Primeira Semana

– Alice! Calma! Você vai me deixar para trás! - Lily gritou enquanto ficava para trás e via a amiga serelepe dobrar a rua.

Alice voltou, sorrindo.

– Lily, vamos logo! Se você realmente ficar grávida, honey, vai ter que se exercitar!

– Claro, claro - Lily sorriu irônica: - O problema é que será moderado, querida. Para onde é que eu vou correr tanto assim? Não é corrida. São exercícios! - Lily disse, colocando as mãos no joelho para controlar a respiração.

– Lily, - Alice fez um barulhinho de estalo com a boca, divertida: - Terá que aprender a correr mais para fugir dos sonhos do Jones! - a morena provocou.

Lily levantou rápido.

– E se eu não quiser aprender a correr mais, hein? - arqueou as sobrancelhas.

– Esqueceu o Potter, meu bem? - Alice brincou e correu de Lily.

– Jamais! - Lily riu e correu atrás da amiga, que ria e fugia da ruiva.

§§§§§§§

– Ai que cansaço! - Lily jogou-se na cadeira da varanda de Alice.

– Você é muito mole, fofa - Alice disse enquanto tirava a faixa que estava em seu cabelo e o tênis.

– Sou nada. Só não estou acostumada - Lily birrou.

– Bom, e aí... E o trabalho? Já disse ao médico que não vai mais trabalhar lá?

– Hm... A amiga de Remo já entrou em contato comigo e próxima semana irei ver a loja que ela quer. Já o James... Acho que ele vai aceitar. Eu já estava falando com ele sobre isso mesmo.

– Ah, tá. Você vai para casa agora? Qualquer notícia, me ligue - Alice disse, observando Lily levantar-se e juntar suas coisas.

– O.k. Obrigada pela corrida. E pode deixar. - Lily foi até a porta e Alice a seguiu. - Vou ligar para a Lene. Saudades dela.

– Vai contar da gravidez?

– Bom, acho que está na hora. E tenho que ligar para Dorcas. Dequaluqer jeito, tchau! - a ruiva despediu-se.

– Tchau! E não esqueça que amanhã nós ainda iremos caminhar! - Alice a lembrou.

§§§§§§§

Lily enrolou os dedos no fio do telefone, esperando Dorcas atender.

Após o terceiro toque, Dorcas atendeu, e Lily se identificou.

– Oi, mana! - apesar de seu entusiasmo para com a amiga, Dorcas deixava transparecer cansaço.

– Dor! Como você está? - Lily indagou, sentando-se no sofá.

– Bem. E também muito cansada. Aqui tem muito trabalho. Mas e você?

– Bem também. Já faz uma semana que aconteceu aquilo - Lily informou-lhe, incerta.

– E aí? Alguma coisa aconteceu? - Dor perguntou.

– É para esperar algo após uma semana de fertilização? - curiosa, Lily perguntou.

Dorcas riu alto.

– Acho que não, penso que sim. Eu sou pediatra, querida!

– Mas é médica! - Lily a acompanhou no riso.

– Mas não sei. Bom, vou tentar. Como você se sente?

– Emocionalmente? Psicologicamente? Ou fisicamente?

– Lily! - Dorcas riu. - Primeiro vamos com o fisicamente.

– Eu estou com meus músculos doendo um pouco pelas caminhadas com a Alice. Mas algo que anuncie gravidez... Nenhum. Eu acho. Não sei como são os sintomas, ué. - Lily deu de ombros.

– Hm... Ainda é cedo. Mas e a Kate liga muito ainda para saber de você?

– Que nada! Ela não quer saber de mim, quer saber do possível bebê.

– Não fala assim, Lily. Você já pode até estar grávida. - Dorcas a advertiu.

Lily encolheu os ombros.

– Mas... Acho que assim fica melhor para lidar com a perda dele depois - a ruiva murmurou.

– Eu sei. Eu te falei. Vai ser difícil quando você for entregá-lo, mas eu estarei aí. Eu acho que ainda volto a tempo.

– Tomara.

– É. Mas depois conversamos. Estão me chamando, mana. Beijo! - Dor se despediu.

– Tchau! Cuide-se! - Lily desligou o telefone.

A ruiva suspirou pesadamente. E balançou a cabeça espantando os pensamentos sobre o dia que daria o bebê que a habitaria por nove meses à Kate. Seria tão duro! Mas ela não queria pensar agora. Ela iria aproveitar. Haveria lado bom em aproveitar uma gravidez sem poder ter 'seu' bebê quando nascesse?

Lily queria acreditar que sim.

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Segunda Semana

– Alice! - Lily berrou exasperada do telefone.

– O que foi, Lílian? - Alice perguntou preocupada, ao telefone.

– Eu... Eu fui ao banheiro nessa manhã e... E, tipo, veio um sangramento. O que será que pode dizer?

– Ah, eu não sei.

– Será que é a regra e não estou grávida? - Lily lamuriou-se.

– Não, ah, não sei. Mas vamos pensar que não. Já parou?

– Sim. Mas... E se acontecer de novo?

– Você vai ao Hospital. Eu vou com você. Qualquer coisa me liga. Beijo.

– O.k.

Desligou.

Lily sentou-se no sofá, bagunçando os cabelos.

Será que não estava dando certo? Estava acontecendo algo ruim a ela?

§§§§§§

– Bom, Lily, esse é o lugar em que quero abrir a loja. O que você acha? - Clarie Simpson, a amiga de Remo que convidou Lily a trabalhar com ela, perguntou quando chegaram a uma galeria toda branca no centro de Londres.

– É um ótimo lugar, Clarie! Perfeito! - Lily admirou-se com a beleza do lugar. Claro que não era tudo isso, até porque a galeria estava toda branca pelas recentes obras, mas imaginando tudo que Clarie colocaria ali, era o lugar perfeito.

Era espaçosa, luminosa, em um bom lugar... Era ótima. Uma proposta irrecusável.

– Que bom! - Clarie bateu palminhas. - Sua opinião para mim é importante. Bom, lá em cima será nossa sala. - Clarie disse e subiu pelas escadas que ficavam mais à frente.

Lily sorriu e confirmou. Clarie era uma pessoa adorável, apesar de ter a aparência de uma pessoa fútil. Sempre andando no salto, Clarie era desse tipo. Ela estava com um salto rosa choque, calça jeans e uma blusa apertadinha e branca com detalhes dourados. Seus cabelos eram loiros, lisos e grandes. Seus olhos eram azuis. Lily, assim que a viu, pensou que seria difícil trabalhar com aquela estilista. Mas Clarie contrariou todas suas ideias. Além de uma profissional excelente, ela era uma pessoa boa. E com certeza sua loja de roupas iria ser um sucesso.

Lily a acompanhou para sua futura sala. Uma sozinha.

Uau!

§§§§§§§

A porta bateu. Lily gemeu um pouco de dor.

– Já vai - murmurou.

Lily rastejou até a porta e viu Alice.

– Olá, amada! - Alice a saudou.

Lily fez uma careta.

– Oi.

– O que houve?

– Ah, sei lá. Estou com uma pequena dor no abdômen.

– Hm... Vim para ficar com você. Que tal? Irei cuidar da senhorita - Alice disse, guiando Lily até o sofá.

Lily deu uma pequena risada e logo fez uma careta. Doeu um pouco.

– O.k.

(...)

– Lílian, vai para o quarto agora! - Alice berrou quando viu o vulto da ruiva descendo a escada.

– Mas, Alice! Não está mais doendo! Eu quero ficar aqui agora, ué!

– Mas você ainda pode estar! Já para o quarto! - Alice a ameaçou com a colher da cozinha.

Lily arregalou os olhos e riu, subindo para seu quarto.

– Lílian! - Lily ouviu de seu quarto a voz de Alice a chamando.

Bufou.

– Eu não te entendo, Alice, você me manda ficar no quarto. Aí quando a pessoa está feliz lá, você manda descer. O que há?

– Telefone para você - Ali disse e correu para ver sua comida na cozinha.

Quando Alice decidia ficar na casa de Lily um pouco, ela achava que era a casa dela.

– Alô.

– Oi, Lílian - Lily ouviu a voz de James imitando a voz de Dorcas. Severa.

Ela riu.

– Oi, Potter! Como vai?

– Bem. E você? - Lily ouviu a hesitação de Jay ao perguntar por seu estado. Ele ainda estava se adaptando a possibilidade - quase realidade - de Lily estar 'segurando' seu futuro filho... Ou filha.

Como ele quer se adaptar, se quem vai segurá-lo sou eu? E se adaptar a quê? Não há nada!, quando Lily pensava assim, a cena do beijo vinha em sua mente e logo tratava de escondê-la para que só pudesse revivê-la quando a noite caísse, e ela se visse sozinha em seu quarto.

Lily pensou em dizer o que andou acontecendo nas últimas duas semanas, mas não.

– Bem também. Para quê para me ligou? - a ruiva foi direta. Talvez isso fosse um defeito seu.

– Er... - Jay riu: - Você é direta, Evans. Mas eu liguei só para conversar mesmo, sabe? - Lily riu.

Se fosse um homem - que é casado e vocês haviam se beijado - ligasse para você pedindo para conversar, ele ficaria com um pouco de vergonha em ao menos pedir. Mas James era maroto. Lily jurava um dia vê-lo ficar sem graça.

– Ah, tá. Então... E aí? - Lily sentou-se no sofá. 

– Nada. E você? - Jay perguntou.

Contaria o que houve antes? Não.

– Nenhuma também - Lily pensou.

Lembrou do trabalho.

– James, eu preciso conversar com você.

– Hm... Tá bom. Amanhã à tarde no Greenwich Park, o.k.?

Lily balançou a cabeça quando as memórias daquele dia vieram-lhe a mente.

– Tudo bem. Adeus.

– Tchau. - James desligou.

– Lílian, a comida está pronta! - Alice a chamou.

Lily suspirou e foi de encontro a amiga.

§§§§§§§§

O Greenwich Park - diferente do daquele dia de Lily e James -, estava aparado e sem nada. Sua grama estava verdinha e algumas flores começavam a crescer.

Apesar de James ter chamado Lily até lá, eles não ficaram lá.

Lily acenou quando o viu. Ele retribuiu e seguiram para uma sorveteria.

(...)

– Jay, eu não vou mais trabalhar no Hospital - Lily soltou enquanto tomavam seus sorvetes em uma das mesas da calçada da sorveteria. A ruiva observou atentamente o moreno.

– Hm... E vai trabalhar onde? - James tentou se manter indiferente.

– Eu recebi uma proposta na minha área. É uma ótima proposta.

– Ah! Que bom, ruiva! Parabéns! Fico feliz por você ter conseguido - James desejou-lhe, imitando entusiasmo. Lily poderia não estar notando, mas uma tristeza batia-lhe no coração ao saber que não a veria mais lá.

– Obrigada - Lily calculou um sorriso, enquanto só queria ficar calada. Por que James não fica triste com minha ida? Não faço a menor diferença mesmo!

Só que ela não percebia o quanto ele poderia estar abalado.

§§§§§§§§§§§

– Lílian! - Alice gritou quando viu a ruiva deitado, cochilando em seu sofá.

– Lily, acorda! - Alice tentou despertar Lily.

A ruiva levantou assustada e coçou os olhos.

– Vamos correr. O que faz dormindo? - a morena colocou as mãos na cintura.

– Eu estou cansada. Não quero mais correr - Lily disse, bocejando.

– Lílian, você passou a tarde toda dormindo, como pode? Como pode estar cansada de não fazer nada?

– Estou cansada e não vou mais correr - Lily disse, pondo sua opinião final, ajeitando-se confortavelmente no sofá.

– Tudo bem. Outro dia, então. - Alice bufou, ligando a TV.

Terceira Semana

– Bom, e quando você começa no emprego? - Dorcas perguntou ao telefone.

– Essa semana a Clarie ainda está levando os móveis e as coisas. A próxima semana começa, já - Lily respondeu.

– Hm... E a Marlene? Você já falou com ela?

– Não. Sinto a falta dela, mas sei que terei que falar tudo para ela. Não quero assustá-la, sabe? Mas vou ligar. - LIly prometeu mais para si mesma do que para Dorcas.

– O.k. Aii! - Dorcas berrou de entusiasmo: - Acabou de chegar um bolo delicioso de chocolate para mim! Lindo!

Lily imaginou o bolo - e até seu cheiro -, e seu estômago embrulhou.

O que há comigo? Eu amo bolo de chocolate!

Sem parar, as entranhas de Lily se contraíram e a levou a correr para o banheiro, abandonando Dorcas na linha.

– Lily? Está aí?

(...)

Lily escovou os dentes. O que está acontecendo?, ela se perguntava, mesmo no fundo, sabendo qual seria a resposta.

Correu para pegar o telefone.

– Dorcas?

– Oi! O que houve?

– Não sei. Eu só imaginei o bolo e seu cheiro, sei lá, me deu ânsia. Só isso.

– Hm... Devo te dar os parabéns, ruiva?

§§§§§§§§§§§§

– Sabe, eu acho isso tudo tão legal. Tudo tão lindo! - exclamou Alice, feliz, ao olhar as roupas penduradas nas estantes.

– Isso tudo é tão você. Só lembro-me da Lene - Lily disse de dentro do provador.

Lily havia feito Alice ir com ela comprar roupas mais adequadas ao estilo do trabalho na loja.

– Já provou, querida? - Alice se encaminhou para dentro do provador.

– Ai! Essa... Blusa... Não está fechando! Droga! - Lily disse, entre a respiração enquanto fechava a blusa na parte do busto, onde estava apertado.

– Acho que deve pegar um número maior.

– Mas esse é meu número! - Lily protestou.

– Mas...

– A parte do busto está apertada!

– Lily, acho que já está na hora de fazer...

Lily a interrompeu:

– Eu vou fazer o exame, Alice. Mas antes eu quero arrumar a minha vida para ter a certeza absoluta disso e seguir em frente. Ficará mais fácil. Quero me estabilizar no emprego, primeiro. E ajeitar as coisas com a Lene, ela me faz falta.

– Tudo bem. Mas nós vamos. - Lily revirou os olhos, preocupada.

Alice sorriu quase feliz pela amiga. Feliz, pois ela conseguiu engravidar. Triste, pois o bebê não seria dela.

§§§§§§§§§§§§§§§§

Lily tamborilou suas unhas na mesa, em frente ao telefone. Queria ligar para Lene, mas a coragem lhe fugia.

Quando finalmente pegou o telefone, a campainha tocou.

– Oi, Lily!

– Remo! Que prazer a sua visita! - Lily disse surpresa, mas feliz pelo amigo ido ter visitado-a.

Ele riu, sem graça.

– Bom, o James me deu seu endereço e tal, e eu vim te chamar para sairmos, sabe? Eu não conheço totalmente Londres ainda e nem você, mas eu tenho um guia turístico. Poderíamos ir.

– Ah! Claro. Vou pegar meu casaco - Lily disse. Entrou e pegou o casaco.

– Vamos - Remo a chamou. Lily assentiu e fechou a porta, olhando pela última vez, o que poderia ser sua ligação que resolveria um pouco as coisas.

(...)

– Como anda as coisas com você? - Remo perguntou quando eles se dirigiam ao cinema. Se bem que o cinema não fazia parte da rota turística, mas Lily sugeriu dizendo que queria assistir ao novo filme, mas ela estava cansada de andar. Não queria contar muita coisa para Remo sobre o que andava lhe acontecendo, pois o mesmo era amigo de James. Mas Remo era seu amigo também, e Lily confiava nele.

– Acho que funcionou.

Remo a olhou confuso, mas depois entendeu.

– Ah! Bom... Confirmou com o exame?

– Não. Quero ir ainda essa semana. Assim o resultado demora mais um pouco - a ruiva disse, sentando-se.

– Pode ser - Remo disse.

– Não conte nada a James. Quando eu confirmar, eu contarei aos dois. Pode deixar.

Remo sorriu-lhe bondoso.

– Claro. Não contaria - prometeu.

(...)

– Muito obrigada por me chamar para se divertir, Remo.

– Obrigado você. Você é uma ótima companhia - respondeu.

Lily riu alto.

– Que nada! Eu saí um milhão de vezes para ir ao banheiro!

– Verdade. Perdeu até o sentido do filme, Evans.

Lily acompanhou Remo rindo.

– Não é?! Eu nem sei mais o que foi o filme.  - Lily parou na porta de casa.

– Bem, ruiva, não se esqueça de ir ao médico. Ficará tudo bem. Estou torcendo por você - Remo a abraçou.

– Obrigada, novamente. Pode deixar. Tchau - Lily abriu a porta.

– Tchau - Remo despediu-se e foi embora.

– Não vou mais ligar. Já está tarde - Lily deu um desculpa para si mesma. Queria tanto adiar a conversa com Lene, mas não dava. Teria que ajeitar tudo.

Sentou-se e discou.

Após a segunda ligação e o teceiro toque, o telefone de Marlene atendeu.

– Alô - uma voz grave atendeu. Sirius, deduziu Lily.

– Sirius? É a Lily.

– Ah, Lily! Saudade, ruivinha - ele disse, mas sem sua brincadeira na voz. Estava monótono.

– Cadê a Lene, Sirius? Eu precisava falar com ela urgente.

– Er... A Marlene não está aqui - ele disse.

– Como? E onde ela está? - Lily perguntou preocupada.

– Ela saiu. Acho que está no Hospital, Lily.

– Ah, tudo bem - Lily respondeu. Sua amiga estava cuidando de seu pai: - Não precisa avisar que eu liguei. Depois ligo. E, Sirius, também sinto saudades suas.

Sirius riu.

– Ok, Evans. Beijo. Cuide-se. Também sentimos sua falta - ele respondeu, e Lily desligou.

A culpa por ser egoísta embalou Lily por completo. Sua amiga, que se empenhava para cuidar todos os dias em seu lugar do próprio pai, só exigia de Lily que a ruiva contasse-lhe o que estava acontecendo. E nem isso Lily queria. Não queria contar-lhe a coisa mais importante que estava lhe acontecendo.

– Preciso resolver isso.

– Está pronta? - Alice perguntou.

– Não. Mas tenho que ir. Confesso que ando curiosa também - Lily riu nervosa.

– Bom, vai dar tudo certo. Vamos - Alice a guiou para a entrada do Hospital.

– Nós apenas iremos coletar uma amostra de seu sangue para ser examinado e determinarmos se está grávida, senhorita Evans. - uma enfermeira disse a Lily.

Lily sorriu assentindo.

– Tudo bem. E o resultado sai quando?

– Daqui a quatro dias. - a enfermeira respondeu e pegou os materiais. Alice fez uma cara assustada ao ver a agulha. Lily riu.

Alice odiava agulhas.

Quarta Semana

Lily respirou fundo e abriu a porta da galeria. A loja estava linda. Tinha todo tipo de roupa, jóias, sapatos, perfumes etc. Estava decorada de rosa e branco.

Na entrada, havia uma placa com o nome: Dark Secrets.

– Lily! Você chegou! Vamos começar? Eu quero... - Clarie viu Lily e começou a tagarelar feliz. Lily perdeu-se na voz da loira e só a seguiu.

Agora, a dúvida assolava-lhe a mente: Clarie aceitaria Lily grávida? Ela não tinha nem começado a trabalhar e teria que entrar em licença! Como seria?

Ela entenderia ou demitiria Lily?

Lily preferiu esperar. E, automaticamente, na defensiva contra qualquer coisa, Lily pôs a mão em seu ventre.

§§§§§§§§§§

– Lily, fica calma e pára de tremer, garota! - Alice a tranquilizou com seu jeito.

Lily bufou.

– Que coisa! Eu não estou tremendo e eu estou calma!

– Não parece, querida - Alice bateu em seus costas carinhosamente.

– Eu não quero estar calma, deve ser isso.

– Mas deveria. Você vai abrir agora ou depois?

– Acho que em casa. Você já tem sua certeza, não é, Alice?

– É verdade. Não preciso de exame de trouxas para confirmar isso, amiga. - ela sorriu.

– Tudo bem. Vou pegar. Obrigada por ter vindo comigo. - Lily despediu-se da amiga e entrou para o que seria a certeza mais absoluta de sua vida.

Ai ai...

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– Por que eu estou tão agoniada se eu sei a resposta daquela droga de papel?! - Lily falou sozinha enquanto andava sem parar.

– Tenho que abrir e notificá-los!

A campainha tocou e Lily arregalou os olhos olhando para seu papel. Guardou-o na gaveta e foi abrir.

– Jones! - atônica, Lily pronunciou.

– Meu nome. Como você vai? - David perguntou, já entrando.

– Ei, já vai entrando assim?

– Eu vou bem também, já que você perguntou, baby girl. - David disse, sentando-se.

– Seu folgado! E por que todos querem me dar apelidos?

– Por que é legal.

– O que aconteceu, Jones?

– Nada. Só vim conversar. Estava sem nada para fazer.

Lily riu irônica.

– E eu sou a última opção?

– Não. É a primeira e única, por isso não havia nada para fazer.

– Jones, eu... - Lily parou de falar. Tantas confissões!

Ela precisava contar para David sobre a gravidez. Não dava mais para ficar escondendo das pessoas. Daqui a um tempo, a barriga crescerá e será pior. Mas talvez ele a ajudaria, ou o mais provável, ele a deixaria. Ótimo.

– Você...? - David incentivou.

– Olha, vou te contar uma coisa importante. No fim, você poderá sair sem nunca mais falar comigo. Mas ouça tudo que eu disser e não me julgue. Mas eu preciso contar - ela anunciou. David concordou e não se abalou.

Lily respirou fundo. Bom, pelo menos ela não devia algo muito importante para David. Afinal, ele havia conhecido-a quando já tinha tomado sua decisão. E eles eram amigos, não é?

– E eu agora estou sem coragem de abrir o envelope para confirmar a gravidez. Minha vida anda meio bagunçada, não é? - Lily deu uma pequena risada quando acabou de contar.

David permaneceu assentindo e sem expressão de qualquer coisa durante o discurso de LIly.

– Uau! - ele pronunciou.

– Olha, David, eu irei entender se você quiser sair, mesmo sem motivos, mas... É estranho e tal, mas já foi feito e nem eu mudaria minha decisão se pudesse voltar atrás - Lily disse abrindo o jogo. Não iria mais esconder e nem mentir. Ela sentia que David poderia ser o melhor amigo.

– Eu não vou, Lily. Como você disse, nós somos amigos e sua decisão já estava tomada. Isso é a sua vida. Não há motivos para isso. Eu vou ficar com você, e quando você precisar de alguma coisa. Estarei aqui - ele a surpreendeu com sua resposta. Lily suspirou aliviada, já estava acostumada a ver as pessoas irem embora de sua vida.

– Obrigada - suspirou. David sorriu e aproximou-se para abraçá-la.

– Vai ficar tudo bem. Você vai abrir o envelope e vai seguir com isso, pois é o que você quer.

– Você existe mesmo, rapaz? - Lily riu.

– Em carne, osso e só seu - ele deu uma piscadela engraçada para Lily.

– O.k., o.k. - Lily pegou o papel e olhou para David.

– Abra - ele incentivou e sorriu.

Lily abriu e leu. Mas só no fim havia: positivo. Dera positivo o exame.

Agora era sério. E realidade.

– Como se sente? - David perguntou, olhando-a quando Lily olhou fixamente para o papel.

– Grávida - ela murmurou.

David riu e a abraçou. Lily continuou quieta, estupefata. Era verdade. Que responsabilidade.

– Parabéns!

– Er... Obrigada. Eu... Eu me sinto... - Lily se perdeu nas palavras e seus olhos ficaram um pouco molhados e o nariz pinicou.

– Shhiiu. Está tudo bem. Amanhã nós vamos à casa do Potter e daremos a notícia a eles - David tornou a abraçá-la.

– Nós?

– Sim. Não deixarei você sozinha agora. - ele riu.

Lily sorriu agradecida. Mostrando-se muito agradecida pelo apoio que ele estava dando-a.

– Obrigada, Jones - ela deu uma risadinha, limpando o canto do olho.

– Não há de quê. E se um dia o Potter não se der conta do amor que ele está perdendo, eu estarei aqui. - ele riu e beijou a testa de Lily.

Lily riu e corou.

– Você não está falando de mim, não é?

– Você quem sabe - ele a olhou significativo.

Oh, yeah!... Estou, definitivamente, grávida. E também não estou sozinha.

Eleanor Roosevelt uma vez disse, "Você ganha força, coragem e confiança com cada experiência em que você realmente pára e olha o medo na cara; você deve fazer a coisa que pensa que não pode fazer."