Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado especialmente para BarbaraZW, que me fez uma linda recomendação essa semana. Obrigada!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/231967/chapter/26

 

 

POV Gina

Quando cheguei em casa depois do trabalho encontrei Hermione deitada no sofá e usando meu short da época que pretendia fazer academia e achava que teria disposição para ir todo sábado de manhã. A cumprimentei e quando vi que ela estava se apropriando das minhas coisas (não que eu me importasse realmente, ela era mais que da família para mim) falei a frase que ela conhecia já tão bem.

—Já te falaram que intimidade acaba com as relações, né? - Eu usei o tom divertido de sempre e ela riu, como todas as vezes.

Fui direto para o meu quarto, peguei o caderno em cima da mesa do computador e voltei até a sala.

—Chegou cedo. - Comentei para minha melhor amiga.

—To com saudade do Ron. - Ela mordeu a unha do dedão me olhando com cara de cachorro sem dono. - Você podia sair de casa antes, né? Tipo assim, agora!

Eu mereço!

—Já entendi, já entendi. - Falei me levantando. - Vocês são dois sem vergonha, essa é minha casa também, sabia? Não é justo que eu seja expulsa para que vocês fiquem de saliências.

—Prometo me lembrar desse seu ato gentil quando Harry voltar. - Prometeu sorrindo.

—Falta uma semana ainda, Mi. Não agüento mais. - Reclamei exageradamente.

—Você agüenta, seja forte. - Encorajou sorrindo.

Por trás daquele sorriso eu notei o “vai logo!” que havia, então peguei minha bolsa, a chave do carro, meu caderno e uma blusa fina caso esfriasse um pouco a noite, me despedi dela e saí. O resultado de ajudá-la foi que cheguei quase duas horas antes das aulas começarem, para quem sempre chegava dez minutos depois isso era o fim!

Estacionei em frente ao portão, porque não havia ninguém ali ainda, liguei o som numa rádio que eu gostava e fiquei ouvindo por alguns minutos. O chato de chegar cedo era não ter nada pra fazer, e eu normalmente me entediava muito quando não tinha nada para fazer. Depois de jogar no celular, tentar dormir e não conseguir e mudar pelo menos quinze vezes de posição eu tive a idéia mais brilhante do mundo – e que qualquer pessoa menos destrambelhada já teria tido!

Eu estava com o carro dele desde segunda feira e a única coisa que fiz realmente foi vir para a faculdade, mais nada. Fiquei incrédula comigo mesma por perceber que em nenhum momento eu tinha aberto nenhum daqueles compartimentozinhos de guardar objetos. Sem dúvidas isso seria uma coisa divertida para se fazer.

Fiquei um tanto apreensiva com a possível invasão de privacidade, mas já estávamos saindo há mais de um mês, nos conhecíamos há quase seis meses e ele deixou o carro comigo por livre e espontânea vontade. Não era exatamente como invadir a privacidade dele, eu podia fazer isso, não podia?

Não sei, mas já estava fazendo mesmo assim!

No primeiro que abri, ao lado do painel havia papel de bala, muito papel de bala! Fiquei um tanto surpresa com isso, é uma coisa um tanto inesperada para se encontrar no carro de um homem solteiro, adulto, supervisor, pós-graduado e gostoso, mas enfim, ninguém é perfeito.

No geral não havia muita coisa que ver, só o que eu já sabia que ele levava no carro: uma caixa de lencinhos, algumas moedas espalhadas, desodorante (eu não resisti e espirrei um pouquinho no ar, o cheiro dele era bom demais), o relógio que mais ficava aqui dentro do que no braço, e por baixo de tudo, onde eu não tinha tido oportunidade de ver até então, um caderno pequeno com uma capa preta muito elegante.

Eu me senti culpada ao abri-lo, mas a curiosidade falou mais forte. Eu imaginei encontrar qualquer coisa ali, um diário, livro de receitas, poesias escritas por ele mesmo, e até uma revista de mulheres nuas disfarçada, menos um presente dos seus pais. Folheei rapidamente e encontrei algumas anotações que pareciam ser de alguma matéria, pelo nível com certeza foram feitas nos EUA.

Voltei à primeira página e virei uma a uma, depois da folha de rosto onde ele havia posto seu nome e contato havia uma foto dele, Mione e os pais. Os quatro rindo enquanto Sr. Potter abraçava a esposa pela cintura e apoiava o queixo em seu ombro, Harry fazia o mesmo com Hermione. Notava-se como eles eram felizes juntos.

Na página seguinte reconheci a caligrafia de Lilian, e já que estava aqui eu resolvi ler.

Olá meu amor,

Como tem passado? Esperamos que esteja tudo bem por ai, porque fora a saudade que sentimos de você estamos ótimos. Adoraríamos comemorar seu aniversário com você, mas não poderemos ir até ai e você estará tendo aulas. Sei que não parece próprio, mas teremos que te parabenizar por telefone mesmo.

Acho que Hermione é a que mais sente sua falta. Papai e eu costumamos dizer que parece mais que ela foi deixada pelo marido, tamanho seu exagero. Você conhece sua irmã, não é? Mas não se preocupe, nas ultimas semanas ela está melhor e tem saído bastante com Rony e a irmã dele, acredito que você irá conhecê-la, uma menina adorável!

Papai vive reclamando que o moleque dele fugiu de casa e agora tem que assistir aos jogos de futebol sozinho enquanto ouve as duas mulheres da vida dele fofocarem. Não se sinta enciumado, mas ultimamente ele está conversando muito com Rony, ele deve sentir falta de ter um papo de homem às vezes.

Caso dê tudo certo você terá companhia para o natal neste ano, mamãe não agüenta mais de saudades sua, bebe! E na ocasião eu te darei um presente de aniversário decente, já que a única coisa que consegui enviar pelo correio com um prazo que chegasse a tempo foi esse caderno que eu achei muito bonito e espero que você também goste.

Essa também foi uma maneira de que você se lembre de nós quando estiver cumprindo seus objetivos aí. Se bem te conheço suas aulas já voltaram e você ainda não comprou nada que precisa para suas anotações. Mas as mães são para isso, não é? Cuidar dos seus eternos bebês, mesmo quando eles já cresceram e se mudaram para o outro lado do oceano.

Eu poderia te dizer tudo isso em nossas conversar quase diárias por telefone, mas quero que você saiba agora, e possa relembrar sempre, que apesar de chorarmos, ter feito escândalo no começo e de pedir toda semana pra você voltar para casa nós te apoiamos, meu amor. E vamos apoiar enquanto você estiver no caminho certo.

Que você aprenda muito, evolua, cresça tudo que tiver para crescer e aproveite sua vida aí. Se precisar ficar um ou dois anos a mais que fique, faça tudo que tiver para ser feito. Mas volte para casa, seu lugar é aqui, do nosso lado.

Mamãe te ama muito, meu príncipe.Feliz aniversário.”

Quando eu terminei de ler já estava chorando, mesmo sem querer. Olhei mais algumas páginas, mas depois da carta nada além de matéria da faculdade, só anotações, cálculos e mais coisas do gênero. Não era de se estranhar que ele o carregasse para todo lugar, eu também iria querer ter algo assim para levar onde fosse.

O fechei e passei a mão lentamente pela capa detalhada com alguns relevos, apesar de ser apenas um caderno notava-se o quão caro ele deveria ter sido. Ainda o olhava quando uma batida no vidro me fez quase ter um ataque cardíaco. Olhei para o lado e vi Luna parada ali. Baixei o vidro e a cumprimentei.

—Oi, Luna!

—Oi Gi, chegou cedo hoje, que milagre é esse? - Perguntou rindo.

Ela sempre chegava pelo menos meia hora antes.

—Quis sair um pouquinho mais cedo hoje. - Ela não precisava ouvir a versão correta.

—Vai comer alguma coisa antes de entrar?

—Vou sim, só um minuto.

Enfiei os objetos dele dentro do porta luvas novamente e coloquei seu caderno cuidadosamente por cima de tudo, quando chegasse em casa eu arrumaria novamente como estava. Tranquei o carro e saí com Luna em direção à lanchonete.

Hoje fomos dispensados quase meia hora antes do horário, me despedi rapidamente da minha amiga e saí em direção ao carro. No caminho encontrei Dino, como vinha sendo desde o incidente não nos cumprimentamos, mas fui observada até entrar no carro. Não havia nem saído da rua da faculdade quando meu celular tocou, era o Ron pedindo para que eu comprasse lanche para ele e Hermione.

Passei no MC Donalds para comprar nosso jantar e quando cheguei em casa os encontrei deitados no sofá. Rony estava vestindo uma calça cinza e sem camisa, Hermione apenas uma camiseta e calcinha. Se a cena não fosse um tanto comum para mim eu teria estranhado. Cumprimentei os dois e deixei as embalagens em cima da mesa de centro enquanto levava minha bolsa e meu material para o quarto. Aproveitei que estava ali e tirei a roupa que havia usado durante o dia. Como estava quente hoje vesti meu pijama preferido e fui me juntar aos dois.

Comemos nossa comida gordurosa enquanto conversávamos sobre qualquer coisa que tínhamos vontade. Em determinado momento após termos comido tudo que havia Ron e Hermione se beijaram, o que me deixou com um sentimento horrível de solidão.

—Vocês poderiam parar? Eu ainda estou aqui. - Reclamei cruzando os braços.

—Mas você nunca se importou com essas coisas. - Meu irmão insensível comentou.

—Ela está se sentindo sozinha sem o Harry aqui, amor. - Hermione explicou pacientemente.

Ela conseguia resumir em uma frase o que eu com certeza me embaraçaria toda para dizer, então apenas assenti da maneira que estava e não complementei.

—Aah entendi. - Ron concluiu meio sorridente. - Relaxa maninha, sexta que vem ele ta ai.

—Meu Deus, ainda falta uma semana inteira! -Cobri o rosto com as mãos dramaticamente.

Olhei para eles e os dois estavam rindo para mim – ou de mim, não sei – então eu resolvi que era hora de deixá-los sozinhos novamente. Não era porque eu não podia estar agarrada com Harry que os atrapalharia.

—Bom, eu vou dormir pra ver se o tempo passa mais rápido. - Ambos explodiram em gargalhadas.

Dei um beijo na bochecha de cada um e entrei no meu quarto, fechando a porta ao passar. Me deitei já sabendo que eu demoraria muito para dormir, afinal ainda eram onze e meia. Quem dorme às onze e meia numa sexta feira?

Eu! Cinco minutos depois já havia apagado. Por volta das cinco da manhã fiquei com vontade de ir ao banheiro. Entre levantar, fazer minhas necessidades, lavar a mão e dormir de novo não se passaram dez minutos inteiros.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá pessoas!
Até eu assumo que demorei um pouquinho dessa vez, mas não deu mesmo para aparecer antes. Me desculpem!
Eu andei reparando a ausência de algumas pessoas importantes aqui. Por exemplo, por onde anda a Srta. Bia Perini e o Sr. Gui Lion? Hein? Los echo de menos, verdad! ;D
Espero que continuem apreciando a história.
Comentem, opinem, critiquem, recomendem! Faz bem pra mim e não dói em vocês *--*
Beijinhos e obrigada a todos que passam por aqui.