POV Gina

Não consegui ver todas as pessoas que eu gostaria, mas vi gente o suficiente para ficar sentimental ao entrar no carro para voltar para casa. Minha mãe chorou dramaticamente, como sempre fazia, e eu segurei o mais que pude. Fui muito eficiente, já que só caíram duas lágrimas! Meu pai era um caso à parte, já que ele demonstrava a saudade que sentiria por meio de comentários que nos faziam rir. O da vez foi:

—Ele só é meio medroso, mas tá aprovado. - Disse para que só eu ouvisse enquanto me abraçava, então ninguém entendeu muito bem quando nós dois rimos abertamente.

No caminho de volta conversamos algumas amenidades e a cada demonstração pequena de afeto que ele me dava aquela resposta incompleta e desanimadora ia mais e mais para a zona de esquecimento do meu cérebro.

Chegamos à casa dele pouco depois da hora do almoço e comemos qualquer coisa que havia no armário, porque estávamos morrendo de fome. Não demoramos muito nessa atividade, afinal amasso nenhum substituía duas semanas sem sexo.

Nós dois sempre fomos muito responsáveis quanto a nos cuidar, e eu sabia que ele era tão consciente disso quanto eu. No entanto, para mim não fazia mais sentido que ainda usássemos camisinha sempre, primeiro porque eu sempre tomei anticoncepcional e ele sabe disso já que sempre está por perto quando tomo o comprimido e também porque ele era tão saudável quanto eu. O problema era saber se ele também se sentia tão seguro, ou se a vontade imensa de senti-lo por inteiro era só minha.

Ambos estávamos deitados em sua cama, nos beijando eufóricos e quase completamente sem roupa quando o senti se esticar um pouco em cima de mim para pegar o preservativo no criado mudo, onde sempre o guardava. E bem, eu nunca saberia a opinião dele se não tentasse...

Parei de beijá-lo e antes que ele alcançasse o móvel eu segurei sua mãe e entrelacei nossos dedos, fazendo com que ele me olhasse intensamente, com o olhar cheio de desejo. Eu adorava vê-lo daquele jeito por causa de mim, então precisei me concentrar e respirar fundo antes de falar:

—Ainda precisamos disso? - Perguntei ofegante, meios seios prensados em seu peito e ambos respirando fundo.

—Não sei. - Ele respondeu sugestivamente, tirando sua mão da minha e trazendo-a de volta ao meu corpo.

Com esse gesto eu soube que ele também não queria mais nada entre nós.

—Eu quero sentir você todinho dentro de mim. - Respondi provocante e já mais segura.

Quando terminamos ele disse que é incrível como eu conseguia ficar ainda mais gostosa. Achei o comentário muito apropriado para o momento e me senti a mulher mais sortuda do mundo por tê-lo ao meu lado. Fui totalmente sincera ao responder que ele também.

Quando Ron e Hermione chegaram à noite (sabe lá de onde, já que ela só mandou um sms dizendo que não iriam para casa), Harry e eu já havíamos tomado banho, trocado de roupa e pedido a pizza que comeríamos.

O domingo que antecedia nosso retorno de férias amanheceu como qualquer outro domingo de dezembro: frio. Como já estávamos na casa do Harry, Rony e eu resolvemos dormir aqui mesmo e ir para casa apenas no dia seguinte à noite. Eu não me levantei tarde para aproveitar melhor o dia com a família, então às dez da manhã eu já havia tomado um banho, colocado uma roupa apresentável e estava junto com Hermione, deitadas na cama do Harry conversando enquanto ele tomava banho e meu irmão havia ido até uma padaria que havia a alguns quarteirões daqui para comprar nosso café da manhã.

—Então eu a convidei para passar alguns dias comigo em Londres, para conhecer meus amigos, os lugares que frequento. Porque eu não vou voltar para

Ashford

, Mi. - Expliquei quando ela me perguntou o que minha mãe e eu havíamos resolvido sobre nossa briga.

—Você fez bem, ela viu que pode confiar em você. - Opinou. - Além do mais, está na hora de ver que você cresceu e...

Antes que ela terminasse sua frase o celular do Harry tocou no criado mudo ao meu lado, me assustando um pouco. Olhei para a porta do banheiro e o chuveiro havia acabado de ser desligado, mas eu sabia que ele sempre demorava um pouco se enxugando e colocando a roupa, então nem tentei chamá-lo.

—E agora, deixo tocando ou atendo? - Perguntei em dúvida para minha cunhada.

—Aah, não sei Gi. Vocês costumam atender o telefone um do outro? - Questionou.

Antes que eu pudesse responder sua pergunta a porta do banheiro se abriu parcialmente e, ainda úmido e enrolado na toalha, meu namorado se dirigiu a mim:

—Amor, vê quem é, por favor? - Pediu gentilmente e, de costas para ele, Hermione sorriu cumplice para mim.

Peguei o aparelho e no display aparecia apenas "Número restrito".

—Harry, o numero está oculto. - Informei o que havia ali.

—Então atende e vê o que é, por favor. - Pediu já voltando para dentro do banheiro e fechando a porta novamente.

Dei de ombros com um sorriso vitorioso para Hermione e enquanto ela ria levei o telefone ao ouvido.

—Alô. - Cumprimentei como de praxe.

—Alô... - A voz feminina do outro lado respondeu e me pareceu uma voz um tanto cansada, típica de quando fazemos algum esforço. - Nossa, quem é? - Perguntou em tom de reprovação.

—Gina. - Respondi um pouco desconfiada e esperei que se manifestasse novamente.

—Aah... - Falou com visível desdém e ouvi um barulho de algo pesado sendo apoiado no chão. - Harry não anda podendo mais atender o telefone dele? - Antes que eu pensasse em uma resposta plausível para tanta inconveniência ela prosseguiu. - Tanto faz, ele está?

— Está sim. - Respondi já me levantando para levar o telefone até o banheiro. - Quem gostaria de falar com ele?

Ela bufou irritantemente antes de responder, me deixando sem chão, com os olhos marejados e um misto estranho de decepção e raiva:

—Diga que é Cho Chang, a noiva dele. Com certeza ele sabe quem eu sou.