Prisioneiras do Terror escrita por Bruno Silfer


Capítulo 2
Capítulo 2: Mudança de Rumo




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Fim de mais um dia e a rotina é sempre a mesma. O meu trabalho é selecionar prisioneiros fortes e eles são encaminhados para os trabalhos forçados em outra parte do campo. Lá eles produzem principalmente utensílios e outras coisas para abastecer as tropas.

Logo no começo, mais precisamente na quarta leva de prisioneiros, aconteceu algo que até agora está mexendo comigo. Ao anoitecer eu estava no meu posto e notei dois vultos que se mexiam na escuridão da parte afastada da cela. Estranhei e ao iluminar o local com uma lanterna vi duas garotas escondidas na parte mais distante e escura da cela; elas não saíram com os outros e ficaram no mesmo lugar até aquela hora. Como isso não era esperado, resolvi chamar o Naruto para decidir o que fazer.

– Naruto! Vem aqui!

– O que é? – respondeu ele vindo onde eu estava

– Olha ali. – apontei

– O que elas fazem aí?

– Achei as duas escondidas. Devem estar aí desde a manhã.

– Eu lembro delas. Vieram com os prisioneiros de ontem.

– Elas se esconderam bem. Tanto que só percebi agora.

– Contamos ao comandante?

– Não. Se ele souber vai levá-las.

Então decidimos falar com elas. Saber pelo menos de onde vinham. Cheguei perto da grade e chamei uma delas.

– Olá. – admito que foi uma saudação sem graça

– Sabe de uma coisa? – disse Naruto ao ver que elas não respondiam – Acho que elas não sabem falar alemão.

– Tem razão. – disse eu e levantei

Quando saíamos fomos interrompidos por um chamado.

– Esperem. – disse uma voz trêmula – Eu falo alemão sim.

A dona dessa voz era uma jovem que à primeira vista deve ter uns dezoito anos mais ou menos, mas que impressionou pela beleza: seus cabelos são loiros se aproximando do dourado e seus olhos são azuis como um céu aberto.

– Como se chama? – perguntei

– Ino. – sua voz continuava trêmula e não me olhava nos olhos

– Não tenha medo. Só queremos conversar.

– Isso mesmo. – confirmou Naruto

Depois disso ela tomou coragem e o tremor saiu de sua voz.

– De onde vocês são? – perguntei

– Eu sou de Nuremberg e ela é italiana de Veneza. – apontou para a amiga

– Vem aqui também. – Naruto a chamou

Ela se chama Hinata, é bem reservada e facilmente se envergonha. Pelo que soube, elas se conheceram aqui e foram vítimas da contínua deportação de judeus que ocorre em toda a Europa ocupada pela Alemanha hitlerista. Quando ela chegou, logo ficou conversando com o Naruto enquanto eu falava com a Ino.

– Por que está aqui? – Ino me perguntou

– Eu ainda estava no meu treinamento quando essa guerra começou. Como fui convocado aqui estou eu.

– Gosta do que faz?

– Não tenho do que reclamar. Mas minha consciência pesa.

– Por quê?

– É melhor que você não saiba.

– Tudo bem. – (bocejo) – Então vou dormir.

Essa conversa foi há pouco mais de três horas. Minha consciência pesa porque sei qual é o destino dos presos que eu não seleciono: todos são executados sem remorso nas câmaras de gás que existem aqui. Agora que conheci essa garota uma pergunta me veio à mente: será que os judeus são realmente culpados pela guerra como nos foi informado? Eu estou vendo ela dormindo como um anjo e não consigo compreender que culpa ela pode ter nisso. Sei que parece loucura, mas eu não quero que ela morra. Se for para cumprir o meu dever terei que manda-la para a morte amanhã mesmo. Ah droga! Não sei o que fazer! Devo estar ficando maluco em querer salvar uma prisioneira. Será que tenho coragem? Não sei...


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