Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Capítulo todinho dedicado para Thaa. Obrigada pela recomendação, sua linda, ler o que você escreveu fez meu dia muito melhor!
Enjoy ;D



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POV Harry

Passei o dia todo em reunião falando a respeito de um cliente importante da França que precisaria ser visitado e que eu deveria visitá-lo, já que seu principal produto era vendido pela filial onde eu trabalhava. Após inúmeros pedidos de desculpas do diretor pela notícia repentina, eu descobri que meu vôo para Paris sairia no dia seguinte ás dez da manhã, o que significa que eu não teria tempo algum de me despedir da Gina, e eu me recusava a fazer isso pelo telefone. Saí do trabalho bem mais tarde e certamente ela já estaria em aula, então não tentei ligar. No caminho para casa liguei para Mione.

—Oi Harry.

—Oi Mi, tudo bem? - Perguntei colocando o celular no viva voz para continuar dirigindo com as duas mãos.

—Tudo, e você?

—Também. Acabei de sair do trabalho. - Informei antes que ela perguntasse.

—Nossa, tarde assim... Vai vir direto para casa?

—Não, vou buscar a Gina na faculdade, nunca fiz isso e hoje é necessário. Vou viajar pela empresa amanhã.

—E você me avisa isso hoje? - Perguntou incrédula.

—Fiquei sabendo hoje na reunião, Mi.

—Ah ta, e para onde você vai? - Perguntou mais naturalmente.

—Para Paris, vou passar duas semanas lá.

—Nossa, que chique! - Falou rindo.

—Chique nada, duas semanas sem ver a Gina. - Até para mim eu soei como uma criança mimada.

—Ah claro, agora passar duas semanas sem ver sua irmã não é nada, mas sem ver a Gi não pode. - Falou enciumada.

Nós dois rimos.

—Exagerada! - Falei fazendo-a rir. - Bom, liguei para avisar que vou chegar tarde hoje, tenho que desligar porque estou dirigindo.

—Ta bom, cuidado na estrada. Beijos.

—Beijos.

Desliguei o telefone e continuei meu caminho. Cheguei à frente de onde ela estudava uns dez minutos antes de sua aula acabar, como ela sempre reclamava do professor de segunda feira eu sabia que ela sairia exatamente dez e quarenta, seu horário habitual de saída. Consegui estacionar em frente ao portão e desliguei o carro. Encostei a cabeça no banco e fechei os olhos relaxando um pouco enquanto a esperava, tive um dia cansativo hoje.

Ouvi os alunos começando a sair e fiquei mais atento, quando todos haviam se dispersado um grupo menor começou a sair, provavelmente a turma dela. De longe a vi andar vagarosamente ao lado de uma amiga, provavelmente Luna,de quem ela sempre falava. Observei as duas rindo um pouco e se despedirem, a menina muito loira passou ao lado do meu carro e foi embora. Quando ela ficou sozinha na frente do prédio retirou o celular da bolsa, provavelmente ligaria para Rony buscá-la, já havia me dito que sempre fazia isso em dias de chuva.

Abri a porta para sair do carro antes que a ligação se completasse, mas a fechei novamente quando um rapaz alto e aparentemente bonito (é difícil para o ego masculino admitir isso de outro homem) se aproximou por trás dela, falou alguma coisa e ela se virou para ele. Fiquei observando, morrendo de ciúmes, qual seria sua reação.

A observei falar alguma coisa rápida e virar-se novamente para frente, dando as costas a ele. Pela expressão e modo como falou ele não havia gostado muito do que ouviu, e quando ela disse algo mexendo novamente no celular ele a segurou pelo braço virando-a de frente para ele de novo, de um modo grosseiro que não me agradou nem um pouco. Agora não havia mais ciúmes dentro de mim, só uma raiva imensa e se eu não estivesse enganado, já sabia quem era o idiota que estava machucando a minha... ? ... a mulher pela qual eu sou apaixonado.

Abri a porta do carro imediatamente e saí, sem me importar que ainda estivesse garoando, andei a passos largos e o mais silencioso que pude em direção aos dois, e quando cheguei próximo o bastante para ouvir o que diziam, a primeira coisa que escutei foi:

—Me solta, Dino. - Ela falou de uma maneira indiferente e um tanto assustada.

Era exatamente quem pensei que fosse.

—Se não está mentindo, cadê o tal cara que está te fazendo tão feliz enquanto você está tentando falar com seu irmão para vir te buscar? - Perguntou ironicamente e extremamente concentrado em olhá-la.

—Me solta, Dino. - Falou exatamente da mesma maneira.

—Solta ela, Dino. - Disse com raiva, abraçando-a pela cintura e segurando firmemente o pulso dele que estava grudado em seu braço.

Sua cara de surpresa pra mim foi tão evidente quanto a respiração de alívio que ela soltou antes de apoiar a cabeça no meu peito.

—E quem você pensa que é pra chegar se intrometendo assim na minha conversa? - Ele soltou o braço dela, tirou seu pulso da minha mão e disse isso me encarando.

Eu abri a boca para responder, mas ela falou antes de mim.

—O tal cara imaginário que está me fazendo tão feliz enquanto eu tento falar com meu irmão. - E que Deus me livre de um dia ser o alvo dessa indiferença toda.

Seus olhos faiscaram dela para mim, mas ele não disse nada.

—Se nos der licença. - Falei me virando com ela e saindo dali, deixando-o sozinho.

Caminhamos de mãos dadas até o carro e abri a porta para ela, depois dei a volta e me sentei no banco do motorista. A olhei para perguntar se estava bem e a vi com um olhar que transparecia toda a raiva que ela estava sentindo, enquanto duas lagrimas rolavam por suas bochechas. Eu me senti meio impotente nesse momento, não me agradava saber que eu não pude evitar que ela chorasse.

—Não chora, eu não gosto de te ver assim. - Falei sem conseguir pensar em nada melhor para dizer.

—Quem aquele idiota pensa que é pra falar comigo daquele jeito? - Falou isso quase gritando, eu não falei nada, sabia que não era comigo. - Obrigada. - Falou se virando para mim e com uma voz tão suave que eu tive dúvidas de que se tratava da mesma pessoa de dois segundos atrás.

Peguei sua mão e a puxei para um abraço.

—Não precisa agradecer, desculpe não chegar antes. - Falei enquanto lhe dava um selinho e limpava suas lágrimas. - Ele te machucou? - Perguntei alisando o local onde ele tinha apertado.

—Acho que não, fiquei com tanta raiva que nem lembrei de reparar se estava doendo. Harry, nem meu pai nunca fez isso comigo. - falou incrédula me olhando.

—E ninguém mais vai fazer, pode ter certeza. - Falei sorrindo para ela e a abraçando em seguida.

—Obrigada mais uma vez. - Falou e me deu um beijo no pescoço, me arrepiando.

—Não precisa agradecer. - Me separei dela e demos um selinho demorado.

Ela sorriu pra mim quando nos separamos e se ajeitou no banco ao meu lado.

—Você precisa chegar cedo em casa hoje ou podemos comer alguma coisa antes? - Perguntei já ligando o carro e saindo dali.

—Podemos sair, só vou avisar o Ron antes que ele chame a polícia. - Respondeu já com o celular na mão.

Esperei que ela dissesse aonde ia, com quem, fazer o que e a hora que voltava. Ela desligou o telefone e apoiou uma das mãos na minha perna, como sempre fazia quando andávamos de carro. Eu nunca disse a ela, mas aquela mão ali me dava idéias nada inocentes. Durante o caminho ela me contou como havia sido seu dia e eu fiz o mesmo, como sempre ela não havia tido nenhum problema por ter ficado sozinha. Assim que chegamos ao nosso destino estacionei o carro e saí, segurei sua mão e caminhamos juntos.

—Gi, tira esse salto enorme, pelo amor de Deus. - Disse incrédulo olhando a altura do sapato que ela provavelmente usou o dia todo e ainda não havia tirado.

—Esse é meu charme, não posso abandoná-lo assim. - Falou revirando os olhos como se eu não entendesse nada.

—Você fica linda de sapatilha ou com aquelas rasteirinhas baixinhas que você tem, por que não acredita em mim?

—Harry, salto é elegante, aumenta o bumbum. - Falou divertida.

Fiquei um passo atrás e a observei caminhar rebolando, como normalmente caminhava.

—Você não acha que seu bumbum já é muito grande para o seu tamanho? - Perguntei já ao seu lado novamente. - Se continuar querendo aumentá-lo vai matar as mulheres de inveja e os homens do coração.

Ela parou um instante e olhou os próprios quadris.

—Nunca tinha pensado nele dessa forma. - Voltou a caminhar ao meu lado. - Mas se você gosta está ótimo.

Falou essa ultima frase normalmente. Eu tenho reparado que nesses últimos dias ela estava mais próxima de mim, mais receptiva comigo e que estávamos muito mais íntimos. Droga! Eu tinha que viajar agora?

 


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Notas finais do capítulo

E então? Nosso Harry não é muito adepto a violência, mas sabe falar grosso! Hahaha
Capítulo postado hoje porque eu prometi para a Milla Maia que atualizaria Speechless se ela atualizasse Radiopatrulha. Então aqui está, como prometido! E pela minha eficiência podem culpar a supracitada escritora talentosíssima.
Como sempre vocês podem comentar, opinar, sugerir, criticar e recomendar. Não dói e me faz muito bem ;D
E desculpem o atraso, mas até sexta vou tentar responder todos os reviews dos dois capítulos anteriores.
Beijinhos.