– Então tá, acho que vai ter que ser do jeito dificil. - Dito isso ele me empurrou pra dentro e me encostou na parede, fechou a porta e colocou os um braço de cada lado, me impedindo de sair dali.

– Só acho que se você não quiser levar um soco no meio da cara, devia me soltar. Agora.

Ele riu fraco e depois desencostou uma de suas mãos da parede levando até a minha mão e a segurando logo fez o mesmo com a outra e colocou-as da altura da minha cabeça, encostadas na parede. Tentei me soltar mas ele não deixava e segurava forte minhas mãos. Sua expressão mudou para uma angustiada quando ele pousou seus olhos em meus pulsos. Abaixei a cabeça, envergonhada e ele suspirou.

– Desde quando faz isso? - Fiquei calada, de cabeça baixa. Ele tirou uma de suas mãos das minhas e encostou-a em meu queixo o levantando. Meus olhos marejaram. – Fala Lisa.

– Não é da sua conta. - Me debati tentando me soltar de novo.

– Se não fosse não estaria perguntando.

– E se fosse eu teria respondido.

– Cara, dá pra parar de ser tão infantil? - Ele me encarava. Eu não desviava o olhar. Não sou tão fraca assim. Ninguém me olhava nos olhos daquele jeito a não ser minha mãe o Brian, a Lucy, e até mesmo a Dani. Os outros pareciam ter medo de mim. Nunca me olhavam nos olhos. Nunca tinham coragem de me encarar.

– Por que faz isso?

– Isso é coisa minha.

– Mas eu quero saber.

– Vai ficar querendo.

– Por que não me diz? Não vem com esse papo de "não confio em você" por que já me cansei disso. Tá, eu dei razões pra você não confiar mas isso foi antes de eu saber como você era. Foi antes de te conhecer realmente.

– Você não sabe nada sobre mim. - Disse tentando ser dura, mas minha voz acabou saindo meio falhada e eu amaldiçoei a parte fraca da Lisa. Sim, eu falo de mim na 3° pessoa.

– Não mesmo? - Ele falou um pouco mais alto. Apertou mais forte minhas mãos contra a parede. - Não. Eu não sei que tem mania de morder o lábio quando está nervosa e até mesmo mexer no cabelo compulsivamente. Não sei que a coisa que mais odeia no mundo e falsidade e eu me odeio por ter meio que mentido pra você. Não sei que apesar de você não admitir, você não gosta de beber e só bebe quando está com a galera, pra se fazer de durona. Não sei que umas das poucas coisas que te acalmam é a música. Não sei que você canta muito bem, mesmo não admitindo. Não sei que você odeia que mexam no seu cabelo. Não sei que quando você tá pensativa ou preocupada, sua testa fica levemente franzida, ou até mesmo que você fica com um biquinho muito fofo na minha opinião. Não sei que você só se esconde atrás dessa máscara de menina durona e insensivel, pra não se magoar, mais do que já se magoou. - Eu estava estatica. Ele parou e suspirou. Se aproximou de mim, deixando nossos corpos colados e um arrepio subiu pelo meu. - Não sei que seu ponto fraco é o pescoço. - Levou sua mão ao meu pescoço descendo devagar, provocando cocegas. Riu de leve quando me encolhi um pouco. - Ou que você se arrepia quando toco em você. – desceu ainda mais sua mão pelo meu braço e segurou minha mão, fazendo um carinho de leve com o polegar. Ficamos calados, apenas nos encarando. Até que ele resolveu cortar o silêncio. - Não queria magoar você. Ou provocar isso em você. - Sua mão esquerda que ainda segurava a minha, se arrastou até meu pulso, e seu polegar traçou a linha da marca do pequeno corte alí. Puxei meu braço de supetão e o empurrei sentindo lagrimas se formarem em meus olhos. Me afastei dele e fiquei de costas para o mesmo. Logo ele foi até mim, ficando novamente a minha frente.

– Você não é o motivo. - Uma lagrima teimou em descer, eu a limpei rapidamente vendo que ele já levava sua mão ao meu rosto para o fazer.

– Esqueci de dizer que seu nariz se encolhe um pouco quando você mente. - Ele riu fraco se aproximando mais. Ele passou o dedo na ponta do meu nariz. Abaixei a cabeça.

– Vai embora, Nathaniel. - Disse num fio de voz. Ele continuou alí parado. Olhei em seus olhos e em seu rosto tinha uma expressão triste. Tive que me segurar pra não abraça-lo alí mesmo. Não sei porque mas era o que eu queria fazer. - Vai embora. Por favor. - Ele abaixou a cabeça e depois voltou a fitar meus olhos.

– Tudo bem. - Foi indo em direção a porta e eu fui atrás. Ele passou pela porta e voltou seu olhar pra mim apertando os lábios, como se quisesse dizer alguma coisa. - Lisa...

– O quê? - Ele suspirou e depois balançou a cabeça negativamente.

– Esquece. Deixa pra lá. Tchau Lisa. - Foi rapidamente até o seu carro e deu partida. Só saí da porta quando seu carro dobrou a esquina.