“Você acha que ela vai ficar bem?” Ouvi uma voz dizer ao meu lado, assim que acordei – ou pelo menos enquanto tentava.

“Pelo amor de Deus, Harry! Ela só desmaiou… Falando nisso, já está acordando.” Outra pessoa disse e virei-me em direção a eles. Eram Harry e Niall sentados em uma poltrona e me encarando preocupados. Ao me ver, Harry levantou-se e veio até mim, afagando meu rosto levemente em seguida.

“Até que enfim Prim, você me deixou muito preocupado!” Ele falou com algumas lágrimas nos olhos, pouca coisa, mas era notável. Tentei sorrir.

“Calma, eu estou bem…” Eu falei e sentei-me. Encarei Niall – que parecia estar pensando em alguma coisa bem importante e difícil de decifrar – e então ele apenas me encarou de volta e depois de poucos segundos ele sorriu, ainda com as mãos entrelaçadas e servindo de apoio ao queixo.

“Alguma coisa que eu deva saber?” Perguntei ao Niall assim que Harry saiu do quarto.

“Eu acho que realmente não colocaram nada na sua comida… Mas não custa nada esperar o resultado dos exames né…” Ele disse ainda pensativo e enfim acordou. “Vem, acho que você já pode sair.”

“Como assim, ‘acho’?” Falei curiosamente e ele apenas olhou para o outro lado, pegando um pouco de água do galão.

“O médico disse que você só teve uma recaída e depois de acordar poderíamos ir para a sala de espera junto aos outros.” Ele disse e bebeu sua água. Fomos até a sala de espera e todos estavam lá. Ok, não todos, mas Silly, Harry, Liam, Louis e Zayn estavam. Achei realmente estranho Caroline não estar ali, afinal… isso aconteceu na casa dela. Ela deveria estar preocupada… ou não? Pelo amor de Deus, Prim.

“Prim, até que enfim minha filha! O que você pensa que estava fazendo? Você não pode desmaiar, garota! Ficou louca é?” Prim já veio até mim dando-me uma bronca por ter desmaiado. Como assim né?

“Eu estou bem, calma.” Falei apenas isso. Não sabia por que, mas eu não estava com a mínima vontade de falar naquele dia. O que mais me intrigava era a razão de o Harry nem ter me beijado quando me viu, quando eu acordei finalmente… Será que aconteceu algo? Quer dizer… Não que eu me importasse, mas… É um pouco estranho né? Ou será que era por o Niall estar ali? Mas ele sabia de nós dois… Ok, esqueça. Encarei Harry, que havia ido falar com o médico sobre alguma coisa. Senti alguém me abraçar. Alguém não, um bando de gente. Olhei para os lados e eram apenas os meninos. Apenas me soltaram quando Harry voltou. Ele me encarou rapidamente e depois desviou o olhar.

“Vamos pra casa.” Ele disse apenas isso, olhando para o chão. Não falei nada e apenas esperei eles irem à frente e puxei o braço do Harry. Ele me olhou confuso. “O que foi?”

“Isso pergunto eu. O que te aconteceu?” Perguntei um pouco irritada com sua reação.

“Não aconteceu nada, vamos apenas pra casa.” Ele disse já se virando. Resolvi deixar para lá, deveria ser algum problema dele. Passei á sua frente e fui para perto do Zayn e do Niall, que conversavam sobre alguns projetos chatos.

“Ei, quer comer alguma coisa?” Niall perguntou um pouco preocupado, e balancei a cabeça negativamente.

“Não consigo colocar nada no estômago…” Falei e eles entraram no carro. Eles iam todos apertados ali, não havia mais espaço… Obvio, porque haveria se eu vim com o Harry né? Ele me puxou pela mão e fez-me entrar no carro, mesmo eu protestando e dizendo que não precisava e poderia muito bem ir até ao hotel, sozinha. Ele não me ouvia, na verdade, nunca me ouviu.

“Harry! Quantas vezes eu já te disse que você não pode colocar alguma coisa na frigideira se não tiver óleo ou manteiga?” Eu disse já farta de ter que esfregar frigideiras para ver se a comida grudada sai. Ás vezes tinha até que jogar algumas fora.

“… Você já disse isso?” Ele disse inocentemente. Encarei-o irritada e ele riu, vindo até mim e mordendo o lábio. “Você fica linda quando fica com raiva.” Falou me abraçando e beijando meu pescoço. Tentei não rir, mas era impossível.

“Harry! É sério, eu tenho que ficar com raiva de você, cala a boca.” Eu disse o empurrando levemente e ele ficou sério.

“Quero ver essa raiva mais tarde então ok?” Ele disse e saiu. Ri igual a uma boba e voltei a lavar a louça.

Sim, ele sempre se livrava de uma bronca. Eu nunca conseguia ficar com raiva dele – mesmo que fosse obrigatório, eu não conseguia.

Fiquei quieta, me perdendo entre tantos pensamentos. Pelo menos até ele pigarrear para chamar minha atenção. Encarei-o e ele suspirou.

“O que foi agora?” Falei um pouco cansada de fingir que sou uma bruxa que adivinha tudo.
“Não vai dizer nada? Como foram seus sonhos enquanto desmaiou?” Ele disse sendo sarcástico e depois riu. Revirei os olhos e me lembrei do que havia sonhado… Isso realmente tinha acontecido, sonhei enquanto desmaiada.

“Sonhei com a sua namorada…” Eu disse um pouco baixinho. Não gostava muito de lembrar… Aquele sonho não havia sido tão bom, era estranho, mas fazia um pouco de sentido – se ao menos ela soubesse toda a verdade entre mim e o Harry.

Estava sentada em um banco de madeira, em um parque. Senti uma mão em meu ombro e me virei involuntariamente para ver o que era. Quando vi, levei um grande susto. Não se tratava do que, mas sim de quem. Caroline Flack e, seu companheiro de viagem, Sorriso Sínico.

“Olá querida, que bom te ver!” Ela disse o mais falsa que conseguia. É claro, não era culpa dela ser tão ruim em teatro assim, até porque ela era apresentadora, não atriz. Mas o que custa investir mais um pouco nisso, não é? “Então, como está o Harry?” Encarei-a sem entender, em busca de qualquer resposta que estivesse evidente em sua expressão, mas não conseguia encontrar nada. “Aquele meu ex-namorado que você me roubou.” Sua ‘gentil’ face de tia graciosa a quem você pede conselhos, ficou mais para a mulher do diabo a quem você enfiou uma faca no peito. Seus olhos pareciam duas cerejas, tão vermelhos que poderiam ser facilmente confundidos. “Aposto que você deve estar muito feliz com tudo isso. Mas fique sabendo, queridinha, que brevemente ele vai querer voltar pra mim. Ele não dura muito tempo longe da mamãe.” Sua voz estava mais nojenta do que a de costume. Parecia que ela poderia me estrangular a qualquer momento, ali, naquele banquinho de madeira que só depois pude perceber que era em Holmes Chapel. O banco onde eu e Harry nos falamos pela primeira vez.