se virar.

– Eles não fariam isso. Não fariam. Eles nunca revelariam nossa localização. – a voz de Sally guinchou, quase falhando. Lestrade sabia que os olhos dela estavam marejados, mas não queria imaginar como estaria sua expressão. Ele sabia que Mycroft se preocupava com a vida de todos naquele acampamento, talvez mais até do que sua própria vida. Mas Greg confiava sua vida àqueles cinco homens, caso contrário não os teria mandado para uma missão tão perigosa.

Toc, toc, toc. Donovan voltou a pisar pelo cômodo. Holmes bufou com impaciência. Lestrade respirou fundo e voltou a se sentar. Davenport colocou a pedra em cima da mesa, prendeu a adaga extremamente afiada no cinto e se virou para os outros três rostos tensos. Tentando ao máximo parecer tranquila, esboçou um sorriso fraco.

– Eles estão bem e vão voltar logo. Eu sei que vão. – disse ela.

Lestrade assentiu. Sally parou e reprimiu um soluço, secando as lágrimas que não paravam de se formar em seus olhos.

O silêncio estranhamente reinou na sala. Era como se todos estivessem prendendo a respiração. E provavelmente era isso. O Acampamento nunca foi tão silencioso. Nada de crianças brincando pelos corredores do prédio abandonado em que agora estavam alojados, e não havia o mínimo barulho de conversa. O silêncio que era comum agora parecia mortal. O medo sempre estava presente, mas sempre piorava quando alguém se voluntariava para buscar suprimentos. O pavor de seus amigos e, muito raramente, suas famílias acabava atingindo todos. E os que acreditavam ajudavam da única forma que sabiam: rezando pela vida daqueles homens.

Katherine se deixou pensar nele. Se deixou pensar naquele sorriso brilhante e naqueles olhos verdes que, nas poucas vezes que se dirigiram a ela, pareciam ver sua alma. Se deixou pensar na bondade daquele homem e nas habilidades que ele tinha com a espada. Se deixou pensar no quão esculpido seu peito devia ser, e no quão queria ter a visão daquele corpo nu e passar seus dedos naqueles cabelos perfeitamente encaracolados e beijá-lo até não agüentar mais e...

– Hey, essa não é a voz do Darcy? – Lestrade praticamente gritou.

Katherine instantaneamente acordou de seu devaneio. Não havia percebido o quão forte seu coração batia, tão forte que ela começou a temer que os outros três pudessem ouvir. Mas esses eram pensamentos tolos, pois Lestrade estava certo. Junto com muitos gritos de felicidade e congratulações, a voz era clara. Era a voz de Darcy.

Porra.

Foi inconsciente. Ela correu para a voz. Provavelmente tropeçou em muitas pessoas, talvez até tivesse derrubado algumas. Nem ao menos se deu o trabalho de esconder o que estava fazendo. Apenas seguiu seus instintos.

Lestrade, Donovan e Holmes corriam atrás dela, abismados pela súbita reação da tão quieta Davenport. Eles ainda estavam no terceiro andar, então continuaram correndo pelos corredores cheios, com os outros sobreviventes também tentando alcançar os recém-chegados. Esse era um dos poucos momentos em que ninguém se lembrava da lei do silêncio; a felicidade em ver seus colegas vivos acabava ofuscando o medo das razões pelas quais eles poderiam ter morrido. E eles riam, festejavam, alguns até dançavam. Por alguns minutos era como se nada estivesse errado; até que, eventualmente, a realidade volta a atacar e tudo volta a ser quieto.

Enquanto corria, Mycroft via o quão grave era a situação do acampamento. Agora eles estavam em algum lugar afastado de Londres, possivelmente Kingston. O prédio de três andares não era grande, mas eles se acomodaram ali com certo conforto. Não era o único prédio nas localidades, o que favorecia a situação caso os Exterminadores descobrissem seu esconderijo. As janelas haviam sido revestidas com metais, mostrando que os antigos habitantes tentaram se proteger de alguma forma; ouvir teorias sobre como eles deviam ter morrido era comum. Holmes calculou que agora haviam cerca de 200 sobreviventes; 50 deles ainda estavam por vários lugares do Reino Unido, procurando por mais sobreviventes e suprimentos; esses 50 homens e mulheres eram empregados de Mycroft no Serviço Secreto. Eles tinham formas de se locomover, é claro, já que tinham carros e ônibus abandonados em todas as ruas. Mas eram aproximadamente 150 pessoas dependendo dele. 150 vidas que necessitavam de comida e segurança.

Ainda havia quem indagasse “Qual é o ponto de viver assim?”. A resposta nunca era clara. Eles não estavam vivendo. Eles estavam sobrevivendo. E qual era o ponto de sobreviver? Eles não sabiam. Mas continuavam batalhando por suas vidas todos os dias. Continuavam com medo de que um dos monstros aparecesse repentinamente enquanto eles dormiam. Continuavam indagando o motivo de sua existência. Continuavam. E, até agora, continuar estava dando certo.

Mycroft pensou no ônibus que estava escondido em um ponto estratégico perto dali. Pensou nos carros escondidos em plena vista, do outro lado da rua. Pensou até no helicóptero que ele havia deixado em Londres, na esperança de que Sherlock encontrasse e viesse de encontro a eles.

Ele quase parou quando se lembrou de seu irmão. Era provável que Sherlock ainda estivesse em segurança na casa da Rua Baker com John, mas Mycroft temia que Moriarty também tivesse chegado àquela conclusão. E essa era a razão pela qual ele estava correndo atrás de Lestrade e Donovan.

Eles desceram as escadas que levavam ao primeiro andar, e Katherine corria como nunca. Ela sentia o ar sumir de seus pulmões, mas não ousou parar. Ainda estava completamente alheia à presença dos três outros atrás dela. Sua mente dizia que ela tinha que chegar até ele. Então ela corria.

Mas não teve que correr por muito mais tempo. As vozes aumentaram enquanto eles chegavam mais perto, e Katherine sabia que teria que se controlar. Diminuiu a velocidade e passou a andar, ignorando os gritos de seus pulmões e seu coração batendo forte em seus ouvidos. Finalmente notou que o Chefe, Lestrade e Sally vinham atrás dela, então deixou que eles passassem em sua frente. Devia ter parecido extremamente estranha para eles.

As vozes vinham da sala que um dia foi uma recepção. Um círculo se formara e os tons animados de Jack, Colin e Robert vinham do centro do círculo de pessoas. Lestrade pediu licença e se dirigiu ao centro do círculo, sabendo que algo não estava certo. Sally, Mycroft e Katherine o seguiram, sentindo a mesma coisa. Não demorou muito até chegarem até os recém-chegados. Três dos homens exibiam sorrisos e abraçavam todos seus conhecidos; o quarto deles era Darcy, que tinha uma expressão séria e estava parado no canto, encarando o nada.

Eles eram quatro homens.

Lestrade tinha enviado cinco.

Quando Davenport se deu conta disso, ela também se deu conta dos gritos de choro que vinham da garganta de Sally. Nada pôde fazer além de ver Donovan ajoelhada no chão, gritando sem se importar com as lágrimas que caíam sem parar. Katherine engoliu seco. Lestrade estava com Sally, tentando abraçá-la, consolá-la, mas não estava tendo sucesso nisso. A própria expressão do detetive era de horror; a culpa já começava a dominá-lo. Agora ele estava ali, vendo uma das mulheres mais brilhantes que conhecia gritar com a dor da perda. Anderson ficou para trás, e agora Sally sofria. E era tudo culpa dele.

Depois de alguns minutos, Donovan começava a se acalmar, os gritos se tornando gemidos. As lágrimas nunca paravam de cair.

Era culpa dele.

Agora ele tinha os braços envolvendo Sally, tentando ajudá-la de alguma forma. Fechando os olhos, Greg murmurou:

– Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem.

Ele não sabia a quem estava se referindo.

***

Katherine respirava fundo enquanto seguia pelo corredor escuro. Ela nunca esteve ali antes, e não tinha certeza se isso era bom ou ruim. Em passos lentos e tensos ela seguia Fitzwilliam Owen, e Mycroft os guiava para baixo do prédio. Sua mão instantaneamente foi para o cabo de sua adaga, e ela percebeu que Darcy já estava preparado se precisasse usar sua espada.

A única luz no corredor vinha da lanterna de Mycroft. Eles andaram e andaram, desceram escadas e andaram um pouco mais. O escuro cobria qualquer pista de onde eles estariam indo, e Katherine não conseguia respirar direito; Fitzwilliam tentava parecer tranquilo, mas ainda estava tenso; Lestrade não era o único que carregava a culpa do sacrifício de Anderson.

Até que Mycroft parou. Tateou os bolsos até achar uma chave pequena. Apontou a lanterna para a fechadura e destrancou a grande porta de madeira. Ele empurrou com um pouco dificuldade, mas com um barulho seco a porta se abriu. Darcy entrou, Katherine também. A lanterna foi desligada. No lugar dela, uma luz que pendia com um fio do teto foi acesa.

O quarto parecia velho. As paredes eram esverdeadas, com uma textura estranha. O chão era de concreto. Ali não havia nada além de uma mesa e uma cadeira, ambas de madeira, e ambas pareciam velhas. Mycroft sentou-se na ponta da mesa. Encarou Davenport e Owen por alguns momentos. Depois, se virou para Darcy.

– E? – perguntou ele com uma sobrancelha arqueada.

– Eles não sabem de nada, senhor.

– Como você pode estar certo disso?

– Fiz questão de extrair a informação eu mesmo, senhor. – desviou do olhar inquisidor de Holmes. – Eles não têm ideia de onde ele está.

Mycroft assentiu. E levou seu olhar até Katherine.

– Preciso de você, Davenport.

Ela engoliu em seco. Respirou fundo antes de responder.

– Senhor?

– Fitzwilliam se mostrou muito eficiente com sua espada, e seu senso de comando é invejável. Por isso foi escalado para comandar missões. Não pense que não reparei em suas habilidades, Katherine. Seus resultados em combate corpo-a-corpo são ótimos, e sei que você é invencível quando está portando sua adaga.

– Isso é muito gentil de sua parte, senhor. – disse calmamente. Por dentro ela estava extremamente nervosa e feliz. Ela segurou o olhar de Mycroft, mas sua visão periférica vislumbrou um rápido olhar de Darcy em sua direção. Katherine cerrou os pulsos para espantar o sorriso que ameaçava se abrir. Continuou encarando Holmes, lutando para manter sua expressão séria.

Mycroft sorriu. Parecia um sorriso genuíno. Levantando-se da mesa, ele se encostou na parede da sala estreita. Esfregou as mãos e suspirou.

– Preciso de você para comandar missões de busca. Junto com Darcy.

Os olhos de Katherine se arregalaram.

– Missões de busca? – perguntou numa voz muito fina.

– Sim. – ela ouviu a voz grossa e perfeitamente masculina de Fitzwilliam. Ela sentia que a acústica daquele quarto minúsculo no subterrâneo deixava aquele tom ainda mais incrível, e ela pôde quase sentir borboletas no estômago. – Rumores no acampamento são de que o Sr. Holmes está à procura de seu irmão, mas isso não é verdade.

– Não? – ela se ouviu perguntar. – Então o que foi aquela missão em que George morreu? Fachada? – sua voz se tornou um sussurro. Isso sempre acontecia quando se lembrava de seu amigo George, sempre tão alegre. Sua garganta se fechou e ela tentou engolir em seco, mas não conseguiu. O ar se tornou mais pesado e as paredes pareciam se fechar contra ela e sentiu que estava prestes a desmaiar.

Sem perceber isso, Mycroft respondeu:

– Foi uma missão de busca. Mas estamos buscando por respostas. Sabemos que o poder de Moriarty cresce a cada dia, e precisamos nos preparar para derrotá-lo. Para isso, preciso que Sherlock esteja a salvo.

Fazendo um último esforço, Katherine perguntou:

– Por quê?

– Porque é ele quem Moriarty está procurando. E porque é ele que pode acabar com os Exterminadores.

E então ela caiu. Os reflexos de Darcy pegaram Davenport antes que ela atingisse o chão. Com seus braços fortes em volta dela, ele percebeu que Mycroft estava certo em convocá-la para missões. Levantando-a do chão e seguindo Holmes de volta ao prédio, Darcy quase sorriu ao imaginar Katherine lutando; com aquele corpo esguio, tinha certeza de que ela faria grandes estragos se quisesse. Mas logo espantou os pensamentos e reconstruiu sua fachada séria, correndo para procurar ajuda médica.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí está o acampamento dos sobreviventes, e aí estão os personagens ~~novos. Só queria dizer que o Darcy aka Fitzwilliam foi imaginado como o Tom Hiddleston, e que eu vou matar quem ousar roubar meu personagem, OKAY? Ah, e a letra do início do capítulo é de "Help, I'm Alive" do Metric, simplesmente porque essa música é linda e não sai da minha cabeça. Comentários me deixarão feliz e vão me dar mais vontade de escrever, só dizendo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "All Nightmare Long" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.