2ª Temp.: 6º ano – Capítulo 17 – Sensações

Katherine se virou lentamente. O mundo parecia ter parado e paralisado ao seu lado, as lágrimas recém-formadas embaçavam sua visão e a deixavam desnorteada. Espasmos passavam por seu corpo, lembrando-a de seu amor por Sirius. Os arrepios causados somente pela sua voz eram incrivelmente estranhos e bons. Era a melhor sensação do mundo, era como a mais suave musica a seus ouvidos.

Ela, depois de totalmente virada, encarou os olhos azuis, agora nublados, de Sirius. Ela não permitiu que as lágrimas caíssem, não choraria agora. Não depois de tudo o que fez para poder olhá-lo novamente, ela seria forte o suficiente pra conquistar seu amor.

Todo o que ela havia falado pra si mesma no espelho, voltara a sua mente, que trabalhava incansavelmente atrás de palavras que pareciam impossíveis de serem formuladas, seu cérebro parecia ter congelado e a única coisa que conseguia pensar com clareza era em Sirius e em seu coração batendo descompassado . E quando conseguiu falar, falou a coisa mais idiota:

– Almofadinhas! – Ela se bateu mentalmente. Como ela tinha coragem de chamá-lo pelo apelido depois de tudo? Talvez o moreno nunca mais a olhasse nos olhos verdadeiramente, talvez não a amasse e resolvesse não ser mais nem amigo, e mesmo que a amizade não seja suficientemente bom para Kath, era melhor do que não tê-lo de nenhuma forma.

– Kath... – Sirius começou depois de um minuto de silêncio, mas foi cortado por James, que atravessava a porta do dormitório vestido com seu uniforme. Ele observou os dois amigos e deu de ombros, como se aquilo fosse perfeitamente normal.

– Vamos Kath? – pediu, por mais que Sirius fosse seu melhor amigo dele e melhor amigo dela, queria ter essa conversa a sós com Kath.

– Claro – disse Katherine desconectando os olhares com muita dificuldade.

E se virando, e evitando a forte vontade de pular nos braços de Sirius, Katherine e James desceram as escadas ainda sob o olhar de Sirius e de todos os curiosos que ali jaziam.

Eles foram até a sala precisa, que virou o quarto de Kath na mansão dos Potter. James se tacou na cama de barriga pra cima, enquanto colocava as mãos atrás da cabeça e olhava pra Katherine num pedido mudo de explicações.

Katherine começou a bater o pé no chão, um gesto de nervosismo e se desembestou a falar. Ela tinha essa mania, de quando ficava nervosa demais ou pressão demais, falava muito rápido e, as vezes, falava demais. Só que ela confiava em James e mesmo se falasse um pouco demais, sabia que estaria bem guardado.

Bem, James ficou furioso com Sirius, queria azará-lo de qualquer forma e quase derrubou Katherine quando a mesma tentou impedir sua saída, e a sala, atendendo a seus pedidos, fez a porta ser lacrada de modo que James não conseguiu sair.

– Calma, Jay. Eu tenho um plano – disse sentando o melhor amigo e pegando os óculos do mesmo que estavam no chão. E ela começou a explicar seu plano contra Marlenne, James logo se animou. Não se vingaria necessariamente de Sirius, mais estava feliz em prejudicar Marlenne.

Quando saíram da Sala já estava na hora do café. Eles foram direto para o salão principal que estava barulhento, o que significava que todos os estudantes, ou a maioria, já estava lá. Passaram pela porta ao lado de um grupo de primeiranistas e foram em direção á mesa da Grifinória, logo o olhar de Kath prendeu em um moreno de olhos azuis que observavam Katherine desde a hora em que ela atravessara a grande porta. Marlenne estava numa ponta da mesa, do outro lado de onde a sentaria. Ela ria ao lado de Maria McDonald e não se deu ao trabalho de olhar para Katherine, e Kath fez a mesma coisa enquanto se sentava.

Ela tentou comer, mais não conseguia. Remexeu na comida, deu uma mordida numa torrada e um gole em seu suco de abóbora e logo se retirou. James lançava olhares raivosos a Sirius e não falou com ele durante todo o café, quase no final, Katherine se levantou e foi para fora, lançando um olhar a Sirius, que entendeu que era pra seguir a morena.

Ela andou sentindo um olhar queimar em sua nuca e parou em uma sala vazia, suas mãos suavam frio e seu coração batia descompassado.

Quando Sirius a olhou, parecia que nada no mundo pudesse afetá-los. Só que havia algo de diferente na expressão de Sirius.

Nenhum falou nada. Katherine abrira a boca várias vezes mesmo incapaz de omitir algum som, Sirius somente e olhava, fixamente. Tão sério quanto Katherine (e talvez ninguém) já tenha visto.

– Bem... – ele começou depois de um bom tempo – Precisamos conversar.

Se fosse em uma situação normal, ela teria rido e caçoado de sua cara por falar algo tão óbvio. Mais ela assentiu.

– Então... Você me a-ama? – ele gaguejou um pouquinho. Katherine respirou profundamente, sentindo a coragem grifinória invadir seu peito.

– Sim, eu amo – ela foi direta, mas não deixou Sirius falar – Olha, pode ser que você não queira nada comigo, ou que só me considera sua irmã. Tudo bem, Sirius. Nunca pedi que retribuísse esse sentimento – disse, mas seus olhos falavam ao contrário – Eu prefiro ficar sem você do que te ter somente por pena, ou por consideração. Se você quiser ficar comigo, ótimo – disse, suspirando – mais, por favor, em nenhum momento cogite se afastar de mim.

Sirius se encostou na parede.

– Katherine, eu não te amo desse jeito – disse e Katherine deu soltou o ar de uma forma brusca e impediu as lágrimas de caírem, era como se uma flecha envenenada passasse por seu coração – Eu fiquei muito surpreso quando você me disse que me amava, sim. Mas entenda, eu não sou homem de uma mulher só – ele parecia escolher as palavras com cuidado, mais nada faria a dor de Katherine diminuir – Eu te amo como irmã, e só. Não quero que isso afete nossa amizade.

Katherine respirou fundo, obrigando as lágrimas a não saírem de seus olhos. Ele não percebia que aquelas palavras a machucavam ainda mais do que simplesmente um não? Ele esfregava em sua cara que queria somente amizade, que ela era considerada sua irmã, que queria somente a amizade e que não queria que nada mudasse. Era como dizer que os sentimentos dela não faziam diferença nenhuma em sua vida. E ela sabia que ele estava acostumado com esse tipo de declaração, afinal, Sirius Black tem muitas seguidoras e apostava que muito corações partidos também. Mas, no final, sorriu.

– Tudo bem, Sirius – disse assentindo enquanto apertava mais seus livros contra o peito, como se tentasse amenizar a dor que se instalara ali – só quero que saiba que eu não vou desistir, e na hora certa você vai saber que nascemos um pro outro. – se aproximou do moreno e beijou-lhe a bochecha demoradamente, sentiu seu cheiro inebriante e fechou os olhos, encostando suas bochechas enquanto o abraçava, deixou uma lágrima escorrer, e essa mesma desceu pelo rosto de Sirius parando em seus lábios.

E Katherine, sem olhar pra trás, saiu correndo em direção á sala de sua próxima aula, com seu coração quebrado e a promessa com si mesma de que faria Sirius Black engolir aquelas palavras, e o faria a amar, nem que pra isso precisasse acabar com algumas das vadiazinhas dele e alteraria alguns de seus planos...