“Pode ser um de chocolate.” Falei para o simpático vendedor de sorvetes do parque, que me entregou meu sorvete de chocolate. Saí andando com meu livro e minha bolsa em uma mão só. Sentei-me em um banco vago – o que era incrível, já que todos os casais ocupavam os bancos existentes ali naquele parque imenso – e comecei a ler meu livro. Era para a escola, precisava terminar ele em uma semana. Não era tão interessante quanto pensei, mas dava para o gasto… Falava sobre duas garotas que ‘lutavam’ pelo coração de um menino, mas ele gostava de outra pessoa. Enquanto folheava a sétima página do livro, percebi alguém sentar-se ao meu lado. Parei no ultimo parágrafo e olhei para o meu lado direito, onde se encontrava um garoto que tinha aparentemente a mesma idade que eu, cabelo castanho escuro com cachinhos, olhos perfeitamente verdes e profundos.

“Oi…” Disse ele um pouco envergonhado e apenas sorri de lado. Ele sorriu de volta ao perceber que eu não lhe daria um fora. Seu sorriso era perfeito, mostrava suas lindas covinhas… Ah, como eu amava covinhas e olhos verdes.

“Olá.” Falei sem hesitar e encarei-o ainda sorrindo.

“Meu nome é Harry… Se você quiser saber… Eu sei que você não perguntou, mas… É…” Ele disse um pouco atrapalhado e eu ri de seu nervosismo. “Como se chama, senhorita?” Ele falou já um pouco mais calmo – ok, depois de respirar fundo duas vezes e contar até três –.

“Prim… Primrose.” Eu disse e começamos a conversar. Ele tinha quinze anos e estudava na escola perto da minha casa. Não era a mesma que a minha, mas iria pra lá no ensino médio. Ele também tinha uma banda, acho que White Eskimo… Ele me convidou para assisti-los no baile da escola dele. Conversamos até entardecer, e ele me levou em casa…

Relembrar como tudo aconteceu me fazia bem. Ele sempre cuidou de mim, era incrível. Por mais cabeça-dura que eu fosse ás vezes, eu sabia disso e sabia também que ele me amava e queria meu bem. Voltei à realidade e encarei Harry que já havia esquecido a pergunta e agora apenas dirigia tranquilamente até ao hotel. Quando lá chegamos, ele apenas parou o carro.

“Não vai destrancar as portas?” Falei indignada ao tentar abrir e não conseguir. Eu queria ir para o meu quarto antes que todos subissem. Precisava de pelo menos um minuto sozinha, me faria sentir melhor. Ele me encarou e balançou a cabeça negando.

“A gente precisa conversar.” Ele disse um pouco sério e eu senti um arrepio ao sentir sua mão me puxar pra perto. Ele fez com que eu sentasse em seu colo, mesmo que demorasse mil anos para me convencer. “Pequena…” Sorri ao ouvir isso em meu ouvido. “A Caroline… Não colocou nada na sua comida, mas…” Estava com medo do que ele viria a falar, mas deixei-o prosseguir. “Ela disse que te odeia e que… você estragou o aniversário dela…” Olhei para a janela da frente e pensei um pouco no que responder.

“Tudo bem, a opinião dela não é importante…” Falei e encarei-o. Ele sorriu de lado e retribui o sorriso com um beijo calmo e doce. Nossos beijos não eram como quaisquer outros, tinham sentimento como nunca senti e parecia sempre como um primeiro beijo. Afastei-me um pouco e o abracei. Ele retribuiu mesmo não entendo o porquê daquele abraço repentino. Eu só queria sentir mais uma vez seu cheiro e sua presença, saber que estávamos juntos novamente, que tudo não passava apenas de um sonho. Pode parecer estupidez, mas não queria perdê-lo novamente… Não aguentaria sofrer novamente o mesmo.

“Vamos? Eles já devem estar chegando.” Ele disse baixinho. Abri a porta e sai com rapidez, ele veio atrás de mim e pegou em minha mão. Trancou o carro e fomos até ao hotel. Senti uma luz branca atrás de mim, então virei meu rosto na direção da luz. Paparazzis. Ótimo para nós. Cutuquei Harry e ele olhou para mim, intrigando-se com o porquê de eu estar olhando para trás preocupada. “O que…” Ele ia perguntar algo, mas quando viu quem estava lá se virou logo e me puxou para dentro do hotel.

“Harry, quem é esta menina?” “Você e Caroline ainda estão juntos?” “Ela está grávida?” Vários paparazzis que estavam no saguão do hotel – não sei quem foi a besta que os deixou entrar – bombardeavam-no de perguntas do tipo. Eu me senti incomodada de mais. Ele não disse nada e subiu. Fui antes à recepção pegar minha chave e corri para dentro do elevador. Quando estávamos lá dentro ele suspirou.

“Vou ter que me acostumar com isso?” Supus e ele afirmou. Bati a cabeça no espelho levemente e fechei os olhos para encarar os fatos.

“Calma, se acostumar é fácil princesa. É só ignorar, na verdade.” Ele disse tirando uma mecha de cabelo de meu rosto. Sorri e olhei para ele. Beijamos-nos e ele sorriu. A porta abriu-se e saímos, andei até à porta do nosso quarto (meu e da Silly) e abri, puxando Harry para conhecer o quarto de uma vez por todas. Ele se jogou na cama e me chamou, batendo a mão no espaço vazio ao seu lado, sorrindo – ah, aquele sorriso perfeito com aquelas covinhas encantadoras.

Deitei-me e olhei para ele sorrindo também. Ele me abraçou manhosamente e retribui. “Eu te amo… muito, panquequinha.” Ri com o apelido que ele me chamou… Como diria Silly: tirou do baú. Era uma história engraçada o surgimento desse apelido estranho.