Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Divirtam-se! ;D



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POV Gina

Como na quarta feira eu fiquei sozinha no departamento, aproveitei para resolver tudo que pudesse, quem sabe o dia não passaria mais rápido. Não passou. Sai do trabalho e fui para a faculdade. De vez em quando Ron me dava uma carona, hoje não era o caso então alguns minutos depois estava dentro do metrô atravessando a cidade.

Durante todo o caminho inteiro olhei para o pedaço de papel em minhas mãos, onde estava anotado o telefone dele. Umas três vezes peguei o celular e comecei a discar, mas perdi a coragem. Se fossem outros tempos e outras pessoas envolvidas, eu certamente já teria ligado e falado tudo o que aconteceu e o convidado para sair novamente, mas Harry me travava. Eu tinha medo que ele não pudesse atender, que não quisesse falar comigo, que estivesse com outra pessoa ou que simplesmente me falasse não.

Entrei no elevador da empresa hoje com um friozinho na barriga, eu sabia que ele não estaria aqui pela manhã, então andei relaxada até minha sala. Me sentei e comecei a trabalhar extremamente nervosa, porque ele chegaria pela tarde. Organizei todos os meus papeis, li meus e-mails, ouvi musica a manhã inteira e me segurei muito para não roer as unhas.

Trabalhar ajudou hoje, porque quando me lembrei de olhar no relógio já se passava bastante do meio dia e eu ainda não havia ido almoçar. Bloqueei meu computador, peguei minha carteira e o celular e quando me levantei para sair, eu estaquei e achei melhor sentar de novo.

—Boa tarde Srta. Vane, a Srta. Weasley ainda está aqui? - Era a voz dele perguntando por mim. Morri!

—Está sim, Sr. Potter, e o senhor está bem? - Ela perguntou tentando soar sexy, patética!

—Ótimo. Estarei em reunião, não gostaria de ser interrompido. - Disse e eu pude ouvir seus passos andando em direção à sala.

Nos cinco segundos que ele demorou a chegar eu pensei em fugir, sair correndo, me jogar da janela e me esconder dentro do armário, mas não consegui. Então, quando ele finalmente entrou, já me olhando, eu também estava olhando para onde ele surgiria e sem planejar, eu abri um sorriso enorme para ele. Observei enquanto ele fechava a porta, colocava sua pasta em cima da mesa e depois veio em minha direção, encostando-se em minha mesa exatamente como fez em seu primeiro dia aqui.

—Oi Gi. - Ele segurou minha mão e me deu um beijo demorado no rosto.

Eu não consegui responder, porque o beijo dele me deixou arrepiada e eu não queria demonstrar isso. Eu estava sentada, e quando ele se levantou, ficando em pé novamente, não soltou minha mão (eu festejei por dentro). Se bem me conheço, eu estava olhando para ele com os olhos arregalados.

—Aconteceu algum problema ontem ou hoje pela manhã? Eu não pude estar aqui, desculpe.- Me perguntou brincando com meus dedos e sem me olhar, como se não tivesse coragem de dizer o que queria.

Eu ia começar a responder quando ele riu baixinho e continuou.

—Claro que não houve nenhum problema e você já teria resolvido todos de qualquer forma, você é ótima no que faz. - Disse e eu percebi que ele estava tentando enrolar e não sabia como.

—Obrigada. - Falei ansiosa.

Ele brincou com as minhas mãos mais um pouco e se deteve um tempo na pedra do meu anel, antes de respirar fundo e começar.

—Eu queria te falar uma coisa e não sei como. - Ele riu baixinho, eu apenas sorri e ele continuou. - Mas eu não quero que você interprete mal minhas intenções ao te dizer isso, eu na verdade gostaria de esclarecer apenas.

—Pode falar. - O incentivei, mas minha voz saiu muito baixa.

—Na terça feira. - Continuou ainda olhando minhas mãos na dele. - Eu realmente tive um almoço com o Sr. Black. A Srta. Vane me pediu uma carona quando eu estava saindo e eu não consegui negar, embora eu devesse ter negado porque descobri que aquela mulher me assusta. - Falou tão naturalmente que eu ri. - Então eu não sei o que você viu, mas tenho certeza que não era nada do que eu provavelmente também teria pensado na sua situação.

Ele parou de falar e eu não disse nada, fiquei apenas olhando enquanto ele agora acariciava lentamente as costas da minha mão, que estava apoiada em cima da sua. Acho que ele interpretou mal meu silêncio.

—Bom, eu só queria esclarecer. - Falou já abaixando sua mão para que a minha escorregasse.

Antes que nossas mãos se soltassem eu segurei a dele entre as minhas e ele me olhou, estava com as bochechas um pouco vermelhas e eu achei lindo.

—Espere, eu também gostaria de te dizer uma coisa. - Falei ainda sentada.

Ele acenou me incentivando a continuar.

—Na verdade é uma pergunta... - Eu disse já sentindo minhas bochechas corarem, mas continuei olhando-o nos olhos. - O convite, para o fim de semana, ainda está de pé? - Perguntei insegura.

Ele abriu um sorriso enorme antes de me responder:

—Certamente!

O resto aconteceu naturalmente. Eu estava sentada na minha cadeira e ele em pé ao meu lado encostado em minha mesa, eu sorri de volta ao vê-lo rindo daquele jeito. Nos olhamos um tempo e ele me puxou para que eu levantasse também.

O segundo beijo foi melhor, em todos os sentidos. Ele se aproximou de mim tranquilamente e ambos sabíamos o que aconteceria a seguir, então eu nem tentei controlar as borboletas no meu estômago. Eu estava no meu usual salto alto e mesmo assim era mais baixa que ele, então ele abriu as pernas para ficar um pouco mais baixo e eu me encaixei no seu abraço enquanto nos beijávamos.

Não sei quanto tempo ficamos assim: abraçados enquanto ele acariciava a base das minhas costas e eu o seu pescoço e nos beijando, mas terminou rápido demais. Nos separamos com alguns selinhos e eu o olhei sorrindo e morrendo de vergonha, então deitei meu rosto em seu ombro. Ele riu baixinho antes de dizer:

—Também não sabe o que dizer? - Perguntou rindo e acariciando meu cabelo.

—Não. - Ri junto com ele. Ficamos em silêncio alguns segundos. - Desculpe o mal entendido, não quero que pense que eu estava te cobrando ou alguma coisa assim, sei que não tenho o direito de fazer isso. - Falei ainda com a cabeça em seu ombro.

—Não tem problema, eu também teria achado estranho. - Falou em tom compreensivo antes de me afastar um pouco do seu corpo. - Eu preciso fazer isso de novo, te beijar é bom demais. - Falou já atacando minha boca.

Ficamos mais alguns minutos trocando carinhos tímidos, até que ele se manifestou de novo, já que eu não sabia o que dizer e acho que nem conseguiria falar.

—Já almoçou? - Perguntou e me deu um beijo no rosto.

—Ainda não, estava saindo quando você chegou. - Falei de olhos fechados apreciando o carinho.

—Dessa vez então você aceita me acompanhar? - Perguntou divertido.

—Acho que agora sim. - Respondi no mesmo tom e me afastei para pegar minha bolsa.

Quando me virei novamente, ele estava me olhando e sorrindo, eu corei um pouco e sorri de volta.

—Vamos? - Convidei.

—Sim. - Falou estendendo a mão para que eu segurasse.

Eu morri de vontade de passar de mãos dadas com ele pela Srta. Vane, mas me contive.

—Melhor não, Harry. Ainda estamos no trabalho e você ainda é meu chefe. - Respondi como quem se desculpa.

—É verdade, desculpe. - Falou colocando as mãos no bolso. - Vamos.

Se virou e abriu a porta para mim, saímos e ele a fechou em seguida. Eu nunca soube disfarçar quando faço alguma coisa escondida, então todo o tempo tive a impressão de que todo mundo estava nos olhando, quando na verdade todas as cabeças permaneceram viradas para o computador. Para minha sorte o elevador demorou dois minutos para chegar, e eu tive o prazer de ver a cara de insatisfação da Srta. Vane quando Harry apoiou a mão em minhas costas para entrarmos assim que as portas se abriram.

POV Harry

Hoje passei a manhã em nossa outra filial e só no horário do almoço, mais ou menos, chegaria ao escritório. Passei ontem o dia todo e hoje, toda a manhã, pensando numa maneira sutil de começar a me explicar sobre o mal entendido sem ser escorraçado de vez da vida dela e quando chego aqui decidido a amarrá-la na cadeira para me ouvir, se fosse necessário, ela me recebe com um sorriso enorme e não se esquiva do meu toque, ao contrário: me segura quando tento esquivar-me.

Nem pensei em questionar esse comportamento, embora já fosse dedutível que Rony houvesse dito a ela que na verdade eu a Srts. Vane não tínhamos nada além de um assédio sexual mal sucedido por parte dela. Quem dera todos os meus amigos tivessem não me ajudado como ele não me ajuda em relação à Gina. Não nego que estava morrendo de vontade de sair andando de mãos dadas com ela de dentro daquela sala, mas ela estava certa com relação a nos mantermos discretos por enquanto, então me contentei em vê-la caminhar graciosamente na minha frente até o elevador.

Como era horário de almoço, ele sempre estava cheio esse horário, mas curiosamente hoje fomos sozinhos desde o vigésimo terceiro andar até o térreo, e no mais perfeito silêncio. Eu notei que suas bochechas estavam um pouco coradas e sorri discretamente.

Desembarcamos e saímos lado a lado em direção à garagem.

—Onde quer almoçar? - Perguntei para quebrar o silêncio entre nós.

—Não sei, podemos ir onde você quiser. - Falou me olhando com vergonha enquanto saíamos do saguão do prédio.

Ai meu Deus, justo eu que sempre fui péssimo em inventar lugares para sair mesmo sozinho teria que escolher o ambiente que nos recepcionaria em nosso primeiro almoço juntos.

—Você gosta de comida japonesa? - Perguntei tão inseguro quanto meu primo de doze anos.

—Muito! - Respondeu rápido e eu suspirei aliviado.

—Conheci um restaurante legal que fica aqui perto, podemos ir lá? - Perguntei enquanto caminhávamos até meu carro.

—Se eu tiver permissão para fazer mais de uma hora de almoço podemos. - Falou divertida, mas não totalmente a vontade.

—Acho que seu chefe não vai se importar. - Respondi no mesmo tom enquanto abria a porta do carro para que ela entrasse.

No caminho eu ainda não sabia o que dizer, ela também não já que ficamos em silêncio, mas eu me sentia extremamente realizado por estar saindo com ela para algo que não seja trabalho ou programa em família no fim de semana.

Quando estávamos perto do restaurante parei o carro em um semáforo e fiquei com a mão direita apoiada na alavanca do cambio, ela discretamente pousou sua mão esquerda sobre a minha. Antes de conseguir tomar uma atitude e entrelaçar nossos dedos eu tive que reprimir o pulo que meu estômago deu com esse gesto. Nós nunca havíamos ficado de mãos dadas, e a sensação foi diferente das vezes que andei assim.

Olhei para ela sorrindo como um bobo e ela me retribuiu quase da mesma forma, o olhar dela era muito indecifrável então eu nunca conseguiria saber se ela estava tão realizada quanto eu nesse momento. O farol ficou verde e eu delicadamente soltei sua mão para voltar a dirigir. Chegamos ao local e logo fomos atendidos, pedi uma mesa mais afastada para o garçom que nos atendeu e em minutos já estávamos acomodados.

Eu já havia visto como ela se comportava quando estávamos todos juntos, já sabia que era escandalosa para falar, que comia pouco (quando não era pizza) e que usava os talheres graciosamente, mas estava curioso para saber como ela seria estando só nós dois.

Sentamos um de frente para o outro, fizemos nossos pedidos e quando o garçom nos deixou eu decidi que era hora de ser homem e quebrar aquele silêncio. Ela estava olhando para o outro lado avaliando o local quando eu me manifestei:

—Me fala mais sobre você. - Pedi pegando sua mão sobre a mesa.

—Harry, nos conhecemos há mais de três meses. - Ela respondeu rindo pra mim e retribuindo meu carinho.

—Eu conheço a irmãzinha do Rony há mais de três meses. - Respondi divertido e ela riu. - Eu quero saber sobre você, sua vida, do tempo que morava o interior, as coisas que você gosta.

Ela começou tímida, mas no final já estávamos rindo descontraidamente enquanto comíamos e nesse meio tempo eu descobri que ela gosta muito de rosa mas que não usava porque não combinava com seu cabelo vermelho e que por esse motivo ela sempre quis pintá-los de loiro, que tem medo de altura mas morre de vontade de andar na roda gigante do centro de Londres, que seu pai é extremamente ciumento, que na escola sempre riam por ela ser baixinha e que por isso ela sempre usa salto alto e que ela prefere o frio do que o calor.

Ela terminou sua narração me contando sobre uma vez em que saiu de casa escondida para andar à cavalo e caiu sobre uma cerca.

—Precisei levar quatro pontos na coxa. Quando cheguei em casa minha mãe brigou comigo antes de me levar ao médico, acredita? - Finalizou rindo e colocando um sushi na boca.

Eu a interrompi pouquíssimas vezes e quando ela terminou eu continuei olhando a maneira como ela segurava os rachis e mastigava suavemente. Acho que olhei demais, porque ela engoliu a comida, limpou a boca e me olhou com as bochechas rosadas.

—O que foi? - Perguntou sem graça.

Eu podia dar a ela várias respostas, “eu acho que estou apaixonado”, “quer ir pra casa comigo?” e “você está muito gostosa nessa calça branca” são algumas delas. Optei pela menos assustadora, acho que teríamos tempo para que eu dissesse todas as outras.

—Você é linda. - Eu falei olhando para ela.

—Você também. - Ela respondeu baixinho sorrindo pra mim.

Ela já estava mais solta na minha frente, quase como nas minhas primeiras semanas aqui, quando passávamos o dia todo na sala, com Ron e Mione e falando sobre qualquer coisa. Não éramos dois estranhos, eu sabia que não ficaríamos sem graça na presença um do outro por muito tempo porque, ainda que de modo diferente, já estávamos acostumados com a presença um do outro.

Continuou me contando sobre sua vida sem que eu precisasse incentivá-la e estava rindo abertamente sobre uma piadinha sem graça que eu havia feito quando me toquei que o frio na barriga já havia passado, que minhas mãos não estavam suando e que eu não estava com o coração acelerado como dizem todos os manuais de como ficar apaixonado, mas eu estava me sentindo completo, feliz ao lado dela e quando ela ria como estava fazendo agora, visivelmente feliz, eu também ficava feliz.

Ficamos aproximadamente duas horas fora e quando parei o carro no estacionamento da empresa, aproveitei os vidros escuros para lhe roubar outro beijo antes de entrarmos. Entrei no escritório e o olhar insistentemente irritante da Srta. Vane insistiu em me acompanhar, então assim que entramos na sala fechei a porta e a paz prevaleceu.

Apesar da vontade de continuar beijando-a e abraçando-a de todas as formas possíveis eu fui forte o bastante para lhe dar um selinho quando entramos e cada um foi para sua mesa trabalhar. Nosso trabalho exigia concentração, por isso eu não consegui ser muito eficiente durante a tarde, toda hora me pegava admirando-a. Aparentemente ela estava tendo mais sucesso nesse intento, já que em momento nenhum parou de digitar e mexer vários papéis, embora me olhasse e sorrisse às vezes.

Apesar de ser uma vontade totalmente feminina eu precisava contar para alguém, mas não iria ligar para o Ron agora, então contive minha ansiedade e vontade de sair pulando até a mesa dela. Eu nunca fui um expert em relacionamentos, mas essa certamente não seria a melhor maneira de começar um.


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Notas finais do capítulo

Olá meus amores!
Era só no fim de semana, mas eu resolvi me adiantar, vocês estão merecendo! rsrs
Utilizando as palavras da minha leitora linda Natrosso, vomitei arco iris nesse capítulo e vocês? ahaha
A partir de agora começa a fase mais gostosa da fic, e na minha opinião a mais interessante. Eu espero continuar agradando-os como sempre!
Comentem, opinem, critiquem e recomendem. Faz bem à autora ;D
Beijinhos.