Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 50
Capítulo 50


Notas iniciais do capítulo

Notas finais importantes.



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POV Gina

Doeu um pouco ver aquela japonesa linda e impecavelmente bem vestida chamar meu namorado de príncipe, falar com ele como se aquilo fosse um hábito diário e tentar beijá-lo, e nessa hora eu me lembrei de Hermione falando que ela se achava dona dele. Era exatamente essa a impressão que eu tinha agora também.

Ela entrou como se a casa fosse dela e falando como se fosse o centro das atenções, sua expressão era de pura satisfação e felicidade. Aparentemente, para ela, não havia nada mais que importasse naquele momento, apenas o fato de que ela estava ali e isso bastava. Ela o estava tratando como se tivesse saído em uma viagem de férias e deixado o namorado esperando.

Eu me lembrei do quanto Hermione falava de como os dois eram diferentes e de como ele era apaixonado por ela. A cena com Sr. Dumbledore e com Sr. Black, na qual Harry defendia a mim e à nossa relação com tanta veemência, me passou inteira pela cabeça nesse momento. Lembrei-me também de como ele aparentava ser feliz comigo e, inevitavelmente, de como ele parecia disposto a esquecer de sua calma e me defender de Dino Tomas quando ainda não éramos nada um do outro.

Me passou pela cabeça também a declaração de amor que ouvi dele há pouco. Certamente não é o sonho de nenhuma mulher ouvir do seu namorado que ele a ama e em seguida um palavrão, mas aquelas palavras foram tão dele e tão espontâneas que minha imaginação certamente não teria inventado nenhuma cena mais perfeita.

Pensando bem não havia porque se sentir insegura, por isso eu decidi encarar a situação com a cabeça erguida. Para mim aquilo não era um jogo onde ele era o premio, ainda que intimamente eu precisasse muito dele. Ao ouvir dizer a ela que eu era sua namorada aconteceram duas coisas: sua expressão transformou-se imediatamente do desdém anterior para um olhar convencido e incrédulo e eu decidi que agiria tal qual ele havia dito, enquanto estivéssemos juntos.

—Olá. - Cumprimentei com um breve aceno de mão e cruzando os braços em seguida.

Ela não se deu ao trabalho de responder, apenas virou-se para ela ainda com aquela cara e perguntou lentamente:

—Namorada?

—Sim, Cho. Minha namorada. - Ele confirmou sério enquanto fechava a porta que ela havia deixado aberta ao passar. Em seguida sentou-se ao meu lado. - Não quer se sentar? - Perguntou apontando o sofá de frente para nós.

Ela deixou sua mala onde estava e se sentou onde ele havia indicado. Ficamos todos em silencio por alguns instantes e assim que ela ia dizer algo a porta se abriu e meu irmão entrou, trazendo nosso café da manhã que ele havia ido comprar.

—Cheguei galera, estava uma fila enorme, mas eu consegui comprar tudo que... - Ele parou de falar quando viu a pessoa sentada à nossa frente. Seus olhos foram dela diretamente para mim, com a expressão preocupada. - Bom dia. - Cumprimentou-a formalmente.

—Bom dia. - Ela respondeu educadamente e estendeu a mão para ele. - Cho Chang.

—Rony Weasley. - Ron apresentou-se muito constrangido e em seguida virou-se para nós outra vez. - Hermione está ou saiu?

—Está no quarto. - Respondi ainda sério.

—Vou me juntar a ela, se me dão licença. - Colocou as sacolas em cima da mesa da sala de jantar e saiu rapidamente para o quarto da minha cunhada.

Antes de desaparecer de vista ele fixou seu olhar em mim como fazia todas as vezes que estava preocupado e só saiu depois que eu acenei indicando que estava tudo bem. Cho esperou que a porta se fechasse para recomeçar a falar, retomando sua postura convencida.

—Gostaria de falar a sós com você, Harry. - Em seguida virou-se para mim com sarcasmo. - Se você não se importar, é claro.

—Na verdade eu me importo sim. - Respondi calmamente, dando a entender que eu não sairia, e seu olhar de raiva foi palpável.

Ela desviou seus olhos para Harry com a expressão autoritária, sobrancelha arqueada e cruzando os braços.

—Ela não vai sair, Cho. - Ele reafirmou. - Se quiser conversar seremos os três.

—Mas eu quero resolver nossos problemas, é inaceitável que essa menina se meta. - Argumentou alterando a voz.

—Ela não é essa menina e não existem nossos problemas, Cho. O que foi nosso já está resolvido desde uma semana antes de eu voltar para casa, na mesma época que você disse que não queria mais, lembra? - Ele respondeu alterando-se também. - Agora você chega aqui do nada, sem ser convidada e acha que a minha namorada tem que sair para você ficar a vontade e resolver coisas que só existem na sua cabeça?

Ela ouviu tudo de boca aberta, sem crer no que estava acontecendo.

—Existentes só na minha cabeça ou não só dizem respeito a nós dois. - Argumentou com raiva. - Ela não tem nada a ver com isso.

—Tem sim, porque ela faz parte da minha vida agora, e nada mais diz respeito a mim ou a ela, diz respeito a nós dois. - Harry falou um pouco mais calmo, mas ainda diferente do que seria considerado normal.

Eu não me manifestei hora nenhuma, e fiz questão de esconder dentro de mim a satisfação que senti ao ouvi-lo dizer aquilo. Mantive-me impassível o tempo todo, apenas com a mão entrelaçada à dele. Ela olhava para mim com uma raiva absurda, mantendo uma expressão que eu não sabia ser de choro ou assassinato.

—Então eu posso mesmo falar na frente dela? - Perguntou desafiadora.

—Se é que existe algo para ser dito. - Ele confirmou sério.

—Tudo bem. - Ela disse me lançando outro olhar raivoso. - Eu aceito vir para Londres com você, aceito retomar nossos planos de casamento e a vida que a gente tinha antes.

Meu namorado riu incrédulo antes de respondê-la.

—A decisão não é mais sua, Cho. Quando eu vim embora te convidei e você não quis, tratou com descaso o que eu te ofereci e não pensou duas vezes antes de virar as costas e ir embora. Pensou o que? Que eu ia sentar aqui e te esperar? Que ia chorar porque você foi embora ou abandonar minha família pra ficar com você?

—Eu entendo tudo isso, Harry, entendo até que você precisava de alguém nesse meio tempo. - Olhou para mim com descaso. - Mas não é mais necessário que você se divirta com ela, eu voltei.

Como toda paciência tem limite e a minha durou tempo demais, não consegui mais ficar quieta depois que ela falou isso. Agredi-la estava totalmente fora da minha postura e não seria ela a mudar uma vida inteira de educação, mas eu não era obrigada a vê-la me tratar como um brinquedinho usado enquanto a musa maior está de férias.

—Ok, ai já é demais. - Falei me levantando abruptamente e assustando aos dois. Antes que eu me afastasse Harry me segurou forte pela mão e eu me virei para ele, esclarecendo. - Eu não vou ficar aqui sentada vendo essa vaca oriental me tratar como um brinquedinho passa tempo e se dirigir a você achando que é sua dona.

—Amor... - Ele pediu impaciente e sem saber o que fazer.

—Eu vou para casa, Harry. Resolve o que tiver que resolver e depois a gente se vê. - Finalizei e antes que um de nós dois falasse qualquer outra coisa ela se manifestou, fazendo com que nós dois a olhássemos.

—Gina Weasley... Rony Weasley. Agora as coisas se encaixaram, você é a tal irmã do Rony que Lilian sempre comentava. - Falou com superioridade e um sorriso de canto. - Eu não entendia muito bem porque a mãe do Harry não se dava tão bem comigo, mas agora olhando para o tipo de pessoa que ela convivia eu consigo entender.

—Eu acho que você deveria parar de falar da minha mãe. - Ele falou nervoso outra vez. - Ela era uma pessoa maravilhosa.

—Sua mãe era realmente uma pessoa maravilhosa, só tinha um péssimo gosto para nora, jogando essa vabagundazinha aproveitadora pra cima de você.

Antes que eu pensasse ou me controlasse tudo que eu havia pensado sobre não agredi-la sumiu e eu já havia me soltado de Harry, passado por cima da mesa de centro de qualquer jeito e estava ajoelhada em cima dela, segurando seus cabelos pretos com uma mão e estapeando sua cara com a outra.

Na verdade, só consegui dar um tapa antes de sentir meu namorado me tirar de cima daquela vaca oriental e gritar o Rony, que chegou correndo com Hermione e a puxaram para o outro lado.

Eu sentia uma raiva incomum dentro de mim, a ponto dos meus olhos estarem marejados, mas eu não iria chorar na frente dela. Ao contrário de mim, ela chorava quando se soltou com brutalidade de Rony e Hermione, que a seguravam sem a mesma proximidade de Harry comigo.

—Você acha que isso vai ficar assim, sua...

Ela começou andar em minha direção até que Hermione a puxou e sentou-a no sofá.

—É melhor você se sentar ai e calar a boca. - Falou com uma autoridade inquestionável que acho que só os advogados tinham.

—Essa louca me agrediu! - Gritou apontando para mim.

—Você acha que nós somos surdos ou burros? - Perguntou com o mesmo tom de voz. - Santa você também não é, chega à minha casa do nada agredindo meus amigos e falando da minha mãe?

Após a intervenção de Hermione todos ficaram quietos por alguns momentos. O aperto de Harry aos poucos se transformou apenas em um abraço e minha respiração foi se normalizando. Quando me sentia segura para falar eu me manifestei, quebrando o silêncio.

—Harry, eu quero ir embora.

—Eu vou com você. - Prontificou-se já pegando a chave do carro e a carteira em cima da mesinha que ficava atrás de nós dois.

—E eu? - Cho perguntou chorando e um tanto perdida.

—Você não é problema meu. - Meu namorado respondeu sem nem olhar para ela.

Por mais absurdo que isso seja eu senti um pouco de pena dela. Cho era claramente meio desequilibrada e convencida de que o mundo girava de acordo com as suas vontades, mas não havia como negar que meu namorado era um homem apaixonante e maravilhoso, e admitir que o perdeu não deveria ser fácil.

—Eu preciso de um lugar para ficar, não imaginava que iria precisar de hotel e não conheço nada dessa cidade. - Falou triste e um pouco sem graça.

—Pede ajuda para o Ron e a Mione, acho que eles estão livres hoje a tarde.

A expressão de Hermione foi cômica, e antes que Harry segurasse minha mão e saíssemos, Ron respondeu:

—Podem ir, a gente resolve por aqui.

Depois disso ele fechou a porta atrás de nós e minutos depois saímos do prédio rumo à minha casa.

 


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas lindas!
Antes de tudo devo dizer que minha beta, a May, ameaçou me dar uns tapas porque a Gina só deu um tapinha na Cho! E não vou ficar brava com ninguém que compartilhar dessa opinião haha
Espero que tenham gostado do capítulo, mostrou bem o desequilíbrio da japa, o lado adulto da Gina e, mais uma vez, como o Harry a ama em gestos, que é mais importante do que em palavras!
Como sempre, espero ver seus comentários, opiniões e recomendações ;)
Agora ao aviso importante, e não muito animador. Acho que o próximo vai demorar um pouquinho para chegar, porque eu PRECISO terminar a primeira parte do meu TCC. Só faltam 2 meses para as férias e eu não fiz nem a introdução inteira ainda =/ é desesperador! ahaha
Espero que entendam e saibam que EU NÃO VOU ABANDONAR a fic! Pode demorar um pouquinho, mas com certeza os próximos capítulos virão!
Conto com a compreensão de vocês.
Até o próximo!
Beijão