Save Me escrita por Lena


Capítulo 3
Somebody save me


Notas iniciais do capítulo

Me perdoem mil vezes pela demora. Mas eu tenho muita coisa para atualizar e tá foda. Mas o capítulo - finalmente - ficou pronto e eu gostei dele.
Provavelmente terá apenas mais uns dois capítulos, porque isso aqui é uma short-fic, afinal.
Eu AMEI os reviews! Cara, pirei e fiquei namorando todos.
Não achava que essa fic teria essa repercussão, por ser um casal que eu tirei sabe-se lá de onde na minha cabeça.
Sim, por que Gabbe e Cam?
Nos vemos lá embaixo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/232065/chapter/3

As aulas da tarde haviam acabado de terminar, fazendo cada aluno do reformatório caminhar em direção aos seus quartos, provavelmente muito cansados pelo desgaste das aulas que ocorreram o dia inteiro. Principalmente pela aula de Educação Física, em que a treinadora fizera os alunos praticarem seu nado borboleta em volta da piscina um milhão de vezes. E então havia o Sr. Cole com dois tempos de sua matéria chata. Caminhando a passos rápidos, mas não corridos, Gabrielle, que andava olhando para os pés e os livros e cadernos bem próximos do corpo, cruzava os corredores em direção ao seu quarto. Abriu a porta do mesmo com veemência, jogando os materiais na cama de qualquer jeito, ela praticamente correu até o pequeno banheiro. Mirou-se no espelho com perspectiva e encontrou a imagem de uma garota com a expressão indagativa, até mesmo cansada.

― O que está acontecendo comigo? ― Ela não se referia apenas as olheiras incrivelmente roxas em volta de seus olhos, ou ao cabelo solto e sem vida ou ainda, a sua pele pálida, mas sim, ao que tudo isso significava. Ela própria não havia notado aos descuidos físicos até Daniel perguntar com a testa franzida, “O que aconteceu?”. Naquele momento, ela pensou em responder “Cameron Briel aconteceu.”, mas ao invés disso, ela resolveu optar por simplesmente “Nada. Na verdade, estou apenas esgotada.” Não era completamente uma mentira, porque ela estava realmente esgotada, mas dizer que não era nada, era sim uma ocultação bem grande da verdade. Gabbe, porém, não se sentiu mal por isso.

As vezes, a verdade precisa ser omitida para um bem maior, e nesse caso, dizer a Daniel a verdade estava fora de cogitação, mesmo ele sendo um bom amigo. Este “pequeno problema” seria guardado a sete chaves até ela encontrar uma solução. Mas cada vez que pensava sobre isso, parecia mais e mais difícil.

Encontrar uma solução, lutar contra algo forte demais para ser derrotado sem ajuda. Mas ela estava sozinha contra aquele sentimento. Ela não deveria ter deixado acontecer. Mas deixou.

Admitir para si mesma que amava Cam deveria ser mais fácil. Mas não existia um manual para anjos, caso você se apaixone por demônio que é completamente pirado por uma humana destinada a outro. Infelizmente. Ela não conseguia parar de culpar a si mesma. Ela estava se odiando demais, se sentindo suja demais, com o coração machucado e gritando por socorro. Ela precisava que alguém a resgatasse. Ela precisava desesperadamente ser salva.

Precisava se livrar do amor que sentia por Cam. Entretanto, contraditoriamente, tudo o que mais queria era permitir que aquele sentimento se libertasse sem nenhum medo. Porque assim como suas asas ele precisava ser liberto. Porque assim como suas asas, depois de um tempo, quando presa, uma sensação desconfortável predomina. Então, tudo muda quando ela é ela novamente. Nos céus, voando.

Um anjo.

Apenas assim era completa. E de alguma forma, ela tinha certeza que só se sentiria assim novamente, ao lado de Cam, deixando os seus sentimentos transparecerem, deixando de lado a sensação desconfortável e certamente, sendo ela mesma.

Cameron se sentou em um banco ao lado de fora do prédio dos dormitórios, nos jardins. Seu olhar varreu todos os cantos do local, procurando por nada. Ele estava definitivamente sozinho, e pela primeira vez, se importou com tal.

Ele terminaria assim? Não gostava de pensar nas hipóteses.

Observou por alguns segundos um canteiro de flores ― algo provavelmente único em toda a propriedade ― que cresciam livremente, fazendo contraste com o lugar em si. Eram Peônias. As flores favoritas de Luce. E ele não poderia negar, afinal eram lindas, assim como ela era. Entretanto, havia algo diferente no modo como Cam olhava para Lucinda. Havia algo diferente desta vez. Algo que ele não podia lutar contra. Fora Daniel quem colocara as flores ali. Patético.

Retirando os olhos das Peônias, ele arrumou a jaqueta de couro para que ficasse mais junto do corpo devido a brisa gelada que foi soprada, que ao mesmo tempo, era suave como se estivesse lhe contando um segredo. Endireitou-se no banco mirando o céu. O tempo estava fechado e a noite caia. Dava para se ver a neblina ao longe e as várias formações de nuvens ameaçavam desabar. O demônio suspirou pesadamente.

Ele estava pensando, demasiadamente, muito em Gabbe. Não era algo racionado por si, quando percebia, o dia em que havia estado com ela no cemitério já se tornara algo muito próximo. Sentir ela de uma forma tão próxima não era o plano. Estava perdendo-se, quase não reconhecia-se como um demônio destinado às sombras e a crueldade.

A escuridão da noite caia pesadamente sobre ele, que nem se importara em saber há quanto tempo estava ali. Talvez tivesse perdido o jantar. Uma grossa gota de chuva caiu em seu rosto, e foi limpa do lugar quase imediatamente, e então, olhando para as próprias mãos, ela o chamou:

― Cam.

Gabbe.

― Gabbe! ― Ele se levantou de um salto. Não estava acostumado a ser pego desprevenido, afinal, esse papel era dele.

Ela o observou com um sorriso no rosto. Estava decidida a ser ela mesma, finalmente, esquecendo de todos em volta: de Luce e Daniel, do que iriam dizer, ou do céu ou do inferno. Estava determinada a dizer o que sentia, sem ao menos saber qual seria a reação de Cameron quanto a isso. Não sabia nem mesmo qual seria a sua!

Esperava cegamente estar errada quanto as suas teorias. Torcia mentalmente para que ele não risse ou a chamasse de tola, pois ela não havia pensado em respostas coerentes para isso, nem havia se preparado mentalmente caso isso acontecesse. Caso. Havia 80% de chance disso não dar certo, e isso queria dizer que apenas por um milagre ele não seria o idiota de sempre. O que estava prestes a fazer pendia para a catástrofe.

Ela estava tentando não ser pessimista, mas as probabilidades estavam contra ela. “Porque estou aqui, afinal?”. Gabbe se perguntou. A sua linha de raciocínio não estava ajudando, apesar de completamente verdadeiros. Ela precisava ser salva e sabia disso.

― Eu... ― ela soltou ar pela boca, procurando pelas palavras certas. ― Eu preciso... ― Uma chuva grossa e forte começou a cair, fazendo Gabrielle desistir de contar tudo. Afinal, era um erro. Um erro, que por pouco, não foi cometido. Cam, com os cabelos molhados caindo nos olhos, acenou levemente com a cabeça em um pedido mudo para que ela continuasse. Suas mãos tremiam em expectativa.

Gabrielle olhou no fundo das orbes de Cameron, caindo na imensidão do verde profundo dos mesmos. Cada vez mais fundo. Perdendo-se.

― Eu preciso... Ir. ― Ela terminou num sussurro, com a voz falha traindo-a. Apenas agora percebeu o quão ensopada estava e o peso que suas roupas davam. Ela se virou para ir embora, as lágrimas ameaçando cair, mas felizmente a chuva daria a impressão falsa que eram apenas gotas. A chuva ficou mais forte e agora a brisa soprava em seu rosto. Ela estivera muito perto de fazer o que precisava fazer. Ela foi puxada pelo braço com veemência, de volta para Cam. A expressão dele era um misto de curiosidade e expectativa, quase que de uma forma desesperada.

― O que você ia dizer, Gabrielle? ― ele indagou, com o corpo bem próximo ao dela. Suas mãos fortes ainda seguravam o braço coberto por um casaco.

Ela foi incapaz de responder. Tudo o que ela conseguia fazer era admirar o quanto a boca dele estava próxima e como isso era perigoso

― Talvez eu deva começar. ― Cam disse, soltando o braço dela. Ele fechou os olhos devagar, suspirando pesadamente.

― Talvez você deva. ― Gabbe murmurou, assimilando as palavras dele.

As mãos quentes e molhadas foram de encontro ao rosto dela, erguendo-o levemente para si. Finalmente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero tenham gostado do capítulo e não deixem de comentar, porque, vocês são a alma da história.