Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à Emely Farias. Sua recomendação fez meu dia mais feliz. Obrigada!
Notas finais.
Enjoy



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POV Gina

Entramos sorridentes e demos de cara com meu irmão e minha cunhada sentados no sofá. Reparei que Rony não nos olhou muito, Hermione continuou com aquela cara sorridente de sempre. Meia hora depois que havíamos chegado Harry se levantou e praticamente arrastou a irmã pra casa com ele, a única coisa que me disse antes de ir foi “as oito”, me deu um selinho rápido e se despediu do Ron.

Assim que fecharam a porta e eu abri a boca pra falar, meu irmão se virou para mim e com o dedo apontado falou claramente:

—Não quero saber os detalhes.

—Tá bom, eu conto pra Hermione depois. - Respondi rindo e já saindo também. - Vou fazer as unhas, Ron. Nós vamos jantar fora hoje.

Passei a tarde fora de casa e voltei por volta das seis com as unhas feitas e pintadas de um vermelho berrante. Tomei um banho demorado sem lavar os cabelos porque se não essa seria a terceira vez em menos de vinte e quatro horas, passei creme hidratante no corpo todo e no pescoço meu perfume que tinha o mesmo cheiro, vesti uma lingerie vinho que quase não tampava nada, coloquei o mesmo vestido bege que estava usando no dia que ele foi pra Paris, sapato de salto também bege e minha bolsa nova.

Deixei meus cabelos soltos, coloquei meu relógio dourado e quando olhei as horas faltavam cinco minutos para as oito. Rony tinha vindo perguntar se eu queria comer alguma coisa meia hora atrás e disse que eu estava linda, considerando que eu ainda estava sem maquiagem e descalça eu acreditei.

Eu estava em pé em frente ao espelho do meu guarda roupa e tentando arrumar uma das preguinhas e do meu vestido que estava desalinhada e me maquiando quando ouvi a campainha tocar e a voz do Harry perguntar por mim.

—Está se arrumando, entra lá. - Meu irmão respondeu.

Ai meu Deus, ele nunca tinha entrado no meu quarto! Olhei desesperada para as roupas espalhadas em cima da minha cama (não foi tão fácil nem tão rápido me decidir pelo vestido) e tentei a todo custo imaginar uma forma de escondê-las antes que ele entrasse.

Meu cérebro trabalhou rápido na contagem: cinco pares de sapatos no chão (um roxo, dois verdes, um vermelho e um rosa porque vestidos beges podem ser usados com praticamente todas as cores e eu tinha que escolher a melhor), dois vestidos, três calças, cinco camisas e outras duas lingeries de cores diferentes espalhados de qualquer jeito em cima do meu edredom. Isso sem contar os lenços que eu possivelmente usaria caso vestisse uma camisa e a toalha que eu tomei banho.

Antes que eu me conformasse que de fato não teria tempo de arrumar nada, ouvi duas batidas na porta e em seguida ela sendo aberta, rapidamente voltei a me olhar no espelho e resolvi ignorar o furacão que havia passado aqui. Quando ele abriu a porta eu estava de costas, mas o reflexo parado ali na entrada do meu quarto usando uma calça social preta e uma camisa branca também social fez meu coração disparar.

Eu o via de roupa social todos os dias na empresa, mas ele nunca mantinha essa postura descontraída que exibia agora enquanto caminhava em minha direção com as duas mãos no bolso. O sorriso que ele exibia era tão grande quando o meu, e o abraço que ele me deu, seguido do beijo na bochecha me arrepiaram.

—Está lindo. - Elogiei ainda abraçada a ele.

—Você também. Já está pronta? - Perguntou se afastando um pouco e me observando.

—Quase. Já estamos atrasados?

—Não, pode terminar tranqüila. Quer que te espere lá fora?

—Claro que não, pode ficar aqui comigo se quiser. Já viu toda minha bagunça mesmo.

Ele riu junto comigo e olhou em volta. Seus olhos pararam na quantidade de roupas em cima da minha cama e depois nos sapatos no chão. Continuei a passar meu lápis de olho, ele já havia me visto sem maquiagem inúmeras vezes, até que ele comentou.

—Você experimentou tudo isso?

—Sim. - Segurei o riso.

—Bom, gostei da escolha. - Concluiu olhando minha roupa. - Esse vestido me traz boas lembranças.

Eu ri enquanto ele continuava observando tudo em volta. Notei quando ele riu e se debruçou sobre minhas roupas, quando ficou em pé novamente estava segurando meu lingerie azul marinho, que era totalmente de renda e minúscula. Senti minhas bochechas ficando vermelhas enquanto ele se aproximava de mim sorrindo safado.

—Essa pode ser sua escolha da próxima vez? Gosto de azul. - Eu ri da sua expectativa. - Posso ver o que você está usando? - Pediu com os olhos brilhando e já parado atrás de mim com as mãos subindo pela minha coxa.

—Não Harry. - Tentei abaixar suas mãos, mas ele era visivelmente mais forte. - Ron está na sala e você nem fechou a porta. Depois você vê.

Ele fez um pouco de manha, mas concordou e disse que me cobraria. Terminei minha maquiagem rápido, eu havia optado por algo simples que marcasse levemente meus olhos, e oito e vinte ele já estava abrindo a porta do seu carro para que eu entrasse. Enquanto ele dava a volta para entrar também coloquei minha bolsa no banco de trás e pus o cinto de segurança. Ele se sentou e ficou me olhando com cara de quem espera alguma coisa.

—O que foi? - Perguntei confusa.

—Você disse que depois eu podia ver. - Esclareceu como se fosse óbvio.

—Depois, Harry. Não dentro do seu carro e na frente da portaria da minha casa. Imagino que o porteiro também vá gostar de dar uma olhada. - Finalizei já rindo.

—Ta bom, ta bom. Já me convenceu. - Riu também. - Liga o som, amor.

—Onde está?

—No porta luvas eu acho, pelo menos eu deixei ai antes de ir. - Respondeu já se inclinando sobre minhas pernas e abrindo a pequena porta do compartimento.

Assim que ele abriu a primeira coisa que ambos vimos foi seu conteúdo um pouco mais desorganizado do que estava e o caderno que sua mãe havia dado por cima de tudo, totalmente diferente da maneira como ele havia deixado.

Merda, esqueci de arrumar!

Ele se virou para mim com um olhar questionador e eu senti minhas bochechas em chamas. Não soube o que falar na hora, então ele pegou o som, o colocou no lugar e ligou em um cd qualquer que estava lá dentro e começou a dirigir para nosso, até então desconhecido, destino. Acho que nem quando eu o chamei de gostoso para Hermione tinha ficado tão sem graça.

—Desculpe, eu fiquei curiosa. - Me expliquei sentindo que isso não justificava nada.

—Não tem problema. - Respondeu simplesmente.

—Eu sei que tem...

—Gi, eu teria tirado daqui se você não pudesse ver. - Me interrompeu e segurou minha mão levando-a para seu colo.

A falta de censura em sua voz e o sorriso que me deu me fez sentir melhor, mas não menos vermelha.

—Você leu? - Perguntou olhando pra frente.

—Sim. E chorei igual uma criança. - Preferi não mentir, ele riu um pouquinho. - Sua mãe era incrível.

—E adorava você. - Comentou pensativo.

—Me adorava? Eu sabia que ela gostava um pouquinho de mim e idolatrava o Ron, porque sempre me tratou muito bem nas vezes que eu fui até lá com meu irmão e Mione. - Não pude evitar me sentir feliz com o comentário.

—Eu conversava com ela quase todo dia e pelo menos uma vez por semana ela tinha alguma coisa sua pra dizer: “ela é uma gracinha”, “tão bonita, Harry”, “que menina educada”, “um dia você precisa conhecê-la”, “eu queria tanto uma nora como ela”. Essas coisas de mãe. - Terminou de falar rindo com a cara de saudade que eu costumava ver em Hermione.

Eu não soube o que dizer, então continuei acariciando as mãos dele.

—Ah, teve o dia também que ela falou que achava que nós dois tínhamos muito em comum. - Eu ri e ele me acompanhou. - Pois é, dona Lilian era sutil assim. De acordo com tudo que ela falou você era bonita, alegre, divertida, responsável, inteligentíssima, adorável, simpática, comportada e mais uma lista infinita de coisas. Cho queria morrer com isso, porque as duas só falavam “oi” uma pra outra.

Eu me senti meio desconfortável quando ele falou da ex, mas não disse nada. Chegamos ao estacionamento de um restaurante elegante até na fachada e antes de sair ele se virou pra mim.

—Minha mãe não exagerou em nada a seu respeito. - Fez carinho no meu queixo. - Acho até que foi modesta em algumas coisas. - Me deu um selinho rápido.

O manobrista abriu a porta pra mim e eu apenas sorri em agradecimento, porque estava ocupada demais tentando respirar fundo e afastar a vontade de chorar que me deu. Maldita TPM! Harry me conduziu para a recepção com uma das mãos apoiada levemente nas minhas costas e informou a reserva em seu nome. Por dentro o ambiente era completamente aconchegante, desde a luz um pouco amena e o formato das cadeiras que pareciam te abraçar. Fomos conduzidos até uma mesa com dois lugares e ele puxou a cadeira para que eu me sentasse, quando se sentou diante de mim eu já me sentia segura para falar sem me derramar em lágrimas.

—Gostei da escolha. - Elogiei e ele sorriu segurando minhas mãos por cima da mesa.

Fiquei um tanto confusa quando precisei escolher o que comer, principalmente diante da variedade de molhos desconhecidos que havia ali. No fim eu deixei que Harry escolhesse por nós dois, ele já estava acostumado a almoçar comigo, sabia o que eu gostava. Ele escolheu também o vinho que beberíamos e fez questão de nos servir, dispensando o garçom.

—Sem exageros, criança. - Provocou enquanto colocava a garrafa no suporte.

Eu não estava acostumada a lugares onde todo mundo falava baixo demais, como esse, e onde tudo para que se olhava parecia custar horrores, na verdade nunca tinha ido a um lugar assim. Considerando-se a primeira vez eu me saí muito bem e não houve nenhum contratempo durante todo nosso período ali.

Já havíamos comido o prato principal, tomado meia garrafa de vinho e nesse momento havia um petit gateau na minha frente que eu estava comendo com muita vontade. Eu estava rindo de alguma coisa sem sentido que Harry havia dito e reparei que ele ficou quieto de repente. Ergui os olhos e ele estava me olhando sério, quase como encarava nossos clientes em reuniões financeiras.

—O que foi? - Perguntei sem graça.

—Eu quero conversar com você.

Durante os cinco segundos que ele não disse nada minha mente trabalhou as possibilidades de ser levada em um restaurante caro, depois de termos dormido juntos pela primeira vez, para levar um pé na bunda. Dei uma olhada discreta em volta e o ambiente era romântico demais pra isso, mas nunca se sabe...

—Pode falar. - Disse enfim.

—Ontem, depois que você dormiu, eu estava pensando em nós.

—E? - Perguntei sem saber se eu iria querer ouvir a resposta ou não.

Ele coçou a cabeça de um jeito bonitinho, mas que nunca tinha feito antes. Decidi não me desesperar nem dizer nada até ele terminar.

—E eu acho que a gente não devia mais ficar assim, desse jeito que estamos, porque eu gosto de você. Eu gostei de acordar com você hoje, de ver você dormindo ontem, de tomar banho com você e até de ir te buscar na faculdade. - Ele estava com as bochechas vermelhas e eu já exibia um sorriso enorme, mas não disse nada. - Eu entendo que nossa situação é um pouquinho complicada e que talvez as pessoas precisem continuar não sabendo, mas seria muito bom te chamar de “amor” e ter certeza que você vai gostar e que talvez vá me chamar da mesma coisa. E, além disso, por mais que eu tenha dito pra minha mãe que eu nunca teria nada a ver com uma criança de dezoito anos, me sinto muito bem com você, e eu acho que isso significa que temos algumas coisas importantes em comum. Eu espero que você não ria porque eu nunca fiz isso antes, mas eu adoraria que você aceitasse ser minha namorada.

 


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Notas finais do capítulo

Olá pessoinhas.
Demorei, eu sei! Me desculpem.
Não vou me estender muito dessa vez, até porque meu horário de almoço está acabando rsrs
Espero que tenham apreciado o capítulo.
Comentem, opinem, critiquem, deem ideias e sugestões, recomendem. Amo vê-los aqui!
Beijinhos.