"É engraçado como algumas pessoas entram em nossos corações de forma sorrateira e não saem de jeito nenhum. É confuso o dom que certas pessoas tem de ficar na nossa mente em todo tempo, mudar a nossa vida e nos fazer apreciar as coisas belas que nunca tínhamos reparado". Hades vinha pensando muito nisso. Desde o solstício de verão, quando vira a obra prima mais magnífica de sua vida atroz, algo nasceu em seu coração. Algo que ele nunca sentira antes, não desta forma. Uma fusão de alegria, tristeza, compaixão e vontade de vomitar.

Será que era amor? Não, é claro que não, o triste deus não sentia isso à ions. Se não sentia amor nem por si mesmo, como poderia amar uma donzela?

Mas, pensando bem, quando ele lembrava daqueles enormes olhos verdes tímidos, sentia um frio no estômago - não daqueles frios de medo, ou nervosismo. Mas sim, aquele frio de amor, saudade.

- Paixãozinha adolescênte de merda  - disse ele, finalmente reconhecendo seus sneitmentos intensos.

 Mas ele não fora o único que notara uma mudança em seu coração.

Um dia desses, quando andava pelo castelo, ouviu o diálogo de dois fantasmas. 

- Você acha mesmo? - perguntou um.

- É claro. Sou a única que percebe as coisas por aqui? - respondeu a segunda - Nosso senhor anda muito tempo se olhando no espelho. Depois que voltou do solstício, começou a se importar com a aparência, passa o dia todo trancado no quarto, lendo livros romanticos e sempre que fala conosco, parece estar pensando em outra coisa, ou em alguém.

- Só pode ser paixão.

Hades pensou nas palavras da serva. Merda. Era só uma questão de minutos para todo o reino ficar sabendo. 

Ele não podia esperar mais. Era hora de por um plano em ação. Um plano que ele planejou muito, desde o solstício. Um plano que ia mudar a sua vida para sempre.