Santuário escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 11
As coisas se complicam


Notas iniciais do capítulo

Parece que esse Vladmir é meio barra pesada, heim?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/230167/chapter/11

Os policiais examinavam o local em busca de evidencias enquanto Franja e os outros membros da equipe davam seu depoimento. Quando chegaram de manhã cedo, eles tiveram um choque ao ver que a porta tinha sido arrombada e os computadores roubados. E o desespero aumentou mais ainda quando viram que todo o material coletado no Recanto do Paraíso tinha desaparecido também.


– Vocês não podem fazer nada? Aqueles documentos eram muito importantes!

– Nós vamos fazer o possível, rapas. As digitais foram coletadas e mandaremos para a análise.

– E os documentos que foram roubados? – Franja perguntou quase arrancando os cabelos. Aquilo tinha dado um trabalho enorme.

– Não sabemos como encontrá-los, sinto muito. Talvez se os bandidos venderem os computadores, pode existir alguma chance de encontrá-los.


Toda a manhã foi gasta na delegacia para prestar queixa. Quando foi liberado, Franja procurou o resto da turma que o esperava ansiosamente.


(Mônica) – E aí, alguma coisa?

(Franja) – Nada. Parece que os ladrões usaram luvas e não tem câmeras de segurança na sede.

(Mônica) – Porcaria, aposto que isso é coisa daquele engomadinho!

(Cascão) – Será?

(Franja) – Faz sentido. Ele é o único que teria interesse em sumir com esses documentos. O problema é que a gente não tem como provar nada. Esperem um pouco... – o celular tocou e ele precisou atender. – alô?

– Franja? Aqui é o Eduardo. O prefeito marcou uma reunião com a gente lá na prefeitura pra daqui a uma hora. Parece que a coisa complicou pro nosso lado!

– Eu já vou indo. Bom, pessoal, eu tenho que ir. O prefeito quer falar com a gente, deve ser por causa da obra.

– Boa sorte lindo! – Marina se despediu lhe dando um beijo no rosto.


Mônica não se conformava com aquela situação. Eles tiveram tanto trabalho, se esforçaram como loucos para tudo ser perdido dessa forma?


– Grrrr! Eu só queria cinco minutos sozinha com aquele engomadinho pra ele ver uma coisa! Que ódio!

(DC) – Calma, Mônica. De repente eles conseguem mais um prazo com o prefeito. Aí é fazer tudo de novo.

– Ai, tomara viu?


__________________________________________________________


No escritório, estavam Franja, mais os representantes do grupo ambientalista da cidade e Vladmir. Eles tentavam falar ao mesmo tempo, cada um tentando atrair a atenção do prefeito.


– Sr. prefeito, está mais do que obvio que eles não conseguiram encontrar nada e agora ficam inventando essas desculpas idiotas. Um arrombamento? Por favor!


Eduardo, que era o líder do grupo, falou indignado.


– Desculpas idiotas? Nós registramos um boletim de ocorrência ainda hoje! É claro que nossa sede foi assaltada por PESSOAS interessadas em nos atrapalhar! – o homem falou lançando ao empresário um olhar acusador.

– Humpt! Pelo que sei, a polícia não encontrou nenhum sinal de arrombamento!

– Senhores, por favor, vamos conversar civilizadamente! – o prefeito pediu tentando acalmar os ânimos.


Quando todos se calaram, Vladmir aproveitou a deixa.


– Sr. prefeito, nossas obras não podem mais esperar, esse atraso está custando milhares de dólares a nossa construtora e a cidade está sendo prejudicada também! Vários postos de trabalho não estão sendo criados por causa desse atraso!

– Por favor, só nos dê mais duas semanas para podermos coletar os dados novamente! – Eduardo pediu, tentando comover o prefeito.

– Mais uma semana? De que isso irá adiantar? Vocês não conseguiram provar nada até agora, acham que vão conseguir alguma coisa em duas semanas?

– Nós conseguimos sim várias provas, mas tudo foi roubado com o arrombamento!

– Mentiras e mais mentiras. Sr. prefeito, isso já está se tornando muito desgastante e a opinião pública é totalmente a favor da construção do parque! Para que demorar mais?


O prefeito sabia que ele tinha razão. Se ele tivesse provas de que existiam espécies ameaçadas naquela área, seria mais fácil cancelar as obras. No entanto, sem nenhuma prova e com toda a cidade ansiosa pela construção do parque aquático, a situação poderia ficar insustentável.


– Senhores, eu não vejo outra alternativa a não ser autorizar o inicio das obras.

(Franja) – O quê? Nós nem tivemos a chance de...

– Vocês tiveram todas as chances, agora eu estou de mãos atadas.

(Eduardo) – Isso não é justo! Nós conseguimos todas as evidências sim, mas fomos roubados antes de termos a chance de mostrá-las ao senhor!

(Franja) – Sr. prefeito, se o senhor não nos der outra chance, vamos chamar a imprensa! Isso não pode ficar assim, esse parque é uma ameaça ao ecossistema do recanto do Paraíso!


Ele coçou a barba, temeroso de ter sua imagem estragada por causa daqueles ambientalistas. Para resolver aquilo de forma pacífica, ele acabou tendo uma idéia.


– Façamos o seguinte: como hoje é quinta-feira, creio que não há problema em lhes dar até segunda de manhã para resolverem esse problema.


Os dois ficaram alarmados.


– Só isso? É muito pouco, precisamos de pelo menos duas semanas!

– Por favor, sejamos razoáveis! Eles nunca vão conseguir nada até segunda, então por que não podemos começar as obras amanhã mesmo? Tempo é dinheiro!

– Estou tentando dar uma solução que atende ambas as partes, sr. Vladmir!

(Farnja) – Humpt! Pois não está nos atendendo em nada!

– É isso ou nada, rapaz. Me tragam as evidências até segunda de manhã e então veremos.


Todos saíram dali frustrados, mas pelo menos Vladmir estava mais tranqüilo. Depois de ter esperado tanto tempo, aguardar só mais uns quatro dias não ia fazer mal a ninguém. O mais importante era que nada iria impedir o inicio das obras.


Assim que chegou em casa, ele mal trocou três ou quatro palavras com a mulher e correu para o escritório.


– Eu ainda tenho que pensar no que fazer com isso. Depois eu dou um jeito de queimar tudo, agora eu tenho que me arrumar para o jantar com o meu fornecedor!


Ele guardou tudo em um cofre eletrônico e digitou a senha para trancar a porta. Ali dentro, aqueles documentos não iam servir para mais nada. Só faltava pensar no que fazer com aqueles ambientalistas. Mesmo sabendo que eles não iam conseguir reunir todas as informações a tempo, Vladmir resolveu tomar algumas providencias só por precaução. Algumas ligações para seus capangas foram feitas e tudo planejado. Embora estivesse seguro de si, era sempre bom dar uma ajudinha ao destino.


__________________________________________________________


– Então os documentos foram roubados? Isso é mal, muito mal! – Ângelo falou coçando a cabeça. Quando ele pensou que as coisas iam ser resolvidas, tudo se complicou de um jeito que ele não conseguia resolver.

(Mônica) – Dá pra acreditar? Agora o prefeito deu só até segunda de manhã pra gente conseguir alguma coisa, só que tá muito apertado, não vai dar!

– É... não vai mesmo. Se a gente ao menos conseguisse encontrar esses documentos...


Mônica balançou a cabeça. Por mais que suspeitasse do dono da construtora, ela sabia que não podia provar nada e não fazia a menor idéia de onde procurar. Se ao menos o Cebola estivesse ali, ele até que poderia ajudar pensando em alguma coisa. A única alternativa era pedir ajuda para ele, mesmo que isso significasse passar por cima do seu orgulho. A situação era grave.


(Magali) – E o que o Franja e os outros vão fazer?

– Eles voltaram lá pro Recanto do Paraíso e estão tentando ver se conseguem algum material, mas com tão pouco tempo vai ser difícil.


__________________________________________________________


O gnomo seguia furtivamente aqueles humanos esquisitos que se embrenhavam no meio da mata. O aspecto sinistro deles não o agradava nem um pouco. Ele sabia que os outros humanos estavam estudando o local e queria garantir que nada de ruim lhes aconteceria.


Assim que os três passaram perto de uma grande pedra, um elfo que estava escondido ali sinalizou para outros gnomos que estavam logo adiante. Aqueles três estavam mal intencionados.


– Vamos, tem que ter mais daquele besouro por aqui! – ela falava enquanto examinava a terra. Tudo em vão. Aquele inseto era muito raro e achar um já tinha sido muita sorte. Ela, junto com várias outras pessoas, estudava a área tentando reunir o máximo de material possível mesmo sabendo que tinham pouco tempo.


Franja usava seu melhor equipamento enquanto outros coletavam algumas ervas medicinais de grande valor para a ciência. Eles não tinham visto três homens encapuzados escondidos atrás dos arbustos, só esperado uma chance para entrar em ação.


– Você ouviu o patrão, não é pra machucar ninguém, só assustar.

– Tá limpo!

– Que coisa mais sem graça... – o terceiro falou com má vontade.


Quando o chefe deu o sinal, eles saíram detrás da moita empunhando armas de calibre pesado e gritando para todos.


– Quieto aí todo mundo! Bico fechado senão leva bala!

– Todo mundo pro chão! – outro bradou apontando sua arma para todos os lados e o terceiro deu alguns tiros para o alto.


Como foram pegos de surpresa, eles deixaram cair no chão tudo o que seguravam, câmeras, cadernos, iPads e se deitaram, morrendo de medo daqueles marginais.


– Então vocês acham que podem ficar zanzando por aí, né?

– Seus manés! – ele falou dano um chute na perna de um deles. – acho que a gente devia estourar seus miolos!

– É mesmo! O cérebro de vocês vai virar adubo pra terra!


Franja tentava chamar Ângelo mentalmente, mas seu medo impedia de articular até simples pensamentos. Os habitantes do santuário olhavam de longe, sem saber o que fazer e um deles chamou Nina e algumas ninfas.


– Olha só a franjinha desse aqui, que piada! – um deles falou usando o cano da arma para mexer no cabelo do Franja. O objetivo ali era aterrorizar a todos de tal forma que ninguém mais tivesse coragem de voltar ali novamente. – Tá olhando o que, panaca?


Ele não respondeu e procurou ficar quieto. Brigar com um homem armado não era nada inteligente e racional. No entanto, o sujeito não parecia disposto a parar com as provocações e sem querer acabou levando aquilo longe demais.


– Eu tô falando com você, seu panaca! – um chute foi desferido nas costelas dele, que encolheu por causa da dor. Ao ver aquilo, o chefe dos três resolveu intervir.

– Pára com isso, o patrão falou pra não machucar ninguém! – ele falou baixo para o comparsa, que não lhe deu ouvidos.

– Eu não machuquei, foi só um chute de nada. Machucar é isso aqui! – o homem deu outro chute mais forte, fazendo–o gritar de dor. – Isso aqui também machuca, ó! – uma coronhada foi dada na testa dele, fazendo-o ficar meio tonto.

– Já chega, agora deu!


O outro homem, que até então estava em silêncio, acabou dando um grito apavorado.


– Que diabo é isso???

– Isso o que, homem?

– A-aquela p-planta! Ela mexeu sozinha!


Os outros dois olharam para onde ele apontou e não viram nada.


– Deve ter sido o vento, seu idiota!

– Fala sério, agora você virou bundão... aaaiiiii!!! – alguma coisa agarrou seu pé, fazendo-o cair no chão. Os outros dois deram vários tiros na planta que crescia expandindo seus galhos para todos os lados.


Algumas cobras surgiram do nada, deixando os três ainda mais apavorados. Eles atiraram para todos os lados até descarregarem as armas e depois correram gritando e se debatendo enquanto eram golpeados por várias plantas, picados por insetos e perseguidos por cobras e aranhas. Assim que saíram da reserva, eles entraram no carro e saíram chiando os pneus, dirigindo a toda velocidade até se distanciarem bem do Recanto do Paraíso.


Assim que os três foram embora, os membros da equipe foram se levantando e um deles ajudava Franja, que estava ferido e ainda sentia dores.


– Você tá bem?

– Acho que sim... nossa, o que foi aquilo?

– Rapaz, que doideira! Eu nunca vi nada parecido!


Uma garota surgiu do meio do mato e Franja a reconheceu.


– Nina?

– Vocês estão bem?


O resto do pessoal olhava ora para um, ora para outro.


– O Franja, quem é...

– É uma amiga, pessoal. Puxa, o que foi aquilo Nina?

– Digamos que eu e as outras meninas demos um jeitinho. Ih, você está com um ferimento na testa. Deixa eu ver...


Ele voltou a se sentar no chão e Nina ficou vasculhando ao redor procurando alguma coisa. Quando achou algumas ervas, colheu folhas de cada uma, triturou esfregando com as mãos e passou na testa dele, ajudando a limpar o ferimento.


– Pronto, com isso vai ficar bom.

– Puxa, valeu!


Como se o pessoal não estivesse chocado o bastante, eles levaram um susto quando Ângelo chegou, pousando perto de Franja.


– Cara, o que aconteceu aqui?


Quando foi colocado a par dos acontecimentos, ele ficou indignado e frustrado consigo mesmo.


– Foi mal, eu custei a ouvir o seu chamado! Deveria ter aparecido antes.

– Tudo bem, cara. A Nina ajudou a gente.


Com toda aquela confusão, eles decidiram encerrar as atividades daquele dia. Ninguém ali estava com disposição para continuar trabalhando e a maioria ficou com medo de voltar ali. Era obvio que aqueles marginais tinham sido mandados pelo dono da construtora para aterrorizá-los. Aquele sujeito estava disposto a jogar mais sujo do que as cuecas usadas do Cascão.


Depois que eles foram embora, Ângelo achou melhor ir embora também já que tinha prometido a si mesmo que não iria mais ficar a sós com Nina. O problema era que ele não sabia como era difícil manter uma promessa quando o coração pedia exatamente o contrário.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Santuário" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.