All Nightmare Long escrita por Sam Wright


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Os personagens foram imaginados como os de Sherlock da BBC, mas vai da imaginação de cada um.



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Ofegante, John trancou a porta atrás de si. Toda sua experiência como soldado se mostrava cada vez mais inútil, e cada vez mais ele se convencia de que essa era uma guerra impossível de vencer. No Afeganistão os mortos estavam mortos. Aqui os mortos caçavam os poucos vivos que restaram.

Procurando controlar as batidas fortes de seu coração e respirar propriamente, fechou os olhos e pensou no quão sortudo tinha sido; preferiu ignorar que poderia não ter a mesma sorte da próxima vez. Ainda se assustava com o instinto humano de sobreviver a qualquer custo. No começo, pensou que as pessoas se uniriam para enfrentar esses tempos difíceis. Claramente não era bem assim.

Depois do que pareceram dois minutos, abriu os olhos. Mesmo que a casa na Rua Baker ainda não tivesse sido invadida, o ar já não era mais o mesmo. O papel de parede agora era de um verde escuro demais, como se estivesse doente. O conforto do lar parecia ter se esvaído, dando lugar a uma atmosfera de medo constante. Era como se os tempos de resolver crimes ao lado de Sherlock Holmes tivessem acabado há anos, e não semanas.

Sherlock.

O pensamento o fez subir as escadas rapidamente, tentando não fazer barulho. Quase derrubou as sacolas e o pé-de-cabra que carregava. Abriu a porta de seu flat. Imediatamente agradeceu por ouvir a calma respiração de Holmes. Sorriu involuntariamente, mas por pouco tempo. Quando percebeu que Sherlock estava sentado na poltrona, de olhos fechados, com uma mão segurando o crânio e a outra mão na testa, sua expressão mudou para uma careta.

- Você está pensando de novo, não é?

Sherlock pareceu se assustar com a voz de John. O que fez Watson franzir ainda mais o rosto, irritado. Ele sabia o quão monótono isso tudo era, sabia que Holmes sentia falta de suas investigações. Mas não conseguia deixar de sentir um pouco de raiva. Não agüentava mais ouvir as milhares de teorias que seu amigo tinha para a epidemia, mesmo que também estivesse curioso para saber onde esse “vírus” foi criado, se é que era mesmo um vírus. Antes das redes de televisão desaparecerem, muitos anunciaram que o Apocalipse havia chegado, mas John não concordava; Sherlock não descartava a hipótese, por mais absurda que parecesse.

Em um relance, Holmes se levantou, colocou o crânio na mesa de centro e correu para Watson com os braços abertos, como que para abraçá-lo. Isso pegou o ex-soldado de surpresa, e ele precisou reprimir uma gargalhada. O detetive percebeu o que estava fazendo e o quão estúpido devia parecer, então desviou o olhar e colocou as mãos na cintura.

- O grande Sherlock Holmes, preso em seu flat por causa de mortos que não quiseram continuar mortos. – John brincou enquanto colocava as sacolas no chão. Colocou seu pé-de-cabra em cima da lareira, e fez o mesmo com a arma que carregava no bolso da jaqueta. Suspirou. Céus, como ele era sortudo.

- Meu cérebro é como um motor, John, um motor que nunca se desliga. Eu sempre estou pensando, achei que você já soubesse disso. – parou por um instante e percebeu a respiração ainda irregular e a faísca de medo nos olhos que Watson exibia. Suas deduções estavam mais lentas, e ele se irritou ainda mais com a situação em que estavam vivendo. Ele sabia qual seria a resposta, mas ainda assim perguntou: - Você se encontrou com eles, não encontrou? – O silêncio o estava cansando também, então ultimamente ele havia desenvolvido um gosto especial por ouvir John falar.

- Com os zumbis não. Com os Exterminadores... sim.

Sherlock viu quando seu amigo colocou o rosto entre as mãos e soltou um grunhido baixo. Queria fazer algo sobre aquilo, mas não havia se acostumado a vê-lo daquela forma. John também era humano, é claro, mas ele era um soldado, deveria saber lidar com aquela situação. “Os mortos não andavam no Afeganistão”, John lhe disse uma vez, e aquela frase nunca saiu da mente de Sherlock. Holmes continuou parado ali, assistindo-o tentar controlar suas emoções.

Até que, de repente, o médico correu para as sacolas que havia trazido e pôs se a procurar algo que Sherlock não conseguiu deduzir. Bufando, sentou-se na poltrona, colocando as pernas para cima e abraçando seus joelhos.

- Não os chame de zumbis, John. Essa não é uma palavra correta para defini-los, e nós não estamos dentro de um filme.

Não houve nenhuma resposta além do barulho de riso e da cabeça de John balançando negativamente.

Sherlock rolou os olhos e bufou novamente. Começou a se balançar para frente e para trás, querendo pegar sua arma para atirar na parede. Mas eles já tinham aprendido que o barulho atrairia os monstros lá fora, ou até mesmo os Exterminadores, então não ousou abusar da sorte já tão escassa.

John levantou triunfante, enfim. Na mão que ele agora estendia havia um maço de cigarros. Ele sabia que seria arriscado fumar, mas também sabia que Sherlock precisava disso. Holmes mal conseguiu falar quando pegou um cigarro da caixa e o cheirou. Ele teria seu estímulo cerebral, finalmente. Olhando pra John, não conteve um sorriso. Watson sorriu de volta.

***

Sherlock fumava tranquilamente em sua poltrona e John lia um livro quando algo explodiu na Rua Baker.


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Notas finais do capítulo

E NO PRÓXIMO EPISÓDIO DE ALL NIGHTMARE LONG: A EXPLOSÃO FOI DE UMA BOMBA DE PUM? HOLMES TERMINARÁ DE FUMAR SEU CIGARRO? E WATSON? SERÁ QUE ELE VAI TER UM ENFARTE E MORRERÁ DE SUSTO, DEIXANDO SEU AMIGO SOZINHO E CHATIADO? AGUARDEMMMMMMMM.
Ok, não. Sou sem graça, eu sei. ENTÃO, as considerações desse prólogo vão para a fófis da Isabelle, que não tem idéia do quanto tem me ajudado a escrever essa fic, com suas ótimas idéias e sua paciência com minha chatice, e para a Bruna, que foi a primeira pessoa que leu esse prólogo e que não me espancou por ser um lixo, então tomei isso como um bom sinal. Essa é minha primeira estória de Sherlock, e é a primeira vez que eu realmente tomei coragem pra fazer uma long-fic, então não me batam. Não tenho IDEIA do que vai acontecer daqui pra frente (seríssimo), mas creio que vou continuar escrevendo e seja o que papai do céu quiser. Reviews deixarão a pessoa que vos fala muitíssimo feliz.



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