Convivência Por Contrato escrita por cellisia


Capítulo 4
Capítulo 4 - Dia Um: 16/05




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O Uchiha ficou olhando a garota inconsciente por um tempo.

—O que ela tem? - Ele perguntou confuso enquanto se levantava - Será que vai ser essa loucura todos os dias até o final do mês? Sabe, eu realmente espero que não.

Ele foi até o banheiro, encharcou uma toalha e a torceu sobre o rosto dela. A rosada deu um pulo devido ao susto.

—Você vai ter que fazer melhor do que isso, Sakura. Não desisto tão fácil!

—Hum... O quê!? - Ela estava confusa - Eu... Eu estou no céu?

"Se depender de mim, muito pelo contrário" - Hunf! Para de palhaçada! - A voz dele era dura e impaciente.

Sakura abaixou a cabeça enquanto lágrimas começavam a rolar. Por sorte ela já estava molhada, então Sasuke não percebeu.

Ela apertou o cobertor com força, e logo em seguida secou os olhos.

—Sasuke-kun, por que... Por que eu estou aqui?

Ele bufou.

—Sakura, dá pra parar com essa bobeira? Todos os dias agora serão assim? Você vai acordar e fingir que se esqueceu da noite anterior?

"O quê? Eu... Me esqueci... Da noite anterior? Será que nós realmente fizemos alguma coisa que foi especial e eu não estou me lembrando? Por isso ele está irritado? Já sei! Vou fingir que me lembro do que aconteceu. E como nós estamos aqui juntos, provavelmente..."— As bochechas dela estavam vermelhas e um sorriso pervertido estava em seus lábios, até que ela se deu conta de uma coisa - "Eu finalmente consegui com que o Sasuke-kun se interessasse por mim! Como eu pude me esquecer da noite maravilhosa que tivemos? Isso é imperdoável! Bem, o jeito vai ser fingir" — Não, Sasuke-kun.

—Não o quê?

—Claro que eu não me esqueci.

—Que bom! Não tenho paciência pra aturar suas bobagens.

—Como eu poderia ter esquecido o quão maravilhoso foi o tempo que passamos juntos ontem? - Ela pegou a mão dele e entrelaçou na sua - Eu nunca faria isso! E sabe, eu estou doida pra... Hihih... Pra gente fazer de novo.

Sasuke fez uma careta de nojo e puxou a mão, empurrando-a.

"Do quê essa garota tá falando, meu Kami? Agora ela decidiu dar uma de pervertida?!" — SAKURA! PARE DE SE FAZER DE RIDÍCULA! - Ele berrou, fazendo-a cair da cama assustada.

A rosada levantou-se desorientada e confusa.

—Desculpa, Sasuke-kun, mas eu, realmente, não sei o que está acontecendo. Não estou me fazendo de palhaça ou ridícula, mas é porque eu não estou entendendo.

Ele bufou e revirou os olhos.

—Você vai ter que se empenhar mais, Sakura! Se quiser que eu desista, faça melhor do que isso.

—O quê!? Desistir do quê? - A rosada estava realmente confusa. De tudo o que ele falara, ela entendera menos da metade.

—Bem, como você sabe, eu trabalho na Força Policial, então... A luta continua companheira! Os adultos têm que trabalhar. - Ele disse e vestiu uma camisa - E você? O que vai fazer? Sabe, essa pequena limpeza que você fez aqui foi bem agradável. Por que não limpa o resto da casa? Já que está de folga do hospital faça algo de útil.

—Limpar? Você quer que eu limpe essa casa sozinha?! Não sou sua escrava, sabe?

—Ai... - O moreno suspirou com impaciência - Nós já discutimos isso ontem... - Ele pôs a mão na porta.

"Ah é! Hoje, magicamente, eu acordei no Distrito Uchiha"— Sakura lembrou-se e rapidamente se cobriu com a coberta - Não, Sasuke-kun! Não abra essa porta!

—Hunf! E por que não?

—Itachi-san pode me ver! - As bochechas dela estavam coradas.

—Sakura, é sério! Logo de manhã você já está conseguindo me irritar! Você sabe que eu e meu nii-san moramos na casa principal do clã!

—Ué. E nós não estamos na casa principal?

Sasuke suspirou, rogando à Kami muita paciência.

—Você está brincando não é? Eu já te falei ontem. Não estou com a mínima vontade de repetir tudo de novo...

—Para, Sasuke-kun! - A rosada gritou irritada - Para de ficar falando como se eu fosse obrigada a saber das coisas! Que droga! Eu já te disse que não sei o que está acontecendo! Por que eu estou aqui? Meus pais sabem disso?

O moreno ergueu uma sobrancelha.

—Isso é verdade? Você realmente não se lembra de nada de ontem? - Ele perguntou desconfiado.

—A última coisa de que eu me lembro foi quando eu saí da floricultura dos Yamanaka. Isso foi lá pelas 22:00h. Ahn... E também tenho alguns flashs do Ichiraku.

Sasuke não aguentou e então começou a rir.

—Sakura, você é de mais. Bem, eu não sei se isso é verdade, mas se for, você vai ter uma espantosa "surpresa". - Ele ria debochadamente - De qualquer forma, eu tenho que ir agora, então pergunte à Tsunade-sama ou talvez à Shizune. Já que ela é a bichinha de estimação da prefeita, é provável que ela já saiba do "contrato".

—Ahn!? Que contrato? E ei! Não fale assim da Shizune-san!

Ele apenas continuou rindo e saiu do quarto.

 

***

 

Sakura estava extremamente confusa. Mais perdida que cego em tiroteio.

Ela não entendia como fora parar no Distrito Uchiha e nem do que Sasuke falava, mas já que a resposta estava com Tsunade, o jeito seria ir até ela.

A rosada encontrou suas roupas e suas sandálias dentro do armário.

—Nossa, que estranho. Será que nessa casa só moravam mulheres? Onde estão as roupas masculinas? Eu hein...

Ela então trocou de roupa e saiu da casa.

Enquanto andava, ela tentava se lembrar da noite anterior, mas aquilo não estava surtindo muito efeito pois tudo que se passava em sua mente eram memórias de Ino, Sai e ela saindo da floricultura dos Yamanaka, e, no fim ela acordando numa casa qualquer do clã Uchiha.

"Alguma coisa aconteceu ontem... O Sasuke-kun falava com muita convicção. Deve ter sido alguma coisa realmente importante, mas por que eu não me lembro?"

—Bom dia, Sakura-san - Alguém a chamou, tirando-a de seus pensamentos.

—Ahn?! - Ela assustou-se, mas depois sorriu - Bom dia, Itachi-san!

Uchiha Itachi era o irmão mais velho de Sasuke, e juntamente com ele, os únicos sobreviventes do clã.

Na época em que os Uchiha foram dizimados, Itachi tinha ido à Aldeia da Névoa, no País da Água, visitar seu amigo, Hoshikagi Kisame.

Sasuke insistira tanto, usando a desculpa de que, como irmãos, eles deviam passar mais tempo juntos, que no fim Itachi o levou também.

Eles ficaram fora apenas uma semana, mas fora tempo o suficiente para que uma doença altamente contagiosa e até então incurável se infiltrasse no clã e matasse todos os Uchiha.

—Ahn... Me desculpe, Itachi-san. Eu não estou querendo ser grossa nem nada, mas você não parece muito surpreso com a minha presença aqui...

—Não. Nenhum pouco. - Ele sorriu - Ontem a noite, antes de ir dormir na "sua nova casa", o Sasuke me contou sobre o esquema de vocês. Devo dizer, Sakura-san, que nunca pensei que você chegaria tão longe para conseguir alguma atenção dele. Isso deve ser amor mesmo. Ou muita falta dele.

—Ahn?! Do quê você está f...

—Mas e então? - Itachi continuou, sem dar à ela tempo de processar nada - Quando poderei começar a te chamar de Uchiha Sakura-san?

—Uchiha... Sakura...? - Sakura, que antes estava confusa, ficou com as bochechas coradas - Se por algum milagre de Kami, isso algum dia viesse a acontecer, o Sasuke-kun deveria gostar de mim primeiro, você não acha?

—Ué. Mas esse contrato não tem algo relacionado a casamento, marido e mulher, ou sei lá!? Pelo que ele me contou, foram essas as regras que você impôs.

—Contrato?! De quê contrato você e o Sasuke-kun tanto falam?

—Hahaha! - Itachi riu - Você é engraçada, Sakura-san. Gosto disso. Ao menos teremos alguma diversão por aqui. - Ele disse enquanto olhava pro céu, tentando saber das horas a partir da posição do sol - Enfim, tenho que ir agora. Vou ficar fora essa semana. Já que eu trabalho diretamente para a Tsunade-sama, você sabe como é... Viagem a trabalho, essas coisas. Então nos vemos semana que vem. Até mais.

—O quê!? Ei! Itachi-san! Espere! - A rosada gritou enquanto o via se afastar.

Ele apenas acenou por sobre os ombros e continuou andando até desaparecer.

—Hunf! Mas que droga! Qual é o problema desses Uchiha? - Sakura reclamou irritada. Logo em seguida ela suspirou rendida - Preciso ir até Tsunade-sama. Não posso me preocupar com esses dois malucos.

Imediatamente a ação se seguiu as palavras, e a Haruno voltou a andar, parando apenas ao chegar à prefeitura.

Ela andava pelos corredores do prédio calmamente, quando ouviu uma gritaria vinda direto do escritório da prefeita.

—ENTREGUE TODAS ESSAS PROCURAÇÕES À SHIZUNE! SÃO PARA A AUTORIZAÇÃO E LIBERAÇÃO DE MATERIAIS PARA O HOSPITAL! ELA SABE O QUE FAZER! - Tsunade gritava impacientemente.

—Ai... Pra quê essa gritaria logo de manhã? Que problemático! - Shikamaru reclamou com sua voz rouca de sono.

—COMO É QUE É!?

O Nara suspirou pesadamente expressando sua preguiça e descontentamento.

—Hai, Tsunade-sama. "Tsc! Isso vai ser um saco".

—ÓTIMO! AGORA, SUMA DA MINHA FRENTE!

Tsunade mal terminara de gritar quando Shikamaru desapareceu porta a fora carregando uma enorme pilha de papéis.

—Tsc! Eu podia estar dormindo uma hora dessas, mas não! A Tsunade-sama acha que eu sou seu escravo! - Ele reclamava com seus botões, até que esbarrou na rosada - Bom dia, Sakura.

—Bom dia, Shikamaru! - Ela lhe sorriu - Logo cedo e a Tsunade-sama já está te deixando doido?

—Eu nem falo nada. É feio desrespeitar os mais velhos - Ele ergueu uma sobrancelha e riu.

—O QUÊ VOCÊ DISSE!? - A prefeita gritou irritada da sua sala.

O moreno suspirou cansado, como se apenas o fato de respirar fosse um sacrifício.

—Bem, você parece melhor hoje - Ele mudou de assunto.

—O quê? Como assim?

—Ontem você estava agindo de modo muito estranho, sabe? Não parecia ser você.

—Nós... Nós nos vimos ontem?

—Sim, você esqueceu? Como disse o Naruto, parecia que você tinha bebido o sakê da Tsunade-sama e ficado mais bêbada que ela.

—NARA SHIKAMARU!!! - A loira berrou, escancarando a porta violentamente.

Shikamaru, é claro, não se encontrava mais ali. Talvez o medo de apanhar fosse maior que sua preguiça.

—CADÊ AQUELE GAROTO!? ELE VAI VER QUEM É A VELHA BÊBADA AQUI! CADÊ ELE?

—E-Ele já foi. - Sakura gaguejou receosa.

—Hunf! Qual é a desse povo de me chamar de velha e de bêbada? Eles não têm respeito algum! Tsc! - Tsunade mordeu o lábio inferior. Logo em seguida lembrou-se da rosada - Bom dia, Sakura - Ela disse impacientemente e voltou à sua sala.

—B-Bom dia, Tsunade-sama! - Sakura correu até ela, fechando a porta atrás de si.

A loira assentou-se à sua mesa e assumiu uma expressão preocupada e pensativa.

—Ahn... Tsunade-sama, eu... Eu vou direto ao ponto! Aconteceu algo importante ontem do qual eu não esteja sabendo?

—Sakura, muitas coisas importantes aconteceram ontem, mas isso não quer dizer que você deva saber delas. - A loira suspirou cansada - Por exemplo, o País da Cegonha aumentou o preço dos impostos pelos materiais que adquirimos deles. Sem falar na exportação que já é um absurdo. Desse jeito, a solução será diminuir os gastos gradativamente ou então parar de comprar coisas de lá. Outro caso foi o País dos Vegetais. Eles nos pediram dinheiro emprestado, mas como a vila está cheia de dívidas e ainda o País da Cegonha está nos sacaneando, tive que negar. Agora eles estão ressentidos comigo. Tem também a Aldeia da Grama que... - Ela interrompeu-se e deu um murro violento na mesa - Ser a prefeita da vila é muito difícil. Tenho que tomar muitas decisões críticas que podem tanto nos afetar ou nos beneficiar. Tsc! MALDITO O DIA EM QUE ME TORNEI A PREFEITA!!! - Tsunade gritou e atirou sua cadeira pela janela.

Sakura estava estática e com os olhos arregalados, mas já acostumada aos ataques de fúria de sua mestra.

—N-Não, Tsunade-sama. Estou falando sobre mim. O Sasuke-kun e o Itachi-san falavam com muita convicção, como se eu realmente soubesse. Isso é estranho, porque não sei do que eles estão falando, mas tenho a impressão de que algo está me fugindo. Então o Sasuke-kun me mandou vir te perguntar.

—Ah sim. Só um minuto. IZUMO! KOTETSU! MINHA CADEIRA! AGORA!

Em menos de cinco minutos, os dois vigias do portão principal da aldeia apareceram carregando a cadeira.

—Aqui está Tsunade-sama - Izumo disse.

—Tsunade-sama, a senhora deveria parar de fazer essas coisas. Nesses seus acessos de fúria a senhora mais destrói a vila do que a concerta. - Kotetsu reclamou - A senhora já está bem velha pra saber disso. Ops! - Instantaneamente ele tampou a boca.

—Velha?! - As sobrancelhas dela começaram a tremer - Quem você...

—N-Não Tsunade-sama! Não é nada disso! - Izumo deu um soco na cabeça do amigo e correu dali antes que a situação piorasse.

—Mil perdões! - O homem com uma faixa no nariz gritou enquanto corria e batia a porta atrás de si.

"Coitada da Tsunade-sama."— A rosada suspirou.

—Grrr... Ah mas esse povo vai ver só! Eu vou criar uma lei que... Oh! Sakura! Me esqueci de você! Depois acerto as contas com eles. Agora, do que estávamos falando mesmo? Ah tá. Como foi a primeira noite com o "inimigo"?

—Primeira... Noite com o inimigo?

—Ué. Você não foi pra casa dele? De acordo com o contrato vocês deveriam ter começado ontem! Pra quê foram me perturbar tarde da noite se já não estão cumprindo o combinado? - Tsunade começou a irritar-se - Sabe o que eu deveria fazer? Pegar vocês dois e...

—Tsunade-sama! Eu não sei do que a senhora está falando. A senhora é a terceira pessoa que me fala de contrato. Que contrato?

—O que vocês assinaram, ora essa! Vai me dizer que esqueceu, depois do escândalo de ontem?

—Eu realmente não sei do que se trata.

A loira suspirou impaciente.

—Sakura, eu estou ocupada com os assuntos da vila! Em vez de me fazer perder tempo, por que não vai tentar fazer algum progresso no seu "casamento"? Ou então vá melhorar suas habilidades médicas.

—C-Casamento?! Eu... Eu me casei? - A rosada só ouvira a palavra casamento.

—Hum... Hipoteticamente sim.

Mal Tsunade terminara de falar, e Sakura já estava desmaiada no chão.

 

***

 

Após quatro horas, a rosada recobrou a consciência. Ela, porém, não estava no chão, mas sim num sofá.

—Tsu...Tsunade-sama?!

Tsunade, que estava lendo e carimbando relatórios, levantou a cabeça e a encarou.

—O que aconteceu? Eu... Desmaiei não foi?

—Sakura, me diga o que você fez ontem - A loira foi direto ao ponto. Sua voz era séria.

—O quê? Eu... Eu não me lembro. Mas ninguém acredita em mim. - Os olhos dela se encheram de lágrimas - Tsunade-sama, o Sasuke-kun disse que a senhora ia me explicar, então, por favor, me ajude.

Tsunade levantou-se escorou na mesa.

—Certo, mas primeiro você precisa me dizer tudo o que fez ontem. Ou de tudo que você se lembra.

—A senhora então acredita em mim?

—Tenho uma suspeita... - Ela murmurou.

Sakura então contou tudo o que aconteceu no seu dia anterior até o momento em que saia da floricultura dos Yamanaka. Ela omitiu apenas a parte que roubara elixir do hospital.

—Isso é tudo que se lembra?

—Hai.

A prefeita cruzou os braços e suspirou.

—Apesar de ser a prefeita da vila, também sou médica, então eu percebo quando as coisas não vão bem. Você realmente parece não se lembrar de nada, então quando desmaiou, eu colhi seu sangue e enviei a Shizune para que ela examinasse por mim.

—E então?

—Foi encontrado vestígios de um elixir em seu sangue. E sabe? Shizune me informou que certa quantidade de elixir desapareceu de ontem pra hoje. Agora, já que você é minha aprendiz, já deve ter percebido o que está acontecendo, então junte as peças.

"Descobriram que eu roubei o elixir do hospital. Foi encontrado vestígios no meu sangue. E eu estou com perda de memória. Kami...!" — O elixir desaparecido é o que nós usamos para anestesiar ou aliviar a dor, certo?

Tsunade assentiu.

"O quê?! Mas como? Eu não bebi isso. Foi o Sai quem bebeu. E mesmo que eu o tenha feito, como aconteceu?... Essa não! Será que foi na hora quando... Ele beijou a Ino! Ele entrou na minha frente pra que eu não pudesse ver o que estava acontecendo! Kami! Como eu não percebi isso?! Não acredito que ele trocou as xícaras! Calma! Acalme-se Haruno Sakura! Isso explica o por que de eu não me lembrar de ontem, mas e o resto?"

Como se tivesse lido os pensamentos da rosada, Tsunade lhe estendeu uma folha.

—Pedi a Shizune que buscasse em minha casa e trouxesse quando viesse me entregar os resultados do seu exame.

Sakura pegou o papel com as mãos trêmulas. Ela mal conseguia ler as linhas e pensar claramente. Quando chegou ao final...

—O QUÊ!? - Ela gritou desesperada enquanto se descabelava - EU FIZ O QUÊ!? EU ASSINEI ISSO AQUI! O SASUKE-KUN TAMBÉM!

Naquele momento tudo começou a lhe fazer sentido. A conversa com Sasuke e com Itachi... Casamento... Esposa... Uchiha Sakura-san... Contrato... Nova casa...

—Haruno Sakura. - Tsunade se segurava para não gritar, mas só o fato de chamar alguém pelo nome completo já era preocupante - Eu sei que você sabe, eu sei também, você sabe que eu sei, você sabe que você sabe e você também sabe que eu sei que você sabe, então...

—O quê?! - Sakura estava confusa, como se a loira à sua frente estivesse tentando lhe explicar que dois mais dois são cinco.

—Não me interrompa! Como eu dizia, ambas sabemos o que aconteceu, então não adianta fingir e nem mentir.

—Tudo bem! Eu admito! Fui eu Tsunade-sama! - Sakura começou a chorar - A Ino estava me importunando por causa disso! Ela queria ajuda pra poder ficar com o Sai! Eu a ajudei! Desculpa, Tsunade-sama! Por favor não me castigue tão duramente, pois Kami já está fazendo isso pela senhora!

"Olha! Estou tão boa quanto o detetive Ibiki! Consegui uma informação sem usar agressão física" - Tsc! Olha o problemão que você arrumou! Já não basta os problemas da vila?! - A loira mordeu a ponta do dedão - TEM IDEIA DAS CONSEQUÊNCIAS!?

—H-Hai! Eu já as estou sofrendo.

Tsunade andava de um lado para o outro pensativamente. Ela pisava com tanta força que seu salto começou a furar o chão.

—Tsunade-sama...?! Ahn... E quanto a esse contrato? - A Haruno secou as lágrimas - Ele não vale mais, não é?

—Quem disse?

—Ora, eu não estava nas minhas melhores condições quando concordei com isso.

—Isso, Sakura, já é problema seu. Você não só concordou como também propôs essa loucura e... Ei! Esse será seu castigo!

—Qual? Cancelar esse contrato? - Sakura perguntou sorridente.

—JAMAIS! - A prefeita deu um berro tão assustador que derrubou a rosada no chão - Muito pelo contrário! Vocês vão continuar presos a isso. E você, Sakura, vai cumprir com os combinados! Não posso fazer nada se estava xarope quando assinou isso. Com certeza não foi uma alma penada que o fez, então você está presa até o fim, ou seja, dia 15 de junho!

—Mas, Tsunade-sama...

—Você concordou, você assinou! Está vendo sua assinatura aí no rodapé da folha? Além do mais, meu carimbo oficial também está aí, validando esse acordo. Depois que eu carimbo qualquer documento, não posso voltar atrás.

A rosada gemeu.

—Pare com esse fingimento e com essa falsa relutância, Sakura!

—Não é fingimento, Tsunade-sama. Eu estou é muito envergonhada, isso sim!

—Isso você supera. Agora...

—Tsunade-sama! - Sakura a interrompeu - Por favor, não conte sobre isso pra ninguém! Por favor!

—Shizune já sabe, Itachi já sabe, e inevitavelmente todos vão saber.

—Não! Além desses, por favor, não deixe que outros saibam. Se precisar eu mesma conto. Nem meus pais saberão!

—Mas isso que você está me pedindo é impossível! Não que eu vá contar pra alguém, afinal a vida é sua. Estou dizendo que é impossível porque vocês estão presos a esse acordo. Têm que conviver juntos! As pessoas vão ver, ora!

—Ain... É mesmo... - Sakura suspirou rendida.

—Bem, agora que estamos decididas, vá ao hospital e procure a Shizune. Ela tem algo pra você.

—E-Ela vai me bater?

—Deveria, sabe? Mas acho que não. Não é do feitio dela.

—Tudo bem. Mas de qualquer forma, por favor, não conte sobre isso a ninguém. Eu tenho uma ideia! - A rosada gritou enquanto corria pra fora do escritório.

 

***

 

—Sakura-san! - Shizune a cumprimentou enquanto ouvia as batidas cardíacas de um paciente.

—B-Bom dia,Shizune-senpai... - Sakura estava vermelha de vergonha devido aos seus recentes atos.

—O senhor está com a saúde de ferro, Takashi-san. Seu coração está ótimo! - A morena disse ao paciente - Acho que no máximo até amanhã te darei alta.

O senhor Takashi, um idoso simpático de uns setenta anos, pegou a mão dela e apertou com força.

—Arigato, Shizune-sama. Sou muito grato a senhora.

—Ah, quê isso... - Shizune sorriu encorajadoramente e afagou a mão dele - Bem, agora descanse. Se tudo correr bem, ligarei para sua esposa e ela virá buscá-lo ainda hoje.

—Você é uma benção, Shizune-sama.

Shizune ficou corada, e Sakura riu.

—Sakura-chan! Eu não tinha te visto. Acho que é a idade. Ah, mas dê um desconto para um velho tolo como eu - Ele riu.

—Bom dia, Takashi-san.

—Venha, venha. Deixe-me dar uma olhada em você.

Sakura foi até ele e se ajoelhou. Ele afagou a bochecha dela e lhe deu um beijo na testa.

—Faz muito tempo eu não te vejo, já que você parou de vir aqui. Não me diga que encontrou um paciente mais legal do que eu.

—Não, não! - Ela riu - Estou de folga essa semana, e quando eu voltar, o senhor já terá ido embora...

—Oh, é uma pena! Mas graças a Kami minha saúde já foi restaurada. Fiquei preso nessa cama de hospital tempo mais do que suficiente.

—Hai. Então desejo o melhor para o senhor, Takashi-san - A rosada apertou a mão dele e levantou-se.

—Sakura-chan! Como você cresceu! - Ele disse pasmo ao vê-la em pé à sua frente - Está tão bonita! E aquele garoto Uchiha? Ele já deu bola pra você? Ele não sabe o que está perdendo. Sabe, se eu fosse mais novo, você não me escapava!

—Hum... Sério? - Sakura fez uma careta de nojo - A-Arigato, eu acho - Ela curvou-se.

—Sakura-chan, eu estava aqui pensando... Você cresceu e ficou muito bonita, mas continua com esses peitos pequenos. Vai ver o Uchiha não se interessa por você por causa dos seus peitinhos.

—O QUÊ!? - A rosada gritou - Para com isso, seu velho pervertido! - Ela preparou o punho para socá-lo, mas Shizune o segurou na mesma hora.

—Me perdoe, Takashi-san! Desculpa! Prometo que isso não vai se repetir! - A morena riu sem graça enquanto empurrava a rosada pra fora do quarto - Agora, descanse está bem? - Dizendo isso ela bateu a porta atrás de si.

—Não acredito que o Takashi-san, um senhor tão legal, é um pervertido! Ah, mas esse mundo não tem jeito mesmo! - Sakura reclamava.

—Sakura-san! Onde você estava com a cabeça? Um médico não faz mal ao seu paciente!

—Na verdade eu sou uma enfermeira.

—Você me entendeu! Agora,...

—Eu sou uma enfermeira... Uma enfermeira incompetente, ladra, sem memória, sem peitos e com um casamento falso arranjado. EU SOU UMA PESSÍMA PESSOA! EU SOU UMA FRAUDE! - A rosada começou a chorar desenfreadamente e se jogou nos braços de sua senpai - E também acho que estou gorda e meu shampoo parou de fazer efeito! SHIZUNE-SENPAI, ME AJUDA!!!

—Sakura-san... Sakura-san. SAKURA-SAN! - Shizune gritou e lhe deu um tapa na cara - Sakura-san, por favor recomponha-se!

—A... Arigato. Eu realmente precisava disso.

—Ótimo! Agora, deixando suas neuras de lado, venha comigo até o almoxarifado.

—H-Hai.

Shizune caminhava traquilamente pelos corredores, já Sakura estava apreensiva.

Como Tsunade havia dito, e ela mesma sabia, não era do feitio da morena sair espancando os outros, então quanto a isso ela estava tranquila, mas quanto ao resto ela estava bastante temerosa.

Sakura tinha medo de que sua senpai, como castigo, a obrigasse a fazer tarefas estranhas, tanto no hospital quanto na vila. Afinal Shizune era, além de conselheira, a pessoa em quem Tsunade mais confiava. Bastava ela "mexer alguns pauzinhos" para você ser escravizado pelo resto da vida.

Elas mal chegaram ao almoxarifado e a morena já começou a mexer nas prateleiras.

—Shizune-senpai... - Sakura a chamou timidamente.

—Hum? - Ela respondeu enquanto seus olhos e dedos rápidos examinavam os medicamentos e materiais que havia ali - Acho que não está nessa prateleira... Talvez na cesta...

—Você está muito brava comigo?

—Bem, esse não é o tipo de atitude que se espera de uma aprendiz da Tsunade-sama, mas não estou brava. Com certeza o que você fez não foi certo, mas acredito que você teve seus motivos. Você é uma excelente enfermeira, Sakura-san! E é muito competente também. Você só precisa ser mais atenta e se esforçar mais com suas habilidades médicas. Não gaste seu talento fazendo besteiras! - Shizune deu de ombros e escalou uma prateleira - De qualquer forma, agora você está sofrendo as consequências.

—Ah, pode ter certeza. Mas, o menos pior é que eu não me lembro de nada sobre ontem a noite. Quero dizer, é estranho eu não ter uma parte das minhas memórias, mas de acordo com o Shikamaru eu estava muito estranha, e eu bem sei os efeitos colaterais daquele elixir, então sou muito grata por não ter lembranças disso. Tenho medo, muito medo de ter feito algo horrível e escandalosamente vergonhoso. Ter acordado na mesma cama com o Sasuke-kun, e ainda sem minhas roupas apropriadas, já foi muito constrangedor. Imagina se eu tiver feito algo mais... Humilhante?

—Hum... Sakura-san?... Quanto a isso... A Tsunade-sama me contou toda a história, todo o acordo... E bem, ela disse que... Já que é um castigo, você tem que saber o motivo pelo qual está sendo punida, então é por isso que você está aqui. Ela quer que você se lembre de tudo o que fez. Suponho que isso seja também para fazer seu castigo lhe ser mais doloroso. Bem, de qualquer forma, eu não vou questionar as ordens dela, e... Ahá! Achei! - Shizune sorriu satisfeita e pulou de volta para o chão.

—O QUÊ!? Ai não! Por favor não! Eu não quero ter que saber que eu saí andando seminua pela rua!

—A Tsunade-sama não me disse nada a respeito disso, mas ela disse que seu comportamento estava bastante estranho. Desculpa, Sakura-san, mas é isso. Aqui. Engula - A morena lhe estendeu uma pequena pílula marrom.

—Quê isso!? Pílulas do soldado? Shizune-senpai, eu não acho que...

—Não, não são pílulas do soldado. Elas são bem parecidas não? Sai-kun diria que são bolas de lama. - Ela riu - Bem, de qualquer forma, essas pílulas são para restaurar perda de memória. Foi a própria Tsunade-sama quem as desenvolveu.

Sakura pegou a pequena bolinha e ficou olhando-a por um tempo. Ela então suspirou rendida e engoliu.

—É isso, Sakura-san. Pode continuar a viver sua vida. Suas memórias e lembranças devem começar a retornar em poucos minutos. Agora eu tenho que ir. Preciso fazer minha ronda. Fui.

Dizendo isso, a morena saiu porta a fora.

 

***

 

"Acho melhor eu ir pra casa agora. Meus pais devem estar loucos de preocupação!"— Sakura pensava enquanto caminhava pelas ruas - "A qualquer momento minhas memórias devem começar a voltar. Espero que não seja nada muito vergonhoso".

De repente, num lampejo todas as suas memórias voltaram de uma vez.

A rosada faltou morrer quando se lembrou de tudo o que falou, de tudo o que o pensou e de tudo o que sentiu.

"Kami-sama! Que pensamentos pecaminosos eu tive!" — Ela estava horrorizada - "Como eu tive coragem de falar isso com o Sasuke-kun!? Hunf! Ele deve realmente me odiar, ou no mínimo me achar uma retardada. É o mais no...".

—Haruno. SAKURA!!! - Uma voz estridente e visivelmente irritada a tirou de seus devaneios.

Sakura olhou pra trás e viu quem a chamara: Yamanaka Ino. A loira vinha correndo quente em sua direção.

—Como você teve a coragem?! - Ino pulou nas costas dela e ambas saíram rolando pelo chão - Sua traíra! Eu te odeio! Eu confiei em você, Testuda! Eu não posso te perdoar! JAMAIS VOU TE PERDOAR!

As pessoas que passavam por ali naquele momento, logicamente, ficaram assustadas e horrorizadas ao verem as duas garotas se arrebentando no chão.

—A culpa é sua, Testuda! Você disse que ia funcionar! Você queria era me fazer ficar mal na frente do Sai-kun! - Ino cravou as unhas nas bochechas de Sakura.

—Minha culpa!? Minha culpa!? A culpada é você, isso sim, Ino-vadia! - Sakura a puxou pelo rabo de cavalo e lhe deu um soco na cara - O elixir funcionou muito bem, obrigada! Funcionou até de mais!

—O que você está dizendo, sua víbora? O Sai-kun...

Enquanto o arranca-rabo estava acontecendo, Naruto e Chouji vinham rindo e conversando. Chouji, é claro, tinha um saco de batatas em mãos.

—Que tal o Ichiraku?

—Não! - O gordinho encheu a boca com os aperitivos - Nós vamos lá direto! Hoje nós vamos comer churrasco!

—Rámen! - Naruto bateu o pé.

—Churrasco!

—Rámen!

—Churrasco!

—Churrasco!

—Rám... Ei! Estou ouvindo a voz da Ino!

—É mesmo! E também... Da Sakura-chan!

—Mas você é mesmo uma safada! Querendo se esfregar no Sai! - A rosada deu uma chave de braço na loira.

—Quem você está chamando de safada, sua lambisgóia? Você é outra que não perde a chance de se jogar pra cima do Sasuke-kun! - Ino enfiou o dedo nos olhos de Sakura.

—Olha aquele povo ali! - Chouji apontou para o aglomerado de pessoas que havia logo à frente - As vozes vêm dali.

—Não me diga que elas... - O loiro suspirou desanimado.

—Quantas gotas você pôs? Com certeza não foram apenas três, sua biscate! - A rosada sentou em cima da barriga de Ino.

—Não sei, mas foram mais de dez! Eu queria me garantir! - A loira esperneava e dava tapas e unhadas em todos os lugares visíveis.

—O QUÊ!? Mais de dez? Ah! Mas agora quem não vai te perdoar sou eu! - Sakura começou a enforcar a Yamanaka. Enquanto enforcava, batia a cabeça dela no chão - Você ao menos sabe contar? Eu disse apenas três, sua burra! Sabe o que aquilo fez comigo? Você ferrou a minha vida toda, sua... Sua...

—Sakura-chan! - Naruto gritou e a puxou de cima de Ino - Escuta Sakura-chan, não faz assim!

—Ino! - Chouji amparou a amiga. A loira já estava roxa.

—Me solta, Naruto! Eu vou matar essa loira de farmácia!

—Quem... Quem... É a loira de... De farmácia? - A falta de ar era tanta, que Ino mal conseguia falar.

—Calma, Ino! Respire devagar. - Chouji a abanava - Vamos, respire. 1,2,3 respire. 3,2,1 inspire. 1,2,3...

—Para Chouji! - Ino o empurrou e ficou de pé.

—Pode vir, Ino-vadia! - Sakura se desvencilhou dos braços de Naruto e se preparou também.

Na mesma hora as duas pularam com os punhos cerrados. Só não se acertaram porque Naruto puxou Sakura pela cintura e Chouji puxou Ino.

Na confusão toda, quem acabou apanhando foram os dois que tentaram ajudar.

Naruto voou para um lado e Chouji para o outro. E as duas foram parar na delegacia, a Força Policial da Folha.

 

***

 

—Vocês duas... São mesmo de mais. - Kakashi suspirou - Até hoje não superaram essas briguinhas infantis?

—Hunf! Foi essa maluca quem começou! - Sakura, que estava com um olho roxo, o rosto e os braços arranhados, reclamou.

—Vai mesmo querer discutir isso agora, Testuda? - Ino revidou. Ela estava descabelada, com um corte no queixo e com dores no corpo - Não fui eu quem enganou a melhor amiga.

—Você não é minha melhor amiga! Aliás, eu deveria entrar com um processo contra você!

—Tente, sua incompetente! - A Yamanaka soltou uma risada sarcástica.

—Grrr... - As duas se encararam e as faíscas começaram a voar.

Kakashi pegou uma cadeira e a colocou de frente pra elas, sentando-se logo em seguida.

—E então? - Ele perguntou com seu jeito calmo e largado de sempre - Vocês vão me contar o que aconteceu?

—Você vai nos contar o que tanto esconde debaixo dessa máscara? - Ino perguntou em tom de desafio.

Imediatamente o Hatake corou e começou a gaguejar coisas sem sentido.

—Então pronto! - Ela disse por fim e ambas fecharam a cara, fazendo um "cerco" do silêncio.

—Na verdade eu vou querer saber? - Ele suspirou.

—Não estou querendo ser grossa, mas já que você não vai nos prender nem nada, eu posso ir? - Sakura perguntou irritada.

Antes que ele respondesse, Sasuke entrou na sala animadamente.

—Kakashi, fiquei sabendo que as garotas que estavam brigando perto do hospital foram trazidas pra cá. Quem sã..? - Na hora em que ele as viu, parou de sorrir - Por que não estou surpreso? Tinha que ser coisa dessas duas irritantes.

—EU NÃO SOU IRRITANTE, SEU BABACA! - Ino gritou e mostrou os punhos pra ele.

—Hunf! - O Uchiha bufou.

Sakura, por outro lado, ficou mais vermelha que um tomate. Ela se encolheu toda e ficou encarando o chão.

—Não parece que houveram patrimônios depredados, danos morais ou feridos durante a confusão. Quero dizer, Naruto e Chouji intrometeram e acabaram apanhando também, mas eles disseram que não querem prestar queixa nem nada. Então, já que não foi nada mortalmente grave, eu já ia liberá-las. O que acha?

—Faça como te parecer melhor - Sasuke, que estava lançando um olhar colérico à rosada, respondeu duramente e saiu da sala.

—Bem - Kakashi suspirou -, parece que vocês poderão ir. Espero não ter que vê-las por aqui novamente. "Ou pelo menos não tão rápido. Do jeito que as duas são, é bem capaz de voltarem ainda hoje... Nah! Estou exagerando! Será?"

Elas assentiram e deixaram o prédio policial.

Ino ia andando na frente, com a cabeça erguida e uma expressão orgulhosa.

As pessoas que sabiam da baderna a ficavam encarando e cochichando, e outras que não sabiam de nada, apenas olhavam e riam devido o estado em que se encontrava.

Já Sakura, vinha um pouco mais atrás, caminhando demoradamente e com a cabeça abaixada, quase beijando o chão. A cada risadinha que ela ouvia, mais se encolhia e mais e mais lágrimas escorriam.

As duas não se olharam e nem se falaram um momento sequer. Até que Ino parou em frente a floricultura de sua família.

Ela olhou para a rosada e suspirou. Apesar dos apesares, Sakura sempre fora sua rival e melhor amiga.

—Você... Você quer entrar? Não como amigas, quero dizer. Você pode entrar como uma cliente, e eu te tratarei com o mesmo profissionalismo que seria com qualquer outro. Quero dizer... Tsc! Ah, deixa pra lá - Ino apertou os punhos e caminhou até a porta.

—Tudo... Tudo bem. - Sakura levantou a cabeça, secou as lágrimas e sorriu timidamente - Quero dizer, eu preciso mesmo comprar umas flores pra minha mãe.

Ino sorriu e abriu a porta, permitindo a passagem da amiga.

Sakura foi direto para as rosas.

"Rosas...? Rosas significam amor. Pra quê eu daria isso pra minha mãe? Não sou apaixonada por ela. Mas são uma das flores mais lindas que existem... Acho que seria uma boa ideia pra poder amaciá-la. Talvez assim ela não grite tanto comigo."— Sakura alisou as flores e sorriu - "Será que algum dia... Algum dia eu poderia receber um buquê assim do Sasuke-kun?".

—Você pretende conquistar alguém com essas flores? Talvez... O Sasuke-kun?! - Ino perguntou debochadamente - Sua aparência está terrível. Antes mesmo de recebê-las, ele vai fugir correndo de você.

—São pra minha mãe, idiota!

—Hehehe! Calma, calma. Só estou brincando. - Ino sorriu e foi até ela - Agora, falando como uma profissional, a rosa é a flor do amor, mas se você quer dar uma à sua mãe, dê uma cor de rosa. Ela representa carinho, gratidão, doçura.

—Eu quero uma forma de pedir desculpas...

—Então dê uma camélia japonesa. Elas significam arrependimento. Ou uma camélia vermelha. Significam reconhecimento.

—Reconhecimento? Do quê?

—Ora, eu não sei. Pode ser “reconheço que errei", ou "reconheço que você é melhor do que eu". Sei lá. Diversas interpretações.

—Tudo bem. Então vou levar as duas.

A loira assentiu e pegou as flores. Ela foi ao balcão e armou o buquê.

—Aqui.

—Arigato. Quanto...?

—Dessa vez serão por minha conta - Ino sorriu.

Sakura agradeceu e caminhou em direção a porta. Ela queria ir embora, mas primeiro precisava se resolver com sua amiga.

—Estranho... Não estou vendo o Inoichi-san.

—Ah não. Você sabe que meu pai trabalha no esquadrão de inteligência da vila, então basicamente eu fico aqui sozinha. Ele só vem quando não tem trabalho por lá. Ou então em casos extremos como o de ontem. Estava muito corrido, você sabe. Ele precisou vir me ajudar - A Yamanaka falava com a cara mais lavada do mundo.

—Mentirosa. - A rosada trincou os dentes - Ontem estava mais parado do que o deserto. Você só pediu pro seu pai vir para que, enquanto ele trabalhava, você pudesse maquinar planos malignos pra ficar com o Sai.

—O quê?! Quem você está chamando de mentirosa, Testuda?

—Ninguém, Ino-porca. Ninguém mesmo. Até...

—Não, espera! Por favor! É que... Bem... Não sei por que, mas eu quero te contar sobre meu vexame de ontem... - A loira suspirou frustrada - Quando cheguei em casa, eu estava tão empolgada que nem consegui esperar o tempo necessário para o elixir fazer efeito, então me arrumei apressadamente e fui pra casa do Sai-kun. Quando ele abriu a porta, eu entrei como um furacão e... E comecei a abraçá-lo e a beijá-lo. Ele ficava me empurrando e me mandando parar, mas eu só ficava repetindo "Está tudo bem, Sai-kun. Vamos nos divertir agora. Amanhã você nem vai se lembrar de nada".

—Ino... - Sakura estava com os olhos arregalados.

—Me deixe terminar! Como ele estava muito relutante, eu comecei a tentar rasgar a roupa dele. Aí nós ficamos nisso. Ele tentava me empurrar e eu continuava tentando tirar a sua roupa. No fim só consegui arrancar a blusa, mas como eu estava muito desesperada, comecei a tirar a minha roupa. Não! Não me pergunte o que eu estava usando. Era pior do que roupas de cabaré. Eu senti vergonha só de olhar pra ela, quanto mais vesti-la!

—Kami-sama! Sua situação é tão ruim quanto a minha... Ou até pior!

Ino abaixou a cabeça envergonhada.

—Bem, quando eu tirei minha blusa, o Sai-kun entendeu o que eu pretendia e... Me chutou de lá. Eu sei. É vergonhoso. Estou me sentindo uma vadia podre. Pode rir. Eu mereço.

—Eu não vou fazer isso. Claro que não! Mas... E quanto ao Sai?

—Pois é... Quando ele me viu hoje, fez uma careta de nojo, reprovação, ódio, sei lá. Balançou a cabeça e saiu andando como se eu fosse um verme. Talvez eu seja mesmo. - A Yamanaka suspirou - Eu não contei isso pra ninguém, mas estou te contando, porque quero te pedir desculpas por hoje mais cedo. Você tem razão. A culpada sou eu. Se eu tivesse pingado apenas três gotas... Se eu tivesse esperado o elixir fazer efeito...

—Ino, deixa eu te contar uma co...

—Isso, Sakura, é a minha camélia japonesa. Estou arrependida pelo que fiz. - Ela sorriu timidamente - Bem, é isso. Falei tudo o que estava me incomodando.

—A-Arigato, Ino. Eu também quero te pedir desculpas pelo nosso vexame. Foi ridículo. Nós não somos mais crianças pra ficarmos brigando por qualquer coisa e em qualquer lugar.

—Tudo bem, mas não se acostume com isso. Não é do meu feitio ficar pedindo desculpas - Ino riu debochadamente.

—Hunf! Quanta arrogância! Mas agora deixe eu te contar uma coisa.

Sakura então lhe contou tudo o que acontecera na noite anterior. Ela não omitiu nenhuma parte, nenhuma frase, nada.

—O QUÊ!? - A Yamanaka gritou horrorizada ao fim da narrativa - Não acredito que você fez isso. Kami-sama! Quero dizer, que sorte a sua em ter que conviver com o homem que você ama, mas assim como eu, você só fez burrada! Somos duas idiotas pervertidas que não têm sorte no amor, e que provavelm... Ei! - Ela deu um pulo - É por isso que minha investida de ontem não deu certo! O Sai-kun não tinha bebido o chá correto! Ai que felicidade!!!

—Ahn?! Do que você está falando?

—Coloque seu cérebro brilhante pra funcionar, Testuda! Minha investida romântica só não funcionou porque ele não estava dopado! Ou seja, só preciso fazê-lo beber o chá certo dessa vez! Sakura, ainda há esperança pra mim! Anda, passe pra cá!

—Passar o quê?

—Como assim o quê? O elixir, ora essa! Aquele que você me deu já acabou. - Ino começou a procurar na roupa da amiga - Eu vou tentar novamente.

—Jamais! - Sakura gritou e a empurrou - Sai pra lá! Eu não vou te dar nada! Isso só nos arrumou confusão. Como se eu carregasse elixires pra baixo e pra cima... Francamente. É sério Ino! Se você quer o Sai tanto assim, conquiste-o. Não o obrigue a ficar com você. Você é esperta e é muito bonita. Se usar o seu charme corretamente, talvez você consiga.

—Talvez?!

—Além do mais, agora tenho um mês de problemas pela frente. Não quero e não posso mais me envolver nas suas maracutaias.

—Sakura...! Eu não acredito que você...

—Bem, eu tenho que ir agora. Por favor, não conte sobre isso pra ninguém. Não quero que mais pessoas saibam desse acordo. Ah, se minha mãe perguntar, por favor, diga que eu passei a noite na sua casa, e que vou ter que dormir lá o resto do mês também.

—Hunf! Ah tá! Você não pode me ajudar, mas eu devo fazer isso por você?!

—Por favor, Ino. Ja ne! - Sakura gritou quando estava na rua.

 

***

 

—Sakura-chan?! - A Sra. Haruno assustou-se ao abrir a porta e ver sua filha toda suja e machucada - O que aconteceu com você?

—Eu trouxe pra você, mãe! - Sakura estendeu o buquê - São camélias vermelhas e camélias japonesas. Significam reconhecimento e arrependimento. Eu reconheço que...

Antes que ela terminasse de falar, sua mãe lhe abraçou.

—M-Mãe...?!

—Você me deu um susto, Sakura-chan! Quando deu a hora de... Ahn, vamos conversar lá dentro.

—H-Hai.

Elas foram para a sala de visitas da casa. Era um cômodo bastante simples, com um grande tatame, uma mesa de chá, uma estante de livros e típicas decorações japonesas.

O Sr. Haruno estava lá. Sentado no tatame e lendo jornal enquanto tomava chá.

—Pai... - A rosada o chamou e se curvou.

Ele sorriu e guardou o jornal.

—Viu o que eu disse, querido? Ela está bem. Quero dizer, não estou gostando dessa história de ver minha filha machucada, mas está tudo bem. - A Sra. Haruno disse ao marido - Você está bem, não está Sakura-chan?

—Hai - Ela disse e ajoelhou-se de frente ao seu pai.

Sua mãe se ajoelhou ao lado dele e pousou as flores sobre seu colo.

—Eu quero pedir perdão, pai e mãe. - Sakura curvou-se até encostar o rosto no chão - Eu sei que deixei vocês preocupados e nem avisei que ficaria fora. E sei também que já sou maior de idade, mas isso não me dá o direito de deixá-los preocupados, por isso estou pronta pra as eventuais consequências. Perdão.

O Sr. Haruno cruzou os braços e suspirou.

—Realmente você nos deixou preocupados. Quando cheguei do trabalho e não a vi, achei estranho, mas como ainda não era hora de recolher não me preocupei.

—Mas as horas foram se passando e você não chegava. Seu pai pensou em chamar a policia, e eu, como sua mãe me preocupei também. Mas como você já é responsável e estava com a Ino-chan, eu pensei que você passaria a noite na casa dela. Então dormi tranquila - A Sra. Haruno sorriu.

—Levante-se minha filha. É claro que não haverá consequências. Você reconheceu seu erro e pediu perdão. Pronto! Sem muito drama por aqui - Ele disse simplesmente.

—Ahn? - Sakura levantou a cabeça e encarou seu pai confusamente - O quê?!

—Submissão e responsabilidade são valores muito importantes. Se você já tem isso em mente, não tem que haver consequências. Consequências e punições são usadas para corrigir as pessoas de seus erros e demonstrar que as amamos. A meu ver, você não fez nada errado. Como sua mãe disse, você já é responsável por seus atos e por sua vida.

—Quer dizer que não estão bravos? Não serei punida?

—Não por mim. E você, Kin? - O Sr. Haruno olhou pra esposa.

—O seu pai já disse tudo que havia pra ser dito. Agora, quanto a esses ferimentos, quero uma boa explicação. E quero agora!

—Ah, é que... Bem, eu e a Ino tivemos um pequeno desentendimento... Mas já estamos bem, não se preocupe! - A rosada riu sem graça.

—Mas que vergonha, Haruno Sakura! Nunca te ensinamos esse tipo de comportamento! Você não é mais criança pra ficar arrumando confusão na rua! - Haruno Kin ralhou - Anda! Vá tomar um banho para que eu possa lhe fazer alguns curativos. Anda, anda!

—S-Sim, mãe! Ah, só mais uma coisa. Ontem a noite eu estava com a Tsunade-sama, e nós decidimos algumas coisas. Por isso, até o dia 15 de junho eu estarei envolvida com isso. Até esse dia ela estará me treinando pessoalmente, então não ficarei muito em casa.

—O que isso que dizer? - Seu pai perguntou.

—Estou dizendo que vocês não me verão mais por aqui. Provavelmente vou passar as noites na casa da Ino ou com a própria Tsunade-sama. Desculpa, mas isso é para o meu crescimento profissional. "Como eu tive o descaramento de inventar tamanha mentira? Estou abusando da confiança dos meus pais como se não fosse nada! Isso é imperdoável! Sou tão covarde que não tenho nem a coragem de contar a eles sobre aquele acordo. Bem, ao menos será apenas por um mês".

—Se é ordem da Tsunade-sama, mesmo se não concordássemos, não poderíamos contestar. Então, aproveite bastante! Não é sempre que ela se disponibiliza, pessoalmente, a treinar seus discípulos tão a fundo - O Sr. Haruno disse e serviu-se de mais chá.

—Ótimo! Estamos decididos. Agora, banho! - Kin puxou a filha.

 

***

 

Quando conseguiu sair de casa, já eram 16:00h.

Kin não deixou que Sakura saísse até que tivesse terminado de lhe fazer os curativos, ajudado a arrumar suas coisas, enfiado alguma comida sua goela abaixo, e todo tipo de paparico materno.

—Se esforce, Sakura-chan! Você já é uma ótima enfermeira. Agora que a Tsunade-sama vai lhe ensinar novas técnicas, você será excelente! Praticamente um gênio!

—Ah, claro! - Sakura riu sem graça - "Até quando vou ter que sustentar essa mentira? Só espero que isso não vire uma bola de neve"— Até mais.

"Agora tenho que ir pra 'casa'. Onde eu estava com a cabeça quando propus essa loucura? Ah claro! Eu estava completamente dopada!" — A rosada pensou enquanto caminhava em direção ao Distrito Uchiha.

Sakura andava lentamente. Ela queria se demorar ao máximo. Se possível nunca chegar ao seu destino.

Ela até cogitou a ideia de pular em frente um touro bravo ou de uma carroça desgovernada. Assim ela ficaria internada e escaparia do acordo.

Até porque, não havia nada para se fazer naquele bairro fantasma. Apenas sujeira e bagunça, o que resultaria em uma pesada faxina que ela teria que fazer sozinha.

"O Sasuke-kun está bastante irritado comigo. Aliás, quando ele não está? Provavelmente, depois de hoje, nossa relação não terá mais salvação. Nós iremos cumprir com o contrato apenas por obrigação. Por que eu não consigo fazer nada direito? Eu sou um estorvo, realmente!" — Sakura estava tão absorta em sua autoflagelação que nem percebeu que já estava no clã Uchiha, andando pelas ruas abandonadas - "O Sasuke-kun tem razão! Sou uma incompetente. Eu deveria fazer algo de útil!"— Ela decidiu-se e correu em direção à casa - "Hai! Irei me esforçar!"

Assim que chegou, a rosada guardou suas coisas no quarto e começou a faxina. O primeiro e único cômodo o qual ela limpou foi o banheiro.

Ela havia começado a passar pano na sala, quando se deitou no chão e ficou olhando pro teto. Até que dormiu.

—Sakura. Sakura! - Sasuke a cutucou.

—Ahn...? - Ela entreabriu os olhos sonolenta - Sasu... Sasuke-kun?! O que você está fazendo aqui?

—De novo com isso?

Repentinamente Sakura deu um pulo.

—Ah, claro. Esqueci que essa é nossa casa provisória. Hehehe... Ei! Se você já está aqui... Quantas horas são?

—Já passam das 19:30h.

—Kami-sama! Dormi a tarde inteira!

—Estou vendo. Se você não gastasse seu tempo dormindo ou arrumando confusão na rua, a casa estaria limpa!

A rosada então irritou-se.

—Mas que droga! Até quando você vai continuar com esse pensamento machista? Eu não tenho que fazer tudo sozinha! Quando cheguei, eu limpei o banheiro e comecei a limpar a sala porque eu queria te agradar, mas tudo que você faz é reclamar e me criticar! Então a partir de agora me recuso a limpar mais alguma coisa por aqui! Se você não for me ajudar, vamos viver nessa sujeira! Pode me chamar de inútil, mas não vou ser a escrava que você pisoteia!

—Você é inútil.

—Ao menos a inútil aqui teve a coragem de arrumar alguma coisa. E quanto a você? Acho que a inútil não sou eu. Aliás, você não vai mais dormir naquele quarto! Já que você, Uchiha Sasuke, é tão melhor que eu, se vire!

Sasuke ficou a encarando, até que começou a rir debochadamente.

—Certo. Se é você quem diz... Agora, o que temos pra comer?

—COMO É QUE É?! - Ela agarrou a gola da blusa dele - Acabei de dizer que não sou sua escrava! Se você está com fome vá à um restaurante!

—Tudo bem. - Sasuke disse naturalmente e empurrou as mãos dela - E quanto a você? Não que eu me importe na verdade.

—Eu vou dormir!

—Mas você dormiu a tarde toda.

—Se eu dormir me esqueço de comer. Amanhã compro alguma coisa. - Sakura respondeu impaciente e começou a subir as escadas - Um dia sem comida não mata ninguém. Afinal que interesse você tem nisso?! Cuide da sua vida, Uchiha Sasuke!

O moreno ficou parado enquanto a via desaparecer no andar de cima e bater a porta violentamente.

Ele ficou indeciso entre sair pra comer alguma coisa ou ir dormir também, assim aquele dia terminaria logo.

"Mas ainda está muito cedo. Além do mais onde eu vou dormir? Se eu começar a limpar alguma coisa agora, só vou terminar de madrugada. Tsc! Que droga! Não acredito que...". — Ele então subiu as escadas - Sakura... Sabe o que é?! É que... Estava tudo fechado, então eu voltei. Abra a porta que eu vou dormir também - Ele tentava manter a voz controlada, porque se fosse rude, teria uma passagem de ida para o sofá empoeirado.

—Como você pode ser tão mentiroso, Sasuke-kun? A maioria dos restaurantes está abrindo agora! E mesmo que fosse verdade, tem o Ichiraku que fica aberto até mais tarde por causa do Naruto! - A rosada gritou do outro lado da porta - Vá embora! Eu já disse que você não vai mais entrar aqui!

—Onde eu vou dormir então?

—Isso é problema seu, Uchiha Sasuke! Por que você não vai pra casa principal do seu amado clã? Lá é seu lugar quente!

—Você sabe que eu não posso fazer isso! Até porque você contaria à Tsunade-sama que eu não estou cumprindo com o acordo.

—Com certeza! Seria vitória minha, na certa!

—E isso é uma coisa que não pode acontecer. Então abra, ora!

A rosada ficou em silêncio. Já Sasuke começou a enfurecer-se.

—Se você abrir, eu prometo que compro comida amanhã! - Ele gritou.

—Bem, você é livre pra gastar seu dinheiro onde e como bem quiser!

—É sério, Sakura, isso já está me irritando! O que você quer que eu faça?

—Retire o que disse sobre eu ser inútil e admita que eu fiz um bom trabalho! Pra mim isso já basta. Ou será que seu precioso orgulho vai sangrar?

Ele ficou em silêncio, praguejando todo tipo de coisa contra a rosada. Até que decidiu-se:

—Tudo bem! Sakura, você não é inútil e fez um bom trabalho. Pronto! Satisfeita?

—Você não faz ideia. - A Haruno abriu a porta. Ela tinha um sorriso orgulhoso nos lábios - Apenas por essa noite. Amanhã você se vira!

—Você sabe que eu admiti aquilo da boca pra fora, certo? - Ele entrou no quarto e tirou o calçado.

—Eu não me importo.

Sasuke deu de ombros e se jogou na cama.

—Ei! O que você está fazendo?

—Achei que fosse óbvio. Estou me preparando pra dormir já que a minha esposa é cruel comigo.

—Não seja cínico! Estou dizendo sobre você deitar na cama estando sujo e fedido. Saia agora seu nojento!

—Nah... - Ele riu debochadamente e começou a rolar de um lado para o outro na cama - Pronto! Impregnei tudo com meu cheiro e com meu suor. Se quiser dormir, seu lado está aqui.

—Argh! - Ela deu um soco na parede - Você é irritante!

—Essa não! Mal convivemos juntos e eu já estou igual a você! - Ele zombou - Ei! Fique grata! Você, que diz me amar loucamente, deveria estar feliz por dormir ao meu lado e ainda sentir o meu cheiro.

"Ai Kami! Por favor, me ajude a sobreviver nesse mês! Não posso perder para o Sasuke-kun!"— Sakura contou até dez para se acalmar, apagou a luz e deitou-se na cama.

—Boa noite - Ela disse e virou de lado, dando as costas pra ele.

—Hum... - O Uchiha pôs as mãos atrás da cabeça e ficou olhando pro teto.

Eles ficaram em silêncio e no escuro, cada um mergulhado em seus próprios pensamentos. Passaram-se dez minutos.

—Sakura.

—Hum?... - Ela levou algum tempo pra responder.

—Você falou com a Tsunade-sama?

—Hai. Ela me ajudou a lembrar de tudo. Você não quis acreditar em mim, mas ela descobriu que eu realmente estava com perda de memória.

—Ahn? Por que?

—Desculpa, Sasuke-kun. É uma longa historia, e eu não quero contá-la agora. Até por que não diz respeito só a mim - A voz dela era calma e baixa, como se fosse dormir a qualquer momento.

Ele apenas a olhou e balançou a cabeça positivamemte. Voltou a encarar o teto, e, após algum tempo, dormiu.


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Notas finais do capítulo

Hihihi não resisti à tentadora ideia de por meu amado Itachi nessa história.
Bem, me digam o que acharam, certo? Como diz minha amiga "Vida de escritor não é fácil", então deixem reviews.