Anjo da Música escrita por Valentinnes


Capítulo 8
Capítulo 8




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(Chaerin's POV)


Meu corpo não parava quieto um instante sequer, eu estava inquieta, afobada, temerosa, todos esses sentimentos estranhos e ruins me afligiam de uma só vez. Onde minha irmã poderia estar dormindo? Tivemos tão pouco tempo para conversar antes da troca, que eu não tinha noção de onde ela poderia estar e isso me dilacerava por dentro. Eu podia ser mais nova que ela e por isso receber muitos mimos e atenção, mas eu não podia me esquecer de que eu era apenas minutos mais nova, então assim como eu estava preocupada, ela devia estar sem um teto, ao relento e cada vez que eu fechava os olhos, imaginava essa cena. Nuri encolhida em um monte de papelão enquanto o vento erguia as folhas ao seu redor e a garoa fina fustigava sua face pálida.

Diversas vezes pensei em ir atrás da mais velha, mas onde eu poderia encontrá-la? E aquela sensação ruim não ia embora, mas aos poucos, sendo vencida pelo mortal sono, minhas pálpebras começaram a piscar e piscar, se tornando cada vez mais pesadas. Sem perceber acabei adormecendo. Quando voltei a abrir os olhos eram quatro e meia da manhã. Logo alguém passaria nos acordando ou quem sabe um alarme soaria nos mandando levantar. Tudo o que eu sabia era que as seis precisávamos estar na sala de treinos.

Meu corpo preguiçoso não queria levantar, mas decidi que procuraria a Nuri antes dos meus compromissos como trainee e caso não a encontrasse até o horário do treino, pouco importava, eu o perderia, mas encontraria minha gêmea. Tentando não acordar minha colega de quarto, que por um motivo desconhecido gostava de me espreitar com os olhos, levantei da cama prendendo a respiração e segui para o banheiro. Lavei o rosto para criar mais coragem e escovei os dentes. Tomar banho faria muito barulho, por isso me limitei a isso e deixei o quarto silenciosamente.

O corredor estava mergulhado em um completo silêncio. Não havia um trainee sequer transitando por ele. Confesso que isso me causou certo desconforto. Estar sozinha em um lugar assim, com pouca luz, me lembrava daqueles filmes de terror, mas estufei o peito e comecei a procurar pela mais velha. Eu só esperava que ela não tivesse saído do prédio, porque senão as coisas ficariam sérias para o lado dela.

Perder-me nos corredores foi à coisa mais fácil do mundo e sem ninguém para pedir ajuda, já que todos estavam dormindo, continuei caminhando, até escutar um barulho bem ao longe. Corri em direção aquele barulho de vozes, quem sabe a Nuri estivesse ali no meio, pensei com otimismo e abri uma porta dupla animadamente, já chamando pelo nome da mais velha, mas tudo o que encontrei foi um monte de adultos uniformizados servindo a mesa do café da manhã.

– Oh! Desculpe-me, não queria atrapalhar – falei recuando em meio a uma reverência, mas escutei meu estômago roncar pela fome. Que bom momento para ele reclamar, pensei fazendo beicinho, mas parei ao escutar a voz simpática de um ajusshi que depositava uma panela grande de arroz sobre o balcão de comida.

– Não está atrapalhando – respondeu o ajusshi com um torto sorriso no canto dos lábios – Não conseguiu dormir? – perguntou ele fazendo-me assentir timidamente com a cabeça – Então venha, coma bastante, pois os treinos são muito puxados, quem sabe com a barriga cheia consiga descansar, mas por enquanto só temos o arroz – disse ele fazendo uma careta.

Não me importei em ser apenas o arroz, era comida e meu estômago roncava, então rapidamente enchi uma tigela e agradeci a generosidade do ajusshi. Quando sentei em uma das mesas, que cheirava a produto de limpeza, notei o horário. Em cima da porta da cozinha estava um enorme relógio analógico que marcava cinco e vinte da manhã. Aquilo de certa forma me causou desconforto. Eu ainda não sabia onde Nuri estava e muito menos se ela tinha intenção de ir aos treinos do dia, então não podia correr o risco de deixar algum trainee me ver ali. Apressei-me em terminar de comer e quando deixei o refeitório, alguns trainees chegavam.

Meu coração batia acelerado quando deixei a sala, mas estava aliviada por ninguém ter me visto. Esquecendo um pouco de meu afobamento momentâneo, voltei a minha busca. Eu ficaria muito mais feliz se a SM fosse menor, mas não parei a minha busca até chegar a um estreito corredor que havia sido indicado pela mulher da limpeza, como sendo o corredor onde ficava uma sala de treino de dança muito usada. Minha respiração havia se tornado pesada depois de tanta andança, porque mesmo tentando evitar as escadarias, acabei passando por boa parte delas na esperança de encontrar Nuri. Chegando a tal sala de dança, escutei o barulho de passos e conversas no início do corredor. Olhei na direção oposta, buscando por uma saída, e sorri ao notar que havia mesmo uma saída daquele lado, pelo menos eu poderia fugir caso encontrasse Nuri. Apressei-me em abrir a porta que por sorte estava destrancada, mas paralisei assim que a abri o suficiente para ver uma das cenas mais doloridas da minha vida. Kai jazia no chão frio e amadeirado da sala e debruçado sobre ele estava Nuri. Rapidamente levei as mãos à boca evitando gritar e recuei alguns passos para fora da sala.

– Chaerin? - escutei o jovem alto que estava no meio e havia feito o rap da música Present quando eu havia tocado com IU, perguntar bem humorado, enquanto se aproximava, mas não dei ouvidos.

As lágrimas chegaram aos olhos e embaçaram minha visão. Ignorando completamente o rapaz, abaixei minha cabeça baixa e corri na direção oposta. Ainda escutei o mais alto e de enormes olhos, me chamar mais uma vez, mas simplesmente continuei correndo.

– Omo! Como a unnie pôde fazer isso comigo? – questionei correndo mais rápido pelo longo corredor, escutando o barulho dos trainees se aproximarem pela outra extremidade, mas eu estava sendo cuidadosa para não ser vista.

Se bem que naquele momento, pouco me importava continuar com aquela farsa, tudo o que eu sentia era uma imensa dor no peito. Eu podia ser golpeada por qualquer uma, até mesmo pela fofa da IU, mas não pela minha unnie. Eu dobrava o corredor, seguindo para as escadas, quando fui de encontro com algo rígido que me fez cair no chão.

– Aigo! – exclamei fazendo careta de dor e levei a mão ao lado direito da testa onde a colisão havia sido maior. Escutei uma voz masculina reclamar, uma voz muito familiar, que me fez abrir os olhos muito contragosto – Omo! Desculpa! – implorei assim que notei de quem se tratava.

Diante de mim, também no chão, estava Sehun, o colega de quarto do Kai oppa, que parecia ter sido atingindo no peito com força, pois ele tossia como se sentisse falta de ar e massageava ao pulmão esquerdo. Assim que minha voz se fez presente em seus ouvidos, ele parou o que fazia e me espreitou com seus olhos escuros.

– Omo! Ladrona de camas? É você?

– Desculpe-me Sehun – resmunguei fazendo um enorme bico e levei o punho cerrado a minha face, tentando secar a trilha que as lágrimas haviam deixado em minhas bochechas, mas passado o susto inicial, elas voltavam com força, ainda mais pela dor que agora eu sentia na testa.

Sehun revirou os olhos me vendo chorar e se ergueu parando ao meu lado.

– Não chore ladrona de camas - falou ele chutando levemente meu pé direito. Muito sutil da parte dele, pensei fazendo um beicinho de criança manhosa maior ainda, mas ele insistiu em me cutucar com o pé – Vamos, levante-se! – ordenou ele.

Eu não queria me levantar, mas ficar na esquina do corredor não daria certo, além do mais, o tom do maknae era autoritário e sério demais para não ser obedecido. Tentando conter as lágrimas, me ergui e fiquei de cabeça baixa tentando secar as lágrimas que não paravam de verter por minha face. Com o canto dos olhos, vi que Sehun espalmou a mão esquerda e a conduziu em minha direção, fazendo-me encolher. Sendo lá qual fosse à intenção do garoto, ele parou seu movimento no ar e bufou.

– Siga-me – ordenou ele novamente e deu as costas indo para o elevador.

Fiz uma careta. Eu não queria segui-lo, mas ao vê-lo chamar pelo elevador, apressei meus passos e parei ao seu lado, mas mantendo uma distância considerável. O maknae me olhou de cima a baixo franzindo o cenho e voltou a concentrar-se no numeral acima do elevador. Quando este parou em nosso andar, entramos e depois de longos segundos silenciosos saímos no último andar. Normalmente eu não fazia perguntas quando acompanhava alguém, mas esse alguém era Sehun, então secando as lágrimas, forcei um pouco a voz para que ela não soasse tão fina e infantil.

– Para onde está me levando Sehun?

– Omo! Não seja impertinente! – resmungou ele caminhando mais a frente.

Busquei o chão com os olhos e sequei com o dorso das mãos as lágrimas que restavam no canto dos olhos. Talvez tivesse uma explicação para o Kai oppa e a Nuri unnie estarem dormindo juntos, pensava eu com otimismo. Embora não fosse de seu feitio, a unnie devia estar com medo do escuro ou algo assim. Um meigo sorriso se abria em minha face quando bati a testa em um vidro fazendo-me recuar.

– Que isso? – perguntou o maknae que estava parado defronte com o vidro, voltando seus olhos assustados para mim. Minha mão novamente ganhava minha testa e a careta de dor voltava a minha face. Minha testa ficaria roxa se eu continuasse desastrada do jeito que estava – Não fique fazendo gracinha ladrona de camas – resmungou Sehun em seu tom frio voltando a fitar a enorme vidraça.

Só então me dei conta que estávamos no fim do corredor. Abaixo de nós estava uma rua movimentada e do outro lado uma padaria de onde não parava de entrar e sair pessoas. Devia ser um lugar conhecido, pensei me aproximando da janela, que até a altura do peito era composto de dois vidros fixos e dai pra cima, eram vidros que podiam ser empurrados para fora, deixando o ar circular pelo corredor.

– Sente-se melhor? – perguntou Sehun me fitando discretamente com os cantos dos olhos.

– Minha testa ainda dói, mas ficarei bem – disse fazendo um enorme e fofo bico.

– E por que esse bico? – perguntou o maknae deixando sua discrição falhar.

Quando fitei inocentemente sua face, ele voltou os olhos para a rua, me ignorando por completo. Inflei a bochecha direita pensativa. Meus pensamentos positivos me levavam a crer que Kai oppa e Nuri unnie haviam dormido abraçadinhos por um motivo banal, mas senti necessidade de dizer aquilo ao maknae.

– Eu encontrei a unnie e o Kai oppa dormindo na sala de dança... – disse voltando meus olhos para as pessoas apressadas da calçada – Mas tenho certeza que eles são apenas amigos, Kai oppa não me trocaria pela unnie – disse voltando os olhos para a face de Sehun com um meigo sorriso crescendo em minha face, uma pena que a face do maknae não representava a mesma animação.

– Como você é idiota! – despejou ele me fitando com uma careta que era uma mistura de desprezo e indignação.

Fiquei boquiaberta sem saber o que dizer. Como um maknae podia ser tão mal? Pensei fazendo novamente meu beicinho de criança muito manhosa e chorona. Antes que eu conseguisse juntar as palavras e formar uma pergunta simples em minha cabeça, o maior balançou a cabeça negativamente e deu as costas. Ainda estiquei minha mão direita para tocar seu ombro, pensando em chamar por seu nome e pedir explicações, mas acabei desistindo. Sem olhar para trás, ele entrou no elevador e me deixou sozinha.

– Petulante! – rosnei assim que ele saiu do meu campo de visão e me encostei à vidraça atrás de mim. E se Sehun tivesse razão? Pensei deixando meu corpo deslizar pelo vidro até chegar ao piso frio - Não quero ser uma pabo – falei choramingando e abracei as minhas pernas.


***


– Chaerin! - escutei uma voz fina e feminina me chamar ao longe. Ergui a cabeça para procurar a dona da voz – Chaerin! - ela repetiu meu nome se tornando cada vez mais próxima. Reconhecendo muito bem a dona daquela voz, me ergui do chão e corri em direção à escadaria – Chaerin! - escutei Nuri gritar uma última vez antes de aparecer no início do corredor.

– Unnie, por que está me gritando? - perguntei correndo ao seu encontro. As lágrimas estavam secas em minha face, então não me importei com elas, apenas em saber o porquê da gritaria da mais velha – Se alguém ouvir vai achar estranho – avisei a mais velha parando defronte com ela.

– É que eu estava lhe procurando e como me disseram que esses últimos andares geralmente ficam vazios no horário do almoço, não me importei em te gritar, mas o que aconteceu? Por que estava chorando? - perguntou a mais velha reparando em meus olhos vermelhos.

– Por nada unnie, por nada – respondi rapidamente passando o dorso das mãos nos olhos e me concentrei em outra parte de seu diálogo como forma de mudar de assunto – Já está no horário do almoço? - a mais velha apenas assentiu com a cabeça – Que fominha... Mas tudo bem, tenho que ir para a cafeteria do JongJin oppa, aquela é nossa única forma de sustento, isso porque só vou receber no final do mês, daqui até lá não sei como irei comer...

– Omo! Verdade dongsaeng, você não tem onde se alimentar... - comentou Nuri abaixando a cabeça em meio uma careta tristonha – E se fizéssemos algo para arrecadar dinheiro de forma rápida, como uma venda de usados? - sugeriu Nuri se entusiasmando de modo com o qual eu não estava acostumada.

– É uma boa ideia unnie, mas não temos roupas nem para nós mesmas, imagine para vender em uma venda de usados... - retruquei fazendo um enorme bico, contrariada.

– Então nós podiamos lavar carros – sugeriu a mais velha vindo com outra ideia de suas séries americanas – Nós estamos na capital, então o que não falta são carros para serem lavados.

– Oh! É uma boa ideia unnie, mas quando lavaremos os carros? Agora que estou trabalhando, não posso faltar o expediente, no máximo pedir para sair mais cedo, mas não quero abusar da boa vontade do JongJin oppa.

– Irei pensar em um dia dongsaeng, agora vá para a cafeteria de uma vez, não quero que nos vejam juntas – respondeu Nuri tocando meu ombro direito com calma, enquanto sutilmente me indicava as escadas.

– Tudo bem unnie, até mais tarde – respondi em tom animado e segui saltitante para o dormitório.

O local estava vazio e aproveitei daquela paz para tomar um longo banho. Feito isso peguei o boletim de ocorrência que eu havia feito no dia anterior e segui para as ruas, eu mesma tiraria os novos documentos de Nuri. Fiquei um longo tempo tratando disso, e quando finalmente me vi livre, segui para a cafeteria dos pais do JongJin.

– Você está meia hora adiantada – avisou o mais velho sorridente assim que parei defronte com o caixa onde ele atendia aos clientes.

– Tirei novos documentos e não sabia para onde ir, então acabei vindo para cá – respondei entortando os lábios.

– Venha aqui pra trás – pediu ele com um gesto de mão. Apenas obedeci – Por que não ficou na SM? Por um acaso já almoçou? - perguntou ele casualmente enquanto amarrava as tiras do meu avental negro para que ele não caísse.

– Na verdade não poderei mais ficar na SM oppa, minha irmã ganhou uma colega de quarto e eu terei que achar um lugar para ficar.

– Omo! - exclamou o oppa virando-me indignado para ele - E você não tem parentes aqui? - perguntou ele me encarando sob aqueles enormes óculos que lhe deixavam com ar tão juvenil.

– Não oppa – respondi voltando os olhos tristonhos para baixo.

– Então porque veio para Seoul, se apenas sua irmã queria entrar para a SM?

– Na verdade... – fiz uma longa pausa pensando em minhas palavras. Eu não podia contar a verdade, então disse o que de fato havia acontecido, só que por um ângulo diferente do meu – Minha irmã Chaerin fugiu de casa para fazer a audição com o intuito de entrar na SM, e eu vim atrás. Só que chegando aqui roubaram minha mochila com o dinheiro e a minha passagem de volta, por isso acabei ficando com ela e agora que ela passou, não sei se voltarei para casa mesmo depois de arrumar dinheiro, porque de alguma forma sinto que preciso cuidar dela.

– Sua irmã é sua dongsaeng? – perguntou ele me fitando com aqueles olhos enormes.

– Não! – respondi em um sobressalto sem pensar direito, mas então franzi o cenho me praguejando, que tipo de pessoa cuidava da irmã mais velha? Era possível ver essa mesma interrogação na face confusa do mais velho – Temos idades muito semelhantes e bem... Sou um grande estorvo na vida dela, eu deveria mesmo voltar para casa – respondi fazendo um enorme beicinho manhoso e fitei ao chão, deixando assim que meus cabelos encobrissem minha face.

– Você não é um estorvo Nuri – disse JongJin oppa sorrindo – Você é uma boa irmã por cuidar da sua unnie, agora levante essa face, me dê um sorriso e vamos trabalhar – falou o mais velho com entusiasmo. Tentei não rir, mas um sorriso abriu-se no canto esquerdo da minha boca e embora relutante passei os olhos pela face do oppa – Eu preferia um sorriso maior, mas esse já serve – respondeu ele bagunçando meus cabelos e me entregou o bloquinho de notas – Agora vá, rápido.

Como ainda estava no horário do almoço, o movimento estava grande, mas por volta das três da tarde, quando a movimentação estava mais calma, chegou duas garotas que quase me fizeram enfartar. Duas soshis usando óculos escuros e trajando belas roupas de grifes famosas, passaram pela porta de vidro esbanjando luxo e carisma.

– Boa tarde, o que vão pedir? - perguntei educadamente com a caneta sobre o bloquinho em branco. Meu coração batia acelerado diante de presenças tão ilustres, mas eu tentava não demonstrar nada, para não parecer uma fã louca que surtaria caso o Yesung resolvesse dar uma ajudinha de caixa, como raramente acontecia.

– Eu quero um sanduíche de frango assado na grelha com tomates lavados a mão em água mineral sem casca, sem sementes e sem sal; alfaces também devidamente lavados; sem aquele bacon gorduroso e aquela maionese calórica. Um copo médio de chá gelado com três gotas de adoçante – pediu a mais velha e líder do grupo, tudo de uma vez, fazendo-me suar para conseguir anotar tudo.

– Onde está JongJin? – questionou arrogante a outra jovem de cabelos negros que reconheci como sendo Yuri.

– Está me procurando dongsaeng? – perguntou o mais velho parando atrás de mim com um grandioso sorriso animado.

– JongJin oppa... – disse a soshi forçando um sorriso – Como você está oppa? Trabalhando muito? – ela perguntou passando os olhos rapidamente pela cafeteria, mas não deu tempo para que ele a respondesse – E o seu irmão? Como Yesung oppa está? Ele tem vindo muito aqui?

– O hyung anda trabalhando muito... – respondeu o mais velho entortando os lábios em meio a uma careta tristonha. Embora ele tentasse esconder sua real expressão com sua careta, era possível notar seu desconforto diante da soshi, eu não só conseguia dizer o porquê de sua reação.

– É uma pena... – respondeu Yuri colocando sua bolsa preta, toda de couro, sobre a mesa – Mas diga a ele que viemos e aproveitei e me prepare o de sempre – pediu a mais velha dando uma piscadela para o oppa – Agora vá rápido, não temos tempo a perder – disse ela com seu sorriso cerrado fazendo sinal com as mãos para que ele fosse preparar seu pedido.

JongJin apenas concordou com a cabeça e deu as costas. Ainda ergui a caneta com intenção de chamar ao oppa, mas vendo-o seguir obediente para o balcão, corri para acompanha-lo. Depois que entregamos os pedidos das soshis para o cozinheiro, fiquei as observando. Em minha mente confusa, eu me lembrava muito bem de ter visto fotos de famosos com o JongJin oppa, o que incluia algumas soshis, e eles sempre pareciam tão amigos, era estranho ver o oppa inquieto atrás do balcão.

Quando os pedidos ficaram prontos, perguntei se o oppa não levaria até elas, mas ele respondeu que não, que ele precisava ficar no caixa e que eu era a garçonete, então eu deveria servi-las. Como seu tom era bem calmo, simplesmente peguei a bandeja e segui em direção à mesa das unnies.

Ao certo eu não conseguia definir quem estava mais distraída, se era eu ou elas, porque quando eu passava ao lado da Yuri, equilibrando aquela bandeja em uma só mão, a mais velha se ergueu bruscamente batendo o ombro direito da bandeja. Ainda tentei incliná-la para a direita, com o intuito de recuperar o equilíbrio, mas minha ideia não deu certo e tudo que consegui foi derrubar a comida em mim e na mais velha.

– Aish! – exclamei ao escutar o som metálico da bandeja indo de encontro ao piso a centímetros do pé da mais velha – Me desculpe unnie, me desculpe – pedi ao notar sua roupa molhada pelo chá da Taeyeon – Deixe-me que te ajude – falei me esticando para pegar o guardanapo em cima da mesa, mas ela fez sinal com a mão ordenando que eu parasse.

– Nem pense me ajudar sua coisinha insignificante! – ordenou ela cerrando os dentes com força e passou seus olhos frios pela roupa – Você tem noção de quanto custou esta roupa? Não, você não tem noção de quanto custou esta roupa porque nunca você terá condições de comprar uma roupa como esta sua incompetente. Nem daqui um milhão de anos você conseguira ter mais do que a poeira deste lugar e pode ter certeza que se depender de mim, nem emprego você terá mais – disse a mais velha de modo agressivo, fazendo-me inclinar para trás assustada – Vamos Taeyeon – rosnou ela para a outra soshi colocando seu óculos escuros e saiu marchando da cafeteria.

A líder que o tempo inteiro se mantinha tão assustada quanto eu, se ergueu rapidamente e seguiu a mais velha sem dizer nada. Respirando ofegante, passei os olhos atônitos sobre aquela bagunça e ofeguei ao escutar a voz do Jongjin oppa chamar pelo nome da minha irmã. Embora relutante, virei-me para o oppa e o encarei com os olhos úmidos.

– Eu estou demitida? – perguntei segurando-me para não chorar.


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Notas finais do capítulo

Eu peço mil desculpas pela demora, mas é que eu viajei e não tinha como postar muito menos terminar de escrever esse capítulo, realmente sinto muito, mas espero que tenham gostado. Não percam o próximo capítulo ;D
by: Mc =]



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