Prisioneiras do Terror escrita por Bruno Silfer


Capítulo 4
Capítulo 4: Lados Opostos




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Hoje com certeza foi o meu pior dia aqui. Além das más notícias que recebi da frente oriental me foi pedido que substituísse um dos guardas que recolhia os corpos dos prisioneiros após as execuções e dificilmente vou esquecer o que vi.

Primeiro fomos buscar as vítimas que estavam desde a cela 193 até a 293 no total de 513 pessoas. Podem parecer poucos, mas não poderíamos matar todos de uma vez já que eles de um jeito ou de outro nos são úteis. Então os conduzimos a um galpão que, a primeira vista, parecia ter capacidade para cerca de duas mil pessoas. O que me surpreendeu foi que é dito a eles que estão sendo conduzidos para o banho, tanto que na parte de cima há peças que lembram chuveiros que, para mim, são realmente chuveiros. Eles ficam tranqüilos até notarem que desses chuveiros, em vez de água, sai um gás tóxico que mais tarde descobri se chamar Zyklon-Z, muito potente que matava em no máximo quinze minutos. Os corpos dos prisioneiros não são descartados imediatamente, antes disso nós retiramos deles algumas coisas que podem ser úteis como por exemplo as jóias e dentes de ouro; os cabelos, que servem para rechear colchões; e a gordura, para fabricar sabão ordinário sem cheiro que é enviado ao exército. Voltei pensativo ao meu posto e, quando cheguei, um sorriso brotou nos lábios da Ino.

– Está feliz Ino?

– Um pouco. É... posso perguntar uma coisa?

– Claro que pode.

– O Naruto disse pra Hinata que vocês querem salvar a gente. Isso é verdade?

– Então ele contou a vocês? Sim, é verdade.

– Eu me enganei em relação a você. Desculpa por ter gritado com você naquele dia.

– Esquece. Acho que eu não faria diferente no seu lugar.

– Mas você parece preocupado. O que aconteceu?

– Não sei se é bom você saber.

– É tão grave assim?

– Muito.

– Então me conta.

Eu não queria mas acabei contando o que vi nas câmaras de gás e o modo que os prisioneiros são executados. Ela ficou com medo e isso fez com que eu me arrependesse de ter falado aquilo; bom, mais cedo ou mais tarde ela acabaria descobrindo e pela pior maneira.

– Nossa! Por que isso? – mais uma vez o medo refletia em sua voz

– Eu também não entendo.

– Não entende mas ajuda né?

– Eu estou cumprindo ordens. Você acha que eu concordo com esse genocídio?

– Desculpa. Eu sei que você não é assim. Espera.

– O que foi agora?

– Eu sei que o Naruto quer salvar a Hinata porque gosta dela. E você? Por que quer me salvar?

– É que... – respirei fundo – Não sei.

Resolvi sair senão eu poderia falar o que não devia. Ao voltar peguei meu caderno e comecei a escrever. Há alguns dias a Ino fica me olhando enquanto eu escrevo até que ela resolveu falar.

– Gaara.

– O que foi?

– O que você tanto escreve?

– Estou registrando o que vejo aqui por todo o tempo que durar essa guerra.

– Eu tinha um diário, mas quando me trouxeram pra cá não pude trazer.

– Quem sabe um dia alguém ache esse meu caderno e veja o que escrevi sobre o que passei nesse lugar.

– Posso escrever também?

Então era isso que ela queria. Ela me observava principalmente para não se sentir mais sozinha e como não tinha mais seu diário resolveu me pedir o caderno. Resolvi deixar ela escrever aqui, por isso o próximo manuscrito desse caderno será da Ino. Quem sabe assim eu possa entendê-la pelo menos um pouco e fazer com que ela se sinta melhor. Então me despeço com a curiosidade pelo que a Ino vai escrever e com a imagem dos prisioneiros mortos na minha mente.


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