Corremos por entre as colunas de coisas da Sala Precisa. Nós estávamos quase chegando na porta, mas o fogo de Crabble se alastrava rapidamente e bloqueava nossos possíveis caminhos. Draco e seus minions haviam corrido para o outro lado da sala e não havia nenhum sinal deles.

Na terceira vez que tentamos chegar à porta, o fogomaldito bloqueou o caminho mais uma vez.

— Não conseguiremos sair. - eu disse - Esse fogo se move de acordo com nossos passos. Ele sabe por onde queremos passar.

— Eu não sobrevivi até aqui para morrer queimado. - disse Harry - Acharemos um jeito.

Rony colocou uma vassoura em minha mão.

— Essas daqui podem ajudar… - ele sorriu

Sorri para ele e nós quatro subimos nas vassouras. Voar era realmente divertido. Eu adoraria estar voando sobre um campo ou uma cidade bruxa naquele momento, mas, é claro, eu estava voando sobre uma sala em chamas.

Olhei para os lados tentando localizar Draco.

Em determinado momento, ao olhar para os lados, não vi Draco, nem Harry, nem Rony.

Olhei para Hermione, em pânico.

Ela gesticulou para o fundo da sala, onde Harry e Rony ajudavam Draco e Goyle a subirem em suas vassouras.

Suspirei aliviada e cheguei na porta. Desci da vassoura rapidamente e fiquei observando o interior da sala. Os meninos estavam vindo, o que era bom, mas a porta estava encolhendo, o que era péssimo.

— Eles vão conseguir. - disse Hermione, mas ela estava tão nervosa quanto eu.

Quando eles atravessaram a porta, ela já estava quase do meu tamanho. Harry, Draco, Rony e Goyle se estatelaram no chão do corredor à frente. Olhei para o chão, em frente à Sala Precisa, e vi o diadema caído.

Peguei uma das presas do basilisco e corri até ele.

Eu sabia o que acontecia quando uma Horcrux era destruída. Eu sabia que Voldemorts poderiam pular dali e tentar me inflamar com distorções da realidade. O único problema é que eu era levemente impulsiva, então cravei a presa nela mesmo assim.

A Horcrux conseguiu me impressionar ainda mais do que eu achei que fosse possível. Ela conseguiu controlar o fogomaldito e fazê-lo vir em minha direção.

Chutei a Horcrux para dentro da sala, enquanto o buraco da porta estava quase se fechando. Me senti sendo puxada para trás e jogada no chão, no momento em que a última labareda de fogo foi lançada para onde eu estava anteriormente, e a porta se fechou ruidosamente. Talvez, para sempre.

Harry suspirou e me apertou. Era ele quem havia me puxado no chão e, por consequência, eu havia caído em cima dele. Me ajeitei no chão e descansei a cabeça no seu peito. O coração dele estava acelerado.

— Obrigada. - sussurrei

— Obrigado a você. - ele disse - Você a destruiu.

Sorri.

— Só mais uma. - murmurei

— Só mais uma. - ele concordou.

Me levantei e ajudei-o a se levantar.

Olhei para o lado e vi Draco e Goyle ainda sentados, chorando.

— Crabble? - perguntei a Harryy, baixinho

— Caiu no fogo. - ele disse

Assenti.

— Vá falar com ele. - disse Harry - Ele precisa de você.

— Você também precisa. - eu disse

Ele sorriu.

— Eu vou ficar bem. - ele disse - Vou com Rony e Hermione, precisamos achar a cobra.

— A cobra vai estar com ele. - protestei - Você não pode se encontrar com ele antes de matar a cobra.

— Eu vou pensar em alguma coisa. - Harry disse - Rony e Hermione me ajudam.

Olhei para Rony e Hermione, que se beijavam.

Ri.

— Boa sorte com eles. - eu disse

Ele riu.

— Você também. - ele disse

Ele tirou um pedaço de pergaminho em branco do bolso e me entregou. Eu sabia muito bem o que era. O Mapa do Maroto.

— Fique com isso. - ele disse - Me encontre depois.

— Eu vou. - eu disse

Ele assentiu, deu um beijo em minha testa e se afastou, arrastando Rony e Hermione consigo.

Fui até Draco e me ajoelhei na frente dele.

— Eu sinto muito pelo seu amigo. - eu disse a ele e Goyle

— Obrigado, Alice. - disse Goyle, sinceramente.

Assenti.

— Eu vou deixar vocês dois conversarem. - ele disse se levantando - Me encontre depois, Draco.

Draco assentiu e, pela primeira vez naquela noite, olhou de verdade nos meus olhos.

— Você se machucou? - ele perguntou

Neguei.

— E naquele dia, na minha casa? - ele perguntou - Eu vi que minha tia jogou uma faca quando vocês aparataram. Alguém se machucou?

Assenti.

— Dobby está morto. - eu disse

Draco suspirou, com tristeza, e assentiu. Eu havia me esquecido que Dobby havia sido o elfo dos Malfoy. Talvez Draco não fosse tão ruim com o elfo quanto Lucio havia sido. Eu poderia ter perguntado isso a Dobby, mas agora era mais uma das dúvidas que eu teria para sempre.

— Eu sinto muito. - ele disse

— Obrigada. - eu disse

Ele se levantou.

— Eu preciso ir. - ele disse - Não é seguro ficarmos aqui conversando.

Me levantei também e o puxei para um abraço.- Tome cuidado. - eu disse

— Você também. - ele suspirou

Ele deu um apertãozinho em minha mão e saiu pelo corredor, sem olhar para trás. Eu tive a súbita sensação de que nunca entenderia a complexidade daquele ser humano que era Draco Malfoy.

Corri as escadas em zigue-zague para chegar ao nível térreo do castelo.

No primeiro andar, vi Fred e Percy duelando com Comensais da Morte.

— Percy! - gritei sorrindo

— Lizzie! - ele disse - Bom te ver!

Ele estuporou o comensal.

— Bom te ver também! - eu disse

Fred sorriu e lançou feitiços no comensal com quem duelava, fazendo com que ele ficasse desacordado.

— Perce finalmente percebeu que estava do lado errado da guerra, Alice. - disse ele

Sorri.

O que aconteceu a seguir foi extremamente assustador. Não sei como, nem porque, mas houve uma explosão. Percy foi arremessado para um lado do corredor, eu e Fred para o outro. Só tive tempo de me segurar a Fred antes de sermos arremessados. 

Normalmente, eu era a pessoa inconveniente que caia em cima dos meus amigos em explosões e qualquer outra coisa que me fizesse cair. Uma prova disso era o acontecimento de alguns minutos atrás, quando eu havia caído em cima de Harry, na frente da Sala Precisa. Não era muito agradável, eu tinha que assumir, mas ser a pessoa que fica embaixo era extremamente mais desagradável.

— Ouch. - murmurou Fred

— Ouch digo eu. - ri

— Tudo bem aí, Perce? - Fred gritou, se levantando

— Tudo! - gritou Percy - Mas acho que os comensais morreram.

— E isso é um problema? - perguntou Fred, rindo

Percy respondeu alguma coisa mas sua voz foi abafada por outra, muito mais alta.

“ Você lutaram bravamente. Você perderam vários de seus companheiros. Muito sangue bruxo foi derramado. Lord Voldemort sabe reconhecer isso.

Minhas forças se retirarão do castelo imediatamente.

Vocês têm uma hora. Uma hora para tratarem de seus feridos e cuidarem de seus mortos.

Agora me dirijo a você, Harry Potter. Você deixou que seus amigos morressem por você. Até quando você permitirá isso?

Você tem essa mesma uma hora para vir me achar na Floresta Proibida. Estarei aqui te esperando. Porém, se em uma hora você não vier, participarei da luta e matarei qualquer um que se coloque entre mim e você. Você sabe quem vai ser a primeira.”

Levantei a mão, me sentindo fraca.

— Sou eu. - murmurei

Fred riu.

— Obrigado, Lizzie. - ele disse - Se não fosse por você, eu teria morrido, provavelmente.

Assenti.

— O prazer foi meu. - murmurei

— Você está bem? - ele perguntou se ajoelhando à minha frente

Ele colocou a mão na parte de trás de minha cabeça e, quando a tirou, ela estava coberta de sangue.

— Não está. - ele disse me pegando no colo - Vou te levar para Madame Pomfrey. Ou minha mãe.

Assenti.

— Afinal, porque morrer agora, se você pode morrer daqui a uma hora, pelas mãos do poderoso chefão? - ele disse descendo as escadas correndo

Tentei rir, mas, ao invés disso, perdi a consciência.