— Mãe. - disse Teddy, entrando no meu quarto.

Era um final de tarde quente do verão de 2014. Teddy logo iria para Hogwarts novamente, cursar seu sexto ano. Eu estava deitada na cama, depois de um dia longo no Profeta. Harry havia ido se encontrar com Hagrid, e depois iria buscar James, Cedrico e Lily na casa de Rony e Hermione, onde eles haviam passado a tarde brincando.

Olhei para Ted, que parecia que ia vomitar.

— Oi, Ted. - eu disse - Está tudo bem?

Ele se sentou na minha frente.

— Eu preciso de ajuda. - ele disse

— O que você fez, Teodoro Potter? - perguntei

Esse não era o nome de Teddy, mas eu gostava de chamar ele assim de vez em quando, principalmente, para lhe dar uma bronca.

— Vic ligou hoje. - ele disse - Para conversar.

Assenti.

— E eu chamei ela para jantar. - ele disse

— Jantar aqui? - perguntei - Não tem problema, Ted.

Teddy suspirou.

— Jantar comigo, mãe. - ele disse - Eu e ela. Num restaurante. De uma forma romântica.

Arregalei os olhos.

— Uau, esse tipo de janta. - ri

Teddy assentiu.

— Ted, você tem dezesseis anos. - eu disse, sorrindo - Você pode sair com pessoas para namorá-las.

— Eu sei, mãe. - Ted bufou - Mas não é uma pessoa, é Victoire Weasley.

Sorri.

— Ok. - assenti - Do que você precisa? Carona? Sugestão de restaurante? Dica para beijar bem?

Teddy riu.

— Eu preciso de ajuda, mãe. - ele disse - Eu estou desesperado.

— Certo, certo. - sorri - Vamos começar com o que você vai vestir?

Ted assentiu.

— Ok, então vá para o seu quarto e coloque uma roupa que você acha adequada. E depois volte aqui para me mostrar. - eu disse

Ele saiu correndo, me fazendo rir.

Fui até meu armário e abri a portinha de cima. Era onde Harry e eu guardávamos coisas mais velhas, que não precisávamos no dia a dia. Eu havia lembrado de uma coisa que estava guardada ali há muitos anos.

Teddy entrou no quarto vestido um terno. Ele havia transformado seu cabelo bagunçado e manchado de azul em um cabelo loiro e lambido para o lado.

Ele deu uma girafinha.

— O que você acha? - ele perguntou

Comecei a rir.

— Teddy! O que é isso? Desde quando um terno é adequado para um encontro de jovens? - eu disse - E o que aconteceu com seu cabelo?

— Achei que um vestuário formal fosse a melhor opção. - ele disse

Neguei, sorrindo.

— Volte lá e coloque sua roupa favorita. - eu disse

Ele suspirou e assentiu. Ele deu uma meia volta e saiu do quarto.

— E traga seu cabelo de volta. - gritei

Voltei à missão do armário. Avistei a caixa que eu precisava e a levitei para fora, colocando-a em minha cama.

Ted entrou, parecendo dez centímetro mais alto, mas com suas roupas favoritas. Uma calça jeans, um all star e uma camiseta normal.

— Você está lindo. - sorri

Ted sorriu.

— Mas você não é tão alto. - eu disse

— Como você percebeu?! - ele exclamou

— Eu sou sua mãe, garoto. - dei de ombros.

Ted bufou e encolheu.

— Muito melhor. - eu disse

— Qual é a vantagem de poder ter qualquer aparência se minha mãe vai me obrigar a ficar do jeito que eu nasci?

— Você nasceu assim? Pobre Tonks, não sei como você coube dentro dela. - murmurei

Teddy revirou os olhos e me mostrou a língua.

— Eu tenho uma coisa aqui que vai combinar com essa roupa. - eu disse

Abri a caixa e tirei uma jaqueta marrom meio esfarrapada de dentro. A primeira vez em que eu havia visto aquela jaqueta foi na minha terceira viagem de trem para Hogwarts. O novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas estava a usando.

Mostrei a Ted, que sorriu.

— É do meu pai, não é? - ele perguntou

Assenti.

— Acho que era isso que faltava. - ele disse

Ele se virou de costas para que eu o ajudasse a vestí-lo, quando vi uma pontinha de uma tatuagem saindo da beirada de sua blusa, no seu pescoço.

— Ted… - eu disse levantando sua blusa - Você tem uma tatuagem?

Ele assentiu e puxou a sua blusa, me mostrando um desenho das fases da lua, com a lua cheia no centro.

— Tenho. - ele disse - Quero dizer, eu posso tirar, se você quiser.

— Não. - murmurei - É linda.

Ele sorriu para mim por cima do seu ombro.

Abaixei sua blusa e coloquei a jaqueta nele.

Ele se virou e me encarou.

— Ficou bom? - ele perguntou

Assenti, sem conseguir falar nada.

— Mãe..  – Teddy riu

O abracei.

— Você está tão crescido. - eu disse - Eu nem acredito nisso.

Teddy sorriu.

— Eu ainda sou a mesma criancinha que você adotou. - ele disse

— Eu tenho certeza que sim. - sorri - Mas agora você não é mais apaixonado por mim.

Teddy riu.

— Eu te idolatrava. - ele disse - Quero dizer, ainda idolatro.

Sorri e fiz um carinho em sua bochecha.

— Eu imagino. Eu sou muito idolatrável mesmo. - eu disse

Ted riu e revirou os olhos.

— Eu vou indo. - ele disse

— Quer que eu te leve? - perguntei

— Não. - ele respondeu rapidamente - Acho melhor eu ir sozinho.

Assenti.

— Volto antes de uma da manhã. - ele disse

— Meia noite. - rebati.

— Tá. - ele murmurou

Dei um beijo em sua bochecha.

— Bom encontro. - sorri

Ele sorriu.

— Valeu. - ele disse - Mas mãe, acho que é hora de você me contar quem você namorou, além do papai.

— O que?! - exclamei

— Eu sempre quis saber, mãe. - ele disse - Por favor!

— Tchau, Ted. - cantarolei

Ele bufou e saiu do quarto.

…

— Liz? - gritou Harry

Desci correndo e me deparei com Harry, meus filhos, Rony, Hermione, Rose e Hugo na sala.

— Uau. - sorri

— Cadê Ted? - perguntou Harry - Temos muitas surpresas.

— Ted foi para um encontro. - eu sorri

— Um encontro? - perguntou Harry - Com quem?

— Victoire Weasley. - eu disse

Harry me encarou boquiaberto.

— E como eu só fiquei sabendo disso agora? - sorriu ele

— Ele me contou há meia hora. - dei de ombros.

— Certo. - ele disse - Bom, ele vai perder as surpresas.

Encarei Harry, Rony e Hermione.

— O que vocês aprontaram, dessa vez? - perguntei

— Eu não sei a surpresa deles, na verdade. - disse Harry - Mas a minha é, com certeza, a mais legal.

— Fala logo! - ri

Harry suspirou.

— Bom, vocês sabem que Snuffles morreu no começo do ano. - ele disse

Nosso amado Snuffles havia morrido depois de uma vida longa e feliz. Todos nós ficamos bastante abalados, Teddy se trancou no quarto por todas as férias de natal.

— Harry. - o interrompi

— Oi, amor. - ele sorriu

— Me diz que você não foi a nenhum bar com Hagrid. - eu disse - E me diz que ele não te convenceu a adotar um animal estranho.

Harry sorriu.

— Ele não me convenceu a adotar nenhum animal estranho. - ele disse

Continuei o encarando, sem estar nem um pouco convencida.

Ele colocou a mão no bolso das vestes e tirou uma coisinha branca e peluda.

— ELE ME CONVENCEU A ADOTAR UMA DONINHA! - disse Harry

— Harry… - suspirei

As crianças começaram a gritar, animadas.

— Crianças, conheçam Drago Bomfoy. - ele disse

Dei uma gargalhada.

— Ele vai te matar. - eu disse

Harry deu uma risadinha.

Respirei fundo para me acalmar. Pelo menos, era uma doninha pequena. E, como ele havia comprado, a responsabilidade de cuidar dela seria toda dele, a não ser que alguma das crianças se voluntariasse.

As crianças pegaram Drago Bomfoy e correram para algum quarto. Olhei para Rony e Hermione, que estavam morrendo de rir.

— E as surpresas de vocês? - perguntei

— Bom, eu decidi que vou me demitir. - disse Rony

— O que?! - exclamou Harry

— Eu cansei da vida de autor. - disse Rony - Foi boa enquanto durou, mas acho que é hora de mudar de vida. Eu vou trabalhar com Fred e Jorge.

— Na loja? - sorri

Rony assentiu, sorrindo.

O abracei.

— Ron, isso é muito legal. - eu disse

— Eu sei. - ele disse

Harry deu tapinhas nas costas dele.

— Vai ser ótimo, mas vou sentir sua falta no departamento. - disse ele

Rony sorriu.

— Talvez algum dia você também canse dessa vida e nós voltaremos a trabalharmos juntos em algum lugar. - disse ele

Harry assentiu.

— E a sua novidade, Hermione? - perguntou Harry

Mione suspirou.

— Eu tenho uma notícia e uma novidade. - ela disse

Assenti.

— Kingsley vai se aposentar. - ela disse - No fim do mês.

— O que?! - exclamei - O que está acontecendo com o Ministério?!

Mione riu e deu de ombros.

— Você não vai sair também, vai? - perguntei

Ela negou.

Respirei fundo, aliviada.

— Quem vai entrar no lugar de Kig? - perguntou Harry.

— Bem… eu. - ela sorriu

— O QUE? - gritamos Harry e eu juntos.

— Ele me chamou em seu escritório hoje de manhã. - ela sorriu - Ele disse que achava que eu era perfeita para o cargo, mesmo sendo mais nova e que confia em mim para assumir.

— Você disse sim? - perguntei

— Eu disse sim. - ela riu

Comecei a gritar descontroladamente e a abraçá-la. Harry começou a gritar e a abraçar nós duas. Rony já sabia, mas também gritou e entrou no abraço.

— EU NÃO ACREDITO! - gritei

— NEM EU! - ela disse

— E EU ACHANDO QUE UMA DONINHA SERIA A SURPRESA MAIS LEGAL. - gritou Harry

— AGORA EU TENHO UMA DONINHA, UM MELHOR AMIGO QUE TEM UMA LOJA E UMA MELHOR AMIGA MINISTRA DA MAGIA! - gritei - E MEU FILHO ESTÁ EM UM ENCONTRO!

James entrou na sala.

— Está tudo bem? - ele perguntou - Escutei vocês gritando.

Fui até ele e o enchi de beijos.

— Está tudo ótimo, amorzinho. - sorri

Fomos para a cozinha e preparamos um jantar gigantesco, para comemorar. Quando Ted chegou, o puxamos para comer e comemorar junto conosco. Ele não entendeu nada, mas estava animado. Supus que o encontro havia ido bem.

Depois da festança, todos dormimos na sala. Conjuramos colchões e dormimos todos lá. Eu achei que não conseguiria dormir, de tanta agitação, e apenas me aconcheguei em Harry.

Era engraçado pensar no quanto aquele dia havia me surpreendido e era ainda mais engraçado imaginar Hermione como Ministra da Magia ou Ted beijando Vic (eles se beijaram mesmo, eu perguntei para ele). Quando a guerra acabou, eu achei que o resto da minha vida seria tranquilo e calmo, sem muitas grandes surpresas. E ali estava eu, com trinta e quatro anos, sendo surpreendida com doninhas, beijos e cargos públicos.

Harry me puxou mais para perto e fez carinho na minha cabeça, me fazendo adormecer. Tudo estava diferente, mas tudo estava bem.