Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 46
Capítulo 46


Notas iniciais do capítulo

Notas finais!



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POV Gina

Percy nunca foi a pessoa mais conveniente do mundo, mas ultimamente eu estava pensando seriamente em treinar nele as aulas de boxe que eu assisto na TV a cabo. Foi totalmente notável o desconforto de Harry ao ver Percy chamá-lo de moleque e depois citar Corney, e era nesses momentos que eu tinha certeza que nunca daria certo voltar a morar em Ashford.

A semana entre Natal e Ano Novo passou lenta, e em parte foi porque minha mãe estava evitando ao máximo falar comigo.

No dia 31 eu passei o dia todo ajudando-a com os preparativos da ceia, mas ela estava muito ocupada ouvindo Hermione falar do casamento para me dar qualquer atenção. É claro que isso me chateava, mas eu sabia também que logo tudo acabaria.

Tia Muriel passou esse dia conosco, e não parou em momento algum de perguntar coisas ao Harry, até que enfim virou-se para mim e disse:

—Não gostei dele, Ginevra.

Dessa vez Harry não se mostrou desconfortável, ele apenas riu e continuou onde estava. No primeiro dia do ano ainda estávamos todos em festa, então Percy não teve oportunidade de dar suas opiniões inconvenientes em minha vida.

Um dia antes de irmos embora papai e Harry estavam conversando, muito empolgados, sobre cavalos e meu pai o convidou para dar uma volta, ver os animais que tínhamos aqui. Ron e Mione haviam saído, Fred e Jorge estavam na loja e Percy eu não fazia ideia de onde tinha se enfiado, então eu estava sozinha com a Sra. Molly.

—Mamãe, podemos conversar, só nós duas e com calma? - Perguntei cautelosamente.

—Claro, Gina, o que quer? - Perguntou sem me dar muita atenção.

—Venha, sente-se aqui. - A convidei e ela se sentou à minha frente, na mesa da cozinha. - Quero te fazer um convite.

Ela fez sinal para que eu continuasse.

—Quero que você venha passar uma semana em Londres comigo.

—Para que, Gina? - Perguntou começando a exaltar-se.

—Porque eu já te expliquei os meus motivos, e quero que você saiba como é minha vida lá. Londres não é um campo de guerra, mamãe. A senhora se lembra de quando eu saia da escola e ia até a praça com meus amigos à noite? - Perguntei e ela assentiu. - Quando Ron disse que eu saio a noite, é exatamente isso que eu faço. Vou com o pessoal da faculdade para um lugar igual, faço as mesmas coisas e volto para casa nos mesmos horários.

—Eu entendo que você faça isso, mas morar sozinha já é demais, Gina. Você é uma...

—Mamãe, por favor, não diga novamente que eu sou uma criança. Você sabe bem que isso não é verdade. A maioria das minhas amigas de colégio que moram aqui têm a minha idade, são casadas e já têm filhos. Elas são crianças também? - Ela não teve resposta e eu continuei. - Eu já sou grande o suficiente para morar sozinha, mamãe. Ron e eu só nos vemos de manhã, antes de ir trabalhar, e quando chego da faculdade porque eu abro a porta do quarto dele e aviso que cheguei. Minha rotina não irá se alterar em nada.

—Mas eu fico preocupada, Gina. - Argumentou calmamente, sem se alterar como da outra vez.

—Eu sei mamãe, por isso quero que você veja os lugares que frequento. Que saiba onde eu trabalho, onde eu estudo, quem são meus amigos. Eu vou te apresentar para todos eles, se você for. - Convidei novamente.

—E você não vai ter vergonha? - Perguntou rindo.

—Claro que não! Além disso, se for pra você ficar mais tranquila eu não vejo nenhum problema. - Ela abriu um sorriso tímido e eu aproveitei a oportunidade para segurar sua mão, que estava em cima da mesa.

—Não precisa disso, Gina. Eu sei que você é responsável. Só tome cuidado. - Pediu gentilmente. - Quando você for mãe vai entender essa preocupação.

—Eu vou me cuidar mamãe. - Garanti a ela, também sorrindo.

Ela assentiu e riu mais, antes de falar novamente:

—Agora me conte sobre esse rapaz, ainda não tivemos chances de conversar sozinhas. - Pediu empolgada. - Ele é muito bonito!

—Não é, mamãe? - Respondi com a mesma empolgação. - Eu estou tão apaixonada!

—Eu sei, dá para ver. E ele também está, dá pra ver do jeito que ele te olha, encantado. - Falou sorrindo. - Você não quer voltar por causa dele, não é?

—Ele é um motivo a mais, mas o que realmente me prende são as possibilidades que eu tenho lá. Meu trabalho e a faculdade principalmente.

—Entendo, mas vamos parar de falar disso senão eu vou chorar outra vez. - Rimos um pouco antes que ela continuasse. - Me conte como começou esse seu namoro.

Eu escondi dela todos os detalhes que ela não precisava saber, e contei como tudo aconteceu. Desde o encontro no aeroporto até o dia em que as pessoas da empresa descobriram que estávamos juntos.

—E essa mulher me irrita absurdamente, mamãe, além de me deixar com um ciúmes que dói. Ela é muito bonita! - Finalizei, me referindo à Romilda.

—Não ligue para isso, Gi, ele já deixou claro que não quer ficar com ela, não deixou? E além disso duvido que ela seja mais bonita que você. - Me tranquilizou.

— A senhora fala isso porque é minha mãe. - Resmunguei e ela riu.

—Olá meus amores. - Papai anunciou sua chegada enquanto passava pela porta da cozinha com a expressão de quem segura o riso, completamente feliz.

Deu um beijo em mim e outro em minha mãe e saiu em direção à sala. Harry sentou-se ao meu lado e falou um quase inaudível 'oi amor'. Notei que ele estava meio pálido, mas não perguntei nada.

—Mamãe, você ainda vai precisar de mim? Queria dar uma volta por ai, ver se consigo ver algumas das meninas da escola. - Pedi.

—Pode ir, Gina. Tenham cuidado. - Advertiu.

Puxei Harry pela mão, passei pela sala para pegar minha bolsa, a carteira dele e a chave do carro e saímos em direção ao quintal.

—Por que você está com essa cara? Aconteceu alguma coisa? - Perguntei enquanto prendia meu cinto de segurança e ele fazia o mesmo.

—Eu te pedi em namoro para o seu pai. - Falou enquanto ligava o carro.

Não pude evitar gargalhar.

—E ele te deixou amedrontado? - Perguntei ainda rindo.

—Não, ao contrário, ele disse que apoia nós dois e tudo. É que nunca pensei que a situação fosse tão apavorante. - Respondeu e eu ri mais ainda. - Quer parar de rir? - Pediu chateado.

—Desculpa amor. É que achei bonitinho, eu pensei que você estivesse brincando quando disse que faria. - Ri mais um pouco e ele riu também. - Mas você é perfeito, e eu te amo, sabia?

Não planejei falar essa frase agora, mas ela saiu. Simplesmente saiu! Eu fiquei um pouquinho sem graça, mas ele abriu o maior sorriso do mundo, completamente feliz e satisfeito, antes de virar-se para mim e falar:

—Eu sei!

Grudou sua boca na minha em um selinho demorado e totalmente carinhoso antes de virar-se para frente e sair com o carro. Tudo o que passou pela minha cabeça durante a tarde toda foi sua resposta. Apesar de ter aberto um sorriso lindo, ele não falou 'eu também', como eu esperava.

 


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Notas finais do capítulo

Olá meus amores!
Ele não disse "eu também". Por que será, hein? haha
Aguardo muitos comentários, recomendações, críticas e opiniões.
Beijinhos e até o próximo.