Suspirei passando a mão no cabelo. Ela sentou-se ao meu lado, puxando meu braço.

― Ferulo! ― agitou a varinha. E percebi que tinha um corte no antebraço, corte pelo qual ela criava bandagem.

― Obrigado. ― disse simplesmente.

― Sabe, ando com medo do que vem por ai... Agora que ele voltou. ― ela disse estremecendo. Fiquei tenso.

― Não tem porque ficar com medo. Não tem nada a temer... ― as redundâncias iam saindo, conforme me focava nos olhos dela.

A sensação que senti no inicio do ano na viajem para Hogwarts veio com tudo, agora mais forte. Ela também me encarava, sem receio, passou a língua no lábio, meu corpo refreou.

Minha mente estava vazia de problemas, focada apenas nesse instante.

E adotando uma atitude que qualquer pessoa reprovaria, Astoria se aproximou, e me beijou.

Quando olho dentro de seus olhos

O céu tem um tom diferente de azul

De primeira era somente o lábio úmido nos meus tudo bem inocente. Mas no momento em que senti sua língua, foi uma explosão de desejo.

Ergui minha mão segurando forte seu pescoço, ela pode ter começado, mas só terminaria quando eu quisesse.

Segurei fortemente também sua cintura, senti ficar tensa.

Nossos lábios se afastaram um pouco e abri meus olhos, os dela ainda estavam fechados. Suspirou e sua respiração me invadiu, aumentando a vontade de beijá-la novamente.

Finalmente olhou para mim, seu rosto ficando gradativamente vermelho, tentou afastar ou virar o rosto, mas minha mão ainda estava em seu pescoço impedindo qualquer movimento.

― Com licença... ― murmurou encabulada, tentando se esquivar.

― Agora esta com vergonha? Na hora de me agarrar não se lembrou de ter compostura.

Disse, ela arregalou os olhou.

― Não te agarrei!

Gargalhei alto.

― Ah não sua pirralha? ― seu olhar passou de assustado para triste.

Algo ruim revirou dentro de mim.

― Foi um beijinho, você que esta me agarrando Malfoy, solte meu pescoço!

Descobri que o que tinha revirado ruim era arrependimento. Não queria ter chamado Astoria de pirralha, não queria ter a deixado triste. Queria beijá-la novamente.

― Hei, para de se contorcer como uma cobra, fique quietinha.

Ela obedeceu, aproveitei para aproximar meu rosto novamente do seu, sentia sua respiração acelerando com o beijo que chegaria. A outra mão alisou sua barriga e ela se afastou, puritana.

Mordi levemente seu lábio inferior e ela arfou, foi à gota d’água para beijar loucamente.

Como nunca tinha dado um agarro nessa menina? Afinal estava na cara seu interesse em mim, ela bem que tinha ficado gostosa. E beijava bem, como se o mundo pudesse acabar no outro dia.

Lembrei de Voldemort, e de como o peso das palavras sobre o mundo acabar no outro dia poderiam ser reais. Afinal o planeta não precisa se explodir para que isso aconteça.

Basta que a pessoa morra, daí o mundo acaba... Pelo menos para essa pessoa.

Ergui um pouco a cortina, tendo a visão nublada da viagem, abracei Astoria ouvindo-a suspirar.

Estava preocupado com o que viria, senti meus olhos pesarem.

― Ei, Malfoy... Acorde bebe.

Que inferno de bebe?

― O que? ― perguntei empurrando levemente a menina.

― Chegamos à estação. ― me levantei.

― Ah... Bom, então boas férias.

― Só isso que tem a dizer? ― ela perguntou ficando de pé.

― O que você queria? Que falasse que te amo, é a mulher da minha vida e pedisse em casamento?

Disse de uma vez, me arrependi quando os olhos enormes e azuis encheram de lagrimas, eu tinha mesmo que ser sempre tão seco?

Ouvi o barulho das pessoas andando no corredor.

― Olha, tchau Greengrass. ― disse, ela virou de costas para mim.

E eu não conseguia sair.

Num movimento brusco e possessivo, puxei seu braço e selei novamente nossos lábios. Ela ficou um tempinho parada, mas logo correspondia ao beijo, prova disso eram os braços que passaram a minha volta.

― Se cuide Draco.

E dessa vez sai sem olhar para trás.

Na estação tive a visão de uma Narcissa magra, pálida e cheia de olheiras.