Convivência Por Contrato escrita por cellisia


Capítulo 10
Capítulo 10 - Dia Sete: 22/05


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi fruto de muita, muuuita pesquisa e muitas noites sem dormir (kkkkkkkkkk até parece).
Mas é sério: Nunca, em toda a minha vida, li sobre tanta coisa afrodisíaca. Até pros meus amigos eu perguntei, é.
Ah, e um agradecimento especial à IStars. Muito obrigada por ter recomendado a fic *-* Amei viu? De verdade! Muito fofa mesmo ^^
Gatinha do meu ♥ (Itachi é o dono do meu coração, você sabe, mas eu te dou um pedacinho dele ^^)



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Dizer que Sakura acordou às 07:00h seria uma baita mentira, porque na verdade ela não dormiu. Definitivamente não conseguiu.

Quando estava a um passo de entrar no mundo dos sonhos, uma barulheira vinda do primeiro andar a impediu.

Eram piadas infames e obscenas, risos, gargalhadas que acabavam em gritos, coisas pesadas caindo no chão, e, no fim conversas sem o menor sentido.

Devido a esses pequenos detalhes, ela passara a noite rolando na cama de um lado para o outro, contara carneirinhos e até tampara as orelhas com o travesseiro. De nada adiantou, porque quando fechava os olhos, prestes a dormir, a bagunça do andar de baixo recomeçava.

Apesar dos olhos inchados, e a cabeça e o corpo doendo, foi-lhe um alívio quando deu a hora em que deveria estar de pé, pois ao menos o suplício teria fim.

Ela então fez sua higiene, se arrumou (tão rápido quanto conseguiu) e desceu as escadas. Enquanto descia, um homem passou por ela correndo na direção oposta e trancando-se no banheiro social - aquele que não fora limpo.

Como já era de se suspeitar, a visão do primeiro andar não podia ter sido outra: Além da cozinha, a sala agora se encontrava no mesmo estado. Lixo, sujeira e bagunça por todo lado. A única diferença era que, agora, havia homens ali.

Sakura contou cinco. Sasuke estava desmaiado no sofá com uma garrafa de sakê ao lado; Naruto e um outro homem estavam sentados no chão, perto da lareira, rindo, abraçados enquanto cantarolavam uma musiquinha ininteligível e contavam piadas indecentes; um outro estava deitado na mesa, de barriga pra baixo, emitindo gemidos estranhos, e por último ela se lembrou daquele que passara por ela. Provavelmente estava vomitando no banheiro.

A bebedeira era tanta que eles nem viram a rosada parada ali na porta. Ela pigarreou, lhes chamando a atenção.

O espanto foi geral. Em dois tempos estavam todos de pé. Ou tentaram manter-se assim. O desequilíbrio fazia com que "gangorrassem" sobre as pernas. O único que continuou do jeito que estava foi o Uchiha. Ele apenas entreabriu os olhos, fitando-a com deboche e desprezo.

A Haruno não tinha dito nada, mas o medo era tanto que Naruto começou a dobrar-se em desculpas, explicações e sorrisos amedrontados, sendo imediatamente imitado pelos outros.

–Não quero saber, Naruto. - Sakura interrompeu o falatório, se segurando para não gritar - Eu vou chegar atrasada ao hospital e vocês à Força Policial, vocês são policiais, certo? Vamos todos ouvir sermão de nossos superiores, mas ninguém sai enquanto esta sala não estiver limpa! Ou pelo menos do jeito que a encontraram ontem.

Ela não gritou e nem usou de violência, o que os deixou ainda mais amedrontados e desesperados para saírem logo dali.

–Isso mesmo, seus vagabundos. - Sasuke, que tinha levantado do sofá, disse com um sorriso irônico e debochado - Se a Sakura falou acabou.

–QUÊ!? - O Uzumaki gritou - Sasuke! Você sujou, então pode vir ajudar a limpar também!

–Hunf! - Ele bufou e se dirigiu à porta.

Imediatamente Sakura pôs a mão no peito dele, impedindo-o de sair, e o empurrando para trás.

–Parado aí! - Sibilou ela em voz baixa - Desde que nos mudamos pra cá, essa casa não é limpa. Você se recusa a me ajudar e ainda a suja mais. De chiqueiro já basta a cozinha! A sala... Ah, mas isso eu não vou permitir!

O Uchiha, como sempre, se limitou a exibir seu sorriso irônico, como se o que ela acabara de falar não merecesse a menor atenção.

A rosada então o segurou fortemente pela camisa - de modo que suas unhas começaram a arranhá-lo por sobre a roupa -, enquanto o encarava duramente, como se o ameaçasse.

Sasuke, porém, ainda com seu sorriso presunçoso, simplesmente soltou-se de suas mãos, passando por ela, e subindo as escadas.

–Teme!... - O loiro sibilou enquanto mostrava os punhos cerrados.

–Tsc! - A rosada suspirou enquanto pensava seriamente se deveria subir e puxar o Uchiha a força, obrigá-lo a limpar a bagunça. Virou-se então para o amigo: - Escute aqui, Naruto. Eu ainda estou bem calma. Nem comentei sobre o fato de vocês terem aprontado o diabo a quatro, me impedindo de dormir. Então acho melhor você calar a boca e começar a arrumar isso aqui antes que eu me irrite.

Ante o olhar penetrante e ameaçador dela, ele nem continuou a reclamar. Tratou de começar a trabalhar. Os demais, conhecedores da violência e da força anormal de Sakura, imediatamente seguiram seu exemplo.

Eles terminaram de arrumar a bagunça da sala quase três horas depois, e claro, Sasuke e o outro policial que ficara no banheiro nem apareceram para ajudar.

O local não estava 100% limpo. Ainda havia manchas de bebida no sofá e farelos entre as ripas da madeira do chão, mas isso já era de esperar vindo de dois policiais bêbados... e o Naruto.

Sakura tentou obrigá-los a também limpar a cozinha, mas eles recusaram-se veementemente dizendo que, já que não sujaram, não tinham a obrigação de limpar. Bem, o Uzumaki tinha, na verdade, mas quanto a isso ele não se pronunciou.

De qualquer forma, assim que lhes foi possível e permitido, exceto o Uchiha, todos os outros saíram correndo com medo de a rosada, repentinamente, ter um acesso de fúria por algum motivo qualquer (até o policial que não ajudou na limpeza saíra desembestado do banheiro. O safado ficara lá dentro, mesmo depois de ter terminado o que estava fazendo, apenas para não ter que ajudar).

Sasuke e seus colegas de trabalho foram para a Força Policial, Sakura para o hospital e Naruto sabe-se lá pra onde. Provavelmente fora comer rámen ou aprontar na aldeia.

O turno da rosada começava às 08:00h, mas, devido a esse atraso, chegou ao hospital às 11:45h, e como era ela a “chefe”, não recebeu sermão de ninguém, mas isso não quer dizer que os demais não ficaram fofocando e insinuando coisas:

–Hunf! Ela acha que só porque se casou com o Sasuke-kun pode chegar atrasada e fazer o que bem entende - Uma enfermeira que pegava os prontuários de alguns pacientes comentou com o secretário.

Uma médica que acompanhava a irmã de um paciente falou:

–Sabe, quem deveria estar cuidando do seu irmão é a nossa chefe, a Uchiha Sakura. - Ela falou com amargura - Se ela tivesse um pingo de responsabilidade e soubesse estabelecer suas prioridades, não gastaria todo o tempo agarrando o Sasuke-san. Acho que seria melhor se você escolhesse outra enfermeira para cuidar do seu irmão...

–É claro, você tem razão. - A mulher concordou - Sabe-se lá o que ela anda fazendo... Fiquei sabendo que, depois que casou, ela virou uma ninfomaníaca. Não quero uma pervertida irresponsável cuidando do Yukiatsu-niisan. Não mesmo!

Duas enfermeiras conversavam enquanto andavam pelos corredores:

–O que você acha disso? Acho inaceitável! Não acredito que ela é a nossa chefe!

–Também não gosto dessa situação. Preferia quando a Shizune-san estava aqui. Devíamos reclamar com a Tsunade-sama sobre isso! - A outra falou.

–Ela pensa que só porque é a queridinha da prefeita e porque se casou com o Sasuke-kun, pode chegar a hora que quer e mandar em nós.

–Bem, na verdade ela pode fazer isso. Ela é a chefe.

–Eis outro motivo pelo qual devemos reclamar com a Tsunade-sama! Ela é irresponsável e não está apta para o cargo!

Sakura estava estressada com aquelas fofocas paralelas. Mal havia chegado ao hospital e toda aquela atmosfera já a estava irritando.

Tentando ignorar os murmurinhos, ela foi ao vestiário e trocou-se, vestindo seu uniforme. Assim que terminou foi á secretaria pegar os prontuários dos pacientes que teria que cuidar.

–Percebeu uma coisa, Sakura-san? - O secretário perguntou com um sorriso enquanto mexia nas pastas e arquivos.

–O quê? Olha aqui, se você for fazer alguma insinuação ou piadinha...! - Ela ameaçou mostrando os punhos.

–Não, não. Eu ia dizer que todas as garotas andam falando mal de você. Ou a maioria pelo menos...

–Se eu não tiver percebido isso até agora, por favor, me interne! Sou no mínimo surda ou cega. - A Haruno zombou - Esse é o preço que se paga por ser a esposa do Sasuke-kun - Ela tinha uma mistura de nojo e ressentimento na voz.

–Bem, isso é verdade. Mas em contra partida você ganhou muitos fãs.

–Hã?

–Nós, os homens, adoramos o fato de vocês terem se casado. Desejamos tudo de bom e esperamos que dure eternamente.

"Taí uma coisa que não vai acontecer. No início eu até queria, mas já não aguento mais isso."– Pensou ela.

–Agora que o Uchiha não está mais disponível, as garotas começarão a reparar em nós. Sabe, esse seu casamento foi a melhor coisa que aconteceu! Ei, será que tem como você se duplicar e casar com aquele Uchiha Itachi também?

–Haha! Muito engraçado. Chame a graça, porque ela ainda não chegou - Ela ironizou e puxou os prontuários da mão dele.

Do outro lado da vila, na Força Policial, a história tomava um rumo diferente:

Definitivamente, chegar atrasado ao trabalho após uma suspensão não é o melhor jeito de se impressionar o chefe.

Assim como a rosada, Sasuke chegara por volta das 11:45h no trabalho, mas, diferente dela, seu turno começava às 09:00h, então atrasara apenas duas horas.

De qualquer forma, o Capitão Yamato não gostara daquilo, mas, como na vila continuava sem ter muito o que fazer, e os outros policiais estavam em um caso mais crítico, ele apenas deu um leve sermão no Uchiha, indo resolver o problema de seus oficiais bêbados.

Kakashi, que era o chefe geral, no entanto pouco se importou. Seu exemplar de "Icha Icha Tactics" lhe parecia mais interessante. Ele simplesmente ergueu os olhos do livro e murmurou um monótono "Yare, yare", se voltando à leitura logo em seguida.

Naquela manhã, assim que Sakura aparecera na sala impondo ordem, apesar de ter bebido e farreado a noite toda como os demais, Sasuke escapuliu e deu um jeito de curar a bebedeira, por isso não estava tão ruim quanto seus colegas.

Mas ele não estava cem por cento, na verdade. Ainda sentia a cabeça latejar e a visão embaçar levemente, e demonstrar isso após ter sido suspendido pelo mesmo motivo seria garantia de enrascada.

Ele então caminhou até sua mesa e ficou massageando as têmporas para tentar aliviar a dor.

Para a sua sorte, o Capitão Yamato ficara muito ocupado bronqueando os outros policiais que nem lhe deu atenção.


***


Quando deu o horário de almoço, por terem chegado atrasados, o Capitão Yamato não permitiu que Sasuke e os bêbados saíssem.

O Uchiha, particularmente, não se importou, pois não estava com tanta fome, e preferia ficar quieto á sair na luz e na movimentação da vila. E os outros policiais, bem, eles estavam num canto, desmaiados de mais para se preocuparem com isso.

Do lado de fora da Sede da Força Policial, as coisas corriam mais interessantes...

Parada ao lado do prédio policial estava Inori. Ela estava encostada à parede com os braços cruzados, tinha um ar distante e mascava chicletes distraidamente.

–Inori - Chamou Karin, que havia acabado de chegar.

A morena olhou-a surpresa. Não a tinha percebido.

–Yo, Karin-san - Ela fez um ligeiro aceno com a cabeça.

–Onde está a Yachiyo?

–Não sei...

–Tsc! Nós combinamos de nos encontrar aqui na hora do almoço.

–... mas tomara que ela não apareça.

–Ahn? Por quê não? - A ruiva ergueu uma sobrancelha - Você não gosta dela, não é?

Inori fez uma bola com o chiclete, estourando-a logo em seguida. Desencostou-se da parede e respondeu:

–Não, não é isso. Tenho profundo respeito por ela. Acontece que ela fica refreando nossos planos contra a Sakura, e isso me irrita. Por que você não escolheu outra pessoa pro seu grupo ao invés dela?

–Bem, isso é verdade, mas eu não escolhi ninguém especificamente. Vocês apenas têm os mesmos interesses que eu e foram as únicas que quiseram fazer parte do "time". Eu sinceramente não me importo que ela fique reprimindo nossos planos ou que seja toda preocupada e cautelosa. Qualquer um que for contra a Sakura já serve. E é sempre bom ter uma pessoa responsável.

–Certo, eu concordo. Mas ainda assim isso não impede a Yachiyo-san de ser chata.

Mal haviam acabado de falar, e Nakimura Yachiyo entrou no campo de visão das duas.

Ela vinha caminhando pela rua despreocupadamente com as mãos nos bolsos. Ao ver suas "comparsas no crime", soprou a franja dos olhos e correu até elas.

–Yo minna! - Ela sorriu.

–Yachiyo - Karin falou com desaprovação -, da próxima vez que combinarmos um horário, cumpra com ele.

–Mas eu não me atrasei. Se eu tiver, fora no máximo alguns minutos. Nada muito crítico. Até porque você avisou em cima da hora, então sem estresse por aqui!

Inori revirou os olhos e estourou outra bola. Karin cruzou os baços e falou:

–Acontece que se passar do horário, meu plano não terá efeito.

–E qual seria ele? - A morena perguntou.

–Eu vou fazer com que o Sasuke seja meu!

Imediatamente os olhos de Yamada Inori brilharam perigosamente.

–O quê?! - Ela sibilou.

Karin fingiu não ter ouvido, e, antes que as duas começassem uma discussão sobre quem deveria ficar com o Uchiha, Yachiyo interviu:

–Mas o que você pretende, Karin-san? E em quê eu e a Inori-chan lhe seremos úteis?

–Agora é o horário do almoço e a Força Policial está praticamente vazia. Será a minha chance!

A cada palavra de Karin, Inori rangia os dentes.

–Mas se os policiais saíram para almoçar, o Sasuke-san também foi. - Yachiyo observou - Então qual foi o intuito de nos chamar aqui a essa hora?

–Você ouviu o que eu disse? A Força Policial não está completamente vazia. Ainda há pessoas aí, e o Sasuke é uma delas - Ela sorriu triunfante e arrumou os óculos.

–Como sabe disso? - Inori perguntou friamente.

–Eu estava andando pela vila quando passei em frente ao restaurante em que ele sempre almoça. Como não o vi lá, perguntei a um dos policiais onde ele estava. Ele me disse que o Capitão Yamato deixara o Sasuke de "castigo", juntamente com alguns policiais bêbados por terem chegado atrasados. Por isso, Yachiyo, eu as chamei assim tão em cima da hora - A garota de óculos tinha um ar irônico.

A outra ruiva assentiu e sorriu.

–Certo, então eis o plano: Eu vou entrar e tentar seduzir o Sasuke. Além dele, os únicos que estão lá, provavelmente, são os bêbados, mas eles vão estar chapados de mais pra reparar. - Karin fez uma pausa, suspirando dramaticamente - O Sasuke já foi meu uma vez. Farei com que ele volte a ser. E vocês...

–Hum... Na verdade, Karin-san - Yachiyo a interrompeu -, ele nunca foi seu. O que vocês tinham não se passava de prazer e diversão. Ele te usava como e quando bem queria, e você simplesmente se rendia ao charme dele. Nada mais que isso. Se ele gostasse de você, a teria escolhido ao invés de ter se casado com a Sakura. Insistir nisso não vai levar a nada.

Inori pôs as mãos na boca para reprimir uma risada de deboche, e Karin tinha um ar mortal, rangendo os dentes e inflando as narinas.

–Calada, Yachiyo! - Ela sibilou - Afinal de que lado você está?

–Ora, estou do lado da razão. De que adianta insistir em uma causa perdida?

–Karin-san, a Yachiyo-san tem razão. - A morena concordou - Aliás, desde quando nós somos suas escravas, servindo apenas para ajudá-la a ficar com o Sasuke-kun? Eu te ajudo com o maior prazer a sacanear a vida da Sakura, mas saiba que vamos competir pelo Sasuke-kun! - Os olhos dela brilharam desafiadoramente.

Yachiyo revirou os olhos e suspirou desanimada. Karin, por outro lado, ergueu uma sobrancelha.

–Não me importo com nada disso. Faço o que bem entendo, e não serão vocês duas a me atrapalhar. Além do mais, Inori, eu não tenho nada contra você. Particularmente até aprecio a sua companhia, mas não queira ficar no meu caminho. A única que vai ficar com o Sasuke no final serei eu, e não me importo com o que eu precise fazer para que isso aconteça. - Ela falava com arrogância enquanto seus olhos adquiriam um brilho maníaco - Agora, vocês duas vigiem aqui. Quando os outros estiverem voltando, tentem atrasá-los ou então gritem alguma coisa para que eu possa saber o que está acontecendo aqui fora.

Dizendo isso, Karin entrou no prédio policial.

–Ué, mas ontem ela não disse que não pode arrumar confusão? Como ela pretende "fazer o que for preciso" sem fazer nada problemático? - Yachiyo ergueu uma sobrancelha.

–Se a Karin-san acha que eu vou entregar o Sasuke-kun de bandeja, ela está muito enganada! - Inori falava sozinha, alheia ao que a colega dissera - Tsc! Eu preciso fazer alguma coisa... - Ela mordeu o lábio inferior e voltou a encostar-se à parede.

–Eu ainda acho que isso é perda de tempo. O Sasuke-san não se casaria com a Sakura se não a amasse. Vocês deveriam...

–Calada, Yachiyo-san. - A morena sibilou - Você está me irritando!

A ruiva revirou os olhos.

–Mas uma coisa é certa: Se eu não odiasse tanto a Sakura, eu não teria me juntado a Karin - Inori murmurou.

Yachiyo apenas lhe lançou um olhar cético e indiferente.

Dentro do prédio policial, Karin se deparou com a última pessoa que esperava encontrar lá: O Capitão Yamato.

Ela pensou que ele não estaria ali, mas se enganou. Ele provavelmente não saíra para almoçar só para poder vigiar os "encrenqueiros".

Ele estava sentado à uma mesa perto da entrada e com a cara enfiada num livro sobre construções feitas de madeira. Ou estava tão entretido em sua leitura que nem viu a ruiva, ou achou que ela não merecia a atenção.

Karin não se importou. Quanto menos platéia melhor.

Além do capitão estavam também os três bêbados (desmaiados) e quem ela mais queria: Sasuke.

Ela sorriu, arrumou os óculos e foi até ele.

O Uchiha estava com a cabeça abaixada por sobre a mesa e emitindo pequenos gemidos. A ruiva então pousou as mãos na madeira, curvou o corpo levemente para frente, de modo que seu rosto ficasse à altura do dele e o chamou:

–Yo, Sasuke - Ela tinha um olhar e um sorriso irônico.

Sasuke levantou a cabeça repentinamente.

–Ah, Karin - Ele murmurou desinteressado e voltou a esfregar as têmporas.

–E então? Está tudo bem?

–Hunf! Minha cabeça está a um passo de explodir! Maldito o dia em que eu fui inventar de beber...

–Isso é realmente muito ruim, mas... Eu me referia ao... seu casamento...

–O que tem ele?! - Ele perguntou bruscamente.

–Diga a verdade: Você está feliz? Você ama a Sakura?

–Karin, eu…

Ela então começou a aproximar seu rosto do dele, enquanto sorria.

–Eu não sou melhor do que ela? Fala pra mim, ela é tão divertida e... interessante quanto eu? - Karin acariciou a bochecha dele.

–Tsc! - Ele suspirou impaciente - “Mais essa agora...!”.

–Eu não me importo se você a ama. Só preciso saber se você sente, ao menos um pouco, atração por mim. Só isso já basta. - A ruiva sorriu - Você sente atração ou desejo por mim? A Sakura consegue te deixar tão nervoso e excitado como eu estou fazendo agora? - Ela perguntou, percebendo que ele estava duro, deixando os nós de seus dedos brancos de tanto apertar os braços da cadeira, e com as narinas infladas.

"Nervoso, realmente. Mas isso é porque estou me segurando para não te chutar daqui"– Ele pensou.

–A Sakura é tão maravilhosa assim? Você a ama de verdade ou só se casou para ter o corpo dela? Se bem que ela é quase uma tábua, mas...

–Isso não é, nem de longe, da sua conta, Karin! - Ele sibilou entre dentes.

–Tsc... Por que, Sasuke...? - Ela suspirou e afagou a bochecha dele novamente - Por que você se casou com ela? Pensei que gostasse de se "divertir" comigo.

O moreno então empurrou a mão dela violentamente e arredou pra trás, distanciando-se. A ruiva, não se dando por vencida, deu a volta na mesa e parou ao seu lado.

–O que você quer, Karin? Precisa da minha opinião profissional para alguma coisa? Há alguma urgência acontecendo? Caso contrário, peço que se retire. - Sasuke tentou ser o mais cortês e educado possível - Minha cabeça está doendo.

–Ah, você pode me ajudar sim - Ela sorriu, puxou a cadeira dele, de modo que ficassem um de frente para o outro, e assentou-se em seu colo.

–Karin...! - O Uchiha sibilou.

–Eu não me importo que você esteja casado. Não me importo em ser sua amante. Não me importo com nada! Eu só quero você. Quero ser sua...

–Saia do meu colo. Agora!

–Sinto falta dos seus beijos... Preciso de você. Por favor, me faça sua uma última vez.

Sasuke arregalou os olhos extasiado e chocado.

–Saia, Karin! - Ele sibilou por fim - Agora! Se a Tsunade-sama escuta você dizendo isso, imagine o que ela vai pensar. E se ela vir você sentada aqui, eu estarei extremamente ferrado. Saia! Anda logo!

–Ué, é a Tsunade-sama quem manda no seu casamento?! - Ela riu debochadamente.

–Basicamente - Ele murmurou em voz baixa.

Vendo que Karin não ia sair, o moreno fez menção de levantar-se. Imediatamente a ruiva o segurou e tentou beijá-lo, mas na mesma hora ele virou o rosto, o que fez com que ela beijasse o canto de seus lábios.

–CA-HAM! - O Capitão Yamato limpou a garganta gravemente - Hum... Bem... Eu não gosto de interromper as carícias de um casal, mas, na verdade, vocês não são um casal. - Ele cruzou os braços - Sasuke, você está em horário de trabalho. Comporte-se devidamente!

–Mas Capitão, você...! - O Uchiha começou a reclamar, mas Yamato o interrompeu.

–Se o seu casamento não está mais dando certo, peça o divórcio, mas eu não permitirei que vocês dois façam isso aqui! Gosto muito da Sakura para permitir que ela sofra. Ela merece mais do que isso! E você, Karin, tenha um comportamento de mulher madura e respeitável! Pelo amor do santo Kami! Como pode ser tão oferecida assim?! Talvez seja esse o motivo de você ser tão mal vista aqui na vila. Essas suas atitudes de...

–VADIA! - A voz de Inori, que vinha da rua, ecoou pela porta fechada, fazendo com que seu grito chegasse abafado aos ouvidos dos três.

–Inori-chan! - A repreensão de Yachiyo também chegou abafada.

Ou as duas estavam brigando lá fora, ou Inori xingara Karin propositalmente.

–Hum... Bem... - O Capitão Yamato ficou um tanto desconcertado.

Mas ele não precisou dizer mais nada. Karin levantou-se voluntariamente do colo do Uchiha, desculpou-se pela cena e deixou a Força Policial.

Mas ela não estava nem um pouco sentida ou envergonhada. Muito pelo contrário. Pretendia tentar novamente num futuro próximo. Bem próximo na verdade.

***


O restante do dia, para ambos, correu normalmente.

Sakura atendera os pacientes, aturara as fofocas e comandara o hospital. Ou tentara na medida do possível, pois na maioria das vezes as funcionarias a estavam sacaneando. E Sasuke fizera o possível para não se estressar com o pessoal e não arrumar confusão.

As poucas pessoas que foram á Força Policial naquele dia fizeram pequenas reclamações e queixas de problemas fúteis. Certo momento, o Uchiha saiu, ficando fora quase uma hora, e quando voltou tinha um sorriso satisfeito no rosto.

Nos dias em que não precisava ficar de plantão ou fazendo ronda, a rosada saía às 19:30h. E naquele exato momento ela estava deixando o hospital, o que lhe foi um alívio.

Mais um pouco aturando aquilo e ela teria perdido todo o controle e batido em todas aquelas mulheres fofoqueiras.

Ela não se importaria se fossem médicas, enfermeiras, pacientes ou visitantes. Todas apanhariam de igual forma por andarem falando, explicita e descaradamente, sobre sua vida.

Quando deixara o hospital, já passando o portão, uma pessoa veio ao seu encontro. A pessoa tinha as mãos nos bolsos e um sorriso preguiçoso.

–Yo, Sakura.

–Shikamaru! - Ela sorriu - Você vai entrar? Está se sentindo bem? Acabei de sair, mas se quiser...

–Eu não preciso estar doente pra visitar um hospital. Na verdade eu vim falar com você.

–Comigo? Há quanto tempo está aqui me esperando?

–Não mais que três minutos.

A rosada ergueu uma sobrancelha e o olhou desconfiada, mas não falou nada. O moreno suspirou preguiçosamente e falou:

–Tsc! Isso é um saco. Eu realmente não queria estar aqui, mas a Temari insistiu de mais, a problemática...

–E você não consegue negar nada a ela não é? - Sakura sorriu maliciosamente.

–Hunf! De qualquer forma, ela pediu para que eu convidasse você e o Sasuke para jantar conosco essa noite.

–Ahn... Shikamaru, eu...

–Eu sei o que você vai dizer, mas ela disse que não aceita não como resposta e... Tsc! Isso é problemático! Ser obrigado a fazer algo que não quer é um saco! E digo por experiência própria.

–Não é isso. É que o Sasuke-kun... - A rosada suspirou rendida - Na sua casa?

–Não, em um restaurante. Imagine ter que jantar com as duas problemáticas? Não daria certo.

–Duas problemáticas? VOCÊ ESTÁ ME CHAMANDO DE PROBLEMÁTICA?!

–O-O quê?! N-Não, eu me referia á minha okasan, Yoshino, e a Temari.

–Hum! Bom mesmo!

–Enfim, Sakura, estejam prontos às 22:00h e nos esperem em frente ao Ichiraku.

–Nós vamos jantar no Ichiraku?!

–Não, vamos a um outro lugar. E eu, particularmente, não sei onde é. Estou apenas transmitindo o recado da Temari. Ja ne.

Ele estava prestes a ir quando a rosada o gritou:

–Espere, Shikamaru! Você vai ter que convencer o Sasuke-kun. Se eu falar, ele não vai querer ir. "Na verdade ele vai me ignorar".

–Por quê? Você é a esposa dele...

–Ahn... Eu sei, é claro, mas... Se você me ajudar a pedir, é provável que ele aceite, porque se eu pedisse, ele me faria desistir de ir e... E no fim nós acabaríamos na cama. "Kami, que ideia foi essa? Por que eu falei isso? Que coisa pervertida!".

Shikamaru a olhou abismado. Ela era a última pessoa em que ele pensaria para dizer aquilo. Ele então assentiu, suspirando rendido.

–Certo, mas primeiro eu vou ao Clã Inuzuka - Ela falou com as bochechas coradas, evitando olhá-lo.

–Ahn? Por quê?

–Vou pegar a Saeko de volta.

–Quem?!

A Haruno o ignorou e começou a andar. O Nara a seguiu, e enquanto caminhavam iam falando de assuntos diversos e banalidades.

Ao chegarem à casa dos Inuzuka, a rosada bateu a campainha e esperou.

Habataitara modora nai to itte. Mezashita no wa aoi aoi ano sora. Aoi aoi ano soraaaaaa!!!– Uma vozinha infantil e particularmente desafinada ecoava pela casa, se tornando mais alta na medida em que se aproximava da porta.

Sakura fez uma careta e Shikamaru murmurou qualquer coisa ante as desafinações.

–Oyasuminasaaaiiii!!! - Jun cantarolou ao abrir a porta, seguida por Cachorrinho, que a rodeava e latia - Gostariam de... - Ela se interrompeu e arregalou os olhos ao ver a Haruno, e seu cãozinho rosnou.

–Jun, eu... - Sakura começou.

–Tsume-obasan! Hana-neesan! Kiba-niichan! - Ela saiu correndo e chorando - Aquela garota doida está aqui! Socorro! Acho que ela vai me bater!

O cãozinho, porém, ficou parado à porta rosnando e latindo ameaçadoramente como se estivesse tentando impedir que a rosada entrasse.

–Sakura, o que você fez para essa garota? - Perguntou Shikamaru - Desde a sua festa de casamento ela arruma um desespero e chora quando te vê.

A Haruno deu de ombros.

–Oi, oi! - Hana chegou correndo e tropeçando em meio aos cachorros que a seguiam - Que bagunça é essa?! Quieto Cachorrinho! Pra dentro, anda!

Cachorrinho rosnou uma última vez e correu pra casa. Os três cachorros de Hana, os Irmãos Haimaru, pararam ao redor dela protetoramente, analisando e cheirando os dois visitantes.

–Ah, Sakura-san! Shikamaru-san! O que os trás aqui?

O moreno fez um leve aceno com a cabeça, e a rosada pôs as mãos atrás das costas, numa expressão de acanhamento.

–Ahn... Hana-san... Eu sei que é meio repentino, e levando em conta que eu vim aqui ontem... Eu acho que... Quero dizer... Se houver alguma possibilidade... Você acha que... Talvez se...

–Você quer a Saeko de volta não é?

–Por favor, Hana-san, não fique brava, mas...

–Não, eu entendo perfeitamente. Ela sentiu muito a sua falta. - A Inuzuka riu e assoviou - Sabe, tirando nós, os Inuzuka, eu nunca vi um cão se apegar tão rápido a um humano como ela se apegou a você. A relação de vocês é impressionante. E eu sou veterinária. Acredite no que eu digo.

Sakura sorriu, e antes que pudesse falar alguma coisa, Saeko chegou correndo e pulou nos braços dela.

–Ah, essa é Saeko. - Shikamaru murmurou enquanto via a cadela lambendo o rosto da rosada - Eu já deveria imaginar...

Após deixarem o Clã Inuzuka, enquanto caminhavam até o Bairro Uchiha, ora conversavam, ora riam das estripulias de Saeko.

"Certo, agora começa o fingimento. Preciso ser Uchiha Sakura, a esposa amável e perdidamente apaixonada"– A rosada pensou enquanto abria a porta - Sasuke-kun, você está aqui?

Os dois então tiraram os calçados e foram para a sala, parando à porta. Sasuke estava em pé, ao lado esquerdo da lareira, debruçado sobre alguma coisa.

–Cheguei - Ela disse sorridente.

–Hunf! E desde quando eu me importo? - Ele murmurou, sem se virar ou parar com o que estava fazendo.

Saeko rosnou ao ouvir e ver o Uchiha. Shikamaru franziu as sobrancelhas numa expressão confusa e Sakura lhe sorriu como se o fato de um marido tratar mal a sua esposa fosse algo completamente normal.

–Sakura, eu não acredito que você pegou esse pulguento de volta - Sasuke sibilou, ainda sem olhá-la.

A cadela rosnou e se posicionou na frente da rosada numa posição defensiva.

–Sasuke-kun, que feio você falar comigo assim quando há visita em casa. - A Haruno se fingiu ressentida - É por que o seu dia foi ruim? Tudo bem, eu entendo. Por amar você eu vou relevar - Ela tinha um sorriso descarado.

Na mesma hora o moreno se virou e deparou com Shikamaru parado à porta.

–Yo, Sasuke - Ele cumprimentou com uma sobrancelha erguida.

Instantaneamente a atitude do Uchiha mudou.

–Ah, é claro. Quero dizer, eu estava falando com o boneco, você sabe - Ele disse e arredou para o lado.

Onde ele estivera, havia uma máquina de jogos, parecendo pinball. A diferença era que não se jogava com uma bolinha e sim com um ninjinha que corria, pulava os obstáculos e atirava kunais e shurikens nos inimigos.

–Comprei hoje à tarde quando saí para almoçar. É divertido e bom pra poder passar o tempo.

A rosada assentiu, fingindo-se interessada, e Shikamaru não demorou em explicar o motivo de sua visita.

–Não. - Sasuke disse por fim - Eu estou cansado, sabe. Também não estou com fome e... Agradeça a Temari por mim, mas não. Dessa vez eu passo o convite. Quanto a Sakura, ela não só pode como deve ir! Aprovo completamente essa ideia.

"Como se eu precisasse da sua autorização para alguma coisa" – A rosada atravessou a sala e foi até ele. Afagou sua bochecha e exibiu um sorriso falso.

Saeko rosnou e correu até eles. Ela estava prestes a morder o Uchiha quando ele, repentinamente, a chutou para dentro da lareira. Sasuke se odiou por ela não estar acesa.

Sakura olhou pelo canto do olho sua cadelinha que saia mancando e ganindo de lá de dentro, mas não reclamou. Ela não podia estragar o disfarce agora.

–Sasuke-kun, qual seria a graça de sair com meus amigos se a pessoa de quem eu mais quero a compainha não quer ir? Eu fiquei sem te ver o dia todo... Eu estou com saudade sabe?

Enquanto falava, ela ia se aproximando, de forma que seus corpos quase se colavam, e Sasuke, discretamente, ia a empurrando pra frente e andando pra trás.

–Sakura, eu estou cansado. Que marido horrível eu seria se te impedisse de sair com nossos amigos. Vai ser bom, você sabe. Nós dois sairemos ganhando. Você se diverte e eu fico aqui descansando. "Tsc! Mas que droga!"

–Não! Se você não for eu também não vou! Quero passar meu tempo com você! Desde que voltamos a trabalhar, quase não ficamos juntos. Isso me entristece, sabe? Preciso de você... - Como estava de costas para o Nara, ele não conseguia ver o sorriso irônico e descarado que ela exibia para o Uchiha. Ela estava se segurando para não começar a gargalhar da expressão irritada dele.

As narinas de Sasuke se inflaram e seus olhos brilharam de ódio.

–Tsc! Que saco isso...! Odeio quando me colocam em situações problemáticas! - Shikamaru resmungou - Sasuke, a Temari disse que não aceita não como resposta. E você a conhece bem o bastante para não querer contestá-la.

–É Sasuke-kun. Acho melhor não contrariarmos a Temari-san. - A rosada balançou a cabeça negativamente enquanto sorria - Até por que, outro dia mesmo você disse que estava louco pra sair com os nossos amigos. Em especial com o Shikamaru e a Temari-san. Olha que maravilha! A oportunidade bateu na sua porta.

Depois disso, não teve outro remédio. Estava decidido: Naquela noite o casal Uchiha e o casal Nara jantariam fora.

Depois que Shikamaru foi embora, Sasuke faltou voar no pescoço da rosada. A vontade ele tinha, mas a pequena falta de coragem e o receio do que Tsunade pudesse vir a lhe fazer o impediram.

Então não tinha outro jeito. Já estava tudo combinado e acertado. Só lhes restava se preparar. Tanto física quanto psicologicamente, afinal sabe-se lá o que aquela noite lhes reservava.

–Você ouviu o Shikamaru, Sasuke-kun. Às 22:00 em frente ao Ichiraku - A Haruno sorria com ironia.

O moreno, que havia voltado ao seu jogo, resmungou qualquer coisa e praguejou.

Sakura estava prestes a subir para o quarto, quando voltou.

–E então? - Ela perguntou sorrindo dobochadamente - Encenei direitinho? Fui uma esposa convincente? Pareci apaixonada?

Sasuke riu seca e sarcasticamente sem se virar para olhá-la.

–Acho que preciso melhorar meu tato... Da próxima vez vou passar a mão por baixo da sua blusa e morder os lábios. Vai dar a impressão de que eu estou te desejando. Ah, e quando falar, vou olhar nos seus olhos que aí fica mais convincente. O que acha? E você pode...

–CALE A BOCA! CALE A SUA MALDITA BOCA! - Ele gritou, socando a máquina do jogo.

Saeko latiu e rosnou, mas como havia machucado a pata ao bater na lareira, nem foi tentar mordê-lo. A rosada, porém, arregalou os olhos assustada e retrocedeu alguns passos ao ver que ele se aproximava. Como não havia para onde andar, ela acabou batendo as costas na parede.

–Garota, qual é o seu problema!? - O moreno segurou os braços dela, apertando-os com força - Você gosta de me irritar, é isso? Não tem medo, não é? Tsc, tsc! Isso pode vir a ser um problema... Estamos sozinhos nesse Distrito. Quem sabe o que poderia acontecer? - Ele tinha o olhar frio e uma voz sombria.

–Bem, hipoteticamente nós estamos casados. O que deveria acontecer é você me agarrar, me levar para o quarto e fazer amor comigo - Passado o susto, o sorriso irônico lhe voltara aos lábios. Mas quando percebeu o que havia acabado de dizer, ela arregalou os olhos corando logo em seguida - "Kami! Que vergonha! O que está me acontecendo hoje? Estou cheia de pensamentos pervertidos! Isso é sua culpa, Sasuke-kun! Ficar perto de você me deixa descontrolada! Calma, Haruno Sakura. Acalme-se!".

O Uchiha a olhou abismado e extasiado, como se não acreditasse no que ouvira. Logo em seguida fez uma careta que era algo entre o deboche e a repulsa. Se não estivesse tão pasmo, ele com certeza teria rido dela.

–Não fale isso nem de brincadeira, Sakura! - Ele a sacudiu, fazendo com que ela batesse as costas - Acho melhor que não me provoque. Minha paciência com você já se esgotou.

–Sasuke-kun, você está me machucando - Ela protestou, ignorando suas ameaças.

–Se eu desejar fervorosamente a sua morte, será que ela acontece? - Ele suspirou por fim.

Os lábios da Haruno tremeram ligeiramente e um bolo se formou em sua garganta. Antes que começasse a chorar, ela respirou profundamente e voltou a sorrir zombeteiramente

–Eu sei o que você está tentando. Você quer me fazer chorar, não é mesmo? Bem, isso não vai acontecer, querido. Prometi a mim mesma que não choraria mais pelas coisas que você fizesse. Sou fria e insensível agora, esqueceu? - Ela ergueu uma sobrancelha - Agora, se já terminou com o estresse, por favor, me solte. Você está me machucando.

Os olhos ônix dele brilharam perigosamente. Sasuke sibilou por fim:

–Se eu fosse um covarde, Sakura, acredite, eu já teria lhe batido.

–Ah, então que bom que Uchiha Mikoto-san, minha gentil sogra, te ensinou alguma coisa - A rosada debochou e fez força para desprender-se das mãos dele.

Assim que ele a soltou, a Haruno foi até a cachorrinha, a pegou no colo e a levou para o quintal dos fundos. Logo em seguida subiu e trancou-se no quarto.

Pegou suas coisas e entrou no banheiro.

Ela dissera que não iria chorar, e, desde que ligou o chuveiro até a hora em que terminou seu banho, ela realmente não o fez.


***


Naquela noite, particularmente, o tempo parecia não passar, pois a hora em que eles sairiam se aproximava lentamente. Era quase como se os ponteiros estivessem andando um segundo e voltando cinco. Ou talvez fosse apenas o clima tenso que pairava no ar, fazendo tudo ficar mortalmente parado.

Sakura terminou seu banho e se arrumou. Ela vestira seu kimono verde com a fita lilás. Aquele mesmo kimono que usara na noite em que Sasuke contara aos seus pais sobre o "casamento" deles.

Prendeu o cabelo num coque frouxo e levemente desarrumado, e colocou uma gargantilha de pedras falsas. Nada caro ou glamoroso. Apenas um detalhe a mais.

Quando terminou, ficou sentada na cama, enrolando para não ter que descer e encarar o Uchiha.

Olhou o relógio em cima da cômoda. Os ponteiros se arrastavam para as 21:15h.

Ela então voltou ao banheiro. Apesar de ser noite, uma ocasião em que se exigia fineza e glamour, ela não passou nada berrante ou chamativo. Contentou-se com uma sombra lilás, lápis preto delineando e realçando suas íris verdes e um gloss rosa-claro. E para terminar, um suave e delicioso perfume de jasmim.

Logo em seguida deixou o quarto.

Quando estava descendo as escadas, Sasuke, coincidentemente, estava subindo.

Ele parou. A olhou de cima a baixo com um olhar inexpressivo e continuou a subir como se não a tivesse visto. Logo em seguida bateu a porta do quarto.

Sakura suspirou profundamente, como se estivesse se acalmando, e desceu o resto da escada, indo ao quintal dos fundos.

Ela ficou com Saeko até certo momento. Quando achou que já era hora de ir, entrou. Até por que, se fosse esperar que o Uchiha a avisasse, eles nem sairiam de casa.

Olhou o relógio que havia no corredor.

–Vamos, Sasuke-kun - Ela parou à porta da sala e falou sem qualquer emoção.

O moreno, que agora não largava mais seu joguinho do ninja, resmungou qualquer coisa mas não se moveu e nem se virou para lhe lançar um olhar de desprezo.

A rosada então deixou a casa e assentou-se na varanda.

Cerca de quinze minutos depois, Sasuke passou pela porta. Sakura podia jurar com certeza que ele se demorara propositalmente.

Sem falar nada nem olhar para a Haruno, ele correu a porta e saiu andando. Ela franziu o cenho e o seguiu.

Como era de praxe, eles caminharam silenciosamente pelas ruas do bairro como se fossem completos estranhos um ao outro, mas que, coincidentemente, iam para o mesmo lugar.

Pelo canto do olho Sakura reparou que ele estava vestindo a mesma coisa da outra noite: Camisa preta com um leque vermelho e branco, o símbolo do Clã Uchiha, jeans e tênis. A única diferença era que, hoje, seu jeans era preto.

Tudo parecia se repetir como na noite do dia 19. Ela vestindo uma roupa formal, ele uma casual e ambos indo jantar fora.

"Que dejavu. De novo aquela sensação de que algo não vai prestar... Hunf! Mas é claro que isso não vai prestar!" – Pensou ela - Então... - Disse repentinamente - Não vai dizer que eu estou bonita?

O Uchiha continuou em silêncio. Sakura, vendo que ele estava decidido a ignorá-la, não insistiu. Até que ele falou friamente:

–E por que eu faria isso? Não se passaria de uma mentira.

A rosada sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. Engoliu a vontade de chorar e sorriu levemente.

–Bem, naquela outra noite eu vesti essa mesma roupa e você disse que... que eu estava muito bonita...

–Hunf! - O moreno emitiu uma risada seca - Sabe o que significa fingir e mentir para se conseguir o que quer? Naquela noite eu estava fingindo, simplesmente te enganando, mas hoje, já que não vou receber nada em meu benefício, não há por que te iludir com mentiras. Sabe, você deveria aprender com a Ino ou com a Karin. Elas parecem estar bem familiarizadas ao assunto.

–Ou com você, não é mesmo? - Ela usou um tom desafiador - Você também é um dissimulado, então dá na mesma.

Ele ignorou e se calou. Não se falaram mais até chegarem ao Ichiraku.


***


O casal ficou parado á entrada do restaurante esperando os outros dois.

Teuchi, o tio do rámen, por duas ou três vezes, os convidou para entrar e apreciar o macarrão, e até prometeu um desconto, como "Presente de casamento". O convite, é claro, fora rejeitado.

Os dois continuavam a agir como se fossem completos estranhos. Sakura parada de um lado e Sasuke do outro. Ambos sem se falar ou se olhar. Pareciam duas crianças teimosas e idiotas.

–Yo! - Temari, que havia acabado de chegar, falou repentinamente - Sabe, o culpado pela demora é o Shikamaru. Podem brigar com ele! - Ela parecia aborrecida.

A rosada, que havia sido pega de surpresa, riu timidamente, e o Uchiha ergueu uma sobrancelha, lançando um olhar frio e hostil à loira, expressando seu profundo descontentamento por estar ali.

–Tsc! - Shikamaru murmurou - Você já sabe o motivo, Temari. Que saco! É por isso que eu odeio as mulheres...

A loira, ao invés de ficar irritada, riu sarcasticamente.

"Imagina se gostasse?"– Pensou Sakura, que estava achando graça dos dois - Não tem problema, Temari-san. Nós não estamos esperando há muito tempo. Não é Sasuke-kun? - Ela virou-se para ele e sorriu falsamente.

Sasuke, porém lhe lançou um olhar colérico que podia ser interpretado desde "Eu quero te matar!" a "Se não calar essa maldita boca, eu, com certeza, vou te matar!"

–Hunf! Será que dá pra acabarmos logo com isso? Não sei se perceberam, mas, eu, definitivamente, não queria estar aqui - Ele rosnou.

A Haruno revirou os olhos e o Nara resmungou qualquer coisa.

–Ih... Está com a macaca? - Temari ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços.

–Ah não liga não, Temari-san. Ele está meio rabugento hoje, mas... - A rosada foi interrompida.

–... mas depois dessa noite, veremos se ele vai continuar assim. - A loira disse misteriosamente, e logo em seguida cutucou a amiga, exibindo um sorriso pervertido: - Amanhã dê um jeito de me contar como foi, ok? Ku, ku, ku...

Sakura não fazia a mínima ideia do que Temari estava falando, mas só o sorrisinho sacana e seu timbre de voz a fizeram arrepiar da cabeça aos pés e ficar vermelha.

–Certo. Então vamos antes que o Sasuke estrague a noite com a sua rabugice. - A loira riu e começou a andar - Mas não se preocupe, Sakura-san. Como eu já disse, depois de hoje ele será diferente. Será melhor do que na noite do seu casamento...

"Hunf! Caso não saiba, Temari-san, a noite do 'casamento' foi uma verdadeira porcaria. Eu estava dopada e inconsciente dos meus atos, mas obrigada por se importar"– T-Temari-san... - Sakura correu até ela - Estou começando a ficar com medo. O que você está...?

–Tsc, tsc! Nada disso! É segredo.

Shikamaru suspirou demorada e preguiçosamente, e Sasuke bufou, ambos começando a também seguir as mulheres que iam à frente.

Os quatro quase não se falaram. Shikamaru, por não gostar muito do Uchiha, nem tentou puxar assunto. E Sakura, a cada vez que olhava para Temari, notava o sorrisinho estranho que ela exibia, o que a deixava ligeiramente desconfiada e temerosa por perguntar alguma coisa.

Eles então andaram pelas ruas da aldeia, afastando-se da área movimentada, até pararem em frente a um grande estabelecimento. Podia-se ver claramente que era um fino restaurante.

A porta de entrada era particularmente simples comparada ao resto. Em toda a sua extensão foram pintados dois dragões pretos contornados em dourado que se enroscavam um no outro.

À entrada estavam postas luminárias alaranjadas com os desenhos dos kanjis para "amor", "paixão", "sedução" e algumas outras coisas um tanto inapropriadas para menores de idade.

As luminárias, por serem alaranjadas, faziam com que a luz emitida pelas velas ficasse fosca, porém, ligeiramente mais forte e mais chamativa. E, nas duas extremidades da porta, uma planta crescia e se enroscava - provavelmente trepadeiras -, dando ao lugar um ar misterioso e selvagem.

Apesar da vergonha que estava sentindo devido as coisas que lera nas luminárias, Sakura estava impressionada e particularmente abismada. Aquele era provavelmente o estabelecimento mais bonito, caro e chamativo de toda a vila, mas também o mais afastado da área comercial. Talvez por isso nunca o tenha visto antes e nem ouvira falar.

–Q-Que lugar é esse? - A rosada perguntou cautelosamente - Kami!... Isso... Isso é um prostíbulo?! - Ela diminuiu o tom da voz, visivelmente assustada e indignada.

Temari riu e Sasuke, que até então estava irritado, ficou duro como um pau e com os olhos arregalados. Ele provavelmente sabia o que era aquele lugar.

–Anh... Não me admira que não saiba onde estamos. - O Nara suspirou e pôs as mãos dentro dos bolsos - Sendo você, a discípula da Tsunade-sama, e que odeia perversões tanto quanto ela, é claro que não se interessaria por um lugar como esse...

–O-O quê? Shikamaru, você disse que não sabia aonde íamos, mas...

–Bem, eu não sabia que viríamos aqui, mas acabei de reconhecê-lo. Você sabe que eu sou o "escravo particular" da prefeita. Cada coisa que eu já tive que fazer que você nem acreditaria... Mas enfim, agora que você se casou, não tem problema.

–Isso é o que eu estou pensando ser? - Sasuke apontou para o estabelecimento e perguntou com a voz dura.

–Hum... Está diferente, sabe. - Shikamaru suspirou, ignorando a pergunta dele - Da última vez em que vim aqui, essas plantas estavam tão grandes que você parecia passar por uma selva antes de entrar. Quando eu vim foi para comprar uma coisa... er... picante, vamos dizer assim, para a Tsunade-sama. Ela havia, como sempre, perdido uma aposta contra o Jiraiya-sama, e o castigo dela, bem... Ah, deixa pra lá.

Temari, que até então estava apenas sorrindo e prestando atenção à conversa, de repente pareceu lembrar-se de alguma coisa, e começou a olhar intensamente para o casal à sua frente.

–Viu o que eu falei, Shikamaru? Ao menos a Sakura-san pensa, mas olha só o que esse garoto está vestindo! - Ela apontou desaprovadoramente para o Uchiha - Por que você não o avisou que seria algo formal? Isso vai tirar todo o brilho da noite...! Tsc! - Ela comprimiu os lábios com força numa linha fina.

Shikamaru apenas suspirou. Ele sabia que tentar se justificar com a sua problemática não surtiria qualquer resultado.

Foi então que a Haruno percebeu que Sasuke realmente destoava dos demais. Era o único que estava com roupas diferentes e inapropriadas para a ocasião.

Ela vestira o kimono verde, Temari estava com seu longo vestido preto - que tinha uma faixa vermelha nos ombros e na cintura - e luvas sem dedos, e até Shikamaru, que não se importava com detalhes e picuinhas, por achá-los "problemáticos de mais", vestira um terno preto e uma gravata verde-musgo. Provavelmente intimidado pela loira, mas ainda assim...

–Hunf! Como se eu me importasse - O Uchiha bufou e revirou os olhos.

Temari estreitou os olhos para ele perigosamente, porém não rendeu o assunto.

–T-Temari-san... Será que... - Sakura murmurou, se esquecendo sobre roupas e afins.

–Ah, Sakura-san... - Ela, também espantando o pensamento sobre roupas da cabeça, sorriu ao ver a apreensão da rosada - Não precisa se preocupar. Isso não é um prostíbulo. A decoração é apenas para o lugar ficar mais atrativo e para... Hum... Fazer o casal entrar no clima. Estamos em um restaurante, é claro...

A Haruno então soltou um leve suspiro de alívio, afinal aquela situação estava realmente a constrangendo. Mas por que estava tão preocupada? Era apenas um jantar entre amigos. Um jantar em um lugar estranho que parecia exalar pura sensualidade, mas ainda assim um jantar. E ela e Sasuke estavam fingindo ser o feliz e apaixonado casal Uchiha, então esse tipo de coisa fazia parte da encenação. Só bastava passar por aquilo e...

–... mas é um restaurante afrodisíaco. - Temari concluiu - É para incitar o desejo ardente um pelo outro e... apimentar as coisas, você sabe - Ela sorriu irônica e maliciosamente.

Instantaneamente Sasuke pôs uma mão no rosto, tipo "O que eu fiz para merecer isso? Do jeito que as coisas estão indo, deve ter sido algo bem ruim". E quanto a Sakura, bem, ela faltou cair para trás.


***


Eles, depois que conseguiram acalmar a rosada e todo o escândalo "Não piso nesse lugar nem se me matarem" ou "Não podemos entrar. Não fizemos reservas" ou ainda "Temari-san, não acredito que você nos convidou pra esse lugar!", entraram no restaurante. O Uchiha, por outro lado, não estava muito feliz com a ideia, mas afinal, o que ele podia fazer?

Ao passar pela entrada, a primeira coisa que se notava era a música ambiente: Baixa, lenta e romântica. Perfeita para fazer os casais entrarem no clima que a noite proporcionaria.

A decoração interna do restaurante seguia bem á risca o conceito de romântico: As paredes eram pintadas na cor creme, enormes cortinas em vermelho-vinho cobriam as janelas, e no teto os pequenos lustres nas cores rosê faziam com que o reflexo das luzes saíssem em frações menores, deixando o ambiente mais escuro e aconchegante.

Para dar mais privacidade aos casais, as mesas de mogno eram distribuídas uma distante das outras. Os forros que as cobriam eram vermelho-vinho, as cadeiras almofadadas eram brancas, e sobre cada mesa havia um castiçal de prata com três velas.

Um pouco mais distante, perto da porta que dava num pequeno jardim, havia um pequeno espaço. Destinado aos casais que queriam conversar, namorar ou dançar ao som da leve melodia.

Após se resolverem com o maître sobre suas reservas (Nesse momento Temari lançou um olhar triunfante á rosada, do tipo "Achou mesmo que eu viria a um lugar desses sem ter reservas?"), foram conduzidos até suas mesas.

Por ser um restaurante destinado à casais (e não à grupos de amigos), as mesas eram próprias para duas pessoas, então era bem compreensível a expressão irritada que o garçom fez quando a loira o pediu que juntasse duas mesas. Foi um tanto incômodo e problemático o barulho de coisas pesadas sendo arrastadas para lá e para cá.

Passado o "trauma", os quatro se assentaram e logo foram atendidos. Não pelo garçom que juntou as mesas, mas por um senhor idoso por volta dos seus 50, 60 anos, que tinha um sorriso bondoso e um olhar gentil.

Ele os entregou o cardápio e ficou parado com um ar importante, esperando que se decidissem.

Enquanto Temari e Shikamaru discutiam sobre o que pedir, Sasuke, que estava duro feito uma pedra, lançava um olhar duro e gélido à loira. Quanto a Sakura, ela ficou com a cabeça abaixada de vergonha.

Era uma atitude um tanto idiota, levando em consideração que era "casada" com o garoto mais cobiçado da vila, mas toda aquela luxúria que exalava pelas paredes a estava constrangendo grandemente.

–Ca-ham. - Otoo, o garçom, limpou a garganta suavemente, chamando a atenção - Com licença, Sr. Uchiha.

Na mesma hora, não só Sasuke, como os outros três olharam.

–Devo dizer que, quando a notícia de que o senhor havia se casado se espalhou pela vila, eu honestamente não acreditei. Principalmente depois que disseram que era com a Srta. Haruno Sakura. Outro dia mesmo o senhor estava aqui com aquela bela jovem de cabelos vermelhos e óculos... Muito estranho... Por isso não acreditei.

Instantaneamente os olhos da rosada adquiriram um brilho maníaco e assassino, Temari e Shikamaru riram disfarçadamente, e as narinas do Uchiha se inflaram de cólera.

–Mas se me permite dizer - ele continuou em voz baixa -, a sua esposa é muito bonita. Mais até que a outra. O senhor é um homem de sorte, sabe.

Sasuke apertou os punhos contra os joelhos numa expressão de "Cale a boca ou vou matar você". Repentinamente a loira, que estava sentada à sua frente, lhe chutou a canela.

–Ah... Claro... Tem razão - O Uchiha disse vagamente, fuzilando Temari com seus olhos negros.

–Tsc! Fofocas à parte. - O Nara resmungou - Agora, o pedido.

Otoo assentiu, retomando sua pose formal e importante.

–Bem, nós vamos pedir ravióli de salmão defumado com molho de espumante e açafrão.

–O que é isso? - Perguntou Sakura fazendo uma careta.

–É afrodisíaco, oras! - A loira falou, ligeiramente impaciente - Dizem que deixa os hormônios à flor da pele.

–Não. Definitivamente eu não vou comer isso - A rosada apressou-se em dizer.

–Hum... Entenda minha senhora, não é a comida em si que faz os sentidos ficarem aguçados, são basicamente os temperos. Mas também não é desse jeito que funciona. - Otoo falou sonhadora e romanticamente - A mágica acontece quando se está em um lugar calmo e romântico como esse, por exemplo, acompanhado da pessoa amada, e simplesmente aproveitando o momento. O jantar é apenas uma preliminar para deixar a noite mais... quente, posso dizer assim? Se tudo sair perfeito, sua noite está garantida, se é que me entende. - Ele sorriu maliciosamente - Mas, realmente há alimentos que possuem certas propriedades que induzem o bem-estar, o prazer e o desejo.

Sakura ficou vermelha de vergonha.

"Então comigo, definitivamente, essa 'mágica' não vai acontecer". - Sasuke pensou - "Para início de conversa eu nem queria estar aqui, e depois, não estou na companhia de uma pessoa amada".

–Ah, é exatamente isso que nós vamos pedir. E quanto a bebida, aquele licor perfumado. Como é mesmo o nome? Ah, sim! "Parfait Amour". - Disse por fim uma sorridente Temari - E vocês, Sakura-san e Sasuke? O que vai ser?

"Não posso, em hipótese alguma, comer nada desse restaurante. Kami, é perigoso eu sair daqui agarrando o Sasuke-kun selvagemente. Sakura, sua mente além de podre é pervertida!" – N-Não. Não se preocupe comigo. Vou aceitar apenas um chá...

Antes mesmo que o Uchiha dissesse alguma coisa, a loira fora mais rápida:

–Que mané, chá o quê! Toma vergonha nessa cara, Sakura-san! Otoo-san - ela disse, lendo o crachá que havia na blusa dele -, para esses dois traga o que você tiver de mais violento, picante, "caliente" e, enfim, que os faça sair daqui subindo pelas paredes, procurando desesperadamente um lugar reservado.

–T-Temari-san! - A rosada faltou desmaiar de vergonha. Ela estava parecendo a Hinata, quando perto do Naruto.

Até Shikamaru a olhou espantado, como se não acreditasse que ela pudesse ser tão pervertida. E olha que ele era o namorado dela!

–Ah, e dobre a quantidade dos temperos - Ela disse por fim.

O senhor Otoo riu e retirou-se rapidamente. Voltou alguns minutos depois com quatro taças e a garrafa de "Parfait Amour" em um pequeno balde cheio de gelo.

Abriu a garrafa com o melodioso "pop" da rolha que acabara de pular, encheu as taças e tornou a desaparecer na cozinha.

O clima estava tenso entre o "casal Uchiha". Sakura morta de vergonha e Sasuke com os olhos crepitando de ódio. Shikamaru colocou as mãos atrás da cabeça e começou a gangorrar na cadeira despreocupadamente. Temari então puxou assunto enquanto levava à boca a taça que Otoo lhe servira:

–Então está explicado seu estranho comportamento, Sasuke. Estava com medo de que descobríssemos que você havia trazido a Karin aqui... Idiota, mas ao mesmo tempo bonitinho. Sei bem como é. Eu odiaria que o Shikamaru ficasse me contando sobre suas antigas namoradinhas e sobre os lugares que as havia levado.

O Uchiha bufou, e a rosada, tentando tirar aquelas coisas da cabeça, perguntou, mudando de assunto:

–Afinal, Temari-san, por que você resolveu nos trazer aqui? Tantos restaurantes na vila e você escolheu logo... Logo este.

–E por que você se preocupa? Fique grata, pois eu estou te ajudando a ter uma noite perfeita. E é só isso que importa! - A loira riu.

–Haha. Olha como eu também estou rindo. Consegue ver? - A Haruno foi irônica.

Temari revirou os olhos e bebeu mais.

–Ah, bem, eu tinha ido à prefeitura para poder resolver um assunto com a Tsunade-sama, mas depois nós ficamos falando sobre coisas diversas, e eu comentei sobre como estava doida para sair com o Shikamaru já que ele nunca sai, você sabe. Tem preguiça até de ir trabalhar e passa o dia todo reclamando.

–Hunf! - O Nara resmungou.

–Enfim... - Continuou Temari - Ela disse que achava uma excelente ideia, e que eu deveria aproveitar a oportunidade e convidar vocês também. Não pense mal, Sakura-san, mas eu achei isso meio irritante já que eu queria sair com o Shikamaru. De todo jeito, a Tsunade-sama mandou que viéssemos aqui essa noite e me disse para não me preocupar com nada, pois tudo já estaria resolvido.

Sakura olhou para Sasuke como se quisesse ter certeza de que ele ouvira o mesmo que ela.

–Tsu-Tsunade-sama? A minha mestra?!

–A nossa prefeita, Tsunade-sama?! Aquela mulher loira que odeia safados e pervertidos? - O Nara ergueu uma sobrancelha incrédulo. Nem mesmo ele acreditava no que acabara de ouvir.

–Foi a Tsunade-sama quem mandou você nos trazer aqui? - A voz do Uchiha era fria e irritada.

Repentinamente Temari arregalou os olhos, como se tivesse acabado de perceber que falara de mais. Imediatamente exibiu um sorriso falso e virou o resto da taça.


***


Talvez por não saberem como se portar nesse tipo de ambiente, os quatro não se falaram muito enquanto aguardavam. Ou melhor, Sasuke e Sakura não se falavam, porque Shikamaru e Temari não calaram a boca, ficando aos cochichos, brindes, risadinhas e carícias no rosto.

Em certo momento, o Nara tirou sua problemática para dançar, a qual aceitou prontamente. Os dois ficaram rodopiando calma e suavemente pela área reservada, ora rindo, ora sussurrando, ora se beijando.

–Prometo não comer nada se você não comer - A Haruno disse por fim após o longo silêncio que se seguiu entre ela e seu "marido".

–Você não precisava falar nada, Sakura. - Ele riu seca e debochadamente - Como se eu realmente quisesse dormir com você...

–Hunf!...

O jantar então fora servido e o casal que dançava voltou à mesa. Enquanto Otoo enchia novamente sua taça e a de Shikamaru, Temari percebeu que a rosada e o moreno não haviam se movido um único centímetro, e muito menos tocado na bebida.

–Ué, o que deu em vocês dois? Ora, Sakura-san, não precisa ficar acanhada! Vocês são maiores de idade, são vacinados e são casados. Nós não temos essa ilusão de que vocês não fazem nada quando estão sozinhos, então porque esse comportamento tão estranho? Por Kami, parecem dois robôs com defeito parados desse jeito! - Ela falou com seu jeito mandão e impaciente.

–Por favor, Temari-san, não se preocupe. - Sakura murmurou - Não é nada de mais. Só estou um pouco indisposta. E o Sasuke-kun, bem, ele... Ele decidiu me acompanhar na minha... No meu jejum de bebidas alcoólicas e coisas do gênero, você sabe.

–Exatamente isso - Sasuke concordou rapidamente.

Shikamaru soltou uma risada preguiçosa, e Temari instantaneamente exibiu um sorriso estranho. Malicioso e desconfiado.

–Hum... Entendi... É claro. Realmente é muito perigoso para o feto se nos primeiros meses, quando ele está se desenvolvendo, a mãe for negligente com a saúde. Muito bonito da sua parte, Sasuke, acompanhar a Sakura-san nessa difícil jornada... Imagina o quão tortuoso não deve ser para ela, vê-lo bebendo e esbaldando enquanto não pode fazer nada, apenas cuidar e carregar o bebê de vocês...

O "casal Uchiha" arregalou os olhos assustados e estupefatos. Se estivessem com alguma coisa na boca, àquela altura já teriam cuspido tudo. O senhor Otoo, que os servia, riu e quase derrubou a comida.

–Temari-san, você acha que estou grávida? Mas eu já disse que não!...

–Na verdade, Sakura-san, nunca deixei de achar. - A loira sorriu zombeteiramente - Na minha opinião você está sendo boba por tentar esconder algo tão lindo...

Lançando um olhar irado e desafiador à amiga, a rosada virou de uma vez toda a bebida que estava em sua taça.

–Ah, como estou admirada... Lindo gesto, Sakura-san. Realmente muito comovente.

–O que é isso? - Sasuke perguntou ao ver as coisas que o garçom colocava à sua frente.

–Anh, bem, eu não sabia o que você e a Srta. Haruno, perdão, Sra. Uchiha iriam querer comer, então mandei fazer nosso prato especial, o "Banquete dos Amantes". - Respondeu Otoo - Constitui de camarão ao molho picante (mostarda, salsa, alho e leve toque de pimenta), fígado acebolado salpicado de gergelim, caviar com cogumelos e arroz com gengibre. Como a Srta. aqui pediu - ele apontou para Temari -, a quantidade de tempero fora dobrada, então vocês sentiram um sabor mais forte do açafrão e do curry.

A loira assentiu aprovando, e a rosada, a cada palavra dele, estava mais determinada a não comer nada daquilo.

O senhor Otoo, ao terminar de pôr toda a refeição à mesa, colocou também um pequeno copo contendo um líquido verde-oliva viscoso, mais parecido com azeite.

–Isso é licor de catuaba. Aconselho que joguem sobre o fígado. O sabor ficará maravilhoso. Aproveitem o jantar, e caso precisem, por favor, não exitem em me chamar. - Estava prestes a sair, quando falou: - Caso não saibam, a catuaba é famosa por estimular sexualmente os homens.

Ele mal havia saído, e a primeira coisa que Temari fez foi despejar o licor em toda a comida.

–Temari, o que está te acontecendo hoje? - Perguntou Shikamaru - Eu não conhecia esse seu lado... Tem certeza que você é a minha namorada sem graça de sempre? - Ele riu, desviando-se dos tapas dela.

O jantar seguia-se calmo e agradável. Ao menos para Shikamaru e sua problemática, afinal os outros dois sequer tocaram na comida.

A loira, que já estava mais do que impaciente com a situação, repentinamente levantou-se e debruçou sobre a mesa, enfiando a força alguma comida na boca deles.

Sasuke e Sakura, assustados por terem sido pegos de surpresa, tiveram que engolir, afinal seria muito feio e deselegante se começassem a cuspir.

Instantaneamente eles sentiram um bem estar, e quando se deram conta, já estavam na metade do prato.

Quando percebeu o que havia feito, a rosada virou-se para o Uchiha, num pedido de desculpas por ter quebrado a promessa, mas naquele momento uma garçonete passou ao seu lado, empurrando-a violentamente sobre ele, de modo que seus rostos se tocaram.

A garçonete pediu desculpas com uma voz esganiçada e um sorriso falso, dizendo que a empurrara sem querer pois estava com pressa, mas Sakura sabia que aquilo era hostilidade. Uma espécie de vingança que as mulheres da vila estavam compartilhando. Tudo porque se "casara" com Uchiha Sasuke.

O fato é que, quando se encostaram, a Haruno sentiu seu corpo estremecer, como se uma corrente elétrica corresse por todo ele. Tentando ignorar o ocorrido, ela voltou sua atenção à refeição.

Coincidentemente, ao mesmo tempo em que estendera a mão para pegar a garrafa de "Parfait Amour", Sasuke fizera o mesmo, e mais uma vez, quando suas mãos se tocaram, ela estremeceu e sentiu seus pêlos se eriçarem.

Imediatamente recolheu a mão e o olhou inquisitivamente. O Uchiha, ao invés de ignorá-la como sempre fazia, fez o mesmo. Ficaram ambos se encarando, quase sem piscar, como se estivessem em um transe, descobrindo algo inteiramente novo.

–Ca-ham. - Otoo, o garçom, limpou a garganta suavemente chamando-lhes a atenção - Espero que tenham apreciado o jantar. Agora, com sua licença, irei servir a sobremesa.

Ao ser chamada, Sakura saíra do "transe", e quando percebeu, não estava simplesmente encarando Sasuke. Estava com uma expressão sacana, de puro desejo, com o rosto bem próximo, quase o beijando, enquanto sua respiração se misturava à dele. E ele, estranhamente, não a empurrara, não desviara o rosto e nem brigara. Apenas ficou encarando-a com uma sobrancelha erguida e um sorriso igualmente pervertido enquanto acariciava o rosto dela.

A rosada então o empurrou assustada e um tanto bruscamente, interrompendo assim toda aquela tensão sexual.

"Kami, o que é que está me acontecendo? Ah! A comida! É essa comida! O que eles colocaram aqui?"– Ela se afastou rapidamente, virando para frente, tentando ignorá-lo e esconder o rubor da face - "BAKA! Sakura, você é tão idiota! O que você pensa que estava fazendo? O que não deve estar se passando na mente desse povo por te ver assim..."

Ela estava tão compenetrada se auto flagelando e se acalmando, que nem percebera o sorriso que Temari exibia. Era algo malicioso, irônico e vitorioso.

–Aqui está o "Louca Tentación". - O garçom informou, pousando uma travessa de prata sobre a mesa. Sobre a travessa havia rodelas de frutas milimétrica e igualmente cortadas, e com uma calda vermelha que escorria pelos lados - Framboesa, pêssego, figo, ameixa e pistache com amêndoas e calda quente de maçã. Caso queiram acrescentar, aqui está a baunilha.

Sasuke fez uma careta e estremeceu levemente. Ver aquilo o estava enjoando.

–E este aqui é "Ménage a Trois". Cheesecake de cardamomo, chocolate e café.

Temari e Sakura ficaram com as frutas com caldas, Shikamaru, que havia escolhido o cheesecake, começou a devorar tudo, e Sasuke, que também recebera o cheesecake - contra sua vontade -, sequer tocara na colher.

–Eu não vou comer isso! - Ele respondeu ante o aviso silencioso e assassino que os olhos verdes de Temari lhe lançavam.

A loira, que estava prestes a lhe enfiar tudo goela abaixo, foi impedida pela Haruno:

–Não, Temari-san. Acho melhor não insistir. O Sasuke-kun não gosta de doces...

O Uchiha a olhou extasiado. Ele não pensou que ela fosse defendê-lo, muito pelo contrário. Ele então, inesperadamente, pegou a mão dela e apertou gentilmente, como num gesto de agradecimento.

Como se estivesse com pulga nas roupas, a rosada pulou da mesa. Ela estava ofegante, com o coração a mil e os olhos arregalados numa expressão de pânico.

–Por favor, me perdoem, mas eu... Eu preciso ir agora. Antes que... Antes que eu faça uma estupidez - Dizendo isso ela saiu correndo porta a fora.

Os outros casais, que se assustaram ao vê-la pular da cadeira, olharam confusamente para a porta que batera.

Até mesmo Temari, que ficara o tempo todo rindo e se divertindo com a situação, achou aquilo estranho, ficando sem entender nada.

–Mais uma vez minha teoria se comprovou: As mulheres são problemáticas... - Shikamaru resmungou e comeu mais da sua sobremesa.

–E então? - A loira cruzou os braços - O que deu nela?

Sasuke deu de ombros, com um ar indiferente, mas igualmente confuso.

–Então vá atrás dela, ora! - Ela o chutou por debaixo da mesa - Ela é a sua esposa.

***


O Uchiha então deixou o restaurante - mas não porque Temari mandara. Ele já estava louco para sair dali, e a ameaça dela apenas facilitou um pouco as coisas.

Alguns metros mais à frente, Sakura, que havia parado de correr, caminhava ofegante e com uma expressão de choque em direção ao Bairro Uchiha.

"Meu Kami! O que foi aquilo? O que eles põe naquela comida!? O Sasuke-kun simplesmente pegou na minha mão e eu me descontrolei. Senti meus desejos todos se aflorarem, como se gritassem e ansiassem desesperadamente por ele. Eu estava a um passo de agarrá-lo e beijá-lo ali! Nunca, nunca mais! Naquele restaurante nunca mais!"– Pensou ela desorientada.

–Ei, Sakura! - Sasuke gritou ao vê-la - Garota, qual é o seu problema? Não que eu me importe, mas você saindo correndo daquele jeito foi um tanto... Estranho e estúpido.

A rosada estagnou no caminho e virou-se lentamente. Na medida em que ele se aproximava, seus pêlos começaram a eriçar, e seu corpo a estremecer.

–Não! Não chegue perto de mim. Fique aí! "Por favor, não tente minha sanidade!"

Ele, sem conseguir entendê-la, a olhou como se ela fosse doida. Sakura, vendo que ele continuava a andar em sua direção desatou a correr.

–Mas o quê...?! - O Uchiha ergueu uma sobrancelha e correu atrás dela. Não que ele se importasse, mas a estranha atitude dela lhe despertara curiosidade.

Eles saíram correndo pela vila, atiçando olhares curiosos e cochichos por onde passavam.

Ao chegar à entrada do Distrito, Sakura olhou para trás e viu que ele ainda a seguia. Com os pulmões ardendo, implorando por ar, e o coração a mil, voltou a correr, pois sabia que, no instante em que ele se aproximasse dela, iria agarrá-lo desesperadamente.

A Haruno só parou de correr ao chegar em casa. Mal fechara a porta e ela fora novamente aberta por Sasuke, que tinha uma expressão irritada e confusa.

–Por que... Por que você me seguiu? - Perguntou ela ofegante enquanto se afastava.

–O que há com você?! - Ele sibilou com impaciência.

–Hunf! Por que essa nota de irritação na voz? Você me seguiu por que quis! E desde quando se importa?

Antes que ele respondesse, Saeko, que ao reconhecer a voz da rosada desesperou-se de excitação e empolgação, espremeu-se pela porta entreaberta do jardim e correu até ela, enroscando-se em suas pernas e rosnando para Sasuke.

Sakura, assustada com a aparição repentina da cadelinha, tropeçou e, como num filme romântico, caiu em cima do moreno. Ela porém não tentou levantar-se, e ele, ao recuperar-se do tombo, também não tentou empurrá-la.

"Ah que maravilha! O que eu tentei evitar acabou de acontecer...! Droga! Meus hormônios estão à flor da pele. Todo meu corpo está desejando e gritando desesperadamente 'Sasuke-kun! Sasuke-kun!'. E o meu lado que odeia perversões está me mandando levantar desse chão AGORA! Mas afinal que perversão, Sakura? Hipoteticamente, e pra todo mundo, ele é o seu marido, não é? Ah, dane-se!"– Ela pensou atordoada, mas decidida a não sair dali.

Novamente, como num transe, Sakura não conseguiu desviar o olhar. Ela começou a acariciar a face e o pescoço dele, e o Uchiha a segurou possessivamente na cintura, ambos sem tirar, um minuto sequer, os olhos um do outro.

Eles não se falavam. A única coisa que se ouvia era a respiração descompassada da rosada e seu coração que pulsava descontrolado.

Ela aproximou-se mais dele, e ele, em resposta, começou a subir as mãos lentamente pelo corpo dela em direção à fita lilás que usava, desamarrando-a calmamente.

A Haruno então começou a distribuir suaves beijos por todo o rosto dele, e quando chegou aos lábios, roçou-os levemente contra os seus.

Estavam prestes a se beijar quando algo a impediu.

Sakura, que não estava acostumada a isso, assustou-se escandalosamente ao sentir uma "coisa" relativamente grande e dura sendo pressionada contra sua perna. Ela sabia muito bem o que era: Um certo membro um tanto animado e excitado que tentava escapar pelas calças de Uchiha Sasuke.

Aquilo, ao invés de deixá-la encorajada e entusiasmada para continuar com a loucura que pretendia fazer, teve o efeito contrário.

Bastante chocada e assustada, deu um pulo desesperado, segurando seu kimono para que ele não se abrisse, e saiu de cima do moreno.

Puxou sua fita das mãos dele bruscamente, lançando-lhe um olhar de pavor e nojo - como se ele realmente tivesse culpa - e desapareceu escada acima, trancando-se no quarto.


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Notas finais do capítulo

Então, então... Mais um capítulo. Espero que tenham gostado, minna-san *-*
Ah sim... A música que a Jun estava cantando é Blue Birds, 3ª abertura do Shippuuden. Se querem saber, eu odeio essa música, mas ela ficou na minha cabeça e.e É tipo aqueles funks que grudam igual praga (os funkeiros que me desculpem).
Eu já tinha terminado esse capítulo há mais tempo, na verdade, mas fiquei enrolando pq queria postar hoje, e exclusivamente hoje, dia 15/09 pq é meu níver u.u Ah sim! Hj tô fazendo 18. Finalmente a maioridade muahahahahah enfim...
Eu particularmente não gostei muito de ter mudado a personalidade da Temari (Vocês sabem que ela não é nem de longe pervertida ou preocupada com imbecilidades... Aff Natália --'), mas alguma coisa tinha que ser feita, então...
Ah, e antes que perguntem, não! Eu nunca fui à um restaurante afrodisíaco! Nunca fui, mas tenho a certeza de que não é nem de longe parecido com o meu. O meu não foi afrodisíaco, na verdade. Foi bem leve e tranquilo, sem perversão - Os depravados que me desculpem.
Definitivamente esse tipo de restaurante deve ser mais picante, caliente, indecente e sabe-se lá mais o quê a pervertida mente humana inventa u.u
É claro que eu fui um tanto exagerada. Desconheço qualquer comida que deixe as pessoas desesperadas umas pelas outras como aconteceu à nossa Sakura. Ah, mas quem não adora uma exagerada fantasia? ^^
Eu disse que esse capítulo ia compensar o último e... Bem, espero que o tenha feito.
Enfim, me digam o que acharam, ok? Preciso das opiniões e comentários de vocês u.u
Ja ne