Hesitate To Fall escrita por Anna C


Capítulo 9
Apenas Um Plano?


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo muuuito obrigada pelos reviews do último capítulo que me deixaram nas alturas! Sério, eu fiquei imensamente feliz com a resposta. Bom, acho que a rapidez com que estou postando esse capítulo mostra um pouco disso HSUAHSUHAH' Enfim, espero que gostem e... É isso aí! Até daqui a pouco ;D



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Talvez eu tivesse exagerado um pouco. Quero dizer, não era como se ele tivesse alguma culpa. De fato, o desafio era muito claro: tínhamos que nos beijar. Eu estava me recusando a cumprir minha parte do acordo, Malfoy apenas fez o que havia sido proposto. Está certo que nem em um milhão de anos eu esperaria uma iniciativa daquelas vindo dele, mas ele já vinha me surpreendendo com suas ações havia algum tempo, logo, tudo era possível naquela altura do campeonato.

Contudo, eu não podia negar, minha mente estava confusa. Da mesma forma que o beijo com Fred mudou minha relação com ele – e só agora voltava aos antigos trilhos –, o beijo com Malfoy havia provocado alguma mudança também. Certo, ele queria que fôssemos amigos. Como o loiro podia esperar que eu o encarasse com alguma naturalidade após um beijo daqueles? Não era igual àquela vez com o Fred, eu não me sentia mal por causa daquilo. Era só uma sensação estranha que me fazia sentir calafrios incomuns todas as vezes que a lembrança voltava à minha cabeça. Eu me sentia nervosa, insegura... E não havia nada que me irritasse mais do que não ter controle sobre mim mesma.

De qualquer forma, por que eu pensava tanto naquilo? As pessoas até haviam parado de comentar. Tinha sido um assunto interessante por cerca de uma semana ou duas e depois algum outro acontecimento virou o novo tópico do momento.

Quem sabe o fato de ele ter me respeitado e não ter me procurado que fosse o problema? Será que... Será que eu queria que ele me procurasse?

Despertei de meus devaneios e me lembrei de que estava na aula de Transfiguração. Por sorte, o professor não havia percebido minha falta de atenção, porém eu estava muito atrasada na cópia do conteúdo da lousa. Fiquei algum tempo perdida, procurando o ponto em que havia parado.

– Não se preocupe, pode pegar minhas anotações mais tarde – disse Penny, que estava sentada ao meu lado, sorrindo.

Falando nela, Penny estava com um humor bem melhor desde a festa. Ela e Fred haviam feito as pazes e agora estavam em termos amigáveis.

– Tem certeza? Eu não devia ter ficado tão avoada e...

– Mesmo, Rose. Sem problemas, sei que sua cabeça anda um pouco cheia ultimamente – ela me lançou um olhar compreensivo.

Eu andava evitando tocar no assunto, mas seria possível que Penny soubesse o que se passava pela minha mente nos últimos dias? Ela me conhecia muito bem, pelo jeito.

– Muito bem, classe! Vamos parar um pouco com a matéria, pois eu tenho uma proposta para vocês – disse o professor. Os alunos deixaram as penas de lado para que ele prosseguisse. - Quero que façam um trabalho sobre animagos para a semana que vem em dupla.

Penny e eu trocamos um olhar de entendimento. É claro que faríamos juntas, era sempre assim. Conhecíamos bem a maneira da outra de trabalhar, por isso, as tarefas ficavam distribuídas igualmente. Eu podia ouvir algumas pessoas já acertando seus pares, quando o professor continuou a falar:

– Porém, eu quem escolherei as duplas.

Bufei, irritada. Os protestos vieram como uma avalanche.

– O quê!?

– Isso é injusto!

– Não farei se não for com o Ryan!

O professor agitava as mãos devagar, tentando acalmar a rebelião.

– Por favor, fiquem calmos. É só para sair da rotina... Vocês sempre fazem com a mesma pessoa, é uma oportunidade de aprender a trabalhar com gente diferente.

Apesar de ainda haver reclamações, a classe estava mais quieta.

– Certo, alguém se oferece para começar?

Uma mão foi erguida no ar. Wally Thomas parecia empolgado com a ideia, seus olhos esverdeados brilhavam. Ah sim, ele era o batedor bonitão do time da Grifinória. Lembro-me de que nos testes ele parecia um pouco assustador tamanha a raiva e a força que colocava a cada rebatida, mas agora o garoto parecia completamente inofensivo. Aliás, parecia ser alguém bem alegre e energético.

– Ótimo, Sr. Thomas! - o professor ficou feliz com a iniciativa. - Vejamos, com quem o senhor fará o trabalho... - o olhar do professor passava de carteira para carteira. Então, parou bem na nossa. - Ah sim! Sr. Thomas fará dupla com a Srta. Longbottom.

Penny fez um chiado, parecendo um animal assustado. Olhou aterrorizada para o grifinório que lhe sorria e acenava com a mão.

Eu havia quase me esquecido do pavor que Penny tinha de falar com pessoas que não conhecia bem. O fato do garoto ter feito aquela demonstração beirando a brutalidade no Quadribol quando ela estava presente não devia ajudar muito.

– Rose, ele vai me matar – a loira disse baixinho para mim.

Eu não contive o riso.

– Que é isso! Ele parece ser legal.

– Já que está falando tanto, que tal ser a próxima, Srta. Weasley? – sugeriu o professor com uma pitada de ironia.

Dei de ombros.

– Tudo bem.

– Que tal... A Srta. Wyatt?

Virei-me para ver Ariana Wyatt no fundo da sala. Ela estava com os pés sobre a carteira e os braços cruzados atrás da cabeça. Olhou-me e ergueu as sobrancelhas com indiferença.

– Beleza – ela disse.

Eu assenti e o professor continuou a fazer as duplas.

Sendo sincera, Ariana não me parecia a parceira ideal. Podia ser puro preconceito da minha parte, mas a grifinória não tinha cara de ser muito esforçada. Eu realmente temia que fosse sobrar tudo para mim no final, mas pelo menos quando pedi para que nos encontrássemos na biblioteca no dia seguinte, ela disse que iria.

x-x-x-x-x

Cheguei à biblioteca com antecedência na tarde seguinte para garantir uma mesa. O lugar estava um pouco mais cheio que de costume, pois as provas antes dos feriados de fim de ano estavam chegando. Foi ao procurar uma mesa desocupada que notei que sentado a uma delas estava alguém que não deixava mais meus pensamentos, alguém cujos olhos cinzas eu não via havia algum tempo.

Malfoy estava muito entretido lendo algo, parecendo totalmente alheio ao resto do mundo. Eu resisti à vontade de dar um sorriso de lado com aquela visão. Aquilo era tão ele.

Não havia utilidade em me afastar, disso eu estava ficando mais certa a cada dia.

– E aí? - eu perguntei ao me aproximar.

O sonserino ergueu a cabeça distraidamente, mas gelou ao me ver parada a sua frente. Senti o rosto ficando quente, envergonhada.

– Você podia pelo menos me responder, sabe? E minha avó disse que você tinha educação...

Malfoy deu um risinho nervoso, fechando o livro. Pude constatar que era um livro de Runas Antigas.

– Desculpe, é que eu realmente não esperava que você viesse falar comigo tão cedo. Na verdade, achei que nunca mais iria.

Sentei-me na cadeira da frente, revirando os olhos.

– Sinceramente, Malfoy, mas que dramático! Até mesmo eu sei dar o braço a torcer às vezes...

– É sério isso? Desde quando? - ergueu uma sobrancelha, divertido.

– Desde... Ah, você está só brincando comigo.

– Você percebeu, foi?

Torci a boca num semi sorriso.

– Tá legal. Engraçado.

– Eu lá no fundo sabia que não ficaria brava por tanto tempo.

– Não estava brava e você anda muito convencido, hein Malfoy...

– De qualquer forma, o que fez você mudar de ideia e vir até aqui? Não que eu esteja reclamando, só estou curioso.

– Bom, - iniciei, medindo as palavras antes de dizê-las. - apenas percebi que era meio sem sentido ficar o evitando para sempre. Não é como se eu sentisse sua falta nem nada, não vá presumindo bobagens... Sei lá, não tinha motivo real para tanto drama no fim das contas, já que foi tudo um desafio idiota.

– Caramba, você pensou nisso sozinha?

– Malfoy, você está muito engraçadinho para o meu gosto...

Ele riu.

– Desculpe, é que fiquei de bom humor.

– Só porque eu voltei a falar com você, é?

– Não... - Malfoy balançou a cabeça negativamente, depois deu um sorriso. - Talvez.

– Ah, cala a boca – minhas bochechas deviam ter ficado coradas, eu podia apostar.

Hem-hem – alguém pigarreou ao nosso lado. Era Ariana, parecendo um pouco impaciente. - Interrompo?

Antes que eu pudesse negar veemente, Malfoy se levantou.

– De forma alguma, eu já estava de saída – ele disse com um tom polido. - Bom, Rose, por que não nos falamos depois? Passe lá nas masmorras mais tarde, vou chamar o Al.

O convite foi inesperado, mas eu faria de tudo para não demonstrar minha surpresa.

– Er, quem sabe se não ficar muito tarde e se eu estiver afim.

Malfoy sorriu daquela maneira. “Pare. Com. Isso.” eu ordenava mentalmente.

– Tá certo, então. Tchau, loirinho – Ariana basicamente o expulsava de lá. Ele foi de boa vontade.

A garota desabou na cadeira que Malfoy ocupava havia segundos.

– Sério mesmo? Ficar de namorico na biblioteca? - perguntou com reprovação.

– Como é!? Com o Malfoy? Deus me livre!

– Haha, até parece que eu caio nessa de “Deus me livre”... Aquele showzinho na festa não deixou dúvidas.

Eu estava corando como nunca.

– Eu só estava fazendo o que tinha que fazer. Em outras circunstâncias, eu jamais beijaria aquele lá!

– Shh! Estamos na biblioteca – ela lembrou, mas parecia estar de provocação. - Qual é, o garoto é bem gatinho. Não precisa ficar com vergonha...

– Ele não é “gatinho” e eu não tenho porque ficar com vergonha, já que não tenho nada com ele – respondi, cruzando os braços sobre o peito.

– Seeei...

– É verdade!

– Shhhh! - Ariana pôs um dedo sobre os lábios. - Caramba garota, você é mesmo nervosinha.

– Você que está me irritando!

– Eu estou só observando fatos que são óbvios.

– Fatos! - revirei os olhos.

– Isso mesmo. Não precisa ser nenhum gênio para sacar o que está rolando, tá legal? Se você quer minha opinião, eu digo que deve investir. Ele parece que está bem afim de você também...

Meu rosto queimava de raiva.

– Eu nunca ouvi tanta besteira ser dita de uma só vez!

– Tô falando sério, quer que eu diga pro loirinho que você quer ficar com ele?

– Mas o quê!? Eu quero é que você fique quieta!

– SHHHHHHHH! - todos os ocupantes da biblioteca me mandaram ficar em silêncio ao mesmo tempo. Isso só contribuir para o meu rubor aumentar (se é que isso era possível).

Ariana riu baixinho.

– Tá certo, eu exagerei. Vamos mudar de assunto.

– Melhor não falarmos sobre nada – respondi com azedume.

– Então, você é prima do Jimmy e do Fredster? – perguntou Ariana, ignorando totalmente o que eu havia dito.

Fredster? Ah, o Fred.” Suspirei, exasperada.

– Sim, eu sou.

– Vocês três se parecem, sabia? Ficam irritados por qualquer coisinha...

– Será que o problema é mesmo a gente? – retruquei.

– Ui, você é durona para uma corvinal. Gostei de você, Rose Weasley.

Dei um sorrisinho, deixando a ira de lado. Ela só estava tentando ser simpática a sua própria maneira.

– Você também é legal quando não está fazendo comentários irritantes.

– Ah, esse é o meu talento - Ariana deu uma piscadela. - Mas me diga, qual é a do Jimmy aqui em Hogwarts?

– Como assim?

– Você sabe, ele está sempre andando com o pessoal da Grifinória como se ainda fosse parte, mas... Tipo assim, ele já não se formou não?

Eu dei de ombros.

– Diga isso para ele. Não é como se eu não tivesse dito, nem nada.

– Saquei... Jimmy não consegue se desapegar.

– Em resumo, é.

– Sabe, seu primo é um cara legal. É mesmo uma pena que ele esteja tão preso a esse lugar e às lembranças.

Apoiei o queixo numa mão, pensativa.

– É sim.

– Sei lá, só tô dizendo mesmo. Bom, a gente já enrolou demais, não acha? 'Bora pôr a mão na massa – Ariana disse, jogando um livro pesado sobre a mesa. Que delicadeza...

No fim, eu havia julgado Ariana mal. Ela fez tanto do trabalho quanto eu e, na verdade, era boa na matéria. Era engraçado como minhas primeiras impressões vinham se tornando falsas nos últimos tempos... Será que havia mais alguém que eu interpretara errado sobrando? Eu não sabia mais se ficaria surpresa.

x-x-x-x-x

Não era como se eu realmente tivesse aceitado o convite. Digo, eu estava indo para as masmorras, mas era apenas porque eu não tinha nada melhor para fazer... Verdade!

Conforme eu ia descendo os andares do castelo, os corredores ficavam mais escuros. Não apenas porque estava escurecendo, mas também porque não haviam janelas por ali, apenas uma fraca iluminação à fogo dos archotes. Como os sonserinos conseguiam passar por um lugar tão depressivo todos os dias? Talvez não fosse tão ruim assim para eles, afinal.

– Rose Weasley! - alguém me chamou e eu me virei, assustada.

Oh não. Eu sabia que esse dia chegaria.

– Pan-Pandora?

– Não fale meu nome fingindo estar surpresa!

– M-mas é que você surgiu do nada e...

– Você me traiu! - ela se aproximou ferozmente. Tive que recuar alguns passos.

– Acalme-se, Pandora...

– Me acalmar? Só pode ser brincadeira! Eu confiei em você... E o que faz comigo? Me entrega para o Albus! O meu idolatrado Albus!

– Certo, eu contei, mas eu não tenho culpa se você deixou ele morrendo de medo!

– O-o quê? - sua voz falhou. - Eu agi de forma perfeitamente normal...

– Quando aquilo for normal, eu vou ser a Rainha da Inglaterra! Não sei como posso ter pensado que seria uma boa ideia, eu devia estar chapada! Você é legal, Pandora, mas precisa ver esses seus problemas de obsessão.

– Mas você disse que eu tinha chance...

– Eu sei, mas... Olha, se você não estivesse tão obcecada... Você o assustou, entende? Eu expliquei, porque ele estava muito confuso.

Pandora ficou com o olhar perdido e se virou de costas para mim.

– Você está me dizendo que... Você está me dizendo que o Albus me acha louca? - o seu tom era um pouco sombrio.

Caramba, Rose! Presta atenção no que fala, garota! Você contou o segredo dela para o Albus, mesmo tendo prometido que não o faria.” Eu quem estava errada e ainda por cima estava sendo cruel.

– N-não! É claro que não! - menti.

– Ele pensa que eu sou louca... Ele pensa que eu sou doente... - Pandora dizia mais para si do que para mim. Eu estava ficando um pouco amedrontada.

– Não pensa, não! Escute, Pandora...

– ELE PENSA QUE EU SOU LOUCA! - a morena se voltou violentamente e eu prendi a respiração com o susto.

Ela ia avançando para mim, mas precisei apenas dar um passo para o lado para desviar. Pandora encontrou uma parede e começou a socá-la, balbuciando coisas sem nexo. Meu. Deus. Ela estava descontrolada.

Fui chegando perto com cautela, enquanto a garota descontava sua raiva na pedra e devagar pus uma mão em seu ombro.

– Pandora...

A sonserina parou com os socos imediatamente. Comprimiu os lábios e, então, começou a chorar.

– Eu sei que está tudo uma droga agora, mas vai dar tudo certo – eu afagava seu ombro de maneira consoladora. - Ouça, eu quem comecei com essa história, então eu vou consertar. Vou ajudá-la com o seu problema e...

– EU NÃO QUERO MAIS SUA AJUDA INÚTIL! - Pandora berrou na minha cara e, após um último soco na parede, saiu andando com passos pesados.

Fiquei estática por alguns instantes, tentando processar a cena toda. Meus joelhos tremiam.

Maldição! Isso era tudo minha culpa. Se eu não tivesse me metido, Albus ficaria com sua mania de perseguição por mais dois anos e isso acabaria. A menos que Pandora o seguisse até fora da escola, mas, mesmo assim, parecia melhor do que a situação atual.

Ela estava com tanta raiva, e se fizesse alguma bobagem? “Rose burra, Rose burra...”

Teria voltado para a torre da Corvinal, mas eu precisava urgentemente me sentar e a sala comunal da Sonserina era o local mais próximo. Segui em frente, só conseguindo encarar o chão.

– E não é que ela veio mesmo? – era a voz de Albus. Meu estômago começou a doer.

Olhei para frente e me deparei com Malfoy e meu primo, os dois pareciam guardar a entrada de sua sala comunal. Bom, eu sabia que a razão de estarem ali era porque me aguardavam. E se eu tivesse mudado de ideia? Teria os feito ficar ali por não sei quanto tempo? Problemas, eu só causava problemas...

– Rose! - exclamaram em uníssono quando meus joelhos enfim cederam e eu caí no chão.

– Vamos levá-la para dentro! - um deles disse. As vozes estavam indistintas e as imagens borradas.

Eu havia sido erguida do chão, estava me apoiando no... Era o Malfoy, certo? Droga, eles agora tomavam conta de mim? Mais problemas, mais problemas...

Não saberia dizer quantos passos dei até chegar ao sofá, só sei que fiquei aliviada quando me sentei. As formas e os sons voltavam ao normal. Havia rostos curiosos me encarando, mas não reconhecia a maioria. Porém, vi quando Dominique desceu as escadas dos dormitórios e olhou para mim, intrigada. Isso não durou muito, logo ela já estava fora dali. Nossa, Dominique saindo sem suas seguidoras? Bom, não importava agora.

– Acho que deveríamos levá-la pra enfermaria – aquele era o Malfoy falando, eu estava certa agora.

– Não, não! - eu disse, balançando a cabeça. - Eu já estou legal, juro.

– E quantos dedos tem aqui? - Albus ficava colocando a mão na frente do meu rosto.

– Albus... - meu tom era levemente ameaçador.

– É, eu acho que ela já está bem.

– Mas o que aconteceu? Você caiu do nada... - dizia Malfoy.

– Eu só senti uma tontura, acho que não comi muito bem... - inventei uma desculpa qualquer.

Malfoy pareceu convencido, entretanto, Albus sabia que eu estava mentindo. Haha, até parecia que eu me alimentava mal... Pelo menos, os olhares curiosos cessaram.

– Você está mesmo bem? - perguntou o loiro, se ajoelhando a minha frente e tirando as madeixas que caíram no meu rosto.

Eram tão estranhos aqueles momentos em que eu conseguia decifrar a expressão de Malfoy. Tudo bem que ultimamente ele demonstrava bem mais, porém, havia situações como aquela em que me dava um sentimento anormalmente gratificante por saber o que aquele garoto estava sentindo. Naquele caso, era preocupação. Ele estava preocupado de verdade comigo.

Por quê? Por que você se importa?”

– Rose? - ele insistiu.

– Acho que ela saiu do ar de novo...

– Eu estou bem – respondi com alguns segundos de atraso.

Malfoy deu “o” sorriso. Segurei-me para não perder as estribeiras de vez.

– Se o problema é comida, vou lá na cozinha buscar algo com os elfos – disse ele, levantando-se.

Não vá.” me peguei pensando. Felizmente, não transformei tal pensamento em fala.

– Albus, cuide dela, ok?

– Deixe comigo – assegurou meu primo, sentando-se ao meu lado no sofá.

Vimos Malfoy saindo e, não muito depois, Albus começou a me encarar com um sorrisinho irritante.

– Então?

– Então o quê, Albus?

– O que realmente aconteceu? Fala sério, você passando fome? O maior absurdo de todos os tempos, só pode ser mentira furada.

Inspirei fundo, massageando as têmporas.

– Escuta, Al, sei que você odeia que eu faça isso, mas eu não quero falar, certo?

O sonserino jogou a cabeça para trás, aborrecido.

– Tudo bem. Não quer falar, não fala.

Desta vez, eu não diria. Foi por abrir minha boca que tudo ficou mal, era melhor ficar quieta.

– Quer dizer que você e o Scorpius estão se falando de novo? - indagou, retomando a curiosidade.

Comecei a fitá-lo, zangada.

– Engraçado você mencionar isso, porque eu ainda não te perdoei por ter feito aquele desafio estúpido na festa.

– Mesmo? Ah, mas não esquenta. Você não precisa me perdoar. Afinal, seria muito constrangedor depois quando fosse vir me agradecer...

Minha mandíbula só faltava cair, tamanha minha indignação. O que havia dado nas pessoas hoje?

– Agradecer pelo quê? Albus, já deu de tentar bancar o cupido das causas impossíveis, entendeu? Aposto que também anda enchendo o ouvido do Malfoy com essas abobrinhas...

– E se eu estiver? - perguntou com um semblante desafiador.

Ah meu Merlin, ele estava mesmo.

– Bom, nesse caso, você perdeu o juízo por completo!

– Ou talvez eu só tenha previsto uma ótima combinação antes que ela acontecesse. E, bem, se dependesse dos dois, a coisa nunca ia andar...

– O que disse?

– É, Rose. Quem sabe eu tenha provocado algumas situações nesses últimos meses para que vocês interagissem. Pode ser que no fim das férias eu tenha “acidentalmente” pegado um livro do Scorpius e deixado num cômodo d'A Toca em que sabia que você entraria. É possível que eu tenha persuadido o Scorpius a conversar com você na festa do Slugue. Olha, a sua iniciativa do encontro foi surpreendente, ajudou um bocado, mas faltava a cereja do bolo. Por isso, eu propus aquele desafio. Sabe, é como dizem, só vira oficial depois que...

– Seu maldito! O que pensa que está fazendo? Isso é quase manipular a gente e...

– Eu realmente não vejo dessa forma, acho que é mais uma espécie de boa ação. E eu estava mesmo certo, vocês ficam bem juntos. Nossa, diz aí, eu sou genial.

– Você é um manipulador, desprezível, infame...

– Relaxa, Rose. Pode me elogiar mais depois. Sabe a melhor parte? Mesmo me odiando agora, você não consegue mais ficar longe do Scorpius. O fato de você estar aqui é a prova concreta.

Aquele sorriso cínico. Eu queria arrancá-lo da cara dele.

– Eu trouxe... - Malfoy ia entrando na sala com um prato, mas diminuiu o passo quando viu nossas expressões. - Bolo. Er, vocês estão estranhos.

– Estranhos? Impressão sua – disse meu primo, fazendo a melhor cara de desentendido que podia.

– Ou será que não, hein Albus? - semicerrei os olhos para ele.

OU... Será que sim?

– Argh! - levantei-me, percebendo que só ficaria mais irritada ali. Fui até o loiro e peguei o prato que ele segurava. - É melhor eu ir, mas obrigada pelo bolo.

– Eu acompanho você até...

– Não, não precisa – cortei-o. - Tchau para vocês.

Caminhei para a saída (“O que você fez dessa vez, Al?” pude escutar Malfoy perguntar pouco antes da passagem se fechar atrás de mim) e depois me dirigi a minha torre.

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Notas finais do capítulo

Me lembro que na última nota de fim de capítulo, eu prometi a vocês capítulos maiores, mas... Eu decidi dividir alguns deles. Por exemplo, este daqui e o próximo eram pra ser um só, mas achei que 7000 palavras era pesado demais, ainda mais porque os conteúdos deles não tem muita relação. Seria, tipo, uma BOMBA de informação.
Outra coisa que eu queria comentar é que eu devia estar muito doida quando escrevi aqueles extras, porque GENTE! Sério, como cês me aguentam? Acho que como muito açúcar, daí já viu! Fico parecendo uma molécula de átomo em um ambiente super aquecido e... Tá, deixa pra lá. Não sirvo pra metáfora /fato mor
ENFIIIIM... Problemas psicológicos à parte, espero que tenham notado como a Rose já mudou em relação ao Scorpius. Ela ainda tá meio na defensiva, mas é assim que ela é. Aos poucos vai se deixar levar pelo charme do loirinho, não tem jeito lol
O que podem esperar do cap. 10:
- A barrinha de título é dos gêmeos Red e Lorc
- Muuuuita Dominique
- Vários flashbacks (aliás, acho que todos os capítulos a partir de agora terão pelo menos um)
- Drama, drama, drama (aliás nº2, a fic vai ficar uma novela mexicana depois desse 10)
- Rose tem um complexo (que está implícito nos capítulos anteriores, em especial o 6)
- Salgadinho de mandrágora
Sorry guys, é tudo que posso dizer. Vou ser sincera, estou bastante nervosa com o próximo, tentei não deixar tão melodramático, mas... Difícil.
Por favor, deixem suas opiniões, sugestões, dúvidas, receitas de sagu, o que quiserem nos comentários, pois sempre responderei a todos com grande prazer! Bom, cêis sabem. (Me perdoem se estou meio doida de novo, são 4 da manhã '-')
Beijooooos!



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