Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Notas Finais.
Enjoy.



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POV Hermione

Enquanto esperava Gina se trocar eu fui ao quarto do Rony, eu gostava muito de entrar lá, tinha o cheiro dele. Entrei e vi a bagunça de sempre: roupas em cima da cama e alguns sapatos espalhados pelo chão. Peguei a toalha que ele havia usado pela manhã antes de ir para o futebol e tirei de cima da cama para que não molhasse mais suas cobertas. Deixei minha bolsa com algumas coisas em cima da sua cama (aos finais de semana sempre dormíamos juntos aqui) e sai para apressar minha querida cunhada, que ficaria ali até amanhã se eu não a chamasse.

—Ginaaaaa!

—To indo. - Falou e veio correndo pelo corredor já toda vestida e colocando uns brincos enormes nas orelhas.

Peguei minha bolsa em cima do sofá, a chave do meu carro e saímos. Trinta minutos depois estávamos já andando pelos corredores do mercado que usualmente fazíamos nossas compras.

—E como está a faculdade? - Perguntei a ela.

—Legal. - Ela me disse distraída enquanto olhava para as prateleiras em volta. - Só aquela bendita matemática financeira que me persegue!

Eu ri, ela era sempre exagerada.

—Mas você passou, não passou?

—Passei, mas no próximo semestre tem mais.

Ficamos uns minutos em silêncio e ela suspirou.

—O que foi agora, criança? - Perguntei rindo.

—Estou precisando de um namorado. Falta de sexo é deprimente! - Ela disse muito naturalmente.

—Desculpe, há quatro anos seu irmão não me deixa saber como é ficar sem sexo. - Disse presunçosa.

E minha cunhada, em seus acessos de maturidade me mostrou a língua. Gina era uma figura e tanto, fisicamente era um mulherão, corpão de cinema e o típico cabelo vermelho que era de família e que chamava muita atenção. Mas por dentro era ainda mais incrível. Tinha os momentos de irmã ciumenta e de criança mimada (típica de única menina e filha mais nova depois de seis irmãos), mas fora isso era uma amiga maravilhosa e desde que ela veio para cá nossa relação tem sido ótima, como se nos conhecêssemos desde sempre.

—Compra um sucrilhos pra mim, vai cunhada. - disse já jogando uma caixa dentro do meu carrinho.

Sem contar a espontaneidade natural.

—Pronto, agora ganhei uma filha de quase vinte anos. - Respondi brincalhona.

—Se fosse pro seu irmãozinho remelento aposto que você não ia reclamar. - Falou fazendo manha.

Eu só ri e continuei minhas compras com ela tagarelando ao meu lado, porque isso ela fazia muito! Saindo do mercado passei em meu apartamento e deixei as coisas em cima da mesa, fiz um bilhete para que a minha empregada arrumasse o quarto de hóspedes para Harry e voltamos para a casa do meu namorado.

Quando chegamos Ron já estava em casa e tomando banho. É tentador imaginar aquele corpinho suado no chuveiro, mas eu me contive, porque não estávamos sozinhos. Passamos o sábado bem família, como fazíamos desde que meus pais haviam morrido, só Ron, Gi e eu na casa deles, assistindo filme ou alguma coisa sem graça na TV, de vez em quando dormindo a tarde.

Ao contrário do que diziam, Gi não nos atrapalhava, e era uma ótima companhia. Sabia respeitar nosso espaço sem ficar ausente, e isso era ótimo. Prova da minha teoria foi que por volta das seis da tarde ela se levantou, tomou banho, colocou uma roupa legal, um de seus saltos altíssimos e passou por nós dizendo que iria sair com a galera da faculdade. Quando ela não tinha aonde ir, ou não podia sair por algum motivo ela simplesmente se trancava um pouco no quarto para estudar ou dormir um pouquinho, ou pedia meu carro ou o de Ron emprestado e ia dar uma volta.

Já passava da meia noite quando ela retornou para casa e antes que Ron começasse o interrogatório de onde/com quem/ fazendo o que ela estava, eu perguntei: “Se divertiu?“. Ela me respondeu que sim e que já estava indo dormir. Tomou um banho rápido, deu um beijo de boa noite em mim e em Ron e entrou em seu quarto. Eu achava incrível esse companheirismo dos dois e sentia falta de Harry por perto, nós éramos tão amigos quanto eles.

Ficamos mais uns quarenta minutos na sala namorando um pouco e resolvemos dormir. Era a parte da minha semana que eu mais gostava, porque nada substituía a sensação de dormir de conchinha com quem a gente ama. Ron não era o tipo de namorado que levava café na cama ou mandava flores em qualquer dia, mas ele me fazia sentir incrível em outros aspectos. Eu era o mundo dele, e ele não se envergonhava de dizer ou demonstrar isso pra ninguém.

O domingo amanheceu chuvoso, e isso instigou para que ficássemos na cama o dia todo, levantando de vez em quando para comer alguma coisa e só. Gi não se incomodava em nada com isso também, ela só dizia que Ron nunca poderia reclamar quando ela fizesse o mesmo, nessa hora nós dois sempre ríamos e a chamávamos de criança. Eu e ele tínhamos a mesma idade, eu era mais nova apenas alguns meses, e minha cunhada sempre se irritava quando ressaltávamos sua diferença de idade para nós.

A semana se passou sem grandes novidades, eu trabalhei todos os dias como sempre e pela noite fiquei em casa estudando alguns processos importantes, coisa comum quando se é advogada trabalhista de uma grande empresa. Eu e Ron normalmente não nos víamos muito durante a semana, só quando eu ou ele tínhamos trabalho externo e estávamos perto um do local de trabalho do outro, assim almoçávamos juntos, mas isso também não aconteceu essa semana.

Como sempre trocamos vários e-mails durante o dia e assim ficamos sempre atualizados da vida um do outro. Hoje já era sexta feira e eu estava com saudades dele, naturalmente. Ontem Gina não foi pra faculdade (me pediu para não contar para o irmão) e veio para minha casa dizendo que queria me fazer companhia. Como sempre acontecia quando estávamos só nós duas, conversamos, falamos muita besteira, rimos até doer a barriga, comemos coisas não saudáveis e quando vimos que já era muito tarde ela ligou pro Ron e disse que iria dormir aqui, e que tinha vindo para cá depois da aula, claro! Como sempre, ele não se importou.

Eu estava em casa com uma ansiedade monstruosa para que o dia seguinte chegasse logo. Já tinha feito tudo que encontrei para que o tempo passasse: as unhas, arrumei o cabelo, separei minha roupa para ir buscá-lo, olhei quinhentas vezes a cópia da passagem para ver a hora de chegada e o portão do desembarque. E ainda era, incrivelmente, dez horas da noite. Eu olhei todos os canais possíveis da televisão e era um pouco mais de meia noite quando conseguir dormir.

Acordei no sábado um pouco antes das oito da manhã, o vôo dele chegaria meio dia. Estava tomando café quando Ron me ligou dizendo que teve um imprevisto no trabalho e que precisaria ir ao escritório hoje, por isso não poderia ir comigo ao aeroporto, mas me pediu para que chamasse Gina para me acompanhar. Como eu sei que ela amava ser acordada no sábado de manhã, resolvi fazer isso pessoalmente.

Quando cheguei em sua casa ela estava dormindo como sempre, e eu entrei em seu quarto vendo-a largada de bruços na cama, toda descoberta apesar do frio e com aqueles mesmos pijamas de sempre: short extremamente curto e camiseta muito colada, Ron odiava que ela andasse pela casa assim, ele sempre dizia que em apartamento os vizinhos estão sempre de olho. Ela apenas ria, como sempre.

—Gi. - Falei baixo e sacudindo-a levemente.

Ela apenas resmungou e virou-se um pouco. Insisti mais um pouco e uns dez minutos depois ela estava sentada na cama esfregando os olhos e jogando em mim seu mau humor matinal, eu nem me atingia mais. Esperei ela acordar antes de fazer o convite.

—Vamos ao aeroporto comigo?

—Aah Mione, não acredito que você me acorda no sábado de manhã para ir buscar seu irmão nerd no aeroporto! - Ela reclamou já se encaminhando ao banheiro.

Eu só ri, ela nunca mais vai chamá-lo assim depois que conhecê-lo. Esperei que ela retornasse ao quarto antes de continuar.

—Aah, vamos Gi, por favor. - Insisti já sabendo que ela iria. - Ron não vai poder, eu não quero ir sozinha. Preciso de alguém para dirigir no caminho de volta enquanto eu mato as saudades dele.

Ela rolou os olhos e começou a procurar uma roupa dentro da bagunça que era seu armário. Continuei meu discurso.

—Você não pode esquecer que ele é meu bebe também, igual você é pro Rony.

Ela disfarçou muito mal a cara de quem queria rir e começou a se trocar na minha frente mesmo, ela não tinha mais vergonha de mim. Terminou de se arrumar (ela havia vestido uma calça jeans clara, uma blusa de linha de mangas compridas pretas e sapatos pretos de saltos bem altos), penteou os cabelos deixando-os soltos e se maquiou levemente. Pegou sua bolsa de mão e virou-se para mim:

—Vamos logo buscar o nerd remelento.

Eu ri da cara de descaso que ela sempre fazia quando falava de Harry e a acompanhei. O caminho da casa dela até o aeroporto não era longo, então chegamos lá por volta das onze da manhã e me vi sendo arrastada para uma cafeteria.

—Aonde vamos? O portão é para o outro lado e...

Ela não deixou que eu terminasse.

—Mi, ainda falta uma hora pro seu querido irmãozinho chegar e eu estou com fome, você não me deu tempo de tomar café, lembra?

Eu não ia convencê-la a mudar de idéia mesmo, então tomamos café juntas. Olhei no relógio e era 11h33min.

—Gi, vamos. Já são onze e meia.

—Apressada! - Ela rolou os olhos. - O vôo chega daqui uma hora, ele vai desembarcar, pegar a bagagem, trazer nossas coisinhas do free shop e só depois sai. Você quer ficar uma hora lá de pé?

—Quero! - Respondi com os olhos brilhando. - Vamos, Gina, eu estou ansiosa!

Não dei tempo para que ela respondesse ou contestasse e a arrastei dali imediatamente. Chegamos cedo (muito cedo!) ao portão de desembarque e ficamos encostadas nas grades que separavam a área comum do aeroporto da área onde as pessoas pegam suas bagagens. Conversávamos animadamente e a hora se arrastou lentamente.

Aproximadamente cinqüenta minutos depois que chegamos ali vários passageiros a sair, minha ansiedade cada vez maior, e Harry não desembarcava. Gina ao meu lado parecia que estava no parque olhando pombos, extremamente distraída. Já faltavam cinco minutos para uma da tarde, todos os passageiros já haviam desembarcado quando eu me descontrolei.

—Ai Gi, ele não desembarcou! - Foi inevitável a preocupação. - Eu vou falar com a administração.

Falei isso ainda olhando o saguão das bagagens, Gina ao meu lado pareceu nem me ouvir. Alguns segundos depois ela puxa a manga da minha blusa enquanto olha para o lado oposto e diz:

—Nossa, Hermione, que gato! Um desperdício essa delicia de homem andando por ai sozinho, será que ele não quer uma carona não? - Terminou rindo um pouco.

Meu irmão não desembarca e ela paquerando?!

—Gina Weasley, você ouviu que m... - As palavras morreram quando eu olhei para o homem supostamente lindo que ela discretamente apontava, e babava. E comecei a rir internamente. - Um gato mesmo, Gi!

E me desvencilhei de suas mãos correndo ao encontro dele, sem conseguir conter o sorriso.


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Notas finais do capítulo

Segundo capítulo publicado rápido porque eu me empolguei com os comentários que recebi, muito obrigada pessoas lindas =}
Para quem ainda não sabe, tenho outra fic em andamento, ficaria honrada em vê-las lá também.
Espero continuar agradando a todas.
Beijinhos.