“Prim, adivi... Prim? O que aconteceu aqui?” Ouvi uma voz e olhei para a porta rapidamente. Era ele, aquele anjo caído que me fez tudo isso. Vi ele se aproximar e olhar-me com cara de desaprovação.

“Você não precisa olhar pra mim desse jeito... Como se estivesse com pena.” Falei irritada à sua frente. Ele colocou suas duas mãos em meus ombros e pareceu um pouco nervoso.

“O que você andou fazendo? Olha só pra tudo isso! Eu te disse q...” Interrompi-o já sabendo qual seria a continuidade dessa discussão.

“Cala a boca! Já chega ok? Pode dar o seu showzinho e tudo mais, mas não comigo outra vez! Eu sei que você continua com a Caroline, mas se for pra você me falar de novo que não foi porque você quis e que foi sem querer... Por favor, faça tudo do mesmo jeito que antes... Só assim eu já sei que não devo ir atrás de você.” Falei, me referindo à briga que levou-nos ao rompimento do noivado.

“Então você não beijou ela porque quis né? Sei...” Eu gritei sarcasticamente enquanto ele se sentava no sofá apoiando a cabeça sobre as mãos.

“Eu já te disse que não, ela me forçou a isso! Será que é difícil pra você entender? Eu odeio aquela garota! Só continuei beijando-a porque achei que era...” Estalei um tapa em seu rosto. Por mais que doesse em mim, fazer-lhe isso, eu sabia que era o que ele merecia. Eu sabia que ele estava mentindo...

“Chega! Porque você não cala a boca? Porque não para de mentir pelo menos um pouco? Pelo menos quando a nossa relação está por um fio...” Disse irritada e com muitas lágrimas escorrendo por minha face. “Como você ousa dizer que a confundiu comigo? Você a beijou porque quis, não adianta mais negar!”

E aquela briga durou... Pelo menos até eu sair de casa e encontrá-la no estado mais deplorável possível no dia seguinte.

“Olha, porque você não fica quieta agora? Você tá bêbada!” Ele falou com o rosto ardendo de raiva, eu podia ver. Ele nunca gostou que eu tocasse nesse assunto. Era algo de que ele não se orgulhava: ele me traiu, na minha frente. E isso acabou com a vida dele. Era um passado obscuro, como todas as pessoas tem.

“Você é um idiota, aliás como vai a sua irmã? Aquela que você mentiu sobre ela estar grávida? Ela está bem? Já descobriu que era mentira?” Quem me mandou dizer isso? Foi a pior coisa que eu poderia ter dito a ele naquele momento. Uma lágrima escorreu por seu rosto e ele me empurrou contra a parede com certa força, fazendo com que eu batesse fortemente com as costas e caísse sentada no chão. Senti um puxão na barriga, uma dor inexplicável... Como se eu estivesse perdendo uma parte de mim. Olhei para baixo e vi muito sangue. As lágrimas insistiram em cair, não sei por quê. Levantei meu rosto e olhei para Harry que correu até mim chorando e preocupado. Só pude sentir seu abraço e então tudo escureceu.