Hesitate To Fall escrita por Anna C


Capítulo 3
Chato, Chato E Chato




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Meu irmão Hugo podia ser, de vez em quando, um rude e irritante estraga-prazeres. Porém, uma coisa ninguém podia negar: o seu braço esquerdo tinha uma força sobre-humana. Hugo estava nervoso, mexendo nos cabelos castanhos sem parar. Eu, assim como Lily e Penny, havia me comprometido a acompanha-lo no seu teste para se juntar ao time de Quadribol da Grifinória como batedor. Havia feito o mesmo há dois anos, quando fui para torcer por Albus que tentaria entrar no time da Sonserina, logo, o fato de eu pertencer a Corvinal não era problema. Eram apenas testes.

Ao chegarmos ao campo, tivemos que nos despedir para assistir das arquibancadas.

– Boa sorte – Penny disse, sorrindo.

– Você vai se dar bem – eu disse, tentando encoraja-lo.

Ele sequer olhava para nós. De repente, Lily se arremessou nele, se pendurando em seu pescoço. Hugo quase perdeu o equilíbrio e dava para ver que havia ficado constrangido.

– Huguinho! Vai dar tudo certo, o Fred sabe que você é bom!

– Sai de... Cima de mim! – vociferou Hugo.

Lily se desvencilhou e seus olhos se encheram d’água com uma rapidez absurda.

– Droga – ele a olhava, parecendo em conflito. – Ok, ok! – Hugo a envolveu num abraço, baixando a cabeça para que ninguém notasse o rubor em sua face. Não funcionou, naturalmente.

Lily recuperou o sorriso, transbordando animação e energia quando ele a soltou.

– Vou estar torcendo por você lá de cima, trouxe até isso aqui – Lily fuçou por alguns instantes em sua mochila e retirou dela duas bandeirinhas de torcida, uma vermelha e a outra amarela. – Vai Hugo! Vai Hugo!

Ela correu para as escadas, agitando as bandeirinhas no ar.

– Completamente louca – disse Hugo.

– Se não fosse, não seria a Lily – sorri.

Então, o capitão do time, ou seja, Fred se aproximou de nós três com um sorriso petulante.

– Olá, Penny – ele disse.

Penny mal conseguia olha-lo, então apenas sorriu, encarando os próprios pés.

– E aí, docinho? – desta vez, ficara bem nítido que estava se referindo a mim.

– Oi – eu respondi, levemente seca. Eu já havia lhe dito para não me chamar daquela forma.

– Então, - Fred se virou para o meu irmão. Eles eram quase da mesma altura. Hugo era um pouco mais baixo e tinha a constituição de um rapaz em plena puberdade. Ficava imaginando se um dia ele ficaria musculoso e robusto como meu primo, após alguns anos de treino. – está tentando entrar no time, é?

Hugo engoliu a seco, fazendo que sim.

– Bom, vai ter que se esforçar, porque o Wally Thomas e o Kieran Boggs estão nas posições de batedor há três anos e acho que será difícil desbancar um deles.

– Não tem porque se preocupar – apoiei uma mão no ombro de Hugo. – Meu irmãozinho aqui tem o melhor braço da Inglaterra e não deixa a desejar na agilidade. Está na hora de terem caras novas no time.

Fred ergueu uma sobrancelha.

– Isso nós veremos. Vamos, primo. Está na hora de começar.

Os dois seguiram para o centro do campo, deixando Penny e eu sozinhas.

– O que foi isso? – ela perguntou.

– Eu não sei, mas ele está querendo me provocar.

Subimos e nos encontramos com Lily. Lá em cima o ar era um pouco mais frio, até ajeitei o cachecol no pescoço.

– Ele vai conseguir, vocês verão – minha prima grifinória disse, sorrindo abertamente.

Para iniciar, houve o teste dos goleiros. O primeiro garoto a tentar era do terceiro ano e devia estar nervoso demais, porque só conseguiu fazer uma defesa. Uma garota do meu ano que se chamava Ariana Wyatt, se eu não me enganava, havia dado um verdadeiro show. Ela sem dúvida tinha grande potencial. Por fim, mais um garoto que devia ser do último ano bloqueou os aros a tempo – ele era o antigo goleiro –, mas não tinha a mesma habilidade de Wyatt. Minhas apostas ficavam com a garota.

Depois, começou o teste para artilheiros. Ali tinha vários jogadores com boas chances. Tirando uma menina que não sabia nem para que lado ficava o gol, o resto faria bem para o time.

A posição de apanhador não estava vaga, pois Fred que era o capitão já ocupava essa função. Logo, era hora de escolher os batedores.

– Vai Hugo!! – Lily não conseguia nem ficar sentada.

Os candidatos a batedor deveriam rebater os balaços arremessados e proteger os outros jogadores que jogariam simultaneamente. O tal Kieran Boggs foi o primeiro a se apresentar. Ele era loiro e grandão, parecia quase um armário. Começou bem, mas passou a falhar quando a situação exigia certa rapidez de sua parte. Boggs era devagar para se deslocar, tanto que até me lembrei de sua lenta atuação nos jogos da Grifinória.

– Sua vez, Thomas – ouvi Fred gritar. Ele não flutuava tão distante de nós.

Wally Thomas era um cara bonito, dono de belos olhos esverdeados. Voou todo cheio de si para a posição de início. Bom, ele era uma espécie de caçador de balaços. Avançava e transmitia toda sua força no taco. Comprimia todos os músculos da face numa expressão de raiva a cada rebatida, como se fosse atacar alguém ou sei lá. Era de dar medo. Quando Thomas terminou sua assustadora e inegavelmente boa performance, olhei para o lado. As garotas estavam de olhos arregalados, como eu.

– Esse cara é muito bom – disse Penny.

– É verdade, mas Hugo vai chutar o traseiro dele – Lily voltou a balançar suas bandeirinhas, determinada. – H-U-G-O! Hugo é o melhor!

Meu estômago até embrulhou de nervoso quando vi Hugo se aproximar acanhadamente, com as mãos tremendo. De fato, Thomas havia intimidado todo mundo no local.

De início, meu irmão estava indo bem nos balaços mais lentos e diretos. Já havia o visto fazendo melhor que aquilo, mas entendia que a pressão era muita. Quando começaram a pegar mais pesado, Hugo fez o melhor que pôde e, de maneira veloz, rebateu todas as vezes. Eu estava começando a comemorar, pensando que ele realmente tivesse boas chances.

Foi quando um rápido balaço passou a milímetros da sua cabeça e acertaria uma das jogadoras.

– Oh não – murmurei.

Hugo percebeu sua falha e correu para conserta-la.

– Cuidado, Lewis! – alguém gritou e a garota viu o objeto vindo em sua direção.

Ela colocou o braço na frente do rosto para se proteger, mas não foi necessário. Hugo surgiu bem a tempo de rebater. Não só rebateu o balaço, como ele voou para fora do campo. E não voltou.

– Aê! – Lily largou as bandeiras e começou a aplaudir.

Eu e Penny fizemos o mesmo. Vi o sorriso aliviado de Hugo.

Haveria uma pausa para Fred poder analisar melhor os candidatos e chegar a uma conclusão. Enquanto ele fazia isso, descemos para congratular meu irmão.

Novamente, Lily agarrou Hugo, mas desta vez ele não a repeliu.

– Aquilo foi incrível! – Lily depositou um beijou na sua bochecha. – Você está dentro, eu sei.

– Valeu – ele corava de novo, mas não continha o sorriso. – Mas vamos ver, nunca se sabe...

– Sério, foi demais – eu concordei com a ruiva.

Então, um barulho de coisas despencando interrompeu nosso pequeno momento de euforia. Fomos investigar, andando em direção ao canto dos equipamentos. Um rapaz de costas arrumava as vassouras caídas no chão e recolhia uma meia dúzia de bolas Goles. Apertei os olhos para enxerga-lo melhor. Reconheceria aqueles cabelos castanho-avermelhados em qualquer lugar.

– James?

Ele derrubou o que estava em suas mãos, se virando para nós.

– Ei, pessoal! – abriu os braços.

– O que faz aqui? – perguntei.

– Eu sou assistente da professora de voo. Cuido do equipamento e da manutenção do campo. Ela vai se aposentar ano que vem provavelmente, talvez eu a substitua.

– Isso é tão legal – Lily comentou, animada. – Você podia ter nos contado antes. Achávamos que você não ia fazer nada esse ano.

– Não era certeza pegar essa vaga, não queria dar falsas esperanças – James deu os ombros.

– Fico feliz por você – eu disse.

– Então, vieram fazer testes para o time? Mas você e a Penny não são da Corvinal? – ele ficou confuso.

– Oh não, só viemos torcer pelo Hugo.

James ergueu as sobrancelhas para ele.

– E como você foi?

– Ainda não sei, mas acho que bem.

De repente, ouvimos um som de apito. Fred estava chamando os candidatos para se reunir.

– Melhor eu ir – Hugo se afastou.

James voltou a pegar as coisas que tinha derrubado. Aproximei-me para ajuda-lo.

– Não precisa – ele disse.

– Imagine, não é problema – ajudei mesmo assim.

Após certificar-se de que Penny e Lily não nos davam atenção, James sussurrou no meu ouvido:

– Fred me contou.

Olhei-o imediatamente.

– Contou? – questionei, mas não havia necessidade de que ele me provasse nada. Os dois eram muito amigos, era bem provável mesmo.

– Sim.

– Bom, nem sei por que ele fez isso. Não é como se houvesse algum futuro nessa história.

– Ora, vamos lá, Rose...

– Estou falando sério, não quero que sejamos mais que amigos e seria legal se ele não ficasse forçando a barra.

– Ele é um cara legal – James insistiu.

– É sim, mas não importa. Pode dizer isso a Fred por mim? Parece que ele não entendeu na primeira vez.

James bufou.

– Você está perdendo uma ótima oportunidade.

Revirei os olhos. Eu sabia o que estava fazendo, por que todos continuavam a me dizer o contrário?

– UHUL! – Hugo voltou correndo para o nosso grupo.

– Conseguiu? – perguntei.

Ele rodopiou Lily no ar antes de me responder. Eufórico, sorriu para mim. Fazia tempo que eu não o via tão alegre. A verdade é que ele raramente sorria por aí.

– Boggs está fora, sou o novo batedor – Hugo disse.


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Mesmo estando apenas na segunda semana de aula, os professores já haviam me enchido de lições e trabalhos. Minha mochila estava especialmente pesada naquela manhã.

Ao passar pela esfinge que guardava a entrada do salão comunal da minha casa, me surpreendi ao ver Malfoy por ali naqueles corredores. A verdade é que não havíamos trombado por um triz, sendo assim estávamos mais próximos um do outro do que eu me sentia confortável.

O loiro deu um passo para trás. Eu pigarreei.

– O que faz nesse lado do castelo? – indaguei, não controlando o tom meio mandão.

Ele não precisava me responder, mas mesmo assim o fez.

– Vou ao corujal – Malfoy ergueu uma carta.

– Oh – coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Certo.

Malfoy já ia seguindo seu caminho, quando o impedi.

– Espere!

Ele se virou, curioso. Tirei a mochila dos ombros e abri o bolso da frente.

– Isso é seu – peguei o pequeno livro de poesias.

– Por que estava com você? – ele perguntou, o segurando e examinando.

– Você esqueceu na casa dos meus avós, então guardei para entregar quando pudesse.

Malfoy acenou positivamente com a cabeça, dando mais uma olhada no objeto.

– Obrigado – ele disse e um quase sorriso se formou em seus lábios. Quase.

– Não está zangado por eu ter ficado com seu livro todo esse tempo?

– Devia estar?

– Sim, quer dizer, tantos dias e logo eu... Não te incomoda?

– Você não deve ter tido tempo para entregar para mim, estamos lotados de dever. Além disso, poderia ter sido qualquer um a encontra-lo, foi minha culpa ter largado lá.

Revirei os olhos.

– Eu não entendo você. Olha, eu te trato mal ainda que eu tenha motivos, mas você praticamente nunca me dá uma resposta atravessada – dei-lhe um soco no braço. – Faça alguma coisa! Sinta raiva!

Malfoy franziu a testa e esfregou o lugar em que havia socado.

– Não estou com raiva, você não me incomoda.

– Como assim? Eu acabei de bater em você!

– Faça o que quiser, eu não ligo.

– Meu Deus, como você é detestável.

– Weasley, sua opinião não poderia ser mais irrelevante para mim.

– Até parece que você não se importa nem um pouquinho com o que pensam de você.

– Olha a minha cara. Parece que me importo? – apontou para a própria face.

Para variar, estava inexpressivo. Sua calma era tanta que eu sentia vontade de bocejar.

– Argh, que seja. Chato, chato e chato – arremessei meus cabelos em seu rosto e comecei a andar.


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A aula de Poções conjunta com a Sonserina estava até que legal, pois eu gostava da matéria e, tenho que admitir, era muito boa nela. O Professor Slughorn, um velhinho com um bigode parecendo uma morsa, nos ensinava a fazer uma simples Poção da Incoerência. Kenneth Boot estava ao meu lado e havia experimentado sua poção, porém, um pedaço a menos de rim de rato o deixou falando merda pelo resto da aula e além. No começo estava engraçado, mas logo eu já estava irritada.

Ao fim do período, não via a hora de me mandar dali e parar de escutar a voz irritante de Boot. Antes que eu pudesse sair, o Professor Slughorn bloqueou minha passagem sorrindo por baixo do bigode branco.

– Weasley, tenho um convite especial para a senhorita – ele me entregou um envelope com um lacre verde e prateado.

– Oh obrigada, professor – eu sorri de volta.

– Veja se aparece, será uma jantar muito exclusivo.

– Pode deixar.

As reuniões do Clube do Slugue não costumavam ser muito divertidas e, em geral, terminavam em alguma situação constrangedora, mas eu sentia dó em recusar e acabava participando.

Ao tentar deixar a Sala de Poções de novo, fui interceptada por Albus na porta. Ai, pelo jeito, eu jamais sairia dali.

– Rose, está ficando pior – Albus me segurou pelos ombros, olhando furtivamente para os lados.

– Está falando de quê, Al? – perguntei, questionando sua sanidade.

– Aquela coisa... De ser observado – ele se aproximou para poder sussurrar.

Albus tinha aquela mania de perseguição desde os onze anos. Essa mania só piorava com o voltar das aulas e parecia se intensificar a cada ano que passava.

– Relaxa, não tem nada – eu disse.

– É, mas, de repente, eu senti...

– Escuta, é só sua imaginação!

Albus respirou fundo, fechando os olhos.

– Você deve estar certa.

– Isso mesmo, vê se não estressa.

Malfoy apareceu e apoiou uma mão no ombro do melhor amigo. De fato, tinha um semblante de preocupação.

– Tudo bem, Al?

– É, ele está bem – respondi pelo meu primo, cruzando os braços. Vi o envelope na outra mão de Malfoy e quase surtei. – O quê? Você foi convidado?!

– Haha, estou surpresa que você tenha sido – alguém disse atrás de mim. Era a maldita Dominique.

– Não me diga que...

– Sim, eu também fui – Dominique exibia o convite do lacre prata e verde, que combinava perfeitamente com sua gravata das mesmas cores. É, ela era sonserina. – Você não vai, certo?

– Quem disse que não vou?

– Bom, obviamente, seu convite foi um engano, pois apenas aqueles com grande potencial são convidados. Ops. Sem ofensas, Albus.

– Não ofendeu – ele disse, parecendo desconfortável.

– Saiba que não houve engano algum e que eu estarei lá – declarei.

– Tanto faz, sua presença é insignificante.

– Não para você, caso contrário não ligaria tanto para qualquer assunto relacionado a mim.

– Você é tão patética – Dominique esbarrou no meu ombro antes de sumir de nossas vistas.

– Acho melhor irmos também para chegar a tempo à aula de Adivinhação – disse Malfoy para Albus, que acenou.

Torci a boca para o loiro, mas logo me voltei para o meu primo.

– Tente não pirar, ok? – aconselhei.

– Ok – respondeu Albus.

Então os dois se foram.

Até parecia que eu não iria. Agora, mais do que nunca, eu estava decidida a comparecer aquele jantar, custando o que custasse.


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Prévia do Capítulo 4: Never Forget My Name

– Então, quem é quem?

Eles riram.

– Eu sou Lysander – disse o garoto à minha esquerda.

– E eu Lorcan – disse aquele à minha direita.

– Não estão tentando embaralhar minha mente, me enganando, estão? Realmente, não sei distinguir um do outro.

– Jamais faríamos isso – declarou Lorcan. – Além do mais, é para isso que existem os zonzóbulos.

–x-

– Pelo menos você podia adotar um comportamento mais agradável.

– Não quero agradar ninguém, só quero mudar essa visão que todos têm. E, para ser sincero, não faço nada para aborrecê-la.

– Mas aborrece de qualquer jeito.

– Olha, não quero soar presunçoso, mas acho que só me trata assim porque não me conhece. Digo, se você quisesse, provavelmente pensaria de outra maneira.

– E por que diabos eu iria querer ser sua amiga se sei que você é totalmente desinteressante?

–x-

Assim que Pandora Zabini bateu os olhos em mim, pareceu ter visto o fantasma do Barão Sangrento, tamanho seu desespero em recolher seus pertences. Nunca vira alguém se recuperar tão rápido de um tombo.

– Não precisa – ela disse, pegando o que podia.

– Por nada, eu só... – parei um instante para olhar as coisas no chão. Arregalei os olhos. O que era aquilo?!


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Notas finais do capítulo

N/a: O que acharam? É, vai ter um pouco de Hugo/Lily na fic sim, mas eles são bem secundários nessa história, então não sei quando terão outra aparição... Talvez no 5?
O Fred é insistente, yep. Rose só maltrata o pobre do Scorpius, pois é. Mas tudo vai eventualmente se inverter!
Obrigada pelos reviews lindos *-* Com leitores assim, não tem como não se inspirar para novos capítulos!
Beijoooos!



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