Anjo da Música escrita por Valentinnes


Capítulo 16
Capítulo 16




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(Chaerin's POV)


Sehun respirava tão pesadamente, que mesmo de suas costas, eu podia ouvi-lo. Eu começava a me preocupar com o estado do maknae quando sob um céu noturno encontramos a SM. Ele respirava tão ofegante, que parecia estar morrendo, mas mesmo assim não deixou de comemorar baixinho por ter encontrado a empresa. Sem medo de sermos vistos, ele entrou pelo portão principal e caminhou comigo nas costas até a bonita e fria recepção. Quando ele finalmente parou de costas com o sofá, achei que ele seria gentil o suficiente para me ajudar a descer, mas ao invés disso ele simplesmente soltou minhas pernas de qualquer jeito, fazendo-me cair igual uma pedra no sofá de espera. De imediato resmunguei baixo pelo modo descaso do maknae, mas o som de uma música baixinho me calou. Aos poucos ela ganhava força, mas antes que eu conseguisse identificar aquela melodia e letra, notei o mais importante, ela vinha do bolso travesseiro da calça jeans do maknae. Sem ao menos pensar, ele levou a mão ao bolso, pegou ao celular e atendeu a ligação.

– Alô... – disse ele passando o braço esquerdo pela barriga e apoiou o cotovelo direito no dorso de sua mão, para que sua mão direita ficasse na altura de seu ouvido, ou quase, aquilo tudo porque ele ainda ofegava e algumas gotículas de suor escorriam por sua testa - Estou aqui na SM, mas já estou voltando para o dormitório, o que vai ter para a janta hyung? - perguntou ele de modo mais animado, agora ajeitando sua camiseta, que estava amarrotada – Legal, vou procurar o manager para tentar pegar uma carona, é, estou sem dinheiro para o táxi, mas logo eu apareço ok? Até mais hyung – completou ele com um torto sorriso e desligou a chamada.

Seu sorriso desapareceu enquanto ele guardava o celular no bolso, mas quando se virou para mim, minha expressão também não era das melhores. Eu o encarava de pé e com os braços cruzados sobre o tórax. Minha respiração havia se tornado rápida e pesada de tanta frustração que eu sentia.

– Por que você mentiu? – questionei com os olhos tornando-se úmidos, enquanto ele apenas me arqueou uma das sobrancelhas, confuso – Por que disse que não estava com o celular sendo que o tempo inteiro ele estava no seu bolso? Você fez isso só para acabar com meu encontro não é mesmo? – acusei sentindo meu coração pesar e os batimentos desacelerar, mas o maknae se mostraria muito mais malvado e infantil do que ele normalmente já era.

– E se foi? - perguntou ele em espreitando com os olhos.

– Seu maknae malvado, eu não gosto de você, não gosto, não gosto, não gosto! – disse depositando uma porção de tapas em seus ombros e peitoral, coisa que eu normalmente não fazia, mas ele havia passado dos limites. Bruscamente o maknae agarrou aos meus pulsos, me impedindo de continuar.

– Eu não preciso que goste de mim! – esbravejou ele e me empurrou para trás. A força que ele havia usado, não havia sido tanta, apenas o suficiente para me fazer recuar, só que com o sofá atrás de mim, acabei desabando no mesmo. Sem ao menos se preocupar com minha queda, ele saiu marchando em direção à entrada.

Sem conter as lágrimas, apoiei meus cotovelos nas pernas, afundei minha face nas mãos e deixei que as lágrimas vertessem por minhas bochechas. Era incompreensível que existissem pessoas como Sehun, que acabavam com a alegria de uma pessoa pelo simples prazer de vê-la triste. Devido à dor latente em meu joelho, o cansaço e as lágrimas quentes que molhavam minha face, acabei adormecendo. O sofá da recepção era tão macio, que eu permaneceria ali até o amanhecer, se não se fosse uma mão me agitando.

– Chaerin, você precisa ir para casa – embora sonolenta, ao reconhecer aquela voz calma como sendo do Kai oppa, ergui a cabeça e pisquei os olhos diversas vezes até que conseguisse encarar ao mais velho com um torto sorriso.

– Oppa! - disse me erguendo do sofá e aproveitei para afagar meus cabelos desorganizados por conta da posição não muito favorável em qual eu estava deitada. Depois de muito chorar, eu simplesmente caí para o lado direito, o que ocasionou um incômodo no meu pescoço, mas naquele momento o que mais importava era falar com o mais velho – Eu peço desculpas pelo nosso... Encontro não ter dado muito certo – foi inevitável não corar com a palavra 'encontro', mas engolindo em seco, respirei com força na esperança de completar minhas palavras – Mas se quiser, podemos marcar de sair de novo – disse abrindo um envergonhado sorriso, sentindo minhas bochechas arderem mais ainda, e encarei ao chão.

– Eu não posso Chaerin... - respondeu Kai com seus olhos voltados para o chão – Eu não posso mais sair com você – sua voz soava baixa, tristonha, mas por dentro eu também entrava em desespero.

– Por que oppa? - questionei franzindo o cenho confusa e pensando em milhares de possibilidades para aquela mudança repentina, e a principal delas era que Sehun maknae havia dito algo de muito ruim ao meu respeito para o oppa.

– Porque agora estou namorando a Park Sandara – respondeu ele friamente, depositando seu olhar tristonho em minha face.

Meus lábios tremularam absortos, mas não só eles como minhas pernas, também fugiram do controle fazendo-me desabar mais uma vez no sofá atrás de mim. Se eu já me achava azarada, naquele momento eu tive certeza que alguém lá de cima não gostava de mim. Rapidamente o oppa se ajoelhou defronte comigo e tomou minhas mãos nas suas.

– Chaerin, você está bem? - perguntou ele, fazendo meus olhos lacrimejarem. Como ele ainda tinha coragem de me perguntar se eu estava bem? Puxei o ar com força para os pulmões, evitando chorar, e tentei desvencilhar aqueles olhos tão carismáticos, mas eles estavam tão tristonhos, que embora um nó crescesse em minha garganta, não havia como não me prender a eles – Mas isso é passageiro, logo encontraremos uma solução, agora por favor, vá para casa, sua irmã já foi para o dormitório.

– Mas por que oppa? Por que começou namorar logo a Sandara? - perguntei com um mimoso beicinho enquanto secava as bochechas com o dorso das mãos, tudo para parecer forte, mas em uma situação como aquela, misturada com os sentimentos que desde a infância eu nutria por Kai, evitar o choro parecia tão difícil quanto ficar sem comer pepero.

– É uma longa história dongsaeng, depois eu lhe conto, agora vá que há uma surpresa para você nos portões – disse ele abrindo um breve e torto sorriso. Franzi o cenho confusa – Boa noite Chaerin – completou o oppa acariciando meus cabelos em meio a um meigo sorriso e se ergueu do chão.

Embora tristonha, segui para a portaria sozinha, já que o mais velho esperaria sua carona na recepção da empresa. Minha cabeça estava tão confusa com tudo aquilo, que eu me perdia em devaneios quando ultrapassei os portões.

– Chaerin? - escutei uma voz muito familiar perguntar.

Meu coração e pernas paralisaram pela forte emoção e minha cabeça virou lentamente para o lado esquerdo, enquanto um sorriso abria-se em minha face. Tudo parecia tão devagar, até mesmo a imagem sorridente de Taemin oppa parecia se mover em câmera lenta indo ao meu encontro. Literalmente pulei nos braços do meu irmão mais velho e lhe apertei até que ficasse sem ar.

– Omo! Está me sufocando! - disse o mais velho rindo baixo, me fazendo finalmente me soltar dele.

– Eu senti tanto a sua falta oppa! - retruquei com um beicinho manhoso.

– Eu também senti sua falta – disse ele voltando a me abraçar, só que dessa vez sem me tirar do chão – Mas também estou muito triste com a senhorita – completou ele me soltando de seus esguios braços protetores – Como pôde fugir de casa? E por que nunca atendeu minhas ligações?

– Oh! Desculpe-me oppa, eu esqueci o carregador do meu celular em casa, mas eu lhe mandei mensagem do celular de uma amiga.

– É, eu liguei para ela assim que vi a mensagem, e embora o modo de escrever fosse inconfundivelmente seu, ela disse que não conhecia nenhuma Chaerin. Não gosto dessas trocas dongsaeng – disse ele sério.

– Eu peço desculpas mais uma vez oppa, eu lhe imploro por desculpas, mas por enquanto apenas me acompanhe, estou morrendo de fome e você também deve estar, né? E oppa, quando chegou aqui? - perguntei segurando-lhe a mão e comecei a guiá-lo para a república onde eu estava instalada.

Conversamos o percurso inteiro, mas como ele havia jantado com minha unnie e não poderia ficar na república, acabamos seguindo para uma praça, onde tomamos sorvete e depois ele seguiu para um hotel próximo a casa de Sulli. Pelo horário com que cheguei ao sobrado, jantei sozinha e após lavar as tigelas e hashis usados, subi para o meu quarto.

– Chaerin! - exclamou Sulli adentrando animadamente ao quarto – Como foi o encontro? - perguntou ela que sabia que eu sairia com um garoto, só não sabia que esse garoto era o Kai, porque ela provavelmente surtaria se eu lhe contasse isso. Na verdade ela que havia me emprestado algumas revistas de garotas falando sobre o primeiro encontro e tudo mais.

– Foi um desastre – respondi baixinho afundando minha face no travesseiro. Eu estava completamente largada na minha cama e ainda usando as roupas do encontro, até mesmo as sapatilhas ainda estavam em meus pés.

– O que aconteceu unnie? - perguntou a jovem preocupada e curiosa, cruzando os braços e os apoiando em cima da cama.

– Tudo de mais... - eu diria 'terrível' se não fosse o detalhe de Sulli provavelmente pedir que eu lhe contasse tudo em seus mínimos detalhes, só então percebi que teria sido melhor apenas desconversar – Deixa pra lá Sulli dongsaeng, estou com sono – disse me virando com a face para a parede.

– Omo! Pode confiar em mim unnie, conte-me o que aconteceu – pediu ela sem se mover.

– Meu oppa me trocou por uma unnie, não quero falar disso agora – respondi tirando as sapatilhas com os próprios pés e com um enorme beicinho choroso a se formar em meus delicados lábios. Embora um pouco distorcido, aquilo era uma verdade inegável.

– Oh! – soltou Sulli surpresa – Eu sinto muito Nuri unnie, mas não se preocupe com isso, há muitos oppas bonitos por ai. Quando quiser me contar o que aconteceu estarei aqui, tudo bem? Durma bem unnie, e não pense nisso ok? Amanhã será um dia muito mais bonito – falou a mais nova de modo otimista, provavelmente ostentando um fraco sorriso enquanto falava e afagou momentaneamente meus cabelos.

– Boa noite dongsaeng – foi tudo o que respondi sem tirar os olhos úmidos da parede.

Antes de deixar o quarto, a mais nova pegou minhas sapatilhas e as colocou no chão. Sozinha com meus pensamentos, pude pensar com um pouco mais de clareza. As palavras de Sehun vinham todas em mente, principalmente a parte na qual ele chamava Kai de ‘inútil’ por levar consigo a garota errada. Eu realmente não conseguia ver outro culpado para tudo aquilo, Sehun havia estragado o meu encontro e por algum motivo ainda desconhecido, Kai estava namorando a Dara, mas logo eu falaria com Nuri. Precisávamos trocar um pouco, ela devia conhecer a cafeteria dos pais do Yesung, conhecer Jongjin oppa, mas eu ainda precisava tratar isso direitinho com ela. Vaguei de pensamento em pensamento até que adormeci.

No dia seguinte acordei por volta das onze, no horário do almoço para falar a verdade, mas eu me sentia bem novamente, como se todo o dia anterior não tivesse passado de um sonho ruim que se dissipou quando eu abri os olhos. Tentando manter essa harmonia, depois que almocei e ajudei com a louça, segui direto para a cafeteria dos pais do Jongjin.

– Jongjin oppa! - exclamei sorridente assim que o vi parado atrás do balcão. Normalmente eu não pensava muito a respeito do oppa, mas vê-lo sempre ali, me fez pensar se ele não possuía outra vida a não ser cuidar da cafeteria.

– Aproveitou a festa? – perguntou ele igualmente animado enquanto eu dava a volta no balcão. Demorei alguns segundos para me lembrar de qual festa ele estava se referindo, mas assim que veio em mente aquela comemoração no centro da cidade, agitei a cabeça negativamente.

– Nem passei por lá – respondi fazendo bico.

– Verdade, você já tinha um compromissos, mas ainda sim seria legal ter minha dongsaeng por lá, teve tantas coisas legais, tenho certeza que gostaria das apresentações, das tendas... – o oppa entregou o avental e virou-se para o caixa mais uma vez procurando por algo.

– Na próxima nos vamos oppa, pode ter certeza que sim – respondi colocando o avental e tentei eu mesma amarrá-lo, mas como o oppa sempre amarrava ele para mim, quando ele se ofereceu, simplesmente me virei agradecida. Se eu mesma o fizesse, era bem provável que meu lacinho fosse ficar feio.

– Pronto – disse ele sorrindo – E a propósito, trouxe algo para você – disse ele abrindo um sorriso gigantesco em minha face.

– O que é oppa? – perguntei me virando para encará-lo.

– Isso – disse ele me esticando uma pequena e delicada caixa de papel branca. Sorrindo, peguei ao presente e lhe agradeci com uma curta reverência enquanto desatava o nó – Quando o vi, pressentia que gostaria de tê-lo, combina bastante com você – avisou ele ainda sorrindo.

Aumentando mais minha curiosidade, coloquei o laço rosa no bolso do meu avental e tirei a tampa da caixa. Sorri maravilhada quando meus olhos pousaram em uma belíssima e delicada presilha de strass em forma de laço. O prateado da presilha deixava tudo mais brilhante, mais belo. Pelo menos uma vez desde que eu havia pisado em Seoul, algo de bom estava me acontecendo.

– Obrigada Jongjin oppa – disse fazendo uma polida e longa reverência, enquanto abraçava a minha presilha.

– Vamos coloca-la – disse ele me esticando a mão. Imediatamente lhe entreguei meu lindo presente e fiquei parada enquanto ele o arrumava a presilha sobre algumas mechas acima da minha orelha esquerda – Olha, ficou bonito – completou o mais velho se afastando sorrindo.

– Obrigada mais uma vez oppa – e novamente eu fazia uma reverência sem conter um meigo e entusiasmado sorriso. Eu me sentia tão feliz quanto era possível.

– Não precisa agradecer Nuri, agora vá trabalhar – disse ele fazendo uma careta séria, mas voltou a abrir seu sorriso.

Apenas assenti com a cabeça e fui atender aos clientes.

A tarde prometia ser calma, com clientes gentis e esfomeados, o que era muito bom, mas em meio a tantos jovens, especialmente garotas que iam a lanchonete na esperança de encontrar Yesung, também estava uma unnie minha...

– Jongjin oppa, a conta da mesa quatro - pedi ao mais velho carregando a bandeja vazia na mão direita e com a mão esquerda apoiada no balcão.

O mais velho apenas assentiu e procurou pelo papel onde estava marcado os pedidos. Enquanto esperava, olhei de relance para a porta, sorrindo para os clientes que adentravam, mas paralisei quando junto de duas jovens, reconheci minha irmã gêmea com uma expressão tensa.

– Shisus! - exclamei em desespero, me jogando com bandeja e tudo para dentro do balcão.


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Notas finais do capítulo

Eu peço desculpas pela demora, mas é que eu precisava do ok da minha dongsaeng. O que acharam deste capítulo? E só para deixar avisado, essa fanfic vai continuar aqui no nyah até o fim de sua postagem. Até o próximo capítulo! :D
by: Mc =]