Entrei na Toca e não vi ninguém, mas me senti em casa. A Toca era um lugar extraordinário. Como eu havia crescido em uma casa trouxa, eu não estava acostumada com casas com uma arquitetura fisicamente impossível cheias de objetos estranhos. Vi a louça se lavando sozinha na pia e uma vassoura varrendo a sala sozinha. Observei o relógio dos Weasley e não pude deixar de ficar chateada. Todos os seus ponteiros estavam em "Perigo Mortal". Escutei passos de alguém descendo a escada.

– Mãe! - gritou Gina - O Harry está aqui?

– Que Harry? - perguntou Sra. Weasley do primeiro andar

– O Potter, é claro. - disse Gina

– Eu saberia se meu melhor amigo estivesse na minha casa. - gritou Rony do terceiro andar, onde ficava seu quarto.

– Não saberia não. - disse Harry aparecendo perto de mim

– É, Ronald, está na hora de você se informar melhor. - gritei

O rosto de Gina apareceu na nossa frente.

– Harry! - exclamou ela - Alice!

– Ei Gina, como vai? - perguntou Harry

– Não muito bem, na verdade. - disse ela - Ela está me deixando louca.

Eu achei que ela estivesse falando da Sra. Weasley, pois sempre que eu estava na Toca, eu presenciava pelo menos uma discussão das duas. Mas eu descobri que ela não se referia à mãe quando senti meu corpo sendo envolvido em um abraço, junto com o de Harry.

– Harreh! Alice! - disse uma voz conhecida

– Fleur! - exclamei

Seu cabelo estava mais longo e ela parecia ainda mais bonita do que o ano do torneio, mas ela ainda não tinha perdido o sotaque.

– Eu nam sabia que vocês virriam para cá! - disse ela - Que marravilhe!

– A gente não sabia que você estava aqui, na verdade. - sorriu Harry

– Gui me trouxe parra conhecerr sua familie! - sorriu ela

– O Gui te trouxe? - perguntei - Gui Weasley?

– Estamos noivos! - disse ela

– Wow, Fleur. - disse Harry sorrindo - Parabéns para vocês!

– Vocês dois estão convidados para o nosso casamento. - sorriu ela - Na verdade, Alice, eu querrro que você seja minhe dame de honrra junto com Gine e Gabrielle.

– Eu vou adorar. - sorri mas era meio mentira.

– Ótimo, depois eu mande o tecido do vestido e você pode escolher fazerr o modele que quiserr!

– Mas por que eu? - perguntei

– Você foi a prrrimeirrra pessoa que me falou o nome dele parra mim! - sorriu ela - Você foi nosse cupide!

– Quando vocês vão casar? - perguntou Harry

– Ano que vem! - disse Gui aparecendo do lado de Fleur

– Parabéns Gui. - sorri e abracei ele - Quem diria que você iria conseguir a loira linda que você viu em Hogwarts.

– Todo mundo diria. - riu ele - Sou eu, Alice.

Todos riram.

Depois de insistir para a Sra. Weasley quinhentas vezes sobre não estarmos com fome, eu e Harry rapidamente subimos para o quarto de Rony. Abri a porta e vi Rony e Mione sentados no chão.

– Ei, olha quem está aqui. - disse Harry

Mione sorriu.

– Bom te ver também. - disse ela

Sentei do lado dela e apoiei minhas costas na cama de Rony.

– Por que diabos ninguém me contou que o Gui vai casar com a Fleur? - exclamei

Rony bufou.

– Aw Ron, você ainda tem uma queda por ela. - provoquei

Ele riu e jogou uma almofada em mim.

– Na verdade, não.

– Por que não? - perguntou Harry - Ela está bem mais bonita.

– Amanhã você vai estar de saco cheio dela, espere só. - riu Mione - Eu cheguei a três dias e já quero que eles casem logo.

Ri e vi que Rony estava sentado na frente de um exemplar do Profeta Diário, eu tinha esquecido de ler e deixado o meu exemplar em cima da minha escrivaninha.

– Ei, posso dar uma olhada no Profeta? - perguntei

– Não tem nada de interessante. - disse Harry

– Só umas medidas anti-comensais. - disse Mione rapidamente

Mas eu os conhecia e sabia quando eles estavam mentindo.

– Ronald. - eu disse

Ele pegou o jornal de má vontade e me entregou.

A primeira página era mesmo de medidas anti-comensais, mas a segunda tinha uma foto de Draco e sua mãe.

– Não é nada. - disse Mione - Só estão falando do julgamento dos comensais que estavam lá naquela noite.

– Quanto tempo de prisão eles pegaram? - perguntei

– Perpétua. - disse Rony

Assenti. Era por isso que Draco não tinha nem tentado falar comigo o verão todo, ele estava esperando o julgamento do pai.

– Quem vocês acham que vai ser o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas esse ano? - perguntou Rony, mudando de assunto.

– Professor Slughorn. - dissemos eu e Harry ao mesmo tempo.

– Quem é esse? - perguntou Rony

Deixei Harry contar tudo que havia acontecido desde que havíamos deixado a estação de trem até aparatarmos na Toca, mas ele deixou de fora sua conversa com Dumbledore.

– Onde está todo mundo? - perguntou Harry

– Papai está no Ministério. - disse Rony - Carlinhos ainda está na Romênia. Fred e Jorge se mudaram para o Beco Diagonal definitivamente, amanhã vamos visitar a loja deles.

– Eles conseguiram abrir a loja, então? - perguntei

– Não sei com que dinheiro mas, sim, conseguiram. - disse Rony dando de ombros.

Harry piscou para mim. Só eu sabia que ele havia dado o prêmio do Torneio Tribruxo para que os gêmeos pudessem abrir sua loja de logros.

– Percy continua sendo um idiota, mas é uma questão de tempo até ele engolir o seu orgulho e voltar correndo para nós.

– Creio que sim. - disse Mione

– Eu achei que Dumbledore fosse trazer vocês. - disse Rony

– Elle trouxe, mas teve que ir embora assim que chegamos. - menti

Olhei pra Harry e ele assentiu, pensando o mesmo que eu.

– Harry, eu preciso pegar meu pijama no meu malão. - eu disse criando uma desculpa para sair dali - Você quer que eu pegue o seu.

– Você está doida? - riu ele - Você não pode mexer no me malão, eu vou contigo.

Ri e saí do quarto com ele, mas em vez de descermos para a sala, eu empurrei ele para o banheiro.

– É sério isso? - perguntou ele - Com todos os lugares para a gente ir, você me empurra para um banheiro?

– Os quartos têm sempre gente, você sabe disso! - eu resmunguei

– Imagina a cara dessa gente quando eles nos verem saindo de um banheiro. - disse ele

– Você vai me contar ou vai ficar repetindo a palavra banheiro? - eu disse

– Tá legal. - disse ele se rendendo

Encarei ele.

– É verdade. - disse ele

– O que? - perguntei

– Todo esse lance do Eleito. - ele respondeu - Aparentemente, eu sou ele.

– Como você se sente? - perguntei

– Responsável - disse ele

– Você vai conseguir. - eu disse

– Isso não é o que me preocupa mais. - ele suspirou - Quantos mais vão ter que morrer nessa guerra?

Dei de ombros.

– O mínimo possível. - murmurei

– Mesmo assim! - ele disse - E se o mínimo possível for você, ou Rony, ou Mione, ou qualquer um dos Weasleys, ou algum dos nossos amigos, ou…

Puxei ele para um abraço. Ele suspirou e me apertou. Me separei dele e me dirigi para a porta do banheiro. A abri e espiei para fora.

– Pode sair. - eu disse - Ninguém vai ver que a gente estava em um banheiro.

– Melhor assim. - disse ele rindo - Porque não é normal ver duas pessoas saindo do banheiro.

– Depende do banheiro.

– Se for um banheiro pequeno como esse, sim.

– Mas se for um banheiro grande, não.

– Mas se forem pessoas que tecnicamente fariam alguma coisa no banheiro, qualquer banheiro serve. Banheiro grande ou banheiro pequeno.

– Você ganhou. - ri - Tinham quatro banheiros nessa frase.

– Sou o mestre dos banheiros.

– E outra coisa, nós não somos pessoas que tecnicamente fariam alguma coisa no banheiro. – eu disse

– Fale por você. - riu ele

Soquei seu ombros e desci para, de fato, buscar meu pijama no malão.