Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Capítulo totalmente dedicado à Bia Perini, que fez a primeira recomendação da minha vida!
Obrigada, obrigada, obrigada, sua linda!



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POV Gina

Quase dois meses haviam se passado desde que Harry voltou para casa, e até então nossos fins de semana têm sido quase todos juntos. Fora alguns raros que ele sai com os amigos da época da faculdade ou quando eu saio com meus amigos atuais de faculdade. Ele estava mostrando ser uma pessoa incrível, e cada dia que passava eu teimava em ficar mais nervosa com a sua presença constante em minha casa.

Eu estava me negando a me apaixonar e por enquanto eu estava tendo sucesso, isso devido mais a fatores externos do que internos, por exemplo, meu chefe ainda não havia sido substituído, então eu estava trabalhando por mim e por ele, já que eu era a única pessoa que lhe dava suporte direto. A faculdade estava em épocas de prova e nos dois últimos finais de semana eu inventei uma desculpa qualquer para não ficar em casa e não vê-lo. Era infantil, eu sei, mas cada um luta com as armas que tem, e duvido que alguém tenha muitas armas para lutar contra todo o encantamento do Sr. Harry Potter.

Hoje milagrosamente eu não teria aula, e Ron me disse que havia marcado com Harry para assistirem um jogo em nossa casa, então eu resolvi visitar Hermione, não havíamos tido muito tempo para conversar desde que ele voltou. Sai do trabalho, um pouco mais tarde como sempre, e fui direto para sua casa. Troquei os sapatos de salto por uma sapatilha dentro do elevador, porque ninguém é de ferro, guardei-os na bolsa e toquei a campainha assim que cheguei ao seu andar. Ela rapidamente abriu a porta pra mim.

—Oi Gi. - Falou sorridente.

—Oi Mi. -Dei um beijo em seu rosto. - O gostoso do seu irmão já saiu? - Falei entrando e indo direto para o sofá colocar minha bolsa.

—Ainda não. -E para minha total surpresa (e vergonha) não foi Hermione quem me respondeu. - Mas já estou indo. - Falou rindo enquanto prendia o relógio no braço e vindo até mim. - Tchau Gi. - Deu um beijo na minha bochecha, se despediu de Hermione e saiu fechando a porta.

Eu continuei parada onde estava com o rosto ardendo de tão vermelho e ouvindo a gargalhada estrondosa de Hermione atrás de mim, até que peguei uma almofada no sofá e me sentei abraçando-a.

—Que bela amiga você é! Por que não me avisou que ele ainda estava aqui?

Ela ainda riu um pouco antes de me responder.

—Porque não deu tempo, amiga. Juro que teria avisado.

—Oh droga - cobri o rosto com as mãos. - Agora ele sabe que eu acho ele gostoso.

—Aaah sim, como se a maneira como você o olha já não dissesse isso. - Falou rolando os olhos. - Admite para mim, vai, você está caidinha por ele.

—Me recuso a responder! - Eu disse rápido demais.

—Aaah, está sim! - Falou se inclinando em minha direção. - Eu te conheço, Gina Weasley.

—Aah, que merda Hermione. - Falei irritada. - Qual o problema? Seu irmão é lindo, eu estou carente, isso é normal! Ainda mais quando o comparamos com o idiota do Dino, impossível não se sentir só um pouquinho atraída.

Ela parou de rir e continuou:

—Mas não é só isso. Você nunca fica nervosa perto de alguém quando está atraída, eu já vi você perto dos homens com quem se envolveu desde que chegou aqui. Nenhum te deixou nervosa, vermelha só porque ria pra você.- Falou com aquele ar de profunda entendedora do universo.

—E o que mais seria, posso saber? - Perguntei petulante.

Ela me respondeu com outra pergunta.

—Por que você está evitando ele?

—Eu não estou evitando ninguém! - Falei e até para mim soei mais como uma criança mimada.

—Claro que está, Gina. Até ele percebeu. Perguntou de você umas três vezes para o Ron nesse fim de semana.

E como a adolescente idiota de dezenove anos que eu sou, não consegui evitar o sorriso.

—Perguntou o que? - Perguntei louca de curiosidade.

—Primeiro me conta por que você está evitando ele, depois te falo isso.

Eu corei absurdamente e ela percebeu.

—Gi, você é minha melhor amiga. Tenha certeza absoluta que por mim Harry nunca vai saber de nada.

—Ai Hermione, eu não quero me apaixonar, pronto, é isso! - Falei tudo de uma vez antes que perdesse a coragem. -E o problema é que ele é apaixonante demais, isso me assusta. Eu nem o conheço direito, e já penso nele todo dia, percebe como isso não é bom, Mi?

—Eu percebo como isso pode ser assustador para você, mas não vejo como isso pode ser tão ruim assim.

—Não entende? Mione, ele é formado, acabou de voltar dos EUA com uma pós-graduação que o coloca quase acima de todo mundo, é lindo, pode ter qualquer mulher, a hora que quiser. Como eu aposto que já tem. - Suspirei e continuei. - E eu? Vamos à listinha: adolescente, escandalosa, na faculdade, estagiária. Quer mais alguma evidencia do quão assustador isso é pra mim?

Hermione rolou os olhos indignada e antes que ela protestasse me adiantei.

—Mas por incrível que pareça eu estou obtendo sucesso no meu intento, então por favor não venha me atrapalhar. - Cruzei os braços e fiquei um tempo assim, ela só me olhava com um sorriso de canto. - Tudo bem, me atrapalhe um pouquinho, o que ele perguntou para o Ron?

E como já era de se esperar, ela riu de mim. Eu bufei e olhei para o outro lado.

—Tudo bem, vou contar. - Instantaneamente e involuntariamente minha cabeça se virou para ela. - Primeiro ele só perguntou de você, isso há dois fins de semana atrás quando Ron veio aqui e você não quis vir. Quando Ron respondeu que você preferiu ficar em casa ele quis saber por que.

Tenho certeza que meus olhos estava arregalados nesse momento, numa expectativa sem tamanho.

—Ron disse que não sabia, então ele esperou Ron ir embora e me pediu carinhosamente, e tentando disfarçar, que descobrisse por que você não tinha vindo. - Eu sorri mesmo sem querer. - Nesse fim de semana agora, ele perguntou de novo para o Ron onde você estava e quando ele respondeu que você tinha saído, quis saber para onde e com quem. Foi só isso.

Só isso? OMG!

—E qual o interesse dele em saber de mim? - Não me contive e perguntei.

—Amiga, as informações não irão para um lado nem para o outro, sinto muito. Pergunte a ele se deseja tanto saber. - Falou rindo maldosamente.

Eu já sabia que ela estava falando sério, então nem tentei insistir. Conversei um pouco mais com ela, e quando já estava ficando bem tarde Ron me ligou perguntando se eu queria que ele me buscasse, respondi que sim e quando estava entrando no carro do meu irmão vi o de Harry passando e entrando na garagem. Sem querer meu coração deu quase uma cambalhota.

Entrei em casa meio aérea, dei boa noite para o Ron e fui direto para meu quarto. Eu estava pensando em tudo que Hermione falou, e não conseguia encontrar uma solução para o meu problema. Podia ser só atração, coisa de homem, afinal eu sabia que era bonitinha, então isso seria normal. E de todas as possibilidades que me vieram à cabeça só uma me pareceu coerente o suficiente: continue fugindo. Depois da decisão tomada foi mais fácil adormecer.

POV Harry

Então realmente eu era o irmão gostoso da Hermione? Que interessante, pensei enquanto descia sorridente pelo elevador. Fazia duas semanas que não a via, e estranhamente eu estava com saudade. Ela sempre usava uns saltos enormes, e ficava linda neles, mas eu sempre tive uma tara por mulher baixinha e hoje só de sapatilha ela estava arrasando. E a questão era: como se faz para parar de imaginar aqueles cabelos vermelhos presos na minha mão e a irmã do meu melhor amigo gemendo embaixo de mim? Difícil, muito difícil.

Entrei no carro que eu havia comprado para mim no inicio desse mês, tentei de novo arrumar meu cabelo olhando o espelho retrovisor e dirigi para a casa de Rony. Estacionei em frente ao prédio, me identifiquei para o porteiro e entrei sem ser anunciado, afinal essa era quase minha casa nos fins de semana. Toquei a campainha e ele me atendeu vestindo só uma calça de moletom e chinelos.

—E ai, cara? - Demos aquele típico toque de mãos masculino e entrei.

Em cima da mesa de centro já havia algumas cervejas e petiscos, e a televisão já estava ligada no canal do jogo que começou há dez minutos.

—Como sempre atrasado, essa moça. - Ele comentou sentando-se e nós dois rimos. - Achei que você fosse sair de casa mais cedo. Estava retocando a maquiagem?

—Foi mal, me atrasei um pouco.

—Cara, você fica o dia todo em casa e consegue sair atrasado para o futebol à noite. Inexplicável. - Ron me falou irônico.

—Se der tudo certo essa vai ser minha ultima semana em casa, meu caro. To vendo ai um trampo numa empresa de comércio exterior. Eles se interessaram muito pela minha pós nos EUA, porque os principais clientes são de lá.

—Aah ai sim, tomara que dê certo. - Ron me disse sinceramente - E você vai fazer o que lá?

—Vou supervisionar a área financeira da empresa.

—E já vai entrar como supervisor? Eu demorei dois anos para chegar lá. - Ele disse e nós dois rimos. - To brincando, cara. Você se esforçou bastante, merece isso mesmo.

—E ai, quem ta ganhando? - Perguntei olhando para a televisão.

—Por enquanto zero a zero. - Me informou também se concentrando no jogo e pegando uma cerveja para mim.

—Valeu. - Falei abrindo-a e já tomando um gole.

Eu estava olhando para a televisão mas pensando em outras coisas, na verdade eu sempre gostei de futebol, mas achava o jogo um pouco monótono pela televisão, preferia jogar de vez em quando com a galera. Olhei para o canto da sala e vi um sapato de salto jogado ali de qualquer jeito, sem pensar falei apontando:

—Sua irmã é meio bagunceira, não é?

—Cara, para de falar da minha irmã! Isso é desagradável - Falou me jogando uma almofada.

—Mas eu só fiz um comentário agora. Quando foi que eu falei dela? - Respondi depois de levar uma almofadada na cara.

—É a primeira pessoa de quem você pergunta quando chega, anda querendo saber onde ela está, com quem está. - Falou sem esperar resposta.

Eu ri e olhei para ele que estava um pouco sério e me olhando meio desconfiado. Desviei meu olhar e continuamos assistindo o jogo. Na verdade nem eu sei por que eu estava falando dela, deve ser porque eu tinha a leve impressão que ela andava fugindo de mim desde alguns dias atrás. O motivo é que eu não conseguia entender, já que eu, Ron, Mione e ela nos dávamos bem e nos divertíamos nos fins de semana.

Eu estava tomando um gole da minha cerveja e havia conseguido me concentrar no jogo quando o telefone da casa do Ron tocou e ele esticou o braço, pegou-o na mesinha de centro, baixou um pouco o volume da televisão e atendeu.

—Alô. - Atendeu com cara de tédio e esperou. - Não, Gina não está. Quem está falando? - Eu vi seu rosto ficar vermelho, como sempre quando estava com raiva. - Dino, pelo que eu fui informado ela já te disse inúmeras vezes que não quer te ver. - Ele cruzou os braços e aguardou novamente. - Sim, eu tenho muito a ver com isso e se depender da minha aprovação ela realmente nunca mais aceitaria nem falar com você. - Esperou mais um pouco antes de finalizar. - Tá bom, se você vai insistir eu não quero mais ouvir, liga no celular dela, quem sabe ela te atende.

E desligou, colocando o telefone novamente no lugar.

—Como assim liga no celular dela, ta louco? Ela já não disse que não quer falar com ele? - Perguntei me virando incrédulo para ele.

—Cara, você não conhece Gina, ela odeia que se metam na vida dela, principalmente nesses casos. - Me falou aumentando novamente o volume. - Ela faz questão de me lembrar que isso é assunto dela toda vez que tento intervir.

Realmente, eu não tinha nada a ver com isso, não deveria nem estar pensando nesse assunto...

—E o que esse tal de Dino fez para que nem ela e nem você quisessem mais olhar pra ele? - Perguntei tentando soar despretensioso.

Acho que não consegui, já que Ron soltou uma risadinha antes de começar.

—E por que tanto interesse?

Eu fiquei vermelho, tenho certeza.

—Só curiosidade. - Respondi apressadamente.

—Sei. - Ainda riu um pouco antes de dizer. - Ele a fez de idiota, isso já é um motivo ótimo para eu odiá-lo pelo resto da vida. Estavam saindo há uns dias e em um fim de semana que Gina ficou em casa estudando para uma prova da faculdade ele ficou com uma garota que coincidentemente era da sala dela. Agora fica ai todo arrependidinho correndo atrás dela.

—Que idiota. - Comentei.

—Sim, mas Gina é bem resolvida nesses assuntos, então não me preocupo muito com isso, ela sabe se cuidar. - Respondeu voltando a olhar para a televisão.

Meu primeiro pensamento instintivo foi: “mas eu me preocupo”. Eu tratei logo de afastá-lo e voltei a prestar atenção no jogo.


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Notas finais do capítulo

Espero que continuem gostando e comentando!
Vale lembrar que aceito sugestões, criticas, elogios e opiniões.
Comentem ;D
Beijinhos.