Depois do grito, vimos Cátia Bell ser levitada na nossa frente. Nós quatro ficamos estáticos enquanto ela era chacoalhada no ar, não podíamos fazer muita coisa.

– Por que é sempre com a gente por perto? - perguntou Rony

– Porque a gente anda com o Harry. - respondi

Harry olhou feio para mim mas logo vimos que Cátia estava no chão novamente e corremos para ajudá-la.

– Com licença! - ouvimos uma voz forte conhecida exclamar

– Hagrid - Mione disse

– Eu vi - disse ele - Vou levá-la para Madame Pomfrey. Vocês cinco, entreguem esse pacote para a professora McGonagall, sem encostar nele!

Vi então que havia uma garota tremendo ao nosso lado.

– Oi, - eu disse - Eu sou a Alice.

– Liane - respondeu ela em um sussurro

– O que aconteceu? - perguntou Harry enquanto embalava novamente um colar que estava jogado na neve

– Ela foi ao banheiro no Três Vassouras e voltou com esse pacote, depois disso não parou de repetir que precisava voltar para o castelo e entregar isso para alguém.

– Para quem? - perguntei

– O Prof. Dumbledore.

…

– Por que sempre que acontece alguma coisa, vocês quatro estão sempre presentes? - perguntou a Prof. McGonagall depois de ouvir o depoimento de Liane e liberá-la.

– Eu me faço essa pergunta há seis anos, professora. - disse Rony - Para falar a verdade, eu fiz essa pergunta agora mesmo, lá na neve, vendo Cátia fazer acrobacias aéreas.

– Eu cheguei à conclusão de que Harry é um ímã de problemas, professora. - eu disse

– Você se considera um problema, Lizzie? - perguntou Harry

A Prof. McGonagall fez menção de soltar uma risada mas seu semblante continuou firme.

– É um artefato bem interessante. - disse o Prof. Snape, que estava analisando o colar - A Srta. Bell teve muita sorte em estar viva.

– Mas quem estaria mandando algo assim para Alvo? Isso não faz sentido. - se perguntou a Prof. McGonagall

– Foi o Malfoy. - disse Harry

Soltei uma exclamação de raiva.

– Potter, isso é uma acusação muito séria. - disse McGonagall

– Evidências? - perguntou Snape

– Eu simplesmente sei. - disse Harry

– Simplesmente sabe? - perguntou Snape - Mais uma vez me surpreendo com suas habilidades. Que grande honra deve ser saber que é o Eleito.

Harry continuou encarando Snape.

– Sugiro que voltem para seus dormitórios. - disse McGonagall - Não comentem nada disso com seus colegas.

Saímos da sala em silêncio. Eu estava determinada a não conversar com Harry nunca mais.

– Eu vou direto jantar, no final das contas, acabei ficando sem comer. - eu disse para Rony e Hermione, apenas.

– Tudo bem. - os dois concordaram e seguiram para o salão comunal

– Deixe-me adivinhar. - disse Harry, que tinha ficado comigo. - Você está determinada a não falar comigo nunca mais.

– Você consegue ser bem esperto, Sr. Potter.

– Lizzie. - suspirou ele

– Harry - respondi

– Faz sentido, Lizzie. - ele disse - Ele estava lá e você sabe disso.

– Ele foi falar comigo, Harry! - eu disse - O Três Vassouras estava cheio! Por que tem que ter sido Draco?

– Alice! Você é tão cega! - ele exclamou - Por que você não aceita que existe uma chance de ele ser um comensal? Se você continuar com essa recusa e for verdade, vai ser muito pior para você. Isso vai quebrar seu coração em milhares de pedacinhos.

– Já aconteceu antes. - murmurei e sai andando, deixando Harry sozinho no corredor.

…

Eu tinha esquecido da reunião do Clube do Slug, então cheguei bem atrasada. Eles já estavam todos tomando a sobremesa.

– Me desculpem pelo atraso. - eu disse sorrindo

– Não foi nada, Alice querida. - disse Slughorn - Todos nós sabemos do que aconteceu hoje com a Srta. Bell, você deve estar levemente abalada.

– Foi bem horrível mesmo. - eu disse - Mas eu estou bem.

– Sente-se! - disse Slugorn - Tem um lugar vago ali do lado do Sr. Potter.

De má vontade, sentei do lado de Harry.

– Ah! Estávamos conversando sobre a minha famosa festa de natal, senhorita. - continuou Slughorn - Você poderia comparecer?

– Adoraria. - disse comendo uma colherada de sorvete.

– Você pode trazer algum convidado. - disse

Sorri.

Senti algo na minha bochecha e vi Harry segurando um guardanapo.

– O que você está fazendo? - perguntei

– Tinha sorvete. - disse ele

Bufei.

Passamos as próximas duas horas ouvindo Slughorn contando as mais diversas aventuras das quais ele havia participado. Embora eu não quisesse escutar nenhuma delas, não conseguia parar de pensar como deveria ser um adolescente normal. As únicas preocupações de Slughorn eram não ser pegos por monitores e professores. Olhei para Harry e ele assentiu, estava pensando o mesmo que eu.

Quando a reunião acabou, fui a primeira a me levantar e sair, enquanto Harry ficava por último para conversar com Sluhorn, como sempre.

Ao virar o primeiro corredor, vi Draco encostado na parede. Fui até ele, que me envolveu em um abraço.

– Eu fiquei sabendo sobre o que aconteceu em Hogsmeade. - sussurrou ele - Você está bem? Está machucada?

– Não. - eu sussurrei

– Me desculpa de novo por hoje. - ele disse beijando minha testa

– Você disse que ia me compensar. - eu disse

– E vou.

– Pode ser agora? - perguntei - Eu não quero voltar pra Grifinória agora.

– Tudo bem. - sorriu ele - O que você quer fazer?

– Quero conversar com você. - eu disse - Como adolescentes normais.

Ele sorriu.

– Vamos achar um bom lugar então.

Seguimos cuidadosamente pelos corredores e achamos um armário de vassouras. Nos sentamos no chão e Draco soltou uma risada.

– Esses armários costumavam ser maiores.

– Você entrava bastante neles? - perguntei

– Entrava - ele riu - Principalmente aqui nas partes mais baixas do castelo.

– Costumava entrar aqui com garotas? - perguntei

Ele arregalou os olhos e riu.

– Algumas. - admitiu

Ri e me encostei nele.

– Me conta alguma coisa. - eu disse

– Eu falei com minha mãe. - ele disse - Sobre você.

– Falou? - perguntei

Ele assentiu.

– Levou uma bronca? - perguntei

– Na verdade, não. - ele disse

Franzi a testa.

– Ela disse que se eu ainda gosto de você, depois de tudo que aconteceu, ela não tem nada contra. - ele disse

Sorri.

– Mas ela não gosta de você. - riu ele

Soltei uma risada fraca.

– É um começo. - eu disse

– É um, quase, bom começo. - ele sorriu

– Então, sir. Você gostaria de ir na Festa de Natal do Slughorn comigo? - sorri

– Adoraria. - ele sorriu

Ficamos conversando por horas até que, finalmente, dormimos.

…

Acordei com um pouco de dor nas costas, considerando a má posição na qual havia dormido.

– Ugh, bom dia. - eu disse

– Ouch, bom dia. - ele disse esfregando o quadril. - A gente nunca mais deve dormir em um lugar desses.

– Concordo. - eu disse - Eu preciso subir e trocar de roupa. Eu ainda estou com a roupa do jantar.

– Certo - disse ele

– Você vai no jogo de hoje? - perguntei

– Acredito que sim. - ele disse

– Te vejo lá? - perguntei

– Vê. - disse ele me beijando.

Fui para o Salão Comunal da Grifinória com um pouco de frio, considerando que estava nevando lá fora.

Passei pela Mulher Gorda e vi Harry, Rony e Mione sentados no sofá, conversando.

– Bom dia. - eu disse sem olhar para nenhum deles.

Subi as escadas correndo e tratei de colocar uma roupa bem quente.

– O que aconteceu? - perguntou Hermione entrando no dormitório

– Nada aconteceu. - eu disse

– Eu fiquei preocupada. - ela disse

– Eu sou bem grandinha para cuidar de mim mesma, Mi. - eu disse

– Você resolveu as coisas com Draco? - ela perguntou

– Ele contou pra mãe dele. - eu disse

– Sobre vocês?

Assenti.

– Ele vai comigo para a festa de natal. - eu disse

– Eu vou com Córmaco. - ela disse

Eu ri.

– É sério. - ela disse rindo

– Por que? - ri

– Você sabe.

– Okay. - eu ri

– Para de rir! - ela disse rindo mais ainda

– Vai ser divertido. - eu disse

– Duvido muito. - ela disse.