Os Sete escrita por WinnieCooper


Capítulo 5
Capítulo 5




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— Oh meu Deus! – exclamou Rose colocando a mão de frente a sua boca.

— Era de se esperar, não estou surpreso – a voz calma de Alvo fez Hugo virar seu rosto para ele – A Lily sempre foi meio esquisita.

— O que?! – ele perguntou sem se preocupar com seu tom de voz – Não está abalado com o sumiço dela?

— Bom, eu sei que as coisas vão se resolver no fim e não posso me envolver emocionalmente no caso – respondeu tranquilamente.

— Não se envolver emocionalmente com o caso?! – ele gritou nervoso com uma vontade surreal de meter um soco na cara de seu primo.

— Hugo, é melhor se controlar – avisou Alvo calmamente.

— Como pode ser tão frio!? Lily é sua irmã... e nem ao menos... nem ao menos... – ele não conseguia terminar sua frase.

— Está abalado demais, o que está acontecendo Hugo? – perguntou sua irmã chegando perto dele, tentando acariciar seus ombros.

— É só que... que... – ele gaguejava sem saber o que responder, sentia um enorme nó em sua garganta – Eu briguei com ela antes de Lily sumir, é só que...

Não conseguia terminar sua frase, dizer algo como “E se nunca mais vê-la? E se nosso ultimo dialogo foi uma discussão?” isso rondava tanto sua mente que fazia tudo ao redor rodar e sua cabeça latejar de dor.

— Você está envolvido emocionalmente no caso... – disse Alvo calmamente – Não está em condições de ajudar a gente em mais nada.

— O que está dizendo Alvo? – perguntou Scorpius ao amigo se pronunciando pela primeira vez.

— Que ele não serve mais. É melhor sair Hugo, precisamos trabalhar, está nos atrapalhando.

— VOCÊ NÃO VAI ME TIRAR DO CASO AGORA! – urrou nervoso se livrando de sua irmã, erguendo os pulsos no ar, apertava tanto sua mão fechada que os nós nos dedos estavam brancos.

— Já tirei – respondeu firme – É melhor sair agora.

O jovem ruivo estava tão nervoso que sua varinha em sua mão soltava faíscas, estava erguendo ela no ar, pronto para lançar alguma azaração em seu primo.

— Hugo! – exclamou Rose erguendo sua varinha e desarmando o irmão a tempo.

— Como pode defendê-lo? – perguntou Hugo encarando Rose pela primeira vez.

— Não estou defendendo ele só... que... violência não é a melhor solução agora. Hugo tente se acalmar – pediu Rose gentilmente.

Hugo recolheu sua varinha do chão, andou alguns passos e quando estava prestes a sair pelo alçapão disse pela ultima vez:

— Lily tinha razão, são todos uns covardes!

xx

Rose e Scorpius andavam devagar pelo corredor onde ficava a ala hospitalar do colégio, era bem cedo, poucos alunos estavam acordados, o que significava silencio completo.

— Não consigo acreditar Scorpius, ainda não consigo acreditar – dizia Rose – A Lily? Quem poderia querer fazer mal a Lily, ela é tão inofensiva e frágil que...

— Estamos investigando não é? – perguntou o loiro meio esperançoso.

— Acha que acordo tão cedo a toa? – Rose havia herdado grandes características de seu pai, o sono era uma dessas coisas.

— Então, devíamos andar... Sabe? – ele sussurrava mais perto do ouvido dela – De mãos dadas.

— Porque razão? – a garota questionou com a testa enrugada.

— Bom, fingiríamos que somos um casal, apenas passeando e... – Scorpius ia continuar a falar e inventar desculpas, mas um choro agonizante interrompeu o corredor.

— Nossa, o que será que aconteceu? – disse Rose para si mesma, vendo que o choro em questão vinha especificamente de uma cama na ala hospitalar.

— Senhorita Atwood, tente se acalma, quer que eu lhe dê uma poção do sono? – perguntava pacientemente a curandeira.

A garota loira apenas sacudiu afirmativamente a cabeça. Pelo menos dormindo, esqueceria.

— Essa é a namorada do Lorcan não é? – perguntou Rose a Scorpius num sussurro.

— É sim, o Lysander estava beijando ela outro dia, lembra das minhas investigações? Mas parece que ela só descobriu que não era o Lorcan depois do estrago – comentou o sonserino.

— Ela é bem parecida com o Lorcan né?... Digo... Meio que foge do estereótipo do colégio.

— O que quer dizer? – Scorpius perguntou quase ouvindo as engrenagens do cérebro de Rose funcionar.

— Porque razão ela estaria tão abalada e chorando desse jeito? – Rose perguntou olhando diretamente para ele – A menos que...

— Acha que...? – Scorpius não completou seu pensamento, sabia onde a amiga queria chegar.

— Precisamos falar com ela! Precisamos de um plano!

Scorpius olhou pelos lados nos corredores, e olhou para Sophia, ela estava prestes a beber a poção do sono.

— Pra que plano? – ele perguntou, puxando Rose pela mão, entrando na Ala Hospitalar.

— Ei não estamos em horário de visitas – a curandeira já foi logo os expulsando.

— Só queremos falar com Sophia por um momento – disse Scorpius com um olhar fixante na mulher responsável pelos bem estar dos estudantes de Hogwarts.

— Ela não está bem para conversar com ninguém – foi relutante.

Sophia via a cena em silencio, lágrimas ainda caiam de seus olhos.

— A senhora já ficou muito triste algum dia de sua vida? – perguntou o loiro erguendo as sobrancelhas a Rose, enquanto passava suas mãos no ombro da curandeira, tentando faze-la andar.

— Que pergunta é essa rapaz? – ela estranhou o comportamento dele.

— Por exemplo – Scorpius continuou sua encenação brilhantemente – Eu já fiquei chateado uma vez por causa de uma garota, chorava tanto que não queria ver ninguém, mas meu amigo conversou comigo e sabe que melhorei só depois disso? Poções do sono não podem ser o remédio eterno.

— Você não pode entender mais de cura que...

— A senhora? – interrompeu Scorpius – Existem curas com palavras... – dizia sussurrando enquanto caminhava com ela para longe de Rose e Sophia – Existe alguma dor que assombra a senhora?

— Bom... na verdade eu... já que tocou no assunto...

Scorpius conseguiu levar a curandeira bem longe das duas, de forma que ambas não escutavam mais o que diziam. Rose encarou Sophia que tinha os olhos vidrados em Scorpius, como se estivesse absorvendo as palavras dele.

Droga! Ia ser difícil, o garoto que era bom com as palavras e não ela, mas o amigo já havia a ajudado bastante, talvez Rose conseguisse extrair algumas informações da jovem parada a sua frente.

— Poções do sono não podem ser a cura eterna – Rose repetiu as palavras de Scorpius – Quer conversar Sophia?

Ela apenas confirmou com a cabeça encarando Rose pela primeira vez.

xx

Alvo tinha contatos, ele era um grande líder entre o colégio, tinha fundado os Sete, depois de ler um livro que falava sobre a Segunda Grande Guerra, onde seu pai foi herói. Sentia tanto orgulho de ser filho dele, que queria fazer algo que refletisse isso, então tudo foi acontecendo aos poucos, até chegar nesse dia. Onde Lily havia sumido e Hugo tinha sido banido do clube. Sem o membro do raciocínio logico, ele teria de suprir.

Dessa forma, depois de descobrir com Pirraça a senha da sala da diretora durante aquela semana e se certificando que ela estava no café da manhã. Entrou em seu escritório sem ser visto por ninguém.

— Deve existir algum papel por aqui – disse esperançoso retirando a capa da invisibilidade de cima de si.

Tentou um feitiço convocatório, mas foi inútil. Ele sabia que seu pai e seu tio não parariam as investigações sobre o sumiço dos estudantes agora. E sabia que estavam bastante cautelosos com as informações que vazavam, mas talvez, talvez existisse algum papel que houvesse ficado perdido no escritório.

— Sempre soube que o legado ia continuar – a voz veio de um quadro, assustando Alvo.

Era um retrato de um velho com barbas longas e brancas que se contrastavam com seus cabelos, usava um óculos de meia-lua.

— Senhor Dumbledore – o jovem abaixou sua cabeça o cumprimentando como se ele fosse algum rei.

— Oh sem formalidades – disse o velho sorrindo com os olhos – Sinto dizer que está com problemas Alvo.

— O que? – o rapaz perguntou confuso, sentindo uma respiração em suas costas.

Virando o calcanhar devagar, imaginava encontrar a diretora McGonagall, mas qual não foi sua surpresa quando...

— A sua curiosidade me espanta – a voz saiu de seu professor de Defesa Contra a Artes das Trevas.

— Senhor Pfeiffer – engoliu em seco o cumprimentando.

— Qual é sua mentira para estar aqui? – disse o professor levantando as sobrancelhas.

— Nenhuma – apressou-se a dizer o jovem – Estou preocupado com minha irmã.

— Aposto que os aurores estão muito mais empenhados agora com o sumiço dela.

— Talvez, eu só queira ajudar – respondeu ao professor tentando criar coragem.

— Ainda não entendeu seu papel nisso tudo rapazinho? – o professor chegou perto de seu rosto sussurrando – Precisa impedir o pânico no colégio.

— Porque professor? – ele perguntou o encarando sem medo.

— Já lhe expliquei da primeira vez... é melhor seguir minhas orientações, senão as coisas ficaram bem piores para você.

Era uma ameaça Alvo sabia reconhecer quando ouvia uma e aquilo era uma ameaça. Mais nervoso do que nunca, pegou sua capa que estava no chão e estava se preparando para sair sem se despedir de ninguém do gabinete.

— Ei – o professor o parou tirando a capa de suas mãos – Isso ficará confiscado por enquanto.

O líder dos Sete iria retrucar, mas resolveu deixar quieto, as coisas poderiam ficar piores. Mas o sentimento que estava dentro de si não dizia que as coisas ficariam piores a ele e sim piores para Lily.

xx

Hugo estava em frente ao lago negro, tentava extravasar sua dor, jogava com toda a força que conseguia reunir pedras, fazendo-as bater umas três vezes antes de afundarem na água.

Lembrava-se do dia anterior, quando a voz de Lily interrompeu seus estudos, queria ouvir a voz dela hoje, fechou os olhos com força desejando isso mais do que tudo no mundo. Se lembrava uma vez quando brincava com a prima na casa de seus avós, que ela havia lhe dito que era preciso que ele tomasse cuidado com o que desejava, que poderia virar realidade.

Era coisa de criança, ele sabia, mas ele queria se agarrar a cada pedacinho dela que ainda tinha consigo. Talvez se desejasse com muita força. Com uma força imensa... Talvez.

— Converse comigo Lily! – implorou aos ventos.

No mesmo instante a moeda que tinha em seu bolso ardeu feito fogo. Fazendo o jovem abrir os olhos e retira-la de seu bolso do jeans.

Tinha um nome e três números estampados nela.

“Londres 207”

 

xx

Alvo estava cansado, a conversa com o professor lhe fizera mal. As palavras de Hugo gritavam em sua mente “Como pode ser tão frio?”. Ele estava sim sofrendo com o sumiço de sua irmã, e como estava, mas não podia demonstrar isso. Não podia, desde que concordou em formar o grupo num dia, desde que recrutou seus membros pela necessidade e a função de cada um, ele teria de ser o mais forte entre eles. Um líder não pode ter sentimentos. Bom, pelo menos demonstrar eles.

Estava exausto, e não era fisicamente, mas sim mentalmente. Tinha uma vontade louca de extravasar a sua dor de alguma maneira, na verdade precisava disso, senão enlouqueceria.

Andando sem saber onde estava indo, entrou sem se dar conta no banheiro que Lily havia passado bastante tempo nos últimos dias. Uma fantasma chorona voava em sua cabeça e gritava que seu banheiro não era para garotos perdidos. Mas Alvo não escutava.

Nervoso consigo mesmo, com seus sentimentos que estavam falando mais alto ele esmurrou uma porta de um box do banheiro até sua mão arder, até sentir que ficaria roxa, até perceber que aquela dor jamais superaria a dor que estava sentindo dentro de si. Sentando no vaso deste box, começou a chorar, sentindo as lágrimas encharcarem seus olhos.

Ficou longos minutos apenas olhando para baixo e deixando que seus sentimentos saíssem. Quando achava que já estava um pouco melhor, levantou seu rosto e reparou num escrito arranhado na porta. Não teria visto se não fosse tão enorme e nem se a letra estampada não fosse de sua irmã.

Não teria lido a mensagem se ela não estivesse escrita em código. Escrita no código vermelho dos Sete.

Naisomber senter prenterombercufterpenterm, enter tufterdomber ufterm plaisnomber, fufterinis senterquenterstraisdais denter promberpombersinistomber.

As letras “a” substituídas por “ais”, as letras “e” por “enter”, as letras “i” por “inis”, as letras “o” por “omber” e as letras “u” por “ufter”.

Não era difícil ler no final a mensagem:

“Não se preocupem, é tudo um plano, fui sequestrada de proposito”.

— Lily – exclamou Alvo sorridente sacudindo a cabeça.

xx

Existia uma cabeleira ruiva correndo de um ponto do castelo, outra loira junto de uma marrom de outro ponto, mas nenhum os três corria tão rápido que um rapaz de cabelos pretos. Todos em direção a um destino. A sede dos Sete.

Foi num esbarrão de frente a uma porta no terceiro andar que fizeram os quatro amigos se encararem.

Hugo respirava forte, não sabia se pedia desculpas ou se implorava a Alvo um retorno ao grupo, mas o líder foi mais rápido.

— Sem ressentimentos cara, precisamos de você.

O ruivo confirmou com a cabeça sorrindo.

— Tenho novidades – voltou a falar Alvo.

— Nós também – disseram Rose e Scorpius juntos.

— Não me digam que viram suas moedas também – perguntou Hugo levantando o seu falso galeão no ar.

— A minha moeda sumiu! – exclamou Rose se dando conta deste fato de repente.

— Eu acho que sei quem pegou – o irmão sorriu largo.

xx

 

— Fui atrás do ouro e peguei o diamante – a voz arrastada falando no rosto da garota com um bafo horrível a despertou.

Ela estava amarrada numa cadeira de madeira por cordas, o homem falando na sua frente tinha os cabelos grisalhos e uma enorme verruga na ponta do nariz que Lily não aguentava olhar, pois estava cheia de musgo e lhe causava náuseas.

— Quem é você? – perguntou quase cuspindo na cara dele.

— Pode me chamar de Dr. Perspicácia.


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