Passaram-se vários dias desde que Monstro havia sumido da sala, com a promessa de que traria Mundungo para nós. Estávamos perdendo a esperança de que ele voltaria mesmo. Fui até a janela e espiei pela cortina. Haviam dois comensais da Morte plantados na frente das casas de número onze e treze. Eles estavam revezando guardas há dois dias.

Fui até a sala e sentei ao lado de Rony.

— Ainda estão lá? - ele perguntou

Assenti.

— Você acha que eles sabem que estamos aqui? - Rony perguntou

— Não. - eu disse - Uns trinta estariam lá fora se soubessem. Eles só estão de olho porque sabem que é a casa de Harry.

— Severo Snape? - ouvimos a voz de Moody dizer

Peguei minha varinha e fui até o corredor lentamente. Cheguei a tempo de ver o fantasma de Dumbledore se dissolver em Lupin.

— Quem é você? - perguntei

— Alice? - perguntou Rony

— Sou Remo João Lupin, filho de Lyall e Hope Lupin, lobisomem e casado com Ninfadora Tonks. Também sou conhecido como Aluado e sou um dos criadores do Mapa do Maroto. Ensinei Harry a produzir um patrono, que assume a forma de um veado.

Abaixei a varinha e o abracei.

— Oi Lizzinha. - ele disse - Como vocês estão?

— Estamos bem. - Harry disse - Na medida do possível.

— Vocês viram que tem dois Comensais da Morte plantados na porta? - Lupin perguntou

Assentimos.

— Mas eles não sabem que estamos aqui. - disse Rony - Eles só estão de olho porque sabem que é a casa de Harry.

Rimos.

Remo sorriu, mesmo sem entender a piada.

— Quero que me contem tudo o que aconteceu com vocês desde que saíram do casamento. - ele disse

Contamos a ele sobre a pequena luta que tivemos quando saímos da Toca, mas que estávamos lá desde então.

Ele nos contou que todos conseguiram evacuar no dia do casamento. Os comensais haviam sido violentos, mas não haviam matado ninguém. Constantes torturas, porém, estavam acontecendo com pessoas levemente relacionadas a Harry, para que ele fosse encontrado.

— E sobre o rastreador de Harry? - perguntei - Você acha que tem alguma chance de ainda estar ativado?

— Não, não existe um modo de garantir de o rastreador fique em Harry após seus dezessete anos. - disse Lupin - Para ele ainda estar sendo rastreado, teriam que ter implantado algo depois do aniversário, mas como ele esteve apenas na Toca não pode ter acontecido.

— Não pode ter sido coincidência terem nos achado em tão pouco tempo. - Harry disse

— Não mesmo. - disse Lupin - Vou me comunicar com membros da Ordem que podem saber alguma coisa sobre rastreadores.

Harry assentiu.

— E o ministério? - perguntou Hermione

— Completamente tomado. - disse Lupin - Estão fazendo inspeções com todos os nascidos trouxas, alegando, como sempre, a purificação da raça bruxa. Quem não tem uma relação de parentesco com famílias bruxas tem sua varinha quebrada.

— Como se eles pudessem ter roubado a magia de um bruxo? - perguntei

Lupin assentiu.

— Hermione! - exclamou Rony - Vou te ensinar toda a minha árvore genealógica e podemos dizer que você é minha prima.

Hermione riu, com ternura.

— Rony, não é como se eu fosse fazer a inspeção. - ela disse - Estamos viajando com o bruxo mais procurado do Reino Unido.

— Certo - Rony disse

— Mas obrigada. - ela acrescentou - É muito gentil da sua parte.

Ele sorriu.

— É, Rony, parabéns por se importar com seus amigos nascidos trouxas. - eu disse, sarcasticamente

Rony deixou escapar uma risadinha.

— Me desculpa, Alice. - ele disse - Mas eu faria o mesmo por você.

— Aham. - murmurei rindo

— Além disso... - disse Lupin - Harry e Alice estão sendo procurados para depor sobre a morte de Dumbledore.

— O que? Sobre o que? - perguntei com um riso sarcástico - Eles devem estar achando que o matamos.

Lupin ficou em silêncio.

— Eu estava sendo irônica. - eu disse

— Vocês são as únicas testemunhas. - ele disse - E muitos viram vocês dois sairem correndo da torre, naquela noite.

Bufei.

— Eles só querem uma desculpa para colocarem suas mãos em nós. - eu disse

— Claro. - disse Lupin - Eles sabem o que aconteceu. Nós também. A população bruxa não.

— Se nada der certo, podemos ser criminosos famosos. - eu disse para Harry - Podemos roubar Gringots.

— To dentro. - ele disse - Mas como escaparíamos de Gringots?

— Não tenho certeza. - eu disse - Mas teria que ser uma fuga triunfal.

— Certo. - disse Harry - Vou pensar nas nossas opções.

— Harry... - disse Lupin interrompendo nossa ladainha - A Ordem acredita que Dumbledore te deu uma missão.

— Estão certos. - disse Harry

— Imagino que não possa me contar. - disse Lupin

Harry negou com a cabeça.

— Imaginei que essa seria sua resposta. - Lupin suspirou - Bom, eu estava pensando... se vocês precisarem de alguma ajuda... eu posso protegê-los.

— Você quer se juntar a nós? - perguntou Harry - É isso?

Lupin assentiu e vi uma sombra de dúvida passar pelo rosto de Harry.

— Mas e Tonks? - perguntei

— Ela ficará bem. - ele disse - Ela está pensando em passar um tempo na casa dos pais.

— Está tudo bem entre vocês? - perguntou Mione

Lupin assentiu e suspirou.

— Tonks vai ter um bebê. - ele disse

Sorri.

— Lupin! - eu disse - Isso é maravilhoso...

Vi a expressão que ele fez e me calei.

— Você quer ir com a gente e deixar Tonks e seu bebê? - perguntou Harry

— Você não entende... - disse Lupin - A minha espécie não costuma procriar. Ele vai ser como eu, eu sinto isso.

— Mais um motivo para que você fique com Tonks. - Harry disse

— Ele vai ser discriminado. - disse Lupin - Você não sabe o quanto é difícil.

— Vai ser pior para ele se ele crescer sem o pai. - disse Harry

— Você tem que entender, Harry. - disse Lupin - Se seu pai estivesse vivo, ele iria querer que eu o acompanhasse.

— Não ia. - disse Harry - A primeira coisa que eu descobri sobre meu pai foi que ele morreu para salvar nossa família. Minha mãe e eu. Como você ousa dizer que ele iria querer que você abandonasse a sua?

Lupin endureceu sua expressão.

— Você está sendo um covarde. - disse Harry

— Harry... - eu disse - Chega.

Lupin se levantou e saiu da sala. Segundos depois, ouvimos a porta da frente bater com um estrondo.

— Você não acha que foi muito duro? - perguntou Mione

Harry negou.

— Ele precisava ouvir isso. - disse Harry

— Alice Felton, amor da minha vida. - perguntou Rony - O que você acha de fazer alguma coisa para alimentar minha barriguinha faminta? Você sabe que é a melhor cozinheira daqui.

Ri.

— Venham, vou fazer panquecas para vocês. - eu disse me levantando - Mas vocês lavam a louça.

— Com prazer. - disse Rony

— Cuidado com os elfos dos armários da cozinha. - Harry riu e se levantou. - Ouvi dizer que eles usam panelas como armas.

— E é por isso que você vai na frente. - eu disse abraçando-o pelas costas - Que diferença faz mais uma cicatriz na sua testa, não é mesmo?