Love Way escrita por TessaH


Capítulo 24
Capítulo 23 - Em Algum Lugar Além do Arco-Íris.


Notas iniciais do capítulo

Oooie, pessoas XD Então, esse é o antepenúltimo capítulo mesmo :( triste
Mas como está tarde, eu não tenho muito o que dizer... Na verdade, esqueci.
Gostaria de agradecer muito a todos vocês pelas recomendações e reviews *u* Isso me motiva demais.
Eu quero fazer um agradecimento digno de vocês, então será no penúltimo ou último capítulo :(
Gente........ que triste :( não quero me despedir de vocês ;(
É inevitável meu choro.
Espero que vocês apreciem o capítulo. Eu não gostei muito dele, mas...
Olhe, aviso:::::::: Há muitos acontecimentos no capítulo, mas eu dou apenas "reforço" em um. Há passagem muito importantes da histórias em todos.
E como eu disse, está tarde. Por isso to postando agora e logo depois vou revisar tudo ou acrescentar algo..... Eu sou má, uma pessoa horrível :(
Mas eu estou ansiosa para postar.
Enfim.... Não me matem. Eu acho que as coisas PODEM de ajeitar aí kkkkkkkkk
Mas eu prometo não deixar vocês na mão
Beeeijo!
Boa leitura e divirtam-se!
XD



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“A morte não coloca fim no amor.”
Antes Que Termine o Dia








Quatro meses se arrastaram quase que pesadamente. Se não fosse por Marlene sempre no pé de Lily para que a mesma lhe ajudasse em várias coisas do casamento à vista, com certeza a ruiva poderia murchar em casa.

Outubro estava com um sol nascendo um pouco tarde e se pondo mais cedo. Seattle parecia do mesmo jeito à Lily.


– Lily! É hoje, meu Deus! - Marlene entrou no apartamento berrando com as mãos na cabeça.

– Calma, Marlene - Lily riu do desespero da amiga e fechou o livro que estava lendo.

– Calma nada! Eu preciso fazer tantas coisas! - Lene pegou algumas bolsas. - Nós temos que ir para o atelier da Monica agora! Agora!

Lily riu mais uma vez e pegou sua bolsa. Sua amiga com certeza estava nervosa para o casamento.

Monica - amiga de Lene - era cabeleireira, maquiadora e afins. Ajudaria-as a se preparar para a festa, que seria em algum clube ao ar livre.


– Eu levei apenas quatro meses para preparar o casamento e eu acho que não sairá bom, Lily! - Lene desceu as escadas, desesperada.

– Claro que vai ficar lindo, Marlene! Nós nos empenhamos muito. E você... - Lily entrou no carro. - Nem se fala! Fica calma.

– Ai ai - Lene suspirou e ligou o carro. - Ultimamente não estou conseguindo me acalmar nem nada. E estou ficando cansada de tanto arrumar isso.

– Normal. Digo, deu muito trabalho arrumar esse casamento.

– Será que vai ficar bom? - Lene olhou Lily, temerosa.

– Vai, sim! Vai ficar tudo bem - Lily sorriu, contente.



*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*




– Eu juro para você, Monica, que se essa senhora passar novamente por esse vestido, eu corto a barra dele! - Lily exclamou, irritada.

Por que aquela velhinha insistia em sempre passar pela ruiva e pisar em seu vestido?

– Ah, Lily! - Monica riu e abanou o ar com a mão. - Ela deve achar que é tapete, ué.

– Nada! Eu estou falando sério!

– Tudo bem. Eu vou procurar a Lene - Monica riu mais uma vez e saiu.


Lily suspirou e olhou para a taça de champanhe em sua mão. Marlene e Sirius mereciam aquela festa de casamento. Claro. Lily estava muito feliz pelos amigos também.

A ruiva olhou ao redor e viu novamente as mesas agrupadas na grama com várias pessoas na festa; Lene havia exigido que não queria casar na Igreja, e sim ao ar livre. E assim foi feito.

Entre a grama verdinha, Lene colocou um tapete vermelho. Por onde passou até chegar a Sirius, que estava igualmente feliz, e logo depois declararem-se marido e mulher. Era um tanto quanto estranho ainda assimilar aquela ideia.

Os noivos estavam tirando mais e mais fotos.



Sirius usava apenas uma blusa social agora, e Lene trajava seu segundo vestido na festa: um vermelho de babados cinza e não longo.

E Lily se perguntava por que ainda estava usando aquele vestido idiota branco de madrinha. Ele só servia para sentir calor e para ser tapete daquela senhora petulante que Lily se irritara. E bem que era a noiva que tinha que usar um vestido longo e branco!


Lily decidiu largar a taça e ir ao encontro da melhor amiga, mas, novamente, sentiu a barra de seu vestido ser puxada.

– Oh, Lily! - a mulher sorriu de novo. Lily quase revirou os olhos.

– Olá - Lily murmurou apenas com a única educação que ainda restara.

– Por que não sorri com seus belos olhos também, querida? Não sorria apenas com os lábios. Assim não parece sua verdadeira beleza - a gentil idosa apertou o nariz de Lily.

– O quê...?! - Lily exclamou quando ela se foi.

A senhora vinha a Lily - pelo o que parecia a décima vez - e lhe dizia coisas que ela nem sabia?!


Lily bufou e foi ao encontro de Lene.


– Marlene, eu quero tirar esse vestido! Tem outro?

– O quê? - Lene perguntou sem se virar para Lily, ainda sorrindo para uma última foto. - O que disse, Lily?

– Eu quero outro vestido!

– Ah... Acho que lá dentro no quarto tem. Vai lá - Lene sorriu e virou-se mais uma vez para abraçar Sirius e os dois sorrirem para mais uma foto.

A casa dela será só de fotos, tantas foram as que os dois tiraram! Lily pensou e rumou para dentro da casa.



Lily tirou os saltos e os pegou na mão. Estava cansativo andar com eles com aquele vestido enorme e pesado.

– William, respire fundo mais uma vez... Isso, mais uma vez - Lily ouviu a voz de Emma e seu pai.

Parou bruscamente seu andar e voltou para a saleta branca anterior.

– O que houve, tia Emma? - Lily perguntou, entrando na sala e vendo seu pai sentado e tentando regular a respiração. - Ele passou mal?

– Er... Lily, querida, ele apenas teve um mal estar - Emma deu um meio sorriso.

– Papai, o senhor está se sentindo bem? O que houve? - Lily ajoelhou-se ao lado da cadeira do pai e segurou sua mão.

– Eu estou bem, querida - William tentou sorrir, mas saiu uma careta.

– Eu acho melhor irmos ao médico por que...

– Não, Lily. Não é necessário - Emma cortou a ruiva.

– O que?! Por quê? Ele não está se sentindo bem, tia - Lily protestou.

– Mas a causa não é que envolva a ciência. Os médicos não poderiam fazer nada - Emma olhou para William.

– Não, Emma. Você prometeu que não contaria!

– Não digo que, pai! Fale, tia.

– Lily, venha aqui um pouquinho - Emma a chamou para fora da sala.

– Emma! Não, por favor! - Will protestou novamente, arfando.

– Will, é necessário!

– Papai, eu quero saber. Vou com a tia Emma e o senhor tome isto - Lily deu ao pai um copo de água, que Will aceitou relutante, e saiu da sala.


– O que está acontecendo, tia?

– Você, como todos que convivemos por perto, sabe que os dias de seu pai estão chegando ao fim.

A garganta de Lily ardeu. Claro que ela sabia. Tanto é que ela aproveitou tudo que podia os quatro meses que chegou a Seattle para ficar o máximo e curtir seu pai; pai e filha. Até William já sabia disso também. No entanto, saber que seu pai poderia qualquer hora não estar mais ali, doía.

– E você também sabe o quanto dói para ele saber que poderá ir embora a qualquer hora e nunca mais ver Petúnia.

– Não! A Petúnia já trouxe muitas coisas ruins ao papai, não deixarei que a veja de novo! Você sabe, tia! – Lily disse.

– Eu sei, querida! Mas pai é pai. Quando você for mãe, saberá o quanto dói quando um filho que você tanto ama vai embora e você pode nunca mais vê-lo – Emma sorriu, triste.

Lily travou. Claro que ela sabia, um pouco, mas sabia. Nunca contou para ninguém de Seattle o que aconteceu em Londres, mas já havia conversado com seu pai e Lily sentiu-se enormemente feliz em poder dividir aquilo com ele, que lhe ajudou bastante depois.

– Eu sei, tia, mas a o papai até piorou na saúde por conta do que ela fez! Ela nos abandonou e não quis mais saber de nada. Disse que a família dela agora era o Valter gordo Dursley!

– Lily! Eu entendo! Estive com vocês, mas o William é forte. Você também sabe disso.

– E você está querendo dizer que...? – Lily a olhou.

– Sim. Volte para Londres para pelo menos seu pai ver a filha.

– Essa ideia é absurda, tia Emma! – Lily a olhou, incrédula. – Isso é perigoso para o papai e se ele...

– Morrer lá? Acredite, Lily, ele pelo menos saberá que você tentou e descansará feliz. Sabendo que a outra filha está bem.

– Tia, isso é surreal e... – Lily segurou os cabelos. Ela não podia voltar para Londres.

– Eu tenho certeza que sua melhor amiga e o marido dela apoiaram muito você – Emma disse por fim e entrou de volta na sala.

– Não! Eu não quero e nem posso voltar para Londres – Lily suspirou.

– O que houve, Lily? Por que ainda não mudou de vestido? – Lene apareceu.

– Lene, eu... – Lily hesitou. Tudo bem. Ela seria forte pelo pai. Ele merecia. – Precisamos voltar para Londres – declarou com a última coragem que possuía.









*-*-**-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-**-*





– Lene e Sirius, muito obrigada – Lily sorriu minimamente.

– Tudo bem, ruivinha. Eu sei o quanto é importante para seu pai isso – Lene respondeu.

– Está tudo bem, Lily. Depois resolvemos o que fazer – Sirius deu um sorriso e abraçou Lene.

– Você sabe onde a Túnia mora, Lily? – Lily ouviu a voz de seu pai na cadeira de rodas.

William já estava velho e precisava descansar. O voo fora longo e cansativo para todos.

– Sim. Sei – Lily lembrou-se de quando assim que chegou à Londres foi até o endereço que um dia vira o marido de sua irmã escrever e depois jogar pela casa. Secretamente, a ruiva guardara o papel e decidiu que apenas iria ali nem que fosse só para olhar.


– Vamos demorar a chegar? – Will perguntou, esperançoso.

– Um pouco. É meio longe daqui do centro, pai.

– Lily, se não se importa, eu vou me instalar aqui no centro porque recebi uma ligação do meu ex-emprego e...

– Depois de quatro meses? – Lily arqueou as sobrancelhas e viu que um táxi em frente ao aeroporto já vinha ao seu auxilio.

– Sim – Lene viu Sirius chamando outro táxi. – Qualquer coisa você me liga, tá? Fique bem – Lene abraçou Lily, despedindo-se.

– Tudo bem. Tchau – Lily entrou no táxi e ajudou ao pai.


–*-*-*-*-*-**-*-*-**-*-*-*-*-**--*-*-*-*-*-*-*-*-*-


– Ãhn... Eu acho que chegamos – Lily murmurou e virou-se para olhar o pai.

Will tossia repetitivamente e sem descanso.

– J-já pod-demos... – ele tossiu mais algumas vezes e colocou o lenço que segurava na boca. – Podemos descer?

– Sim – Lily olhou para o pai, cansada. Eles tinham que descansar.

Que ideia absurda fora aquela de ir até um interior de Londres assim que chegaram?! Ah, claro! Foi Lily! Se bem que seu pai também insistiu muito.

– Senhorita, eu espero por vocês? – o motorista dirigiu o olhar a Lily, pelo retrovisor.

– Hm... – Lily olhou para o céu, pela janela. Estava nublado. Mesmo no interior, Londres não muda. – Pode ir. Mas o senhor sabe informar se tem algum hotel por aqui? – Lily desceu do carro e ajudou ao pai.

– Parece que tem um virando a rua mais da frente – ele informou.

Lily pegou as duas malas que separara com finalidade de precisar passar mais um tempo em Surrey.

– Obrigada – sorriu, agradecida.

O taxista apenas acenou com a cabeça e assim que a porta fechou, partiu rapidamente.

– Onde ela mora, Lily? – Will olhou em volta para o bairro simples de várias casas.

– Se não me engano, - Lily abriu sua bolsa e pegou o papel. – Número quatro. Casa número quatro.

– Então é aquela – Will apontou para uma casa igual a todas à sua volta.

– Papai, eu acho melhor... O senhor entrar sozinho. Eu o levo até a porta e, por favor, não vamos demorar muito. E eu espero fora – Lily pediu enquanto ajudava ao pai a andar até a soleira da porta.

– Lily, querida, por que não entra também?

– É mais fácil Petúnia falar com o senhor. Não quero confusões. Acho que as palavras já foram duras o suficiente da outra vez. Quero apenas que ela lhe trate bem. Vamos.

– Mas... – Will tentou protestar.

– Você sabe que não, pai. Por favor – Lily ajeitou a bolsa no ombro e apertou a campainha, temerosa. Petúnia teria que receber pelo menos seu pai direito. Lily não fazia mais questão dela tratá-la de alguma forma melhor. Iludir-se para quê? Não a levaria mais a decepções; era melhor assim.

Mas, de um jeito ou de outro, perguntas perfuravam sua mente. Lá no fundo.

Como será que a irmã estava? Estava bem? Tinha filho? Estava, principalmente, feliz? Sendo feliz mesmo estando brigada com a família de verdade dela?

E as resposta assustavam Lily. Era melhor conviver com o gosto difícil e cruel das dúvidas ou depois o amargo e azedo das respostas? Não sabia. E até poderia ser chamada de fraca por não querer saber. Não mais.

A porta demorou alguns segundos para ser aberta, mas logo depois a uma loira apareceu.

Incredulidade. Isso definia bem a expressão de Petúnia.

Ela não mudara nada. Estava do mesmo jeito, aos olhos e Lily e William.

– O que estão fazendo aqui? – a voz de Petúnia saiu um pouco mais esganiçada que o seu norma, mas era ela. William segurou-se mais forte em Lily.

– Petúnia, o papai queria muito te ver antes de... partirmos – Lily disse e observou a irmã arquear a sobrancelha.

– Por que queria me ver papai? Já não viu? – Petúnia forçou-se a falar e escorou-se na porta. Ela parecia a mesma... Ela era Petúnia, então porque dentro de si ela todas as perguntas que sempre havia feito – mas que jurava não ser de si mesma – sobre a família foram caladas ali? Porque ela ficou feliz em saber que Lily aparentava estar bem? Ela era a Petúnia que não ligava mais para a irmã mais nova! Ela era cruel! Porém achava que tinha razão, não é? Sempre foi trocada pela mãe... Lily sempre fora isso para si. A que sempre roubou seu lugar. Sempre melhor que ela.

– Filha, eu... – o corpo frágil de William sacudiu de acordo com suas tossidas mais fortes. – Eu queria dizer que... Sinto sua falta. E antes de haver qualquer coisa comigo, ruim, queria te ver. Saber que está bem – William finalizou, respirando fundo. Até falar requeria maior esforço cada vez mais.

Petúnia bufou.

– Já não posso dizer o mesmo. Sinto muito – mentiu. Era tão mais fácil agir assim.

– Petúnia, nosso pai está querendo saber e te ver a um tempão! Seja no mínimo educada suficientemente com ele! – Lily exclamou cansada da arrogância e superioridade da irmã. – Eu sei que você não gosta de mim! Mas é o papai! Ele sempre vai te amar mesmo você NUNCA merecendo! Seja um pouco justa pelo menos com ele, se você não é consigo mesma.

– Lílian, quer fazer o favor de ficar quieta? Você está na minha casa! – Petúnia reclamou. Não havia palavras para rebater a irmã.

Lily bufou.

– Você é incrível! Sempre me surpreendendo com sua arrogância e grosseria!

Petúnia segurou as palavras maldosas na garganta e respirou fundo.

– Pode entrar, pai – as palavras de Petúnia eram secas.

– Venho logo buscá-lo – Lily beijou a bochecha do pai e o ajudou a entrar na casa da irmã. – Adeus.

Petúnia viu o vulto com cabelos ruivos andar apressadamente pela rua enquanto escurecia.

– Onde está seu marido? – Will perguntou e sentou-se no sofá da sala.

– Ele está trabalhando. A loja de brocas está com grande movimento e ele precisa administrar tudo ainda – Petúnia acompanhou o pai.

– Tem filho? – com uma leve curiosidade, Will perguntou.

– Não. Quer saber de mais coisas? – Petúnia perguntou, áspera.

Ela era assim. Ninguém mudaria. E seu velho pai estava irritando-a.


[...]

– Lene, eu estou preocupada com papai – Lily andou, nervosa, pelo quarto pequeno da única pousada que conseguiu achar àquela hora da noite.

– Por quê? Ele passou novamente mal? – o barulho da TV e de alguém mastigando era pano de fundo para a voz de Marlene.

– Não, mas as tosses estão piorando e ele está mais fraco.

– Er... Lily, eu sinto muito dizer isso, mas o médico disse. A viagem pode ser o...

– Eu sei – Lily suspirou. Parece que dizer que poderia ser o fim podia torná-lo mais real do que era. – Eu estou com medo. E se for aqui...

– Lily, se for aí, como Emma disse, ele ficará feliz. Finalmente reencontrou aquela chata da Petúnia.

Lily deu uma risada nasalada.

– Você precisava ver como ele queria sorrir abertamente ao vê-la.

– Imagino. Você é tão importante quanto ela para ele. Se bem que ela não merece.

– Verdade – a ruiva suspirou novamente. – E o que o seu emprego queria?

– Vai ter a exposição anual de fotografias premiadas no conceituado concurso organizadas pelo National History Museum – Lene disse monotonamente.

– Sério, Lene? – Lily já perguntou se alterando de felicidade.

– Sério! E a minha fotografia da revista vai estar lá! – Marlene exclamou feliz também e Lily retribuiu mesmo seu sorriso se desfazendo um pouco por lembrar mais claramente de James.

– Parabéns, amiga!

– Obrigada mesmo! Até porque você é a minha artista! – Lene riu. – Lily, amiga, tenho que desligar. O Sirius deixou uma bagunça aqui e...

– Tudo bem. Boa noite, vai lá.

Lily desligou o telefone e calçou as botas. Mesmo tarde teria que buscar o pai.



*~*~*~*~*~*~*~*~*

Somewhere Over The Rainbow


Outubro em Londres não mostrava muito o sol. Diferente de Seattle.

Lily acordou com aquela observação. Saiu de suas cobertas e foi fazer sua higiene matinal.

– Pai, está na hora de irmos – Lily falou enquanto colocava o casaco e as botas vermelhas.

– Pai? – Lily foi até a outra cama. – Pai, temos que ir – ela chacoalhou Will de novo.

– Sério, pai. Vamos, acorde! – Lily o balançou com mais força.

Cautelosa, Lily segurou o pulso do pai e não havia pulsação. Lily já começava a chorar e tocou o pescoço dele: nada também.

Desesperou-se. Sabendo que não havia mais nada a ser feito, Lily deitou no peito de seu pai. E como esperado, o coração não batia mais.

As lágrimas banhavam o velho pijama que o pai trajava.

Havia sentido que foi o fim. A vista estava embasada pelas lágrimas, mas Lily pôde ver um papel dobrado no criado mudo.

Não fazendo esforço para limpar nenhuma lágrima, Lily pegou o papel com a caligrafia de seu pai, feito na noite anterior.


“Querida Lily,

Minha querida filha, eu sei que nada posso dizer para consolar-lhe neste momento. Provavelmente já estou morto. Sei que é duro perder a quem se ama, minha ruivinha. Perdi sua mãe nova demais, sua perda, sempre foi inconsolável para mim todos os dias em que eu acordava e me dava com as duas preciosidades que ela havia me dado, mas sem a dádiva da presença dela. Sei o que é sofrer de saudade, meu amor. Eu sei que você sofre do mesmo mal. E pior, tem um amor que pode sim ainda correr atrás. Não perca tempo, Lily. Corra atrás do que te faz feliz; eu até também não queria mais ser um empecilho nessa sua decisão. Quero que se lembre de mim como aquele que fez de tudo para viver e dar ao mundo o que eu aprendi. Você e Petúnia foram e sempre serão meus presentes e o de sua mãe. Tenho certeza que, por mais o que Túnia se tornou, ela tem um enorme orgulhos das filhas. Vocês são as nossas felicidades.

E parar de bater foi a decisão mais sábia que o meu coração já tomou depois que decidiu amar sua mãe. Permitiu-me amar e ser amado, saber o que significa o amor – mesmo que tenha durado pouco, mas será eterno. Quero que você ponha nessa sua cabecinha ruiva e teimosa que você não tem culpa de nada:de perder o bebê, de amar àquele a quem não podia etc.

Estava na hora.

E quanto a nossa viagem e eu ficar por aqui em Surrey, obrigada por ter me trazido até aqui.

Você e Petúnia eram muito pequenas na época, mas quando sua mãe morreu, a enterramos aqui. No cemitério que fica a alguns quilômetros daí. É por isso que durante uma semana vocês ficaram com uma tia lá nos EUA. Não vieram.

E depois nunca mais visitamos o túmulo de sua mãe. E também queria enterrar-me com ela. Poderia fazer mais esse favor para seu velho pai?

Eu só queria dizer que, Lily, você é tão amada, minha filha! Uma pessoa que conquista a todos! E até arrependo-me um pouco por não ter conhecido o tal do Potter. Mas Lene tratou de me mostrar umas fotos. Ele combina com você, querida.

Um último aviso: Não fique esperando nada passar, Lily. Nada. Vá atrás.

Não sinta que eu te abandonei, apenas fui finalmente encontrar-me com sua mãe. A vida se torna solitária sem o amor.

Entre eu e você as palavras nunca serão o suficiente e o necessário. Eu sei o que há em seu coração e vice-versa.

Agora já está muito tarde e já está na hora de dormir e dizer adeus.

Eu amo você, querida.

E não se esqueça: ‘Ora, o único inimigo que há de ser aniquilado é a morte!’

Com amor,

William Evans, papai”

Lily deu um pequeno sorriso entre as lágrimas. Não estava chorando por se sentir sozinha, não. Tudo tem seu momento e Lily preparou-se para aquilo. Suas lágrimas seriam apenas de lembranças boas, e que jamais serão esquecidas. Palavras não ditas nunca foram necessárias mesmo.

A dor não era mais de perda. A carta a amenizou. Não era uma dor ruim. Ela estava feliz por finalmente o pai ido encontrar a felicidade e tinha parado de sofrer, Lily estava feliz por ele. Porém quem não deixa saudade quando vai embora?

A saudade só mostra o quão importante algumas pessoas são. E essa saudade seria boa.




–*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-



Três dias haviam se passado e tudo parecia mais leve de se levar.

Lene e Sirius faziam questão de sempre perguntar como Lily estava, mas ela estava bem! Não era mentira. Estava bem.

– Você está bem? – Lene apertou mais uma vez a mão de Lily.

– Estou, sim – Lily respondeu e limpou algumas lágrimas. Sirius a abraçou um pouco mais forte, dizendo que estava ali.

– Acho melhor irmos agora para Londres – Lene olhou para Sirius e eles concordaram.

– Vão indo. Eu vou deixar umas últimas coisas aqui.

Sirius pegou a mão de Lene e eles deixaram Lily sozinha com a lápide dos pais.

Lily abaixou-se e viu os dizeres escritos:


William e Lucy Evans

Pai, amigo e irmão. Mãe, corajosa e destemida.

“Ora, o único inimigo que há de ser aniquilado é a morte!”


Lily sorriu enquanto viu algumas gotas caírem sobre a lápide. Deitou a rosa branca sobre os túmulos cinza e abraçou o corpo, olhando uma última vez antes de arrastar os pés para fora.

Lily estava saindo do cemitério quando viu uma figura conhecida na entrada.

Petúnia usava um casaco que lhe cobria toda e um chapéu que prendia seus cabelos loiros.

Lily passou por ela, e Petúnia lhe fitou, parecia triste?

Lily suspirou baixinho e deu um sorriso triste. Viu a irmã retribuir e entrar no cemitério enquanto dirigia-se para fora.

A carta de seu pai queimou calorosamente no bolso perto de seu coração.



*-*-*-*-*-*-*-*-*-

– Eu queria rever algum deles – Lily mexeu a mão sobre a mesa. Lene parou de mexer em sua máquina.

– O quê?

– Queria rever alguns de meus amigos antes de ir embora novamente. Quero sair daqui já com um propósito de vida- Lily repetiu. Ela e Lene conversavam sobre banalidades quando Lily falou de repente. A ruiva andava pensativa.

– Ãhn... Eu acho melhor não. Quer dizer vamos embora daqui a cinco horas.

– Eu sei, mas...

– Seria mais difícil ir – Lene declarou.

– Por que não ficamos mais um pouco? Você vai mesmo faltar amanhã a exposição da sua fotografia, Lene?

– Vou, sim. Precisamos voltar.

– Eu acho que não – Lily se levantou da cadeira.

– O quê, Lily? Está dizendo que vai continuar aqui?

– Marlene, eu vivi aqui apenas com meu trabalho e a casa de uma amiga. Uma melhor amiga também! Eu sinto falta deles! E não a mais nada lá nos EUA! Eu não sei se quero mais voltar!

– Lily, isso é irracional!

Marlene ia começar a argumentar quando Lily a cortou:

– Não, Marlene! Eu estou cansada disso! Sinto muito por dizer isso, mesmo você sendo minha melhor amiga, mas está engasgado na minha garganta! Eu não quero mais viver assim! Quero fixar minha vida em algum lugar e ser feliz!

– Mas nós vamos voltar – Lene disse baixinho, surpresa por ver Lily estourar assim com ela.

– NÃO! Eu não quero mais voltar! Quero voltar a trabalhar com a Clarie, quero meu melhor amigo Jones de volta! Eu quero poder sair com o Remo, falar com a Alice e a Dorcas! E principalmente sinto falta do Potter! Muita! – Lily ficou vermelha. Precisava contar o que queria e o que pensava. Aquilo lhe asfixiava aos poucos.

Não iria mais omitir nada.

– Eu me sinto mal por estar fazendo isso com você e com Sirius quando só foram vocês que me apoiaram nos EUA e aqui, mas eu sinto falta daqui! Eu tive a quem me ajudar aqui! Eu simplesmente quero ser feliz! – Lily pegou sua bolsa pronta para sair.

– Mas, Lily... – Lene balbuciou sem saber o que falar. – Eu...

Lily abria a porta quando Lene soltou:

– Como será a vida do meu filho quando a madrinha dele mora um oceano de distância?

Lily estancou. Deu um giro de 180 graus.

– Você está grávida? Desde quando? Contou para o Sirius? – Lily soltou várias perguntas.

Lene sorriu pequeno.

– Sim, estou. Estou de dois meses, acho. Não, não contei. Eu queria que você fosse a primeira – Lene confessou. – Eu preciso da sua ajuda, Lily. Não sei como ser mãe e nem como poder seguir com isso. Quero a minha melhor amiga me ajudando e fazendo parte da vida do afilhado.

– Vou ser madrinha? – Lily perguntou mais afirmando do que qualquer coisa. Sua melhor amiga estava grávida!

– Por favor.

– Lene, eu sinto muito. – Lily declarou. Respirou fundo. – O Sirius pode te ajudar nisso. Vocês serão ótimos pais! Mas você pode ter sua vida novamente aqui. Não deixamos nada nos Estados Unidos. E outra... Eu também quero ter uma família assim. Desse jeito, você está pedindo para eu abandonar minha felicidade. Eu... Eu amo o Potter.

– Lily... Eu... Não sei o que dizer, mas... Vou esperar sua resposta no aeroporto – Lene disse.

Lily suspirou, calma.

– Tudo bem. Até.

A ruiva bateu a porta e saiu.

Era injusto Lene pedir-lhe para abandonar o que lhe fazia bem e apenas viver a felicidade dela. Era egoísta.

Lily estava disposta a largar até a melhor amiga e sua nova família para poder fazer a sua própria.

A ruiva abaixou a toca que a protegia do frio e andou até o que foi a sua casa.


[...]



– Eu acho que as flores rosa com amarelas ficariam mais legais – Dorcas disse folheando novamente a revista.

– Não, Dor. Nosso casamento só precisa de branco – Remo se pronunciou.

– Eu acho melhor vermelhas e roxas. Ficariam demais. E a Dorcas podia se casar de preto! Ficaria show! – Jay deu sua opinião e levou um tapa dos amigos.

– Não, James! Eu não tenho cara de preto. Acho que rosa... – Dorcas disse pensativa. – Queria que a Lily estivesse aqui! – lamentou-se.

Automaticamente, os músculos de James enrijeceram. Porque era difícil fazer algo que o ocupasse e não o lembrasse dela?

Ele sentia falta dela, muita. Os quatro meses foram angustiantes.

E também tinha raiva de si mesmo. Por que ele não podia ir atrás dela? Correr para ela?

– James! Hey! – Remo estalou os dedos na frente de seu rosto.

– Oi! – Jay despertou.

– Vai buscar uns chocolates quentes para a gente, Potter! Vai lá – Dorcas brincou e o empurrou para a cozinha.

Jay bufou e foi até lá.

As canecas estavam fumegantes, prontas para aquecer o corpo do indivíduo que a bebesse, livrando-o do frio.

– Já, James?! Que demora! Remo, liga no noticiário! – James ouviu Dorcas gritar.

Ele deu uma pequena risada. Sua amiga era impaciente.

Jay estava feliz por saber e ajudar aos amigos a prepararem o casamento, era algo que simboliza tudo que eles queriam.

James levou a mão até o bolso de sua calça, onde estava o presente que tanto ansiara para dar a Lily. Sempre saía de casa na esperança de topar aleatoriamente com aqueles incríveis cabelos ruivos e orbes esmeraldas pela rua.

O moreno dirigiu seu olhar para a janela da cozinha.

James piscou várias vezes para se certificar do que viu. Sua mente só podia estar pregando-lhe uma peça.

Não era a primeira vez que ele imaginava os cabelos ruivos e os olhos verdes que tanto queria ver novamente pela rua. Em qualquer lugar. Mas aquilo não poderia ser real.

Jay segurou o óculo e olhou para perto da janela.

Sua mente não estava brincando; a figura ruiva que fez seu coração disparar estava ali. E parecia que olhando para ele também.

Lily olhava para a janela, esperançosa. Suas mãos estavam tremendo e dentro do casaco preto grande. O frio bateu violentamente em seu cabelo exposta pela toca.

– Lily – Jay sussurrou e saiu correndo.

– James?! O que está fazendo? – Dorcas e Remo berraram quando viram o vulto de Jay passar como uma flecha pela porta sem nenhum motivo aparente para eles.

James bateu violentamente a porta e saiu em disparada.

Lily arfou quando o viu correndo em sua direção. Lily ia embora, ela não podia fazer James sofrer de novo. Ela viu o necessário quando o fitou na janela. Nunca imaginou que indo ali o veria e que seu coração seria tão vulnerável aos olhares de desespero, da parte dos dois.

Lily puxou mais o casaco e correu de James.

James viu a ruiva se afastar e correu mais rápido, mas ela tinha vantagem de distância.

Eu não vou deixar vou ir embora de novo!

– LILY! – o moreno berrou e logo sentiu gotas pesadas de chuva cair em sua cabeça e sua blusa.



Dorcas e Remo olhavam perdidos para a porta.

– O que aconteceu com ele?

– Não sei, mas acho melhor deixarmos sozinho, Dor.

– Tudo bem – ela suspirou.

– Aumenta aí o volume.

Dorcas apontou para a TV e ainda passava o noticiário.


“Cidadãos britânicos, mesmo Outubro não sendo mês logo do inverno, recebemos a notícia que haverá uma forte chuva. Não saiam de casa por nada. Fiquem dentro de suas casas, protegidos e não saiam!

Eu sou Camile Parker, do jornal British News"


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Notas finais do capítulo

Como eu já disse: Acontece VÁRIAS coisas no capítulo, e não dei tamanha atenção que alguns mereciam, mas.... Sinto muito :( ~chora~
Eu acho que foi necessário. Como o casamento, eu não queri narrá-lo por completo quando ele só seria bom se os amigos do Sirius lindo estivesse lá também, então... Digamos que foi melhor assim. :D
Er... A nossa Lily está amadurecendo (:) Que linda.
Eu queria agradecer muitoooooooooooooo.
Benhês, eu vou ter que revisar o capítulo depois, but tudo bem. Está tudo necessário aí.
E sobre os últimos capítulos :( Provavelmente eu venho com o penúltimo amanhã, mas depende dos reviews e da minha motivação para com isso :)
POR ISSO ME FAÇAM FELIZES :)D
XD
Er... Acho que não tenho mais nada a dizer.
Beeeijo!
COMENTEM XD