As coisas aqui estão aparentemente tranqüilas. As nossas tropas estão indo bem na frente ocidental e se segurando como podem na União Soviética. Eu e o Naruto discutíamos sobre o melhor meio de vencer a guerra sendo observados pela Ino e a Hinata com a maior atenção.

– As coisas não funcionam assim Naruto! – era uma simples conversa, mas o tom de voz era um pouco alto.

– O que quer dizer?

– Quero dizer que se continuarmos assim a nossa derrota é inevitável.

– Então para você Guderian* não tem chance na União Soviética?

– Isso mesmo. Os Panzer** que ele comanda são fortes mas encontraram um oponente à altura.

– Oponente?

– Pelo que ouvi os soviéticos construíram um tanque*** capaz de enfrentar os nossos de igual para igual.

– Nossa. Desde quando eles têm um exército tão forte?

– É esse o ponto. O exército deles e o inverno estão contra nós.

Essa conversa foi interrompida porque chegou a hora do almoço, mas ao terminar o assunto foi retomado.

– Então a situação atual é essa. – continuei – Temos tropas na França, na União Soviética e pra complicar ainda perdemos tempo na África.

– Nisso eu concordo. Eu ouvi que a Itália invadiu o Egito e Rommel**** foi enviado para lá como apoio.

– Mussolini pode ser político mas não sabe lidar com uma guerra desse tamanho. E lá na Itália ainda o chamam de Duce*****. Pra mim esse Duce e o país dele vão ser os primeiros a pedir rendição.

– As forças que estão apoiando a Itália poderiam ser decisivas para nós.

– Exatamente. Agora sim você entendeu o meu raciocínio.

Apesar de discordarmos no começo, terminamos com a mesma opinião. Nisso as meninas nos chamaram e fomos até elas.

– Que discussão hein? – fui perguntado pela Ino

– Não foi discussão. Eu só expliquei porque podemos perder essa guerra por falta de inteligência dos superiores.

– Você entende muito de combates.

– O treinamento na academia militar serve para alguma coisa.

– Está nervoso?

– Como assim?

– Você parece tenso.

– É que estou em um beco sem saída.

– Como assim?

– Se perdermos essa guerra há uma grande chance que eu morra em batalha; se vencermos a Alemanha não vai abrir mão de matar todos os judeus, incluindo você.

– Um beco sem saída mesmo...

– E não é?

– Mas vamos esquecer isso. Você conseguiu o violão?

– Consegui, mas tem duas cordas quebradas. Ainda preciso consertar.

– Conserta logo que eu estou ansiosa para ouvir a sua música.

– Vou avisando que ela não é grande coisa.

– Não tem problema.

Eu vi que ela realmente queria ouvir minha única música, até sermos interrompidos pelo Naruto.

– Vai mesmo cantar aquela música?

– Ela diz que está ansiosa. – respondi.

– Por que a pergunta? – perguntou a Ino

– Quando você ouvir essa música é capaz de se apaixonar por ele de vez.

Continuamos a conversar até tarde, demos muitas risadas e nem parecíamos inimigos. A verdade é que realmente não somos inimigos, essa guerra é que nos colocou em lados opostos. Antes de dormir a Ino me fez prometer que assim que consertasse o violão, eu iria cantar para ela. Essa frase “cantar para ela” é meio meloso, lembra uma serenata e aliás só vou fazer isso por causa da insistência dela. Ah droga. Pra que mentir? Armas, prisões, mortes, campos de concentração... pra mim isso vai acabar mal pra todo mundo como sempre aconteceu em todas as guerras. E como também estou envolvido nisso, só me resta torcer e lutar para que momentos felizes como essa noite não acabem mortos como os judeus ou presos como a Ino.