Aparatei em frente à casa de meus pais, com Harry, Teddy, Jamie e Ced. Havíamos combinado de almoçarmos lá, junto com eles e Nick. Minha mãe abriu a porta e meus dois filhos mais velhos pularam nela. Cedrico ainda era muito novinho para preferir a vovó, eu ainda era o sol da vida dele.

Depois de abraçar e beijar Ted e James, minha mãe abraçou o sol da vida dela, Harry. Ele a entregou o vaso de lírios que ele havia comprado para ela. Lírios eram as flores favoritas de minha mãe. E de Harry.

Ela me abraçou e deu um beijo em Cedrico, que sorriu para ela.

— Ele é tão igual a Harry. - ela sorriu

— Ele é. - sorri

Cedrico sorriu também.

— Você é igual ao papai? - perguntei a ele

Ele fez uma careta, sem entender muito.

— Eu também sou igual ao papai! - disse Jamie

— Você é! - eu disse - Eu vivo com três clones! Qualquer dia desses eu vou confundir vocês!

James riu e foi para a sala, brincar com o vovô. Minha mãe foi atrás dele.

Harry estendeu as mãos para Cedrico, para que ele fosse para seu colo. Cedrico segurou meu pescoço com força, fazendo Harry rir.

— Tudo bem, fique com a mamãe então. - ele disse

Sorri.

— Ele é igual a você mas ele gosta mais de mim. - eu disse

Harry sorriu.

— Então ele é exatamente igual a mim. - ele disse

Dei um beijo nele e fui até onde o resto da família estava.

— Oi pai. - sorri e dei um beijo em sua testa.

Meu pai estava sentado no sofá, lendo um livro. Meu pai gostava de ler livros gigantes. As vezes, ele comprava livros sem saber nada sobre a história, só por que eles eram gigantes.

Fui até Nick e beijei sua testa também.

— E aí, irmãzinha? - ele sorriu

— Eu sou mais velha! - provoquei

— Mas você é mais baixa. - ele rebatei

Bufei.

— Liz? Você e Harry têm planos para hoje à noite? - minha mãe perguntou

Harry e eu nos entreolhamos.

— Trocar fraldas, fazer mamadeiras. - disse Harry

— Contar histórias para Teddy e James. - continuei

— Eu e seu pai recebemos um convite para um ballet, mas já fomos em quinhentos desses. - ela disse - Vocês não gostariam de ir? Eu sei que coisas trouxas são levemente sem graça para vocês, mas uma noite em um ballet pode ser algo romântico. Sem falar que vocês dois precisam de um tempo a sós, de vez em quando.

Sorri.

— Mãe, os meninos…

— Eles podem dormir aqui. - ela disse - Teddy já é um homenzinho, ele me ajuda com os irmãos.

— Pode ir, mãe. - disse Teddy

Harry e eu nos entreolhamos. Harry deu de ombros.

— Certo. - eu disse - Obrigada.

Minha mãe me entregou dois convites para um ballet que estava sendo apresentado no Palace Theatre, o Lago dos Cisnes.

— Você me levou para ver o Lago dos Cisnes quando eu era pequena. - sorri

— Eu lembro. - ela disse - Você já assistiu, Harry?

Harry sorriu.

— Não, Sra. Felton. - ele disse - Eu não participei muito na cultura trouxa.

— Você vai se encantar. - ela disse

— Tenho certeza que sim. - sorriu Harry

…

Seis horas depois, eu aparatei em frente à casa de meus pais de novo, com os mesmo acompanhantes.

Minha mãe abriu a porta e sorriu.

— Vocês dois estão lindos! - ela exclamou

Ri.

— Valeu, mãe. - respondi

— Bom, se apressem. - ela disse - Eu e os meninos vamos ter uma noite ótima.

Teddy e James correram para dentro e ela pegou Cedrico, que relutou um pouco em sair do meu colo.

— Mãe, me ligue se alguma coisa acontecer. Ou se você precisar de alguma coisa. - eu disse

— Colocamos feitiços nos celulares. - disse Harry - Eles vão ficar ligados mas ninguém vai escutá-los, se eles tocarem.

Minha mãe assentiu.

— Não vai acontecer nada. - ela disse E eu não vou precisar de nada.

Suspirei.

— Obrigada, mãe. - eu disse

— Divirtam-se. - ela disse - Vejo vocês amanhã.

— Podemos buscá-los quando o ballet acabar. - disse Harry

— Bobagem! - minha mãe sorriu - Eles já vão estar dormindo.

— Mãe. - eu disse

— Alice, vocês dois precisam de um descanso. - ela disse - Se divirtam.

Assenti.

Ela fechou a porta rapidamente, para que eu e Harry não protestássemos mais.

Ela tinha razão, no final das contas.

Harry e eu passávamos nossos dias correndo como loucos, alternando entre nossos filhos e o ministério. Estávamos com o horário especial novamente, eu trabalhava de manhã e Harry, a tarde. Era muito prático dessa forma, mas significava que nós ficávamos o dia todo separados.

Harry segurou minha mão e sorriu.

— Você está linda. - ele disse

— Você também. - sorri

Harry riu.

— Quem diria que dentro daquelas casca cansadas e que cuidam de três filhos teriam dois adultos bonitos que tem tempo de ir para um ballet. - ele disse

— Tínhamos mais tempo livre quando salvávamos o mundo. - eu disse

— Nós ficamos meses acampando. - Harry acrescentou - Nós éramos a definição de tempo livre.

O beijei e aparatamos.

O Palace estava lindo. Sempre que faziam peças lá, a fachada era toda enfeitada. Havia um grande cisne em cima da porta, metade branco e metade preto.

— Uau. - disse Harry

Concordei.

Fomos até a porta e mostramos nossos ingressos. A mocinha nos levou até um dos balcões e nos mostrou nossos lugares. Primeira fileira, que sorte a nossa.

Harry e eu nos sentamos e ficamos conversando até o espetáculo começar.

O espetáculo começou e eu me concentrei em assistir. Eu lembrava de quando fui assistir com minha mãe, eu havia achado a coisa mais linda do mundo. Eu passei semanas insistindo para que minha mãe me colocasse no ballet, mas quando ela me colocou, eu não gostava de ir para as aulas. Acho que algumas coisas nós achamos bonitas justamente por não conseguirmos fazer igual.

O Lago do Cisnes não era um ballet muito longo, durou menos de duas horas. Harry havia ficado impressionado com aquilo, eu conseguia ver o brilho nos seus olhos.

Saímos do teatro e inspirei o ar frio da noite.

— Quer ir andando pra casa? - perguntei - São apenas alguns quarteirões.

Harry assentiu e fez um floreio com a mão, a estendendo para mim.

Segurei sua mão e ele começou a dançar ballet. Quero dizer, sua versão do ballet.

Ri e me juntei a ele e fomos dançando até a porta do Largo Grimmauld.

Na porta, ele me segurou junto a si.

— Harry. - sussurrei

— O que? - ele sorriu

— Vamos ter um bebê? - perguntei

Os olhos de Harry se arregalaram por um segundo e depois se suavizaram novamente.

— Vamos ter uma garota. - sorri

Harry sorriu.

— Você não tem como decidir se vai ser uma garota. - ele disse

— Eu sei que vai ser.  – eu disse

Harry assentiu.

— Você quer? - perguntei

Harry assentiu.

— Quero. - ele disse

Sorri e o beijei.

Harry abriu a porta sem parar de me beijar e fomos lá fazer uma filha.

…

Nove meses depois, eu estava gigante. Lilyzinha estava dentro de mim.

Como sempre, eu estava comendo mais do que o normal, chorando mais do que o normal. Harry estava sendo um doce, como sempre. Ele comprava mais comida, ele comprava lenços para eu limpar minhas lágrimas.

Em um dia comum, sentei na frente dos quadros de dos marotos e de Lily, para conversar.

— Oi Lizzie. - disse Sirius - Como está a pequena Lilyzinha?

— Está indo muito bem. - sorri

— Ela vai ser linda. - disse James

— Eu também acho, James. - eu disse

— Ela vai se parecer com você. - disse Lily

Ri.

— Tomara! - exclamei - Estou ficando com ciúmes de Harry por já ter dois parecidos com ele. Sem falar que ele ja é igual a você, James.

James riu.

— Genes… - ele deu de ombros

Lily riu.

— Eu te entendo, Alice. - sorriu ela - Mas fico feliz por Cedrico também ter meus olhos.

Assenti.

— Eu também. - sorri - Eu fiquei com medo de fazer com que todos os olhos fossem castanhos.

— Seus olhos são lindos. - bufou Sirius

Sorri.

— Obrigada. - sorri

— Quando ela vai nascer? - perguntou Lupin

— Em qualquer momento. - ri - Já está na hora, ela que decide a partir de agora.

Lupin sorriu.

— Vocês estão planejando ter mais algum depois dela? - ele perguntou

Ri.

— Céus, não. - sorri - Já é o bastante.

Ele assentiu.

— Eu acho que eu estava grávida. - disse Lily - Sabe, quando eu morri.

— O que? - perguntei em coro com James

— Eu não sabia ao certo. - ela disse - Mas eu desconfiava. Eu estava um pouco sentimental e querendo comer certas coisas específicas.

— Eu não sabia… - suspirei

— Ninguém sabia. - ela disse - Até agora.

— Eu sinto muito. - eu disse, tentando não chorar.

James parecia que tinha levado um soco.

— Não precisa. É a vida. - ela sorriu - O que importa é que vocês têm quatro filhos lindos que enchem nossa vida de alegria.

Assenti.

— Não conte para Harry? - ela pediu - Não lhe faria bem.

Assenti novamente.

— Eu sinto muito, sério. - eu disse, deixando lágrimas escaparem.

— Lizzie, você está vazando. - disse Sirius

— Eu estou chorando, Sirius! - exclamei

Ele revirou os olhos.

— Não estou falando dessa água. - ele disse - Estou falando daquela.

Ele apontou com a cabeça para mim e eu vi que estava ficando com as pernas ensopadas.

— A bolsa. - suspirei - Tenho que ir, gente. É a hora.

— CORRE! - disse Sirius

— Calma, Sirius. - eu disse, rindo.

Peguei meu celular e liguei para Harry. Ele estava no parque com os meninos e é óbvio que ele não atendeu.

— Harry Potter, porque você nunca me atende quando eu estou em trabalho de parto? - perguntei

Liguei para Draco.

— Oi xuxu. - ele atendeu

— Trabalho de parto. - eu disse

— Merda. - ele disse - Onde você está?

— Na sala dos quadros.

Ele desligou o celular e aparatou do meu lado, segundos depois.

— Cadê Potter? - perguntou ele

Suspirei.

— Certo. - ele riu - Accio bolsa.

A bolsa de Lily veio voando pela porta.

— Vamos? - ele perguntou

Assenti.

Aparatamos no hospital e eu mandei uma mensagem para Rony, Hermione, Nick e Neville, pedindo para que eles tentassem falar com Harry. Hermione estava bem grávida também, de Hugo, mas ela conseguia ser mais eficiente que todos os outros homens juntos.

Fiz o procedimento normal no balcão e me reencontrei com minha curandeira pela terceira vez. Ela me levou para um quarto, como sempre.

— Cadê o pai? - ela perguntou

Olhei para Malfoy.

— Bem aqui. - eu disse

— Nossa, desculpe. - ela disse - Eu não sabia.

— Tudo bem, pouca gente sabia. - eu disse - Na verdade, ninguém deveria saber.

A curandeira assentiu.

— Não fomos cuidadosos o bastante, não é, amor? - perguntei e dei um tapa na bunda de Draco.

— Alice, pare de fazer piadas! Você está vazando água! - ele disse

Comecei a rir.

— Vai ficar tudo bem, Draco. - sorri - Podemos dizer a Harry que a filha é dele e podemos fugir para algum lugar exótico.

Draco suspirou.

— É, amor. - ele disse

Harry entrou correndo e ofegante no quarto.

— Cheguei. - ele disse

— Ah não! - exclamei - Draco, fomos descobertos!

A curandeira riu, finalmente entendendo tudo.

— Sua mulher está me fazendo passar vergonha. - disse Draco.

— Ela está falando que você é o pai? - perguntou Harry

Draco assentiu.

— Clássico dela. - suspirou Harry

Dei uma risadinha.

A enfermeira me deu a túnica de grávidas e saiu do quarto. Tirei minha saia e a deixei no chão.

— Alice! - disse Draco tampando os olhos.

— Fique calmo! Céus, você já me viu de roupa de baixo! - eu exclamei - Honestamente, Draco, eu estou em trabalho de parto, eu não tenho tempo para seus chiliques!

Draco se encolheu e Harry riu.

Bufei.

— Essa foi a última vez que você colocou um bebê em mim, Harry Potter! - eu disse

Harry assentiu.

— Tudo bem. - ele disse

Mostrei a língua para ele, que riu.

— Harry… - gemi

— Tá doendo? - ele perguntou, vindo me abraçar.

Assenti.

— Vou chamar…- ele começou

— A equipe. - terminei

Harry riu.

— Vou sentir falta disso. - ele sorriu

— Hermione vai passar por isso daqui a um mês. - eu disse - Você pode vir com ela.

Harry riu e saiu correndo.

— Obrigada por me trazer. - eu disse a Draco

Ele sorriu.

— Não foi nada. - ele disse. - Agora vai, quero conhecer a última Potter da geração.

Assenti e sentei na cama.

— É pra já. - eu disse

…

Quarenta minutos depois eu estava exausta, suada e fedida, mas eu tinha a Lily. E a melhor parte de todas era que ela se parecia comigo.

Harry estava com ela no colo, a ninando pelo quarto. E Draco ficava o seguindo, para observar Lily.

— Eu estou apaixonado por ela. - disse Harry, suavemente.- Ela é tão linda. - disse Draco

— Ela é uma mini-eu. - sorri - O que vocês dois esperavam?

Eles riram.

— É muito estranho isso, não é? - sorriu Harry - Eu conheço essa coisinha há quinze minutos e ela já é uma das coisas mais preciosas que eu tenho.

Draco sorriu.

— É. - ele disse - Eles chegam e parece que nada mais importa.

Harry concordou.

— Eu quero segurar ela um pouco, velhote. - disse Draco

— Temos a mesma idade, Draco. - disse Harry, mas mesmo assim entregando Lily.

Ele a segurou com tanto carinho e cuidado que me fez rir.

— Qual foi a melhor gravidez? - perguntou Draco

— A de Ted. - bufou Harry

Ri.

— Eu sinto muito… - eu disse fazendo carinho em seu rosto - Eu sei que eu fico bem doida quando estou grávida.

Harry sorriu.

— Eu te amo mesmo grávida. - ele disse

Draco riu.

— Eu não sei, Draco. - respondi - É um sentimento muito diferente, o de estar grávida. Eu não sei compará-los ou como descrever.

Draco assentiu e beijou a testinha de Lily.

— Eu tenho que ir. - ele disse - Prometi a Scorpius que iria brincar com ele.

Assenti.

Ele colocou Lily no meu colo.

— Cuidem dela. - ele disse - Eu gosto mais dela do que de vocês.

Assenti.

— Pode deixar. - sorri

Ele me beijou e abraçou Harry, que o levou até a porta.

Harry sorriu e me beijou. Passei a minha mão livre pelo seu rosto.

— Pronta para não dormir nunca mais? - ele sorriu

Ri.

— Eu tenho a sensação de que ela vai ser tranquila. - sorri

Harry sorriu e assentiu.

— Como o ballet. - ele disse

…

Estávamos errados. Lily era mais como um show de rock, mas dali a alguns anos, nós sentiríamos falta. Toda noite, Lily acordava gritando e, com isso, ela acordava, no mínimo, Cedrico. Dava um trabalhão botar todos para dormir novamente, mas Teddy e James, que já eram um pouco mais velhos, pareciam se divertir com todo o movimento da casa.

Seria uma casa de seis pessoas e um cachorro por um bom tempo.

No final das contas, era uma baita experiência ter filhos do Eleito. Eu me surpreendia com o quanto Harry era um bom pai, mesmo sem nunca ter tido um.

Toda noite, quando íamos nos deitar para dormirmos por três horas, no máximo, eu falava isso para Harry. O quanto eu estava feliz por ser ele ali do meu lado. Ele gostava de ouvir isso. E depois de algumas horas, mesmo quando o show de choro começava, nós dois sabíamos que tudo estava bem.