Hesitate To Fall escrita por Anna C


Capítulo 4
Never Forget My Name




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Eu nem sei por que me arrumava tanto para um simples jantar. Tudo bem que ninguém gosta de fazer feio e ir todo largado num evento relativamente exclusivo, mas era só um jantar do Slughorn! Não havia ninguém para impressionar, porém, mesmo assim escolhi um dos meus melhores vestidos para usar. Bobagem minha, claro.

Após pôr os sapatos, peguei um casaquinho leve. Estava começando a esfriar mesmo com a chegada do outono.

– Você está ótima – comentou Penny, enquanto Lily fazia uma longa trança em seu cabelo.

– Obrigada – respondi, alisando o vestido para desfranzi-lo. – Estou com muita maquiagem?

– Você passou? – minha amiga perguntou, forçando a vista.

– É, pelo jeito não muito. Bom, melhor assim. Já acho que estou exagerando de todo jeito...

– Prima, está tudo muito, muito bem.

– Certo, vamos lá então.

Saí do quarto, pensando que talvez eu não estivesse tão fora da ocasião. Quer dizer, eu tinha certeza de que Dominique usaria algo bem mais escandaloso que meu vestido azul claro nos joelhos. Aliás, esse pensamento, além de reconfortante, também era maldosamente agradável. Só de imagina-la em sua pose, achando que estava arrasando, quando na verdade parecia mais um pavão... É, não era nada mau.

Distraída demais olhando meus próprios sapatos, topei com duas figuras lado a lado, impedindo que eu deixasse a sala comunal. Ergui os olhos cautelosamente para mirar dois garotos completamente idênticos. Eles tinham cabelos mais loiros que o Malfoy e olhos verdes escuros que pareciam perdidos.

– Olá, Weasley – me disseram ao mesmo tempo.

– Scamanders – sorri.

Então, notei que estavam excentricamente vestidos com suéteres feitos do pelo de algum animal exótico – parecido com nada que eu já havia visto – e suas calças eram de um tom berrante de roxo. Ao menos os sapatos eram normais, pretos e bem lustrados.

– Nossa, aonde vão tão arrumados? – indaguei.

– A um jantar do Slughorn – disse Lorcan (ou será que era Lysander?).

Fiquei surpresa por Slughorn tê-los convidado. Claro que não havia problema, era só que o pouco que eu sabia sobre eles – além de serem da mesma casa e ano que eu, e que eram filhos da amiga da família Luna Scamander – era que tinham a nada simpática fama de serem completamente pirados.

– E você? – perguntou o outro gêmeo.

– Ah, eu também.

– Quer companhia? – os dois se afastaram do outro e esticaram um braço para mim.

Ergui uma sobrancelha de estranheza. Bom, recusar seria muito indelicado... Porém, qualquer um que me visse entre aqueles irmãos pensaria que eu estava ficando amiga dos esquisitos da escola. Pff... E daí? Podia ser divertido.

– Tudo bem – enlacei meus braços aos deles e saímos.

Para não cairmos num silêncio esmagador, comecei a falar.

– Então, quem é quem?

Eles riram.

– Eu sou Lysander – disse o garoto à minha esquerda.

– E eu Lorcan – disse aquele à minha direita.

– Não estão tentando embaralhar minha mente, me enganando, estão? Realmente, não sei distinguir um do outro.

– Jamais faríamos isso – declarou Lorcan. – Além do mais, é para isso que existem os zonzóbulos.

Zonzólubos... Zombulozos... Er, talvez fosse melhor deixar aquilo para lá.

– Engraçado como quase nunca nos falamos apesar de nos vermos naquelas reuniões dos nossos pais e de estarmos tão perto em Hogwarts – disse Lysander.

– Bom... – eu iniciei.

– Nem tanto, Red. As pessoas não ficam muito próximas da gente – disse Lorcan.

– É, Nac. Mas não é incômodo.

– Eles nunca entendem mesmo.

– Nunca entendem o quê? – me intrometi, incerta do que devia falar.

– Sabemos que as pessoas não acreditam nas coisas que falamos e que acham que nossas manias são bobagens – falou Lysander.

– Mas tudo bem. Só espero que nunca encontrem um abutre de pena amarela – Lorcan pareceu preocupado, concentrado em um pensamento.

– Verdade, Nac. Nossos amuletos de rabanete não pareceriam de brincadeira se isso acontecesse...

Mas o que... Hã?

– Acho que estamos confundindo a garota – riu Lorcan ao ver minha expressão de confusão.

– Um pouco – admiti. – Qual é a dos apelidos?

– Ah – exclamou Lysander. – Fazemos isso desde pequenos.

– É um pedaço dos nossos primeiros nomes. Só que invertido, porque ficava mais legal. “Lysan” e “Lorc” não soavam muito bem.

– E mesmo assim, nem “Crol” e “Nasyl” eram muito sonoros. Por isso, ficou “Red” e “Nac”.

Ainda estava meio sem entender, mas dei de ombros.

– “Lorc” não é tão ruim. Mas definitivamente, “Red” é o mais legal – falei, sem saber ao certo o que estava fazendo.

– Não se pode ganhar todas – disse Lorcan, sorrindo. – Se quiser, pode me chamar assim. Mas terei que inventar um apelido para você.

Eu ri.

– Bom, desde que não resolva ficar colocando meu nome de trás pra frente... Mas o meu é muito curto. Nem todos nasceram para ter apelidos.

– Não precisa ter a ver com o seu nome – disse Lysander.

Sorri, intrigada.

– Nesse caso, surpreendam-me.

Finalmente, ao chegarmos aos aposentos do Professor Slughorn, a atenção dos presentes se dirigiu a nós. Vi que alguns cochicharam entre si, mas nem dei bola. Logo, localizei Dominique, mais simples do que eu imaginava. Usava uma saia verde de veludo e uma blusa preta sem muitos enfeites. Até diria que ela estava muito recatada, se não fosse pelo comprimento minúsculo da saia e pelo decote excessivo. Meu Deus, que vulgar. Do outro lado da sala, vi Malfoy olhando pela janela, todo introspectivo. Pra variar.

Suspirei. Será que fazer uma forcinha para se socializar iria doer muito? Por um instante, até me questionei porque Slughorn poderia tê-lo convidado. Foi quando me lembrei de que havia boatos de que Malfoy conseguira dez N.O.M.s, apenas com Ótimos no ano anterior. Dez Ótimos! Nos N.O.M.s! Não era para qualquer um. Mesmo assim, eu sabia bem que ele não era uma super companhia para um jantar. Hunf, desagradável até dizer “chega”.

O professor chamou todos para a mesa. Percebi que Malfoy sequer se movia, então fui avisa-lo.

– Ei – chamei-o, fazendo-o se sobressaltar.

Malfoy me olhou de cima a baixo, analisando-me rapidamente. Fiquei um pouco irritada e constrangida e, por alguma razão, me senti insegura.

– Vestido bonito – ele disse casualmente. Seu comentário me pegou de surpresa.

Eu nem precisava dizer o mesmo para ele, pois, primeiramente, eu nunca o elogiaria. Depois, porque Malfoy sempre estava muito bem vestido. Podre de rico como era, podia comprar sempre do melhor. Aposto que quando era bebê, até suas fraldas eram folheadas de ouro.

Ok, forcei.

– É mesmo – tentei parecer indiferente. – Hã... – pigarrei. – Todos já estão indo comer.

Sem dizer mais nada, ele começou a andar. Por que ele me elogiou? Certo, ele elogiou o vestido, não a mim. Mas não havia necessidade e eu não faria o mesmo por ele nem que me pagassem. Esse garoto era tão estranho que me dava nos nervos e...

– Você não vem? – Malfoy se virou.

Pisquei repetidamente para ver se colocava os pensamentos em ordem. Estive parada, olhando para aquele loiro esse tempo todo.

– Eu, er...

Ele arqueou as sobrancelhas. Simplesmente bufei, andando rapidamente.

– Aff, Malfoy, para de bloquear a passagem! – esbarrei propositalmente nele.

Que coisa mais chata, ficar apressando os outros... Não é?

Ao chegarmos à mesa, só havia sobrado dois lugares, um ao lado do outro. Revirei os olhos. Maravilha! Perfeito! Malfoy não demorou a notar minha “animação” com a situação, mas me ignorou ao se sentar. Tudo bem, se era assim...

Fingindo que ele nem estava lá, joguei meus cabelos para o lado, acertando-o.

– Será que você podia não fazer isso? – ele pediu polidamente.

Semicerrei os olhos, fingindo procurar ao redor a fonte do som.

– Nossa, será que alguém falou algo? Ah não, foi só impressão.

– Muito maduro – ele disse.

– Você começou – acusei.

Os estalos de dedo de Slughorn nos interromperam. A mesa se inundou de comida, uma variedade deliciosa.

– Podem atacar! – brincou o professor.

Ai, ai... Macarrão com molho funghi, vitela, risoto com acelga e calabresa, salmão gratinado... Por onde começar? Eu estava no paraíso.

– Rose, tente não babar – Dominique fez o favor de falar e a maioria riu.

Percebi que estava me debruçando sobre a mesa, então me encolhi na minha cadeira, envergonhada.

– Coma à vontade, Srta. Weasley. Recomendo o salmão, que está especialmente delicioso – disse Slughorn.

Já que estava indecisa, segui sua sugestão e me servi do peixe.

– Então, como vão seus pais? – perguntou o professor. Claro, era de se esperar.

O Professor Slughorn gostava de se associar a alunos com bons contatos ou grande potencial. Eu era muito boa em sua matéria, mas desconfiava de que ele estava mais interessado na minha família que qualquer outra coisa.

– Muito bem – respondi. – Meu pai vai para a Rússia neste fim-de-semana, por causa do trabalho de auror.

– Claro, claro... Ele e sua mãe devem ser muito ocupados.

– Não tanto, na verdade. Sabe, depois de uma guerra as coisas acabam parecendo um rotina monótona.

– Tio Ron e Tia Hermione não fazem muita coisa mesmo... Ao contrário, dos meus pais. Sabia que minha mãe participou do Torneio Tribruxo junto ao meu Tio Harry, professor? – Dominique tentava redirecionar o foco da conversa para si. Típico.

E ela conseguiu. Fui rapidamente esquecida.

Não tinha importância, eu estava mais preocupada com minha comida.

– Não é um saco ser lembrada pelo passado dos outros? – Malfoy disse inesperadamente.

Arregalei os olhos para ele.

– Você disse mesmo alguma coisa?

Ele revirou os olhos, parecendo incomodado.

– Sério, essa brincadeira de “faz-de-conta que o Scorpius não existe” já encheu.

– Não é isso! É que você nunca, jamais inicia uma conversa.

– Por causa disso. Precisa de todo esse alvoroço?

– Sim, precisa... Mas, de qualquer forma, eu não me importo em ter pais e parentes famosos. Minha vida é algo totalmente diferente e independente da deles.

Malfoy riu levemente, como se soubesse de algo que eu não sabia. Eu nunca o vira rir. Aquilo era tão estranho.

– Isso não é verdade.

Encarei-o, indignada. Ele por acaso estava dizendo que eu estava mentindo? Quem ele pensava que era?

– O que quer dizer com isso? – perguntei incisivamente.

– Seu nome sempre irá segui-la. Queira você, ou não. Uma vez que souberem da sua linhagem, receberá uma quantidade enorme de vantagens por aí.

– Nada a ver... – eu disse. Não era possível que fizesse toda essa diferença.

– Quer uma prova? Ouvi dizer que seu primo James Potter ganhou a vaga de assistente da professora de voo. Verdade?

– Sim, e daí?

– Randall Wood também queria aquela vaga. E todos sabem que ele bateu uma série de recordes no Quadribol aqui na escola.

Estava atenta ao que ele dizia, apenas o olhando.

– Me diga, entre contratar um Potter e um Wood, quem eles escolhem?

– O James era um bom artilheiro... – falei inutilmente. Ele tinha razão. Wood era bem mais indicado para aquele cargo.

– Você sabe que não é isso.

Derrotada, enfiei uma garfada de salmão na boca.

– É assim que as coisas funcionam. Agora, se pergunte, o que todos esperam de um Malfoy?

Entendi o que o sonserino queria dizer. Quando fui ver, ele já não estava mais me olhando. Pegou a taça e bebeu um pouco de seu conteúdo, seu olhar estava fixo no ornamento floral no centro da mesa.

Talvez ser um Malfoy trouxesse mais problemas que benefícios. Há pouco eu pensava em como sua fortuna poderia lhe dar o que quisesse, porém, seu sobrenome estava manchado fazia décadas.

Após aquela pausa no diálogo, retomei de onde havíamos parado.

– Bom, e o que você faz a respeito disso? – perguntei.

Parecendo levemente surpreendido, Malfoy me mirou.

– Faço o que posso para modificar a imagem que todos assumem de alguém com meu nome.

– E acha que está fazendo um bom trabalho? Você é muito irritante, sabia?

– Prefiro que me chame de irritante, que de preconceituoso e arrogante.

Sabia que os Malfoys eram conhecidos por ser uma das poucas famílias de sangue-puro nos tempos atuais, e também por não gostarem de se misturar com aqueles que julgassem inferiores nesse quesito. Para não falar do envolvimento com as artes das trevas no passado. Mas, como eu disse, isso havia sido no passado.

Pensando bem, Scorpius não era como um típico Malfoy. Ele era o melhor amigo de um Potter que era mestiço. Acho que vi meus tios rindo desse fato uma vez até... Sem contar as histórias que meu pai me contara sobre como o pai do Malfoy era nos tempos de escola. Ele parecia bem pior que o filho e de uma maneira totalmente diferente.

Não, eu não admitiria isso.

– Pelo menos você podia adotar um comportamento mais agradável. Que indeciso... Uma hora não se importa com o que acham, na outra sim...

– Não quero agradar ninguém, só quero mudar essa visão que todos têm. E, para ser sincero, não faço nada para aborrecê-la.

– Mas aborrece de qualquer jeito.

– Olha, não quero soar presunçoso, mas acho que só me trata assim porque não me conhece. Digo, se você quisesse, provavelmente pensaria de outra maneira.

– E por que diabos eu iria querer ser sua amiga se sei que você é totalmente desinteressante?

Ele não teve tempo de responder.

– E você, Malfoy? Quais são seus planos para depois da escola? – Slughorn fez com que os olhares recaíssem em Malfoy. Alguns dos convidados pareciam surpresos, como se fosse a primeira vez que reparavam no garoto ali.

Dava para ver, por seus olhos, que Malfoy não estava acostumado com tanta atenção, mas isso não o abalou. Por Merlin, eu havia acabado de perceber o que ele sentia pelo olhar? Acho que estava aprendendo a ler suas emoções através de pequenos detalhes. Quando isso havia acontecido?

– Ainda não tenho certeza, mas gosto muito de escrever.

O professor pareceu levemente decepcionado.

– Mas com tanta habilidade, poderia se tornar um perito em Poções, ou dedicar-se a criação de feitiços. Quem sabe até medibruxo ou auror!

– Eu realmente admiro todas essas profissões, mas preferiria algo relacionado à escrita. O Profeta está precisando de gente nova, em todo caso.

Ainda inconformado, Slughorn seguiu em frente com o assunto e se dirigiu a outro aluno.

– Você escreve? – perguntei.

– Rabisco umas coisas... – Malfoy deu os ombros.

– Ah, vamos, sem essa!

– Nada sério. Mas eu gosto.

– O que você escreve? – bebi um gole de suco de uva.

– Um pouco de tudo.

– Poemas?

– Os piores.

Eu ri, mas mordi o lábio quando me dei conta do que estava fazendo.

– Hum, – tentei voltar a ficar séria. – é mesmo?

– É, eu prefiro lê-los.

– Aquele livro que eu devolvi a você... Bem, ele era muito bom.

Ah meu Deus, eu havia sido legal com ele! Não conseguia acreditar.

– É o meu favorito – disse Malfoy, sorrindo.

Ele havia sorrido, essa fora a gota d’água. Precisava de uma saída rápida.

– Caramba, quando sai essa sobremesa? – me voltei para o restante da mesa, fazendo o comentário mais inconveniente que se pode fazer durante um jantar.

Que vergonha, todos riram.

– Nossa, Weasley, que apetite! – um garoto do quinto ano disse.

Slughorn mexeu no seu bigode branco antes de estalar os dedos novamente.

– Espero que apreciem, principalmente a senhorita – o professor riu mais um pouco.


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Não podia significar muita coisa ter me dado razoavelmente bem com Malfoy naquele jantar. Entretanto, continuava a ser esquisita toda aquela nova informação sobre ele na minha mente.

– Como foi o jantar ontem? – Albus perguntou, enquanto jogávamos xadrez em sua sala comunal.

Penny disse que estaria muito ocupada com a lição de casa e não sairia de forma alguma do dormitório. Sem vontade de passar o dia trancada, fui procurar companhia. Afortunadamente, Albus estava nos corredores no momento em que o encontrei. Enfim, isso tudo resultou naquela partida de xadrez de bruxo.

– Bom, foi interessante – eu disse. Os jantares costumavam ser muito chatos e sem novidades, mas aquele havia sido diferente. Não havia sido maravilhoso, apenas diferente.

– Scorpius disse que foi um saco – disse Albus. – Cavalo na F3.

– Ah, é sério? – posso ter soado meio queixosa, mas era porque o sonserino havia passado a noite toda ao meu lado. Dizer que tinha sido “um saco” era basicamente me insultar. – Rainha na A6.

– Hum... Rei na H8. É sim, e disse que você parecia esfomeada.

Fiquei boquiaberta.

– Ele disse isso mesmo?! Aquele maldito…

Albus riu.

– Mas também falou que você estava mais simpática que de costume e que conversaram civilizadamente.

– Hunf, um pouco. Bispo na F6. Xeque.

Albus pareceu levemente aflito por seu rei estar encurralado, mas ergueu seu olhar, sorrindo como se tivesse um último trunfo na manga.

– Scorpius também contou que você estava linda.

– Al, deixa de ser idiota... Espera, ele disse isso mesmo? – repeti minha pergunta de antes, com uma entonação completamente diferente.

– Disse.

– Meu Deus, o que deu nele? – ri nervosamente. Sério, que havia dado nele? Acesso de loucura?

– Nada, ele achou que você ficou bem no... Como era? Vestido azul, é isso?

– Nossa, então ele falou mesmo! Ok, não sei o que acho disso tudo.

– Sabe, Rose, é quase impossível encontrar um cara que se lembre da cor da roupa que você estava usando e que não seja gay.

Revirei os olhos, sorrindo ironicamente.

– Você está de brincadeira comigo.

– Scorpius sabe falar mais duas línguas, sabia? Alemão e francês.

– O que está tentando fazer, Al?

– Ele arranha um pouco no espanhol, dá pro gasto.

– E por que isso me importaria?

– Scorpius aprendeu equitação no terceiro ano e...

– Albus! Isso é ridículo, eu não ligo pra nada disso que você está dizendo.

Meu primo cruzou os braços, encostando as costas na cadeira.

– Acho que você gostaria dele, se...

– Se quisesse conhece-lo. Foi o que o próprio me disse, mas não estou a fim.

– Vocês se dariam muito bem, eu sinto isso nos meus ossos!

– Não, Albus. Isso deve ser osteoporose, não um pressentimento.

– Dane-se, vocês deviam passar um tempo juntos, é o que eu acho.

– Vou ignorar. Vai, joga. É a sua vez.

Albus ficou estático, olhando fixamente para o tabuleiro.

– Francamente, Al. Nem tem o que fazer, eu vou ganhar mesmo...

– Ouviu isso? – ele olhou em volta, ainda com o corpo imóvel.

– Não, não ouvi.

Ele ergueu o dedo no ar rapidamente.

– E agora? Ouviu?

A sala estava num perfeito silêncio. Éramos os únicos ali.

– Não tem nada. Al, essa sua paranoia está ficando terrível...

Albus esfregou o rosto por alguns segundos e se levantou.

– Acho que vou dar uma volta... – ele se dirigiu a saída.

– Ei, mas e o nosso jogo? – fiquei de pé, mas só tive tempo de vê-lo saindo. – Droga.

Comecei a recolher as peças, um pouco irritada. Não custava nada ter ficado até o fim da partida...

Quando me virei para ir embora, alguém veio com tudo para cima de mim. Percebi que havia sido um acidente quando um monte de papéis voou pela sala e ambos nossos corpos, meu e da pessoa, ficaram estirados no chão.

Com alguma dificuldade, fiquei de joelhos e vi a garota de cabelos castanhos escuros e ondulados tentando recobrar seus movimentos também.

– Ah, oi, Zabini – sorri. – Nossa, mas que bagunça... Deixa que eu ajudo.

Assim que Pandora Zabini bateu os olhos em mim, pareceu ter visto o fantasma do Barão Sangrento, tamanho seu desespero em recolher seus pertences. Nunca vira alguém se recuperar tão rápido de um tombo.

– Não precisa – ela disse, pegando o que podia.

– Por nada, eu só... – parei um instante para olhar as coisas no chão. Arregalei os olhos. O que era aquilo?!

Albus. Albus. Albus. Havia o rosto e o nome do meu primo por toda parte. Albus no treino de Quadribol. Albus na aula de Adivinhação. Albus nos jardins. Albus conversando com o Malfoy. Anotações como “A.S.P. saiu da aula de DCAT às 10:00AM” e “A.S.P. estava usando uma linda blusa cinza nova, 22/09”. Corações rosas perdidos pelas folhas, uma embalagem vazia de um bolinho da Dedos de Mel...

– Mas que merda é essa? – deixei escapar, segurando uma das fotos.

Arrisquei olhar para Zabini. Ela estava pálida, sua pele cor de canela havia perdido seu tom vivo. Encarava-me fixamente, como um animalzinho assustado.

– Zabini, o que são essas coisas? – perguntei, tentando manter a voz tranquila.

Sem aviso prévio, a garota pôs-se de pé e sacou a varinha.

– Ei, ei! – levantei-me também.

– Desculpe, Weasley, mas não posso deixar que saia normalmente daqui depois de ver isso.

– O que vai fazer?

A sonserina deu os ombros.

– Vou obliviar você.

– Quê?!

– Não sou muito boa com feitiços de memória, mas você não me deixa escolha.

– Isso é loucura, você pode me causar danos permanentes!

– E você pode contar ao Albus o que sabe. Estamos num impasse.

– Que tal conversarmos, hein?

– Não estou para conversa nesse momento.

Sua varinha apontada para mim me deixava nervosa.

– Eu juro que não contarei a ninguém – eu disse. – Dou-lhe minha palavra.

De repente, ouvimos passos vindos das escadas. Zabini olhou dos degraus para mim. Agilmente, fez um feitiço não-verbal para recolher suas coisas.

– Você deu sua palavra – ela disse, subindo para o dormitório.

Suspirei, pondo a mão sobre o coração. O que fora isso? Saí da sala comunal da Sonserina antes que fosse expulsa e para recomeçar a pensar claramente.

Acho que sabia o motivo da mania de perseguição de Albus.



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Notas finais do capítulo

N/a: Sem preview hoje, porque não terminei de passar o capítulo 5 para o note hehe ^^ Mas posso adiantar algumas coisas: o Scorpius fará uma proposta que Rose relutantemente aceitará. Enfim, espero que tenham gostado desse. Tirem suas conclusões da Pandora, do Scorpius... É isso aí.
Beijooooos!



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