Acordei no sábado com Mione me chacoalhando. Sentei na cama e a encarei com a expressão brava.

– O que é? - perguntei irritada

– Jogo de quadribol, lembra? - disse ela - Estreia do Rony

– Ta bom, eu já vou. - eu disse me levantando para trocar de roupa

– O Córmaco está te esperando no Salão Comunal. - sorriu ela

Coloquei a mão na testa teatralmente, fingindo que ia desmaiar.

– Eu vou indo pro jogo. - disse ela - Pode ir pra lá com ele. Mas acho que o Rony iria gostar de te ver lá, sabe? Pra dar apoio.

– Eu vou para o jogo, Hermione. -trinquei os dentes

– Tudo bem, eu não vou falar mais nada. - riu ela

– Obrigada! - exclamei com ironia

Ela saiu, eu troquei de roupa rapidamente e desci. Córmaco estava parado, apoiado na parede. Imaginei como ele ficaria maravilhoso se estivesse na mesma posição, mas segurando um livro. Sorri com minha imaginação: o Córmaco nunca leria um livro por livre e espontânea vontade. Ele mal lia os que a professora pedia.

Quando eu cheguei perto dele, ele, para variar, me deu um beijo de tirar o fôlego.

– Vamos? - eu disse

– Vamos - disse ele

Fomos andando até o campo e sentei do lado de Neville e Mione. O jogo ainda não tinha começado. Eu ia falar oi para eles mas o Córmaco me beijou (hã, mais uma vez). Ri e parei o beijo.

– Agora não. - ralhei e me virei oara meus amigos - Oi gente.

– Oi - disse Neville

Olhei para frente e, sentada dali a umas 3 fileiras, estava Luna Lovegood, usando um chapéu meio, hm, diferente.

– Pelas calças de Merlin, o que aquela garota ta usando na cabeça.

– É um chapéu de leão. - disse ela - Para torcer pra Grifinória.

Córmaco bufou e ficou quieto.

– Eu achei bem legal. - eu disse - Não teria coragem de usar mas é bom que alguém a tenha.

– Eu achei meio idiota. - disse ele - Ela nunca vai conseguir pegar ninguém com isso aí.

Revirei os olhos e não disse nada. Não ia dar certo eu me irritar com o Córmaco naquela hora: os jogadores de ambos os times entraram no campo e montaram em suas vassouras. As orelhas de Rony estavam extremamente vermelhas e parecia que ele ia vomitar.

– Ele está bem? - disse Mione

– Acho que sim. - ri

Harry disse algo para Rony e este fez cara de irritado mas riu um pouco. Madame Hooch apitou e todos saíram voando para fazer o que deviam.

Rony defendeu os aros muito bem, só foi deixar entrar a goles depois de 20 minutos de jogo. O pessoal da Sonserina explodiu em vivas e começou a cantar.

Weasley é nosso rei

Weasley é nosso rei

Sempre deixa a bola entrar

Weasley é nosso rei

Weasley não pega nada

Não bloqueia aro algum

É por isso que todos os sonserinos cantam

Weasley é nosso rei

Weasley é nosso rei

Sempre deixa a bola entrar

Weasley é nosso rei

Weasley nasceu no lixo

Sempre deixa a bola entrar

A vitória já é nossa

Weasley é nosso rei

– Oh, que desprezível. - disse Mione

– Tinha que ser. - disse Neville com sia voz esganiçada - Aposto que o foi o Malfoy que escreveu.

Dei uma leve risada e olhei para Draco. Parecia que ele havia criado mesmo, ele cantava com mais certeza do que os outros (não que fosse grande coisa, levando em conta que os outros eram tão desenvolvidos quanto trasgos). Uma coisa estranha é que eu não estava brava com o Draco. Claro que não estava sendo nada legal ele humilhar meu amigo, mas eu não consegui ficar brava.

Depois de mais dez minutos com aquela cantoria besta que estava grudando em meus ouvidos, Harry apanhou o pomo e a partida terminou. Os jogadores voaram até o chão e abraçaram Rony. Eu me dirigi até a escada para ir parabenizá-lo mas, vocês sabem, Córmaco...

– Quer saber, esse não é exatamente o melhor lugar oara fazer isso. - ri

– Tá brincando?! Eu sempre quis agarrar alguém numa arquibancada de quadribol.

Ele me segurou no colo e me prensou com força no que era quase uma parede da arquibancada.

Ouvi um barulho lá em baixo e desci do colo dele.

– Eu... - comecei

– Tem que ir, já sei. - suspirou ele

Dei um selinho nele e saí corredo para onde meus amigos estavam.

Harry espumava de tanta raiva. Segurei seu braço e o encarei.

– O que aconteceu? - eu perguntei

– Fui expulso do quadribol. - disse ele, tentando não gritar. - Eu, Fred e Jorge.

– Mas como? O jogo já acabou. - eu disse

– Para sempre, Alice. - disse ele

Virei minha cabeça para o lado e vi Umbridge sorrindo com aquele sorriso cínico que ela fazia melhor que ninguém.

– Tinha que ser você - bufei

– Tinha mesmo porque de acordo com o decreto número 25, eu posso privar os alunos de suas atividades de lazer. - disse ela

Cheguei bem perto daquela cara de sapa nojenta.

– Escuta aqui. - eu disse - Você não proibiu eles de jogarem para sempre.

– Foi exatamente isso que eu fiz. - ela disse

– Não - eu sorri - Você proibiu eles de jogarem enquanto você está na escola.

– Eu pretendo não sair daqui. - disse ela

– Veremos - eu disse e me afastei - A gente não costuma ter um professor que dure mais de um ano. Acha que é coincidência?

Peguei no braço de Harry e saímos andando entre a multidão. Cheguei em um corredor vazio e soltei seu braço.

– Droga droga droga droga. - disse ele virando para a parede e batendo sua cabeça nela.

– Ei, fica calmo. - eu disse

– Ficar calmo? Como eu posso ficar calmo? -exclamou ele - Todas as coisas que fazem sentido para mim estão se desmoronando! Eu não posso mais jogar quadribol, nós quatro não temos andado tão juntos como antes, e ONDE DIABOS ESTÁ O HAGRID?!

– Ele saiu numa missão secreta da Ordem. - eu disse sussurrando

– Não ajuda muito saber disso. - ele disse

– Converse com Sirius. - eu disse - Vai te fazer melhor.

– É, vai mesmo. - disse ele

Ele se virou para ir embora.

– E, Harry - eu disse - Aproveite o que você tem. Dê o seu melhor na AD, com garotas e tudo mais. Não fica preso ao passado, só vai te machucar. Um ano passa rápido, a Umbridge vai ser logo chutada daqui.

Ele deu um sorriso frouxo e se virou. Observei ele andar lentamente até o fim do corredor. Encostei na parede e suspirei. Quem era eu para dar aquele conselho?

Escorreguei minhas costas e sentei no chão, exausta pelo turbilhão de pensamentos que estavam à minha volta.

– Eu estou cansada de tudo isso. - suspirei