“Prim?” Uma voz masculina me chamou. Olhei para o lado e era o garoto loiro. “Até que enfim. Já chegamos.” Ele falou sorrindo e me ajudou a levantar. Sorri de volta e levei as mãos até a cabeça, que parecia levar marteladas fortes. Olhei para o acento onde Silly estava e não vi ninguém.

“Onde está a garota que se sentava ali?” Perguntei fechando um pouco os olhos para ver se aquela dor de cabeça passava.

“Ah, Silena? Ela foi até lá atrás falar com a comissária. Já volta.” Falou ele e sorriu novamente. “Tem certeza que está bem?” Ele insistiu.

“Agora só estou com um pouco de dor de cabeça, nada de mais. Nós já pousamos?” Falei rapidamente e ele riu.

“Já, há alguns dez minutos. A senhorita dormiu a viagem inteira praticamente.” Ele disse e pude reparar uma coisa, ele estava sem os óculos. Seus olhos eram azuis, profundamente azuis. Sua face era-me familiar só não… Arregalei os olhos e ele me encarou confuso. “O que aconteceu?” Ele perguntou franzindo o cenho.

“Você é o… O…” Eu gaguejei e ele deu uma risadinha.

“Niall? Do One Direction? Talvez, quem sabe.” Disse ele ainda rindo.

“Mas…” Falei ainda incrédula. Ele era amigo do Harry, com certeza ia contar a ele que eu estava em Londres. O que eu faria? Silena apareceu finalmente já com a bolsa no ombro e as sacolas na mão. “Silena, querida, vamos embora.” Falei um pouco apressada, passando por Niall e pegando minha bolsa. Sai puxando a Silly, mas ela parou no meio do caminho sem entender o que acontecia.

“Por quê? O que aconteceu?” Ela perguntou e olhou para trás. Quando ela olhou virou-se rapidamente e me puxou para sair. Ela ficou do mesmo jeito que eu há poucos segundos. Niall pegou sua pequena mala e foi atrás de nós.

“Prim, o que foi?” Ele disse pegando em meu braço.

“Não foi nada Niall, só me faz um grande favor: Não conte ao Harry que eu estou aqui ok?” Falei com os olhos marejados e ele me encarou com as sobrancelhas franzidas.

“Tudo bem, fique calma. Não precisa ficar assim…” Ele falou e me abraçou. Retribui o abraço e forcei-me a não chorar. Se o Harry soubesse que eu estava ali, na mesma cidade que ele, ele, com toda a certeza, iria atrás de mim. E isso era o que eu menos queria. O único motivo pelo qual estava ali era viver a minha vida e ser alguém. Se ele aparecesse novamente em minha vida, poderia acabar com tudo isso.

“Obrigada…” Disse e larguei-o. Andamos os três juntos até à porta do desembarque.

“Tome.” Ele disse me entregando seus óculos escuros. O encarei confusa. “Se você não quer que ele te veja, use isto. Ele disse que vinha com os outros me buscar.” Ele disse e sorrimos. O abracei mais uma vez e recebi um beijo na testa. “Fique bem. E até algum dia né…” Ele falou apertando os lábios. Sorri de lado e assenti.

“Obrigada. Quem sabe um dia eu te devolvo eles.” Falei rindo e ele riu fraquinho.

“Xau.” Ele falou e desembarcamos. Cada um foi para um lado e assim ficou. Havia bastante gente lá fora, e de longe pude enxergar os meninos do One Direction, inclusive Harry com a Caroline. Fechei os olhos com força, pois as lágrimas já queriam invadir a minha face. Respirei fundo e olhei para lá novamente. Vi que Niall olhou para mim se sentindo culpado por ela estar ali, mas apenas sorri mostrando indiferença. Ele sorriu de volta e sai dali com Silena. Avistei John, meu amigo que conseguiu o emprego para mim, junto de sua namorada, Ellen. Sorrimos e fomos até eles. Cumprimentamos-nos e fomos para o carro conversando. No caminho tirei os óculos escuros, aquilo não me fazia jeito nenhum.

“Ah, Prim, você começa daqui a duas semanas. Tudo bem para você?” John disse despertando-me de meus devaneios. Encarei-o e voltei à realidade.

“Claro, sim. Tudo bem.” Falei um pouco atrapalhada e ele sorriu. Quando saímos do elevador e entramos no estacionamento, algo me fez olhar para o lado. É claro, como diz a lei de Murphy: Se algo pode dar errado, vai dar errado. Harry Styles me encarou e eu apenas virei o rosto, usando a tática do cabelo na frente da cara. Entrei rapidamente o carro quando ele foi destravado e suspirei aliviada.

(…) Entramos em nosso quarto do hotel The Ritz e me joguei logo na cama para testá-la. Era macia e bem confortável. Havia duas camas de casal naquele enorme quarto. Tudo bem. Eu acho que era de solteiro, mas dava para três pessoas ali. Abri a minha mala, peguei um short jeans e uma regata rosa com alguns desenhos, e fui até ao banheiro. Tomei um belo banho e me vesti.

“Você tem certeza de que está bem? Quer dizer, ele te viu e… Eu nãos ei se ele te reconheceu, mas pareceu.” Silena tagarelava a mesma coisa desde que saímos do aeroporto. Era incrível essa sua capacidade de não me ouvir quando digo que estou bem.

“Querida Silena, eu já disse que está tudo bem. Ele nem deve ter me reconhecido!” Falei pegando meu celular. Ouvi-a murmurar algo do banheiro. Algo que obviamente não prestei atenção. Eu tinha cinco mensagens de meia hora atrás e três chamadas não atendidas de quando eu estava no avião. As cinco mensagens era de um numero desconhecido, resolvi abri-las mais tarde, e as três chamadas eram de minha mãe. Minha mãe morava em Holmes Chapel, eu nasci lá – em Cheshire – e foi daí que conheci o Harry. Não sei se devo dizer feliz ou infelizmente.

“Oi mãe, cheguei ok? Quando puder me ligue, se eu não atender é porque estou dando uma volta pelo hotel. Ah, depois de amanhã eu acho que vou ai. Tudo bem para a senhora? Beijos.” Disse deixando mensagem na secretária eletrônica de sua casa. Desliguei o telefone e desci com Silly até à sala de refeições. Compramos qualquer coisa para comer e nos sentamos. Eram quatro horas da tarde, não tínhamos nada para fazer. Então quando terminamos fomos dar uma volta pela cidade. Por incrível que pareça, era um dia quente em Londres. Isso era inédito. Fomos até a uma lojinha de souvenires e compramos um Big Ben em miniatura. Quando escureceu voltamos para o hotel.